Como é dar à luzGazameio a bombardeios:

Crédito, Jumana Emad

Legenda da foto, Jumana Emad diz que estar grávidaGaza é assustador

O Hamas matou mais1.400 pessoasIsrael e fez mais200 refénsum ataque no dia 7outubro.

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Em retaliação, Israel lançou ataques aéreoscontra Gaza, que - segundo o Ministério da Saúde administrado pelo Hamas - mataram quase 7.000 pessoas.

O governo israelense tem reiterado que os alvos da operação são os integrantes do Hamas, não os civis palestinos.

“Eu tive muito medo”, disse Jumana à BBC. "Eu estavatrabalhopartomeio a bombardeios contínuos."

A jornalista freelancer25 anos seguiu as ordens dadas por Israel para deixar acasa na região norte. Dois dias após o início dos ataques israelenses, ela saiu da cidadeGaza e viajou para o sul.

Com medo e grávida9 meses, Jumana deixou a filha na casaum parente. Ela levou apenas uma peçaroupa, uma caixaleite e uma bolsa pequena para o bebê.

“A situação era difícil”, explicou elauma mensagemvoz.

Crédito, JUMANA EMAD

Legenda da foto, A bebê Talia nasceu13outubro2023Gaza
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"Não dormimos à noite. Houve muitos bombardeios e tivemos que ir para outro lugar. Mulheres grávidas como eu deveriam sair para passear, mas por causa da guerra não podemos sair nem para comprar comida”, disseoutra mensagem.

Jumana contou sobre os constantes cortesenergia, interrupções na internet e a faltaágua, além do medo e da ansiedade diate da possibilidadedar à luzcircunstâncias tão difíceis.

Na sexta-feira, 13outubro, ela entroutrabalhoparto.

O plano inicial era ter o bebê no Hospital Al-Shifa na cidadeGaza, que é um centro médico grande. Mas ela foi informada que o hospital estava extremamente lotado.

Jumana então foi para o Hospital Al-Awda,Nuseirat, menor e localizado no meio da FaixaGaza.

Mas chegar até lá foi difícil. Com dores etrabalhoparto, Jumana lutou para encontrar alguém que a levasse. “Os taxistas têm medo e as ambulâncias não têm tempo para uma mulher prestes a dar à luz”, explicou.

Ela descreveu as horastrabalhoparto como difíceis e assustadoras.

“Houve bombardeios intensosuma casa ao lado do hospital, o som foi tão alto que pensei que o bombardeio tivesse chegado ao próprio hospital... Eu estava preocupado com ela [a filha mais velha] porque ela estava longemim."

"Tudo o que queria era dar à luz meu bebê, não importa o que acontecesse."

Jumana descreveu seu sentimentochoque quando, horas depois, naquela noite, deu à luz uma menina, que decidiu chamarTalia.

“O choro dela significava que ainda estávamos todos vivos”, lembra ela.

Não havia leito disponível para Jumana imediatamente após o parto. Com dor e sangramento, ela teve que esperar até que uma cama fosse encontrada e ela fosse espremidaum pequeno quarto com outros pacientes.

“Tive a sorteter uma [cama], porque outras mulheres tiveram que se deitar nos sofás e até no chão do corredor do hospital logo após o parto”, diz ela.

Crédito, JUMANA EMAD

Legenda da foto, FilhasJumana - Tulin,quatro anos, e a bebê Talia

O FundoPopulação das Nações Unidas (UNFPA) estima que existam cerca50.000 mulheres grávidas na FaixaGaza, sendo que 5.500 delas deverão dar à luz nos próximos 30 dias.

Ainda segundo o órgão da ONU, os hospitais estão sobrecarregados e sem medicamentos e suprimentos básicos.

No dia seguinte ao parto, Jumana enviou um vídeo dela mesma segurando a filhaum táxi, enroladaum cobertor branco.

Ela deixou o hospital para se juntar à família, mas diz que até isso foi uma provação.

“O elevador paroufuncionar devido a um problemaenergia”, diz ela.

Isso significou que Jumana, que estava hospedada no quarto andar do hospital, com dores após o parto e com o recém-nascido nos braços, teve que descer vários lancesescada para chegar à saída.

Ao sair do hospital, ela teve ainda que enfrentar o desafioconseguir transportevolta ao local onde estava hospedada.

“Passamos uma hora procurando um táxi e nenhum dos motoristas concordounos levar. Eles ficaram assustados depoisum bombardeio próximo pela manhã."

"No fim das contas achamos um, mas ele nos cobrou a mais e não quis nos deixar na frentecasa."

Jumana diz que o partocircunstâncias tão difíceis cobrou seu preço. “Estou esgotada mentalmente. Não tenho mais vontadefazer nada”, admite.

Mas ela afirma que a bebê Talia está bem: “Ela é uma mistura das minhas características, da irmã e do pai."

“Se não fosse pela guerra, eu gostariafazer uma linda festa uma semana após o nascimento. Eu teria convidado todos os membros da minha família e realizado uma Aqiqah [uma celebração islâmica tradicional] para ela”, diz Jumana.

Mas agora diz que não sabe o que o futuro reserva parafamília.

Ainda assim, afirma estar grata pela nova filha, dizendo: “Ela é minha esperança nesta vidaguerra e morte”.