EUA vetam propostabet7k grupocessar-fogo do Brasil no Conselhobet7k grupoSegurança da ONU:bet7k grupo

Joe Biden e Benjamin Netanyahu

Crédito, Evelyn Hockstein/Reuters

Legenda da foto, Estados Unidos e Israel são aliados históricos; Israel e Hamas trocaram acusações sobre autoriabet7k grupoexplosãobet7k grupohospital, que matou pelo menos 500 pessoas

Os Estados Unidos, aliadosbet7k grupoIsrael, vetaram nesta quarta-feira (18/10) um texto proposto pelo Brasil no Conselhobet7k grupoSegurança da Organização das Nações Unidas (ONU).

Doze países votaram a favor da proposta brasileira, entre eles China, França e Emirados Árabes Unidos.

Dois países, Rússia e Reino Unido, se abstiveram na votação.

O Brasil propôs uma pausa humanitária no conflito entre Israel e o Hamas. O conflito já matou maisbet7k grupo5 mil pessoas - cercabet7k grupo4 mil palestinos e 1,3 mil israelenses durante o ataque do Hamas no dia 7bet7k grupooutubro.

Para qualquer proposta ser aprovada no Conselhobet7k grupoSegurança da ONU, ela precisabet7k grupopelo menos nove votos dos 15 países membros do órgão.

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Também não pode ter nenhum veto. Apenas cinco países têm esse direitobet7k grupovetar um texto: Estados Unidos, China, Rússia, Reino Unido e França.

Por causa desse dispositivo, o veto americano fez com que a proposta do Brasil fosse rejeitada.

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A embaixadora americana na ONU, Linda Thomas-Greenfield, disse que a proposta foi vetada por não citar o direitobet7k grupoIsraelbet7k grupose defender.

Os EUA costumam defender os interesses israelenses no Conselhobet7k grupoSegurança.

O Brasil lamentou o resultado.

"Tristemente, muito tristemente, o conselho mais uma vez não conseguiu adotar uma resolução. Silêncio e inação prevaleceram, para o interessebet7k grupolongo prazobet7k gruponinguém", afirmou o embaixador do Brasil na ONU, Sérgio Danese.

Segundo Danese, o Brasil fez um "esforço para acomodar as posições diferentes, às vezes opostas", com o intuitobet7k grupobuscar uma solução para a crise humanitáriabet7k grupoGaza.

A rejeição da proposta brasileira frustra a tentativa do governo Lulabet7k grupoinfluenciar nos rumos do conflito. Em 11bet7k grupooutubro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu no X (antigo Twitter) "uma intervenção humanitária internacional" no conflito.

"O Brasil, na presidência provisória do Conselhobet7k grupoSegurança da ONU, se juntará aos esforços para que cessebet7k grupoimediato ebet7k grupodefinitivo o conflito", afirmou.

Para Cristina Pecequilo, professorabet7k gruporelações internacionais da Universidade Federalbet7k grupoSão Paulo (Unifesp), o resultado da votação representou “uma vitória” para a diplomacia brasileira Brasil, apesar do veto. Ela destaca o amplo apoio, inclusivebet7k grupodois membros permanentes (França e China), e ressalta o fatobet7k grupoos EUA terem ficado isolados no veto.

Ela, porém, se mostra pessimista sobre novos progressos quanto ao conflito entre Israel e Palestina dentro do Conselhobet7k grupoSegurança.

“Os Estados Unidos têm vetado repetidamente resoluções que envolvam questõesbet7k grupoIsrael, questões do Oriente Médio. Qualquer resolução que não permita a Israel uma margembet7k grupomanobra plena vai ser vetada pelos Estados Unidos. Então esse veto norte-americano era bastante esperado”, ressalta.

“O resultado da votação demonstra que, geopoliticamente, existe hoje uma pressão dos países sobre a situaçãobet7k grupoIsrael e que,bet7k grupocerta forma, esse eixo bilateral Estados Unidos-Israel está num ritmo e o resto do mundo estábet7k grupooutro”, acrescentou.

Na avaliação do professorbet7k grupoRelações Internacionais da Universidade Federalbet7k grupoMinas Gerais (UFMG) Dawisson Belém Lopes, o Brasil fez “um papel muito honroso” como presidente do Conselhobet7k grupoSegurança e conseguiu “um resultado muito bom”.

“Com exceção dos Estados Unidos, o Brasil conseguiu convencer os outros treze países. O Brasil conseguiu convencer a Rússia a não vetar, conseguiu convencer o Reino Unido a não vetar e conseguiu onze votos afirmativos dos demais paísesbet7k grupoEuropa,bet7k grupoÁfrica,bet7k grupoAmérica Latina ebet7k grupoOriente Médio”, ressaltou.

“Agora, o que fica claro é que o jogo já estava jogado antes. Como disse o representante da China, o Estados Unidos ficarambet7k gruposilêncio por 24 horas. Não quiseram negociar”, disse ainda.

Para Belém, o governo americano quer restringir os atores envolvidos na gestão do conflito, limitando às negociações a EUA, Arábia Saudita e ao secretário-geral da ONU, António Guterres.

“Os Estados Unidos têm essa estratégia, vão levar até o final,bet7k grupoproteger Israel ebet7k grupotransformar a gestão desse conflitobet7k grupoalgo que passe pelo filtro dos Estados Unidos necessariamente”, reforça.

Analistas internacionais ouvidos pela BBC News Brasil se dividem entre "uma tensão" ou mesmo "dois pesos e duas medidas" na posição americanabet7k gruporelação a Israel e à Ucrânia.

"É uma questão complicada. Os EUA afirmaram que os assentamentos israelenses são um obstáculo à paz. Não com frequência, mas ao menosbet7k grupoalgumas ocasiões, os americanos permitiram a aprovaçãobet7k gruporesoluções do Conselhobet7k grupoSegurança da ONUbet7k grupocondenação aos assentamentos como violações do direito internacional, ou seja, não exerceram seu poderbet7k grupoveto", disse à BBC News Brasil Allen Weiner, professorbet7k grupodireito internacional da Universidade Stanford.

Mais pressão sobre Biden

O veto americano à proposta brasileira também amplia a pressão sobre o governobet7k grupoJoe Biden, que chegou nesta quarta-feira (18/10) a Israel e se reuniu com o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.

Os dois países são aliados históricos. Israel recebeu mais ajuda externa dos EUA do que qualquer outro país desde a 2ª Guerra Mundial — no ano passado, foram destinados maisbet7k grupoUS$ 3,3 bilhões (R$ 16,6 bilhões)bet7k gruporecursos.

Biden renovou a promessabet7k grupoapoio a Netanyahu e disse que a explosão na noitebet7k grupoterça-feira (17/10)bet7k grupoum hospitalbet7k grupoGaza "parece" ter sido causada "pelo outro time",bet7k grupoalusão ao Hamas, grupo militante palestino que controla a Faixabet7k grupoGaza.

O presidente americano acrescentou que está "profundamente triste e indignado" com o incidente.

"Com base no que vi, parece que foi feito pelo outro time, não por você. Mas há muitas pessoas por aí que não têm certeza, então temos que superar muitas coisas", disse Biden.

O presidente americano também afirmou, no entanto, que Israel passaria a permitir que ajuda humanitária entrasse pela passagembet7k grupoRafah, no Egito.

Já Netanyahu falou que "o mundo civilizado deve unir-se para derrotar o Hamas", da mesma forma que fez quando enfrentou o ISIS (grupo autodenominado Estado Islâmico).

"Vamos derrotar o Hamas e eliminar esta terrível ameaça das nossas vidas", acrescentou o premiê israelense, dizendo que não é apenas para o bem do seu país, mas para o bembet7k grupotodos.

Ele chamou Bidenbet7k grupo"verdadeiro amigo" e elogiabet7k grupodecisão "profundamente comovente"bet7k grupovisitar Israel durante a guerra.

"Sei que falo pelo povobet7k grupoIsrael quando digo obrigado", acrescentou Netanyahu, antesbet7k grupoBiden começar a falar.

Israel sustenta que a explosão foi causada por um foguete disparado por militantes palestinos.

Segundo as Forçasbet7k grupoDefesabet7k grupoIsrael (IDF), evidências indicam que um foguete da Jihad Islâmica, grupo extremista aliado ao Hamas, disparadobet7k grupoum cemitério, caiu no estacionamento do hospital.

Já o Hamas, as autoridades palestinas e outros países árabes culpam Israel pela explosão, que teria matado 500 pessoas.

Israel vem realizando ataques aéreos contra alvosbet7k grupoGaza desde os ataques do Hamasbet7k grupo7bet7k grupooutubro.

O IDF afirma que, desde então, pelo menos 450 foguetes foram disparados do território.

A explosão no hospital mudou completamente o cronograma da viagembet7k grupoBiden.

O presidente americano deveria viajar para a Jordânia após se encontrar com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu; ali se reuniria com o rei Abdullah, da Jordânia, o presidente Abdul Fattah al-Sisi, do Egito, e o presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas.

No fim da noitebet7k grupoterça-feira, no entanto, o chanceler da Jordânia disse que a reunião só poderia ser realizada quando as partes concordassembet7k grupoacabar com a "guerra e os massacres contra os palestinos", culpando Israel pela explosão no hospital.

Homem ferido carregadobet7k grupomaca

Crédito, Reuters

Legenda da foto, O hospital Al Ahli Arab, financiado pela Igreja Anglicana, abrigava feridos pelos ataques aéreosbet7k grupoIsrael nos últimos dias

Trocabet7k grupoacusações

No X (antigo Twitter), Netanyahu escreveu: "Uma análise dos sistemas operacionais das IDF (Forçasbet7k grupoDefesabet7k grupoIsrael) indica que uma barragembet7k grupofoguetes foi disparada por terroristasbet7k grupoGaza, passando nas proximidades do hospital Al Ahlibet7k grupoGaza no momentobet7k grupoque foi atingido".

"Múltiplas fontes que temosbet7k grupomãos indicam que a Jihad Islâmica é responsável pelo lançamento fracassado do foguete que atingiu o hospitalbet7k grupoGaza", publicou o primeiro-ministro israelense.

A Jihad Islâmica, aliada do Hamas na Faixabet7k grupoGaza, negou ter participação no episódio.

Opositor do Hamas, o presidente da Autoridade Palestina (AP), Mahmoud Abbas, classificou a explosão como um "horrível massacrebet7k grupoguerra". Para ele, Israel "ultrapassou todas as linhas vermelhas."

Maisbet7k grupo1,3 mil pessoas foram mortasbet7k grupoIsrael no fimbet7k gruposemana passado, quando combatentes do Hamas cruzaram a fronteira para atacar civis e soldados, segundo as Forçasbet7k grupoDefesa israelenses.

Maisbet7k grupo3,3 mil pessoas foram mortas na campanhabet7k grupobombardeiobet7k grupoIsrael na Faixabet7k grupoGaza, lançada na sequência, dizem as autoridades palestinas.

Imagens do hospital Al Ahli Arab mostram cenasbet7k grupocaos — com vítimas ensanguentadas e mutiladas sendo levadas às pressasbet7k grupomacas.

Corpos e veículos destruídos podem ser vistos nos escombros espalhados pela rua.

Vídeos compartilhados pela internet, ainda não confirmados pela BBC, mostram uma grande explosão pouco antes.

Centenasbet7k grupopessoas feridas estavam abrigadasbet7k grupoum corredor nas dependências do hospital, segundo moradores da região.

Autoridades da defesa civil dizem que a explosão foi resultadobet7k grupoum ataque aéreo israelense e que centenasbet7k grupopessoas estão presas nos escombros.

O gabinetebet7k grupocomunicação social do governo do Hamasbet7k grupoGaza classificou o incidente ao hospital como um "crimebet7k grupoguerra".

"O hospital atendia centenasbet7k grupodoentes e feridos, e pessoas deslocadas à força das suas casas", afirmou o Hamas.

O comunicado diz que "centenasbet7k grupovítimas ainda estão sob os escombros".

Homem sendo carregadobet7k grupomaca

Crédito, Reuters

Legenda da foto, Explosão teria deixado pelo menos 500 mortos, segundo autoridades paletinas

O diretor-geral da Organização Mundialbet7k grupoSaúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, afirmou que "condena veementemente" a situação no Hospital Al Ahli Arab.

Ele disse que os primeiros relatos indicam centenasbet7k grupomortos e feridos no local.

"Pedimos a proteção imediata dos civis e dos cuidadosbet7k gruposaúde, e que as ordensbet7k grupoevacuação sejam revertidas", postou ele no X.

O hospital Al Ahli Arab é financiado pela Igreja Anglicana, e Richard Sewell, reitor do St George's College — uma das principais figuras da igrejabet7k grupoJerusalém — que postou nas redes sociais que "nosso hospital, o hospital Ahli Arab, foi atingido diretamente por um míssil israelense".

Ele afirmou que centenasbet7k grupomulheres e crianças foram mortas, e chamou o atobet7k grupo"assassinato deliberadobet7k grupocivis vulneráveis".

"As bombas devem parar agora. Não pode haver nenhuma justificativa possível para isso", disse Sewell.

O Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) comentou o casobet7k grupocomunicado. A entidade disse estar "chocada e horrorizada" com os relatos da explosão.

"Os hospitais deveriam ser santuários para preservar a vida humana, e não cenasbet7k grupomorte e destruição", afirmou a Cruz Vermelha.

"Nenhum paciente deveria ser mortobet7k grupouma camabet7k grupohospital. Nenhum médico deveria perder a vida enquanto tentava salvar outras pessoas. Os hospitais devem ser protegidos pelo direito humanitário internacional", complementou a instituição.