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Gripe aviária: por que chegada do H5N1 à Antártida pode ter efeito 'devastador':aposta ganha tenis
Um relatório do Comitê Científicoaposta ganha tenisPesquisa Antártica destaca que, "devido às densas colôniasaposta ganha tenisreproduçãoaposta ganha tenisvida selvagem na região, é possível que essa cepa do influenza tenha impactos devastadores e leve a falhas catastróficasaposta ganha tenisreprodução e mortalidade".
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Uma das grandes preocupações são os pinguins, que se reúnemaposta ganha tenisgrandes colônias para a reprodução durante essa época do ano. Se o H5N1 altamente patogênico chegar até eles e se alastrar, isso pode significar a morteaposta ganha tenismuitas dessas aves.
Segundo pesquisadoresaposta ganha tenisinstituições britânicas, esse cenário pode representar "um dos maiores desastres ecológicos dos tempos modernos".
Essa cepa do vírus influenza já se alastrou por Europa, América do Norte e América do Sul, onde dizimou diversas populaçõesaposta ganha tenisaves —aposta ganha tenisalguns casos, maisaposta ganha tenis50 ou 60% dos indivíduosaposta ganha tenisalgumas espécies morreram.
O patógeno também afeta profundamente alguns mamíferos — só no Peru e no Chile, maisaposta ganha tenis20 mil leões marinhos morreram por causa desse vírus.
No Brasil, essa cepa do H5N1 foi detectada pela primeira vezaposta ganha tenismaioaposta ganha tenis2023.
Mas por que o H5N1 causa tanta preocupação assim? E qual o riscoaposta ganha tenisele causar problemasaposta ganha tenissaúdeaposta ganha tenisseres humanos?
H5N1: um temor global
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Desde o finalaposta ganha tenis2022, o influenza H5N1, vírus causador da gripe aviária, voltou a figurar nas manchetesaposta ganha tenistodo o mundo.
Das cidades litorâneas do Daguestão, na Rússia, à costa do Peru, passando por fazendasaposta ganha tenisvisons na Espanha e granjas nos Estados Unidos, foram vários os episódios registradosaposta ganha tenismilhõesaposta ganha tenisanimais que morreram (ou foram sacrificados) após terem contato com esse agente infeccioso.
Na América do Sul, já foram notificados focos da doença na Colômbia, Equador, Venezuela, Peru, Chile, Bolívia, Uruguai, Argentina e Brasil.
Agênciasaposta ganha tenissaúde e pesquisadores do mundo inteiro aumentaram o nívelaposta ganha tenisalerta sobre esse tipoaposta ganha tenisinfluenza e o potencial que ele possuiaposta ganha teniscausar a próxima pandemia.
"Com a capacidadeaposta ganha tenisser transmitidoaposta ganha tenisuma pessoa para outra, o H5N1 pode ser um dos problemas mais graves que a humanidade já enfrentou", diz o virologista Edison Luiz Durigon, professor titular do Institutoaposta ganha tenisCiências Biomédicas da Universidadeaposta ganha tenisSão Paulo (ICB-USP).
A boa notícia é que, ao contrário do que ocorreu na covid-19, os governos e serviçosaposta ganha tenissaúde já têm planos definidos sobre o que fazer caso um avanço do H5N1 se torne realidade — algumas vacinas, inclusive, já estão prontas ouaposta ganha tenisdesenvolvimento agora.
Um surtoaposta ganha tenisgrandes proporções do H5N1
A Organização Mundial para Saúde Animal estima que, entre outubroaposta ganha tenis2021 e marçoaposta ganha tenis2023, foram registrados maisaposta ganha tenis42 milhõesaposta ganha teniscasosaposta ganha tenisinfecção por H5N1aposta ganha tenisaves.
Nesse período, cercaaposta ganha tenis15 milhõesaposta ganha tenisaves domésticas morreramaposta ganha tenisdecorrência dessa gripe — e outras 193 milhões precisaram ser sacrificadas.
Trata-se, portanto, do pior surtoaposta ganha tenisgripe aviária já registrado desde que esse vírus foi identificado pela primeira vez.
O H5N1 é conhecido desde 1996, quando foi detectado por cientistas na China eaposta ganha tenisHong Kong.
Mas ele ganhou destaque internacional a partiraposta ganha tenis2005, anoaposta ganha tenisque a mortalidadeaposta ganha tenisfrangos criadosaposta ganha tenisgranjas na Ásia subiu drasticamente. À época, também foram registrados episódiosaposta ganha tenisinfecçãoaposta ganha tenisseres humanos — todos os afetados tiveram contato direto com aves doentes.
Os surtos também estão se espalhando mundo afora: antes, eles se concentravam na Ásia e na Europa; mais recentemente, começaram a afetar as Américas.
O aumento da circulação está relacionado às aves migratórias, que vãoaposta ganha tenisum continente para o outroaposta ganha tenisacordo com a estação do ano. Muitas delas viajam infectadas e, quando chegam a um novo lugar, têm contato com as espécies locais.
A partir dessa proximidade, o vírus começa a circular numa nova região — e pode chegar às granjas, que concentram grandes quantidadesaposta ganha tenisavesaposta ganha tenisarmazéns fechados.
A médica veterinária Helena Lage Ferreira, presidente da Sociedade Brasileiraaposta ganha tenisVirologia, explica que o influenza H5N1 passou por uma "diversificação genética".
"O subtipo que está causando o problema atual pertence ao clado 2.3.4.4b. Ele apresenta algumas mutações genéticas que tornaram o vírus mais transmissível entre as aves", aponta.
O "clado" citado pela especialista é um termo que se aproxima do significadoaposta ganha tenisgrupos ou variantes, que ficaram muito conhecidas por causa do coronavírus e suas linhagens, como a ômicron, a gama e a delta.
"O H5N1 é diferenteaposta ganha tenistodos os outros. Nas aves, causa uma infecção grave, com sintomas respiratórios, como pneumonia, e até sinais neurológicos", descreve Ferreira, que também é professora da USP.
O 'pulo' do H5N1 para outras espécies
Além do altíssimo númeroaposta ganha tenisaves afetadas nos últimos dois anos, o que tem chamado a atenção dos cientistas mais recentemente é a quantidadeaposta ganha tenismamíferos que também estão se infectando com o H5N1.
Casosaposta ganha tenisgripe relacionados a esse tipoaposta ganha tenisinfluenza foram confirmadosaposta ganha tenisursos, raposas, gambás, guaxinins, visons, focas, golfinhos e leões marinhos.
Na maioria desses casos, a infecção acontece pelo contato próximo das aves com esses mamíferos.
Muitos deles compartilham o mesmo habitat — o contato próximo facilita a transmissão do vírus entre espécies dessas duas classesaposta ganha tenisanimais.
Ou seja: na maioria das vezes, o H5N1 é transmitido diretamente das aves para os mamíferos por meioaposta ganha tenisfluidos corporais (como gotículasaposta ganha tenissaliva ou fezes) ou pela predação,aposta ganha tenisque uma espécie caça e se alimenta da outra.
Recentemente, porém, dois episódios sinalizaram que o H5N1 pode estar adquirindo aos poucos a capacidadeaposta ganha tenisse transmitiraposta ganha tenisum mamífero para o outro.
O primeiro deles aconteceu na Galícia, no noroeste da Espanha. Em outubroaposta ganha tenis2022, os responsáveis por uma fazenda notificaram as autoridades sobre a transmissão desse influenza entre os visons (ou minks), um tipoaposta ganha tenisanimal criado para a fabricaçãoaposta ganha teniscasacos.
Essa foi a primeira ocasiãoaposta ganha tenisque a transmissão do H5N1 entre mamíferos (sem a intermediaçãoaposta ganha tenisaves) foi confirmada oficialmente. Nenhum ser humano que teve contato com os visons ficou doente.
O segundo episódio ocorreu na costa do Peru,aposta ganha tenisque maisaposta ganha tenis3,4 mil leões-marinhos morreram por causa da gripe aviária.
Para a microbiologista Marilda Mendonçaaposta ganha tenisSiqueira, chefe do Laboratórioaposta ganha tenisVírus Respiratórios, Exantemáticos, Enterovírus e Emergências Virais do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), todas essas observações são "preocupantes".
"Para infectar, os vírus precisam se adaptar às condições do hospedeiro", ensina.
"Alémaposta ganha tenisconseguir se encaixar nos receptores das células das novas espécies, o influenza precisa se adequar às condiçõesaposta ganha tenistemperatura e pHaposta ganha teniscada organismo, que são diferentesaposta ganha tenisaves e mamíferos."
Em outras palavras, esse patógeno passou — e está passando — por uma sérieaposta ganha tenistransformaçõesaposta ganha tenisseu material genético que podem facilitar o "pulo", ou a transmissão entre outras espécies, além daquelasaposta ganha tenisque ele já era frequentemente observado.
"E isso causa preocupação, pois as condições do organismoaposta ganha tenisseres humanos são bem mais próximas aaposta ganha tenisoutros mamíferos do que das aves", complementa Siqueira.
H5N1: qual o tamanho do perigo?
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), entre 2003 e marçoaposta ganha tenis2022 foram registrados 864 casos e 456 mortes causadas pelo H5N1aposta ganha tenisseres humanos.
Já o Centroaposta ganha tenisControle e Prevençãoaposta ganha tenisDoenças (CDC) dos Estados Unidos estima que, entre janeiroaposta ganha tenis2022 e marçoaposta ganha tenis2023, dez pessoas foram diagnosticadas com a gripe aviária. Duas delas morreram.
Esses últimos casos aconteceramaposta ganha tenisCamboja, China, Espanha, Equador, Reino Unido, Estados Unidos e Vietnã.
Embora os números sejam pequenos, eles permitem calcular uma mortalidade bem alta: no cômputo geral, 52% das pessoas que foram infectadas pelo H5N1 morreram.
"Quando vemos esses casos mais recentes, ligados principalmente ao clado 2.3.4.4b, a mortalidade observada é menor,aposta ganha tenis20%. Mesmo assim, é algo que preocupa", pondera Ferreira.
Para comparar, a atual taxaaposta ganha tenismortalidade do Sars-CoV-2, o coronavírus que causa a covid-19, fica ao redoraposta ganha tenis1%.
"Os vírus influenza costumam se replicar nas vias aéreas superiores e nos pulmões. Já o H5N1 parece ir além e atinge outros órgãos vitais, como o cérebro, o coração, o fígado, o baço e os rins", detalha Durigon.
"Os atestadosaposta ganha tenisóbito para gripe comum costumam dizer que o indivíduo morreuaposta ganha tenisinfecção pulmonar ou pneumonia. Já no H5N1, a causaaposta ganha tenismorte geralmente é descrita como 'falência múltiplaaposta ganha tenisórgãos'", complementa o virologista.
Que fique claro: os casosaposta ganha tenisgripe aviáriaaposta ganha tenisseres humanos são esporádicos e estão todos relacionados ao contato próximo com animais infectadosaposta ganha tenisgranjas ou na natureza. Até o momento, não foi registrado nenhuma cadeiaaposta ganha tenistransmissão direta desse influenzaaposta ganha tenisuma pessoa para outra. No Brasil, não há nenhum caso confirmado do tipo.
Para isso ocorrer, seria necessário que o H5N1 sofresse mutações — ou se recombinasse com outros tiposaposta ganha tenisinfluenza que afetam as pessoas ou as demais espécies (como aves e suínos).
Mas será que isso pode acontecer um dia?
"Eu diria que há uma incerteza, mas nunca estivemos tão próximosaposta ganha tenisum cenário desses. E uma pandemiaaposta ganha tenisH5N1 seria uma tragédia", alerta Durigon.
"O H5N1 é um candidato a causadoraposta ganha tenisuma futura pandemia. A pergunta aqui não é 'se' isso vai acontecer, mas, sim, 'quando'", afirma Siqueira.
O que fazer para se proteger do H5N1?
O médico britânico Jeremy Farrar, cientista-chefe da OMS, parece concordar com a visão dos especialistas brasileiros.
Numa entrevistaaposta ganha tenismarçoaposta ganha tenis2023, ele classificou o H5N1 como "uma grande preocupação" e sugeriu que mais atitudes devem ser tomadas para preparar o mundo para a próxima pandemia.
"Se um surtoaposta ganha tenisH5N1aposta ganha tenishumanos começar na Europa, no Oriente Médio, nos Estados Unidos ou no México amanhã, não seríamos capazesaposta ganha tenisvacinar todo mundo aindaaposta ganha tenis2023", estimou à época.
Os pesquisadores ouvidos pela BBC News Brasil ponderam que, ao contrário do que aconteceu com a covid-19, as instituições internacionais e os governos estão mais preparados para lidar com eventual crise provocada pelo vírus influenza.
"A OMS tem planosaposta ganha teniscontingência para uma pandemiaaposta ganha tenisinfluenza desde os anos 1950", lembra Siqueira.
Essa organização envolve redesaposta ganha tenisvigilância e análise laboratorial espalhados pelo mundo. O propósito aqui é detectar os vírus com rapidez, antes que ele se espalhe.
Um exemplo desses sistemasaposta ganha tenismonitoramento vem do próprio Brasil: o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação mantém a Rede Previr, que avalia a presençaaposta ganha tenispatógenosaposta ganha tenisvárias reservas naturais do país.
"A partir do ano passado, começamos a monitorar aves silvestres migratórias. Como o H5N1 chegou a outras partes da América do Sul, existe um risco muito grandeaposta ganha tenisencontrá-lo também no Brasil", conta Durigon, que faz parte do projeto.
E o próprio Mapa realiza esse trabalho para proteger as granjas — foi esse sistema que detectou os três primeiros casosaposta ganha tenisaves silvestres no país.
"E isso é estratégico, uma vez que nosso país é um dos maiores exportadoresaposta ganha tenisfrango no mundo. Se o H5N1 chega aqui e afeta os produtores locais, com a necessidadeaposta ganha tenisabater os animais, isso representaria um grande problema à economia", complementa o virologista do ICB-USP.
Além da vigilância constante, outra ação primordial nesse contexto é criar e testar formasaposta ganha tenisprevenção e tratamento da gripe aviária.
Nessa seara, as notícias são positivas. "Os remédios antivirais que temos à disposição são eficazes contra o H5N1aposta ganha teniscirculação", pontua Ferreira.
As vacinas contra este influenza também já estãoaposta ganha tenisdesenvolvimento. No Brasil, o Instituto Butantan anunciou no inícioaposta ganha tenismarço que já trabalha num imunizante contra esse patógeno.
"A expectativa é finalizar os testes pré-clínicos ainda neste ano e avançar para o estudo clínico [que envolve voluntários humanos]aposta ganha tenis2024", afirma a instituição em nota publicada no site.
Siqueira estima que, diante dos planosaposta ganha teniscontingência elaborados nas últimas décadas, seria possível ter dosesaposta ganha tenisvacina contra o H5N1 prontas para campanhasaposta ganha tenislarga escalaaposta ganha teniscinco ou seis meses.
"Não sabemos se esse vírus vai causar uma pandemiaaposta ganha tenisum, cinco ou 100 anos. Mas precisamos estar preparados para isso", diz a especialista.
Do pontoaposta ganha tenisvista individual, existem algumas medidas básicas que já podem ser colocadasaposta ganha tenisprática para proteger a si mesmo — e diminuir o riscoaposta ganha tenisuma pandemia futura.
"O cuidado mais importante nesse momento é não tocar ou chegar pertoaposta ganha tenisuma ave morta que você vir na praia, na mata ouaposta ganha tenisqualquer lugar", orienta Siqueira.
Nesses casos, a recomendação é notificar as autoridades locais, que podem enviar funcionários com equipamentosaposta ganha tenisproteção para fazer a remoção e mandar o corpo para análiseaposta ganha tenislaboratório.
E, naturalmente, os protocolos básicosaposta ganha tenisfazer a higiene das mãos e ficar afastado das atividades se estiver com sintomasaposta ganha tenisinfecção respiratória continuam a valer.
"Isso é algo que foi reforçado na pandemiaaposta ganha teniscovid-19 e que precisaremos manter pelo resto das nossas vidas", conclui a microbiologista da FioCruz.
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