Há dois pesos e duas medidas na posição dos EUA sobre Israel e sobre Ucrânia?:blazer apostas online

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky (à esquerda), é abraçado por Biden no Salão Oval da Casa Brancablazer apostas onlineWashington, no dia 21blazer apostas onlinesetembroblazer apostas online2023

Crédito, Reuters

Legenda da foto, O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky (à esquerda), é abraçado por Biden no Salão Oval da Casa Brancablazer apostas onlineWashington, no dia 21blazer apostas onlinesetembroblazer apostas online2023

Enquanto a base democratablazer apostas onlineBiden tem se mostrado consistentemente unidablazer apostas onlinetorno do envioblazer apostas onlineauxílio militar à Ucrânia, a oposição republicana quer a diminuição ou mesmo o fim das remessas.

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De outro lado, a própria base políticablazer apostas onlineBiden não se mostra unidablazer apostas onlinetorno do "apoio incondicional" do democrata a Israel - e um pacote militar ao país no Congresso pode enfrentar fogo amigo, embora deva contar com apoio republicano.

Dois pesos e duas medidas?

Enquanto os EUA têm sido vocaisblazer apostas onlinedenunciar e ajudar a documentar potenciais crimesblazer apostas onlineguerra da Rússia — como fez na cidade ucranianablazer apostas onlineBucha —, Biden e seus enviados têm feito apenas menções genéricas à necessidadeblazer apostas onlinerespeito à lei internacional na atual contra-ofensiva israelense.

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A Organização das Nações Unidas (ONU) já expressou preocupaçãoblazer apostas onlineque as açõesblazer apostas onlineIsrael —blazer apostas onlinecortar água, energia, combustível e alimentação da Faixablazer apostas onlineGaza, enquanto bombardeia a área, eblazer apostas onlineordenar a remoçãoblazer apostas onlinemaisblazer apostas onlineum milhãoblazer apostas onlinepessoasblazer apostas onlineum lado ao outroblazer apostas online24 horas — acarretemblazer apostas onlinealto númeroblazer apostas onlinemortesblazer apostas onlinecivis e possam configurar crime contra humanidade.

Nas redes sociais, a deputada democrata Alexandria Ocasio-Cortez, estrela da esquerda americana, fez duras críticas à resposta israelense.

"Isso é punição coletiva e uma violação à lei internacional. Não podemos matarblazer apostas onlinefome quase um milhãoblazer apostas onlinecrianças por causa das horríveis ações do Hamas, cujo desrespeito por israelenses, palestinos e à vida humana não poderia ser mais claro. Precisamos traçar um limite", postou a deputada emblazer apostas onlineconta no X, antigo Twitter.

Na mesma linha, outra das mais vocais parlamentares democratas, Cori Bush, afirmou que "ordenar que 1,1 milhãoblazer apostas onlinepessoas evacuem uma áreablazer apostas online24 horas é uma tarefa impossível. Há pessoas que permanecemblazer apostas onlinehospitais no norteblazer apostas onlineGaza e que não podem ser transportadas. Israel deve rescindir a ordem, respeitar o direito internacional e prevenir atrocidadesblazer apostas onlinemassa contra o povo palestino".

Mas o mal-estar não se concentra apenas na reação americana diante dos possíveis excessos da resposta israelense agora.

Outro ponto é o posicionamento histórico dos EUAblazer apostas onlinerelação ao assentamentos israelensesblazer apostas onlineterras consideradas internacionalmente como palestinas, como a Cisjordânia e a porção lesteblazer apostas onlineJerusalém. Embora a Palestina jamais tenha se tornado um Estado, existem áreas autônomas reconhecidas como território palestino.

As ocupaçõesblazer apostas onlinecolonos judeus nestas regiões já foram consideradas ilegais pela Assembleia Geral da ONU, pelo Conselhoblazer apostas onlineSegurança da ONU e pelo Tribunal Internacionalblazer apostas onlineJustiça. Israel argumenta que essas são terras “em disputa” e, portanto, não há irregularidade.

Enquanto defendem que a violação da Rússia à integridade territorial da Ucrânia é uma flagrante violação à lei internacional e uma ameaça à ordem mundial estabelecida no pós-guerra, os EUA têm historicamente evitado condenar os assentamentos israelenses estabelecidos na Cisjordânia eblazer apostas onlineJerusalém.

Os americanos jamais votaram a favorblazer apostas onlinequalquer declaração da ONU estabelecendo a ilegalidade destas ocupações, exceto por uma resoluçãoblazer apostas online1980. Mas mesmo nesta ocasião, durante a gestão do democrata Jimmy Carter, a diplomacia dos EUA se retratou logo depois do voto e disse ter havido uma confusão, mas que a posição americana era pela abstenção.

Quando não se abstiveram, os americanos chegaram a vetar uma sérieblazer apostas onlineresoluções na ONU para blindar Israelblazer apostas onlinecríticas ou sanções. Em relação à Rússia, porém, os americanos foram os patrocinadoresblazer apostas onlineresoluções condenatórias à invasãoblazer apostas onlinePutin tanto no Conselhoblazer apostas onlineSegurança, onde a própria Rússia as vetou, quanto na Assembleia Geral, onde foram aprovadas.

Ainda assim, fora das arenas internacionais decisivas, lideranças americanas admitiram que as ocupações israelenses eram ilegais e chegaram a pedirblazer apostas onlinedesmobilização, bem como defenderam a criaçãoblazer apostas onlineum Estado palestino coexistindo junto a Israel.

Isso mudou durante o governoblazer apostas onlineDonald Trump, no entanto.

Em novembroblazer apostas online2019, os EUA anunciaram que já não mais consideravam os assentamentos israelenses ilegais. Em resposta, a própria ONU afirmou que "uma mudança na posição políticablazer apostas onlineum Estado não modifica o direito internacional estabelecido nem ablazer apostas onlineinterpretação pelo Tribunal Internacionalblazer apostas onlineJustiça e pelo Conselhoblazer apostas onlineSegurança".

Em marçoblazer apostas online2021, porém, a gestão Biden reverteu o entendimentoblazer apostas onlineseu antecessor e voltou a tratar os assentamentos como ilegais.

O presidente dos EUA, Joe Biden (à direita), conversa com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, durante a 78ª Assembleia Geral da ONU na cidadeblazer apostas onlineNova York, EUA, 20blazer apostas onlinesetembroblazer apostas online2023

Crédito, Reuters

Legenda da foto, O presidente dos EUA, Joe Biden (à direita), conversa com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, durante a 78ª Assembleia Geral da ONU na cidadeblazer apostas onlineNova York, EUA, 20blazer apostas onlinesetembroblazer apostas online2023

Tensão ou contradição?

Analistas internacionais ouvidos pela BBC News Brasil se dividem entre apontam "uma tensão" ou mesmo "dois pesos e duas medidas" na posição americanablazer apostas onlinerelação a Israel e à Ucrânia.

"É uma questão complicada. Os EUA afirmaram que os assentamentos israelenses são um obstáculo à paz. Não com frequência, mas ao menosblazer apostas onlinealgumas ocasiões, os americanos permitiram a aprovaçãoblazer apostas onlineresoluções do Conselhoblazer apostas onlineSegurança da ONUblazer apostas onlinecondenação aos assentamentos como violações do direito internacional, ou seja, não exerceram seu poderblazer apostas onlineveto", disse à BBC News Brasil Allen Weiner, professorblazer apostas onlinedireito internacional da Universidade Stanford.

"Então, eu não diria que há uma contradição, mas diria que há uma tensão no sentidoblazer apostas onlineque é óbvio que os Estados Unidos são muito mais ativos na oposição à invasão, ocupação e anexação pela Rússiablazer apostas onlineterritórios na Ucrânia do que do que aconteceblazer apostas onlineIsrael."

Para Trita Parsi, vice-presidente executivo do think-tank Instituto Quincy e autorblazer apostas onlineLosing an Enemy – Obama, Iran and the Triumph of Diplomacy, porém, o posicionamento americano não só é contraditório como esta é uma percepção majoritáriablazer apostas onlinepaíses que têm sido pressionados pelos EUA a condenar a Rússia e apoiar a Ucrânia com o envioblazer apostas onlinearmas, como africanos e latino-americanos.

"A posição americanablazer apostas onlinerelação à Ucrânia e a Israel revela uma situação dramáticablazer apostas onlinedois pesos e duas medidas que grande parte do Sul global já está ciente", afirmou Parsi, internacionalista sueco-iraniano que atuou junto ao Conselhoblazer apostas onlineSegurança da ONUblazer apostas onlinetemas relacionados ao Oriente Médio.

"Vemos na Ucrânia a insistênciablazer apostas onlineque esta ocupação por parte da Rússia temblazer apostas onlineser completamente revertida, o que significa que nenhuma parte desta ocupação, sejablazer apostas onlineque forma for, é aceitável, o que considero ser uma posição compatível com o direito internacional. Em Israel, no entanto, não há apenas uma aceitação, mas um certo apoio a uma ocupação contínuablazer apostas onlinemaisblazer apostas onlinecinco décadasblazer apostas onlineterritório palestino", argumenta Parsi.

Desde o fim da Segunda Guerra Mundial, Israel é o país do mundo que mais recebeu, cumulativamente, recursos dos EUA. Entre 1946 e 2023 foram estimados US$ 260 bilhões (o equivalente a maisblazer apostas onlineR$1,3 trilhão), segundo um relatório do Congresso americano publicadoblazer apostas onlinemarço deste ano. Mais da metade desse montante foi designado como auxílio militar.

Reservadamente, embaixadores brasileiros disseram notar evidente "contradição" da postura americana entre Israel e Ucrânia,blazer apostas onlinelinha com o que argumenta Parsi. Há menosblazer apostas onlineum mês,blazer apostas onlineum discurso durante a Assembleia Geral da ONU, Biden demonstrou apoio a reformasblazer apostas onlineorganismos multilaterais, incluindo o Conselhoblazer apostas onlineSegurança, para aumentarblazer apostas onlinerepresentatividade e liderança.

Na presidência rotativa do Conselhoblazer apostas onlineSegurança da ONU, o Brasil vem tentando, desde os ataques do Hamas a Israel, aprovar alguma declaração do colegiado que peça por uma desescalada do conflito, liberação dos reféns e implementaçãoblazer apostas online"pausas" nos bombardeios para o funcionamentoblazer apostas onlinecorredores humanitários que permitam evacuaçãoblazer apostas onlinecivis e entradablazer apostas onlineassistência à Gaza.

A tarefa, no entanto, tem se mostrado extremamente complexa. Por um lado, os EUA não se mostram dispostos a aprovar nada que não esteja previamente acordado com Israel — na próxima quarta-feira, 18, o presidente Biden irá pessoalmente a Tel-Aviv. Por outro, a Rússia, com o apoio da China, tem tentando fazer passar um texto duroblazer apostas onlinerelação a Israel, justamente para tentar expor as contradições da política externa americana.

"Eu acredito que a situação já fragilizou os Estados Unidos na arena internacional. A Rússia já apontou o não reconhecimento dos EUA da anexação ilegal por Israel da regiãoblazer apostas onlineGolã (em disputa como a Síria), como um exemploblazer apostas onlineque a oposição dos EUA à anexação do território ucraniano é hipócrita, que não se baseiablazer apostas onlineprincípios, mas simplesmente na geopolítica", afirma Stephen Zunes, professorblazer apostas onlinepolítica e fundador do Centroblazer apostas onlineEstudos do Oriente Médio da Universidadeblazer apostas onlineSan Francisco, na Califórnia.

"É muito importante para a credibilidade dos EUA assumirmos uma oposição consistente à expansão ilegal do território pela força, contra a ocupação, não apenas quando são feitas por países dos quais não gostamos, como a Rússiablazer apostas online(Vladimir) Putin ou o Iraqueblazer apostas onlineSaddam (Hussein), mas quando os nossos aliados, como Israel, também se envolvemblazer apostas onlinetais práticas."

Um participante usa um kipá decorado com as bandeirasblazer apostas onlineIsrael e dos EUA durante uma vigíliablazer apostas onlinesolidariedade por Israel realizada na Califórnia, no dia 8blazer apostas onlineoutubroblazer apostas online2023

Crédito, EPA-EFE/REX/Shutterstock

Legenda da foto, EUA têm historicamente evitado condenar os assentamentos israelenses estabelecidos na Cisjordânia eblazer apostas onlineJerusalém

Aumento da pressão é esperado

Os especialistas argumentam ainda que, conforme o conflito se desenrola, as pressões domésticas e internacionais sobre uma postura mais rigorosa dos EUAblazer apostas onlinerelação a potenciais crimesblazer apostas onlineguerrablazer apostas onlineIsrael devem aumentar.

"Com razão, a maioria das nações está horrorizada com os ataques do Hamas e juntou-se aos EUA e àblazer apostas onlinecondenação incondicional do Hamas e ao apoio a Israelblazer apostas onlineseu momentoblazer apostas onlinenecessidade. Mas temo que haverá uma guerra terrestre devastadora e na Faixablazer apostas onlineGaza, juntamente com bombardeios pesados ​​que resultarãoblazer apostas onlinemuitos milharesblazer apostas onlinevítimas civis. E se os EUA se recusarem a condenar isso, acho que isso realmente prejudicaria a imagem dos EUA porque mostraria que os EUA não só têm dois pesos e duas medidasblazer apostas onlinerelação à ocupação e anexação territorial, mas tambémblazer apostas onlinetermosblazer apostas onlinevidas civis, o que seria francamente visto como racista", argumenta Zunes.

Weiner também acredita que a mudançablazer apostas onlinecenário, com a possibilidadeblazer apostas onlineuma grande quantidadeblazer apostas onlinevítimas civis palestinas, geraria um choque na percepção pública e no comportamento do governo americano. Segundo as leis internacionais, ações que provoquem mortes desproporcionaisblazer apostas onlinecivis, mesmo queblazer apostas onlineuma contra-ofensiva, são consideradas crimesblazer apostas onlineguerra, explica o professorblazer apostas onlineStanford.

"A entradablazer apostas onlineIsrael por terra deve aumentar significativamente o sofrimento do povoblazer apostas onlineGaza. Talvez não publicamente, mas certamente nos bastidores, os EUA, vão instar os israelenses a algum cessar-fogo para avaliar os ganhos que estão obtendo estrategicamente versus os danos que estão causando. O mundo simpatiza com Israel devido aos terríveis ataques que sofreu, mas penso que isso poderá mudar se houver sofrimento generalizadoblazer apostas onlineGaza", diz Weiner.

Segundo ele, o comportamento dos americanos agora importa não apenas por uma questãoblazer apostas onlinecoerência da potência, mas porque os americanos deverão ser novamente fundamentaisblazer apostas onlineconversas sobre a paz. Nos últimos dias, Blinken fez visitas não apenas a Israel, mas aos principais vizinhos árabes da região.

Historicamente, os americanos estiveram por trásblazer apostas onlinetodos os avanços — embora modestos —blazer apostas onlineisraelenses e palestinosblazer apostas onlinedireção à paz. Agora, Biden, que vinha ajudando a costurar um acordo entre Arábia Saudita e Israel, precisa calcular seus passos para não soar desleal a um aliado histórico, como Israel, e não alienar a confiança que vinha desenvolvendo junto aos países árabes. Tudo isso, enquanto tenta circunscrever o conflito militar à Gaza.

"Talvez isto crie uma nova oportunidade para explorar as conversaçõesblazer apostas onlinepaz. Não há nenhum país que tenha a capacidadeblazer apostas onlineajudar a unir as partes da maneira que os EUA fazem, principalmente porque é o único país que realmente tem influência sobre Israel", argumenta Weiner.