A cartasportingbetbrasil comEinstein que mudou a história da humanidade: 'Grande erro da minha vida':sportingbetbrasil com

A carta levou à criaçãosportingbetbrasil comum programasportingbetbrasil compesquisas altamente secreto, ao custosportingbetbrasil comUS$ 2 bilhões (R$ 11,2 bilhões ao câmbio atual).

Era o Projeto Manhattan, uma corrida para vencer a Alemanha no desenvolvimentosportingbetbrasil comarmas atômicas.

Liderado pelo físico Robert Oppenheimer (1904-1967), o projeto durou três anos e conduziu os Estados Unidos para a era nuclear.

Ele levou ao desenvolvimentosportingbetbrasil comuma das invenções mais significativas e destrutivas da história humana: a bomba atômica.

Em 10sportingbetbrasil comsetembro, a histórica e cuidadosamente redigida cartasportingbetbrasil comEinstein foi arrematada por pouco menossportingbetbrasil comUS$ 4 milhões (cercasportingbetbrasil comR$ 22,4 milhões)sportingbetbrasil comum leilão na casa Christie'ssportingbetbrasil comNova York.

A carta foi escritasportingbetbrasil comduas versões. A versão mais curta é a que foi leiloada.

Uma versão mais detalhada, entregue pessoalmente na Casa Branca, hoje faz parte da coleção permanente da Biblioteca Franklin D. Roosevelt,sportingbetbrasil comNova York.

"De muitas formas, esta carta marca uma reviravolta fundamental na história da ciência, da tecnologia e da humanidade", afirmou à BBC Peter Klarnet, especialistasportingbetbrasil comassuntos americanos, livros e manuscritos da Christie's.

"Esta foi,sportingbetbrasil comfato, a primeira vezsportingbetbrasil comque o governo dos EUA se envolveu diretamente, financiando uma pesquisa científica importante", explica ele.

"A carta foi o pontapé inicial para que os EUA pudessem aproveitar totalmente as transformações tecnológicas que estavamsportingbetbrasil comandamento."

O diretorsportingbetbrasil comprogramas do Departamentosportingbetbrasil comPolítica, Filosofia e Relações Internacionais da Universidadesportingbetbrasil comSwansea, no Reino Unido, Bryn Willcock, é também professor e pesquisadorsportingbetbrasil comHistória Nuclear e Americana. Ele concorda com a opiniãosportingbetbrasil comKlarnet.

"A maior parte dos relatos históricos sobre as origens da bomba começa com uma discussão da carta", diz à BBC. "O conteúdo da carta foi fundamental para conseguir ações diretas do presidente Roosevelt."

O premiado filme Oppenheimer, baseado na história do Projeto Manhattan, menciona a cartasportingbetbrasil comuma cenasportingbetbrasil comOppenheimer com o físico Ernest Lawrence (1901-1958).

"Esta [carta] é algo que faz parte da cultura popular desde 1945,sportingbetbrasil comforma que ela já tem uma posição sólida", explica Klarnet, "mas acho que o filme Oppenheimer apresentou a carta para uma nova geração."

'Lenda'

Klarnet descreve Einstein como um "personagem lendário" na cultura popular. Ele certamente demonstra esta qualidadesportingbetbrasil comOppenheimer, esgueirando-se pelas beiradas do filme, como uma breve aparição aguardada ansiosamente pelo público.

Sua identidade só é revelada quando o vento faz seu chapéu voar expondosportingbetbrasil comfamosa cabeleira branca.

A equaçãosportingbetbrasil comEinstein, E = mc² (energia é massa multiplicada pela velocidade da luz elevada ao quadrado) , explica a energia que é liberadasportingbetbrasil comuma reação nuclear e abriu o caminho parasportingbetbrasil comaplicação sinistra. Mas seu papel na construção da bomba atômica pode ter sido superestimado no filme.

A cena finalsportingbetbrasil comOppenheimer mostra um comovente diálogo entre Einstein e o personagem-título. Nele, Oppenheimer diz: "Quando vim até você com estes cálculos, achei que poderíamos iniciar uma reaçãosportingbetbrasil comcadeia que destruiria o mundo inteiro..."

Para Klarnet, este diálogo é "absurdo". A simpatiasportingbetbrasil comEinstein com ideiassportingbetbrasil comesquerda esportingbetbrasil comorigem alemã o tornavam suspeito aos olhossportingbetbrasil comautoridades americanas. Klarnet acha que Einstein "não tinha credenciassportingbetbrasil comsegurança" para se envolver no projeto.

De fato, Einstein era pacifista declarado e sempre se distanciou do projeto Manhattan. Ele sempre insistia quesportingbetbrasil comparticipação na liberação da energia atômica foi "muito indireta".

Se houve um instigador, foi Leo Szilard (1898-1964), ex-alunosportingbetbrasil comEinstein.

As duas cartas foram escritas por ambossportingbetbrasil comuma cabanasportingbetbrasil comLong Island; a mais curta, com uma notasportingbetbrasil comSzilard a lápis dizendo "Original não enviado!", permaneceriasportingbetbrasil comseu poder até a morte.

O alemão Einstein e o húngaro Szilard eram judeus, que fugiram para os Estados Unidos depois da ascensão do nazismo. Por isso, eles compreendiam, melhor do que ninguém, a ameaça representada pela Alemanha na época.

A carta foi ideiasportingbetbrasil comSzilard, mas ele queria que Einstein fosse seu autor e signatário. Afinal, Einstein conferia considerável autoridade à missiva; depoissportingbetbrasil comganhar o Prêmio Nobelsportingbetbrasil com1921, ele passou a ser "a personificação da ciência moderna", afirma Klarnet.

"Ele tem uma influência única", explica. "Aparentemente, outras pessoas tentaram alertar Roosevelt sobre os desenvolvimentos recentes (na corrida pela criaçãosportingbetbrasil comuma nova e poderosa bomba), mas,sportingbetbrasil comrepente, você entra pela porta com uma cartasportingbetbrasil comAlbert Einstein, dizendo que está na horasportingbetbrasil comfazer isso – é algo que impressiona."

No dia 16sportingbetbrasil comjulhosportingbetbrasil com1945, espectadores liberados pela segurança, com seus olhos protegidos por óculos, observaram um protótipo da bomba conhecido como "gadget" ("dispositivo") ser detonado com sucesso no deserto do Novo México, nos Estados Unidos.

O resultado foi recebido com euforia e apreensão. Naquele dia, o então presidente americano Harry S. Truman (1884-1972) escreveu no seu diário: "descobrimos a bomba mais terrível da história do mundo".

Naquele momento, a Segunda Guerra Mundial já estava quase no fim. A Alemanha já havia se rendido, mas faltava o Japão.

Acreditava-se que o ataque aos portos japonesessportingbetbrasil comHiroshima e Nagasaki com aquela força devastadora sem precedentes aceleraria o final da guerra.

Szilard lançou uma petição, um dia depois do teste da bomba, recomendando que o Japão fosse convidado a se render antes que fossem tomadas ações mais drásticas, mas ela não chegou às autoridades a tempo.

No dia 6sportingbetbrasil comagostosportingbetbrasil com1945, uma bomba denominada "Little Boy" ("Menininho",sportingbetbrasil comportuguês) foi lançada sobre Hiroshima. E outra bomba, "Fat Man" ("Homem Gordo"), foi detonadasportingbetbrasil comNagasaki,sportingbetbrasil com9sportingbetbrasil comagosto.

Estima-se que 200 mil pessoas tenham sido mortas ou feridas imediatamente e muitas outras morreriam anos depois devido aos efeitos colaterais da radiação.

Até hoje, estes são os únicos casossportingbetbrasil comemprego diretosportingbetbrasil comarmas nuclearessportingbetbrasil comconflito.

A carta foi decisiva?

É difícil dizer se o Projeto Manhattan teria existido, não fosse pela cartasportingbetbrasil comEinstein.

Willcock observa que o Reino Unido já estava "tentandosportingbetbrasil comtudo para levar os Estados Unidos a apoiar mais pesquisas" nesse campo. Ele descreve o Relatório Maud, liderado pelos britânicossportingbetbrasil com1941 – um estudo sobre a viabilidade das armas nucleares – como "fundamental para forçar o desenvolvimentosportingbetbrasil compesquisas pelos americanos".

A cartasportingbetbrasil comEinstein pode ter apenas acelerado o processo. Sem ela, o desenvolvimento teria sofrido um atraso que, segundo Willcock, "provavelmente teria feito com que a bomba não estivesse pronta para uso no verãosportingbetbrasil com1945".

Por outro lado, Einstein lamentou amargamente a violência e o caos causados pelasportingbetbrasil comcartasportingbetbrasil com1939.

Em 1946, ele foi um dos fundadores do Comitêsportingbetbrasil comEmergênciasportingbetbrasil comCientistas Atômicos, criado para divulgar os riscos da guerra nuclear e propor um caminho para a paz mundial.

Em um artigo para a revista Newsweeksportingbetbrasil com1947, intitulado Einstein: O Homem que Deu Início a Tudo, ele afirmou: "Se eu soubesse que os alemães não teriam sucesso no desenvolvimento da bomba atômica, eu não teria feito nada pela bomba."

Hojesportingbetbrasil comdia, mesmo detendo a tecnologia, a Alemanha ainda não tem armas nucleares.

Einstein dedicaria o resto da vida à defesa do desarmamento nuclear. Em 1954,sportingbetbrasil comconversa com o químico Linus Pauling (1901-1994), outro ganhador do Prêmio Nobel, ele descreveu a carta para Roosevelt como "grande erro da minha vida".

A bomba atômica alterou radicalmente o cenário da guerra, criando uma corrida armamentista que define as relações internacionais até hoje.

Atualmente, nove nações do mundo possuem armas nucleares – e grande parte do temor que muitos têm hojesportingbetbrasil comdiasportingbetbrasil comum ataque ou uma guerra nuclear pode se dever àquela carta.

Para Klarnet, esta "ainda é uma questão muito relevante até hoje. É uma sombra que paira sobre a humanidade. Aquela carta é um lembrete das origens do nosso mundo moderno e um severo alertasportingbetbrasil comcomo chegamos até aqui."

Em julhosportingbetbrasil com1955, no auge da Guerra Fria, o mesmo nome que assinou a carta que inspirou Rooseveltsportingbetbrasil com1939 apareceriasportingbetbrasil comforma póstuma no título do Manifesto Russell-Einstein, uma declaração alertando para os perigossportingbetbrasil comuma guerra nuclear.

Ela foi proposta pelo filósofo Bertrand Russell (1872-1970) e endossada por Einstein apenas uma semana antes dasportingbetbrasil commorte.

"Apelamos, como seres humanos, aos seres humanos", diz parte do texto.

"Lembrem-se dasportingbetbrasil comhumanidade e se esqueçam do resto. Se fizerem isso, abre-se o caminho para um novo paraíso; se não conseguirem, o que se apresenta àsportingbetbrasil comfrente é o risco da morte universal."

Leia a versão original desta reportagem (em inglês) no site BBC Culture.