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O sobrevivente do Holocausto que descobriu o THC, principal psicoativo da maconha:casino blaze
Asher Cohen, presidente da Universidade Hebraicacasino blazeJerusalém, afirmou que "a maioria do conhecimento científico sobre a cannabis foi acumulado graças ao professor Mechoulam. Ele pavimentou o caminho para estudos inovadores e iniciou a cooperação científica entre pesquisadores pelo mundo".
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Mechoulam ajudou a fundar na universidade israelense um centrocasino blazeestudos sobre canabinoides, as substâncias da planta que ativam receptores específicos no corpo humano com diferentes efeitos (o THC e o CBD são apenas os mais conhecidos entre maiscasino blaze100 canabinoides).
Sua vida foi temacasino blazeum documentáriocasino blaze2015 intitulado The Scientist ("O Cientista").
O cientista dedicou 55 anos a pesquisas na área — que hoje vive tanto uma efervescência sobre seus potenciais médicos e recreativos quanto preocupações sobre abuso e uso indiscriminado com o acesso facilitado à drogacasino blazevários países.
Pai enviado a campocasino blazeconcentração
Mechoulam nasceucasino blazeSófia, capital da Bulgária, no início dos anos 1930 — uma época que ele considerava menos turbulenta para a Europa Oriental.
"As feridas da Primeira Guerra Mundial não eram mais tão dolorosas e Hitler ainda era considerado uma curiosidade demente", disse o cientistacasino blazeuma longa e detalhada entrevistacasino blaze2007 para uma publicação da Sociedade para o Estudo da Adicção.
"Meu pai, que tinha se formadocasino blazeuma das melhores escolas médicas da Europa,casino blazeViena, era um médico proeminente, chefecasino blazeum hospital, enquanto a minha mãe, que havia estudadocasino blazeBerlim, aproveitava a vidacasino blazeuma família judaica bemcasino blazevida."
Mas a Segunda Guerra logo começou e o governo búlgaro resolveu apoiar o regime nazista alemão.
"Leis antissemitas tornaram nossa vida quase insuportável. Meu pai aceitou um posto como médicocasino blazeum vilarejo, sem água encanada ou eletricidade, achando que estaria mais seguro no interior. Mudávamoscasino blazevilarejocasino blazevilarejo com o passar dos anos."
"Meu pai foi mandado para um campocasino blazeconcentração dentro da Bulgária, mas tivemos sorte: todos nós sobrevivemos."
Em 1944, o território búlgaro entrou dentro da esfera da União Soviética e um governo comunista foi estabelecido.
"Senti que minha vida estava entrando numa torrentecasino blazelavagem cerebral, mas eu lembro com gratidão dos ótimos professorescasino blazeuma escolacasino blazeSófia que fizeram o seu melhorcasino blazecircunstâncias muito difíceis."
Em 1949, a família Mechoulam resolveu emigrar para Israel.
O caminho para estudar a cannabis
Uma toneladacasino blazecocaína, três brasileiros inocentes e a busca por um suspeito inglês
Episódios
Fim do Novo podcast investigativo: A Raposa
Mechoulam começou a estudar químicacasino blazeIsrael e começou a desenvolver pesquisas sobre inseticidas no Exército. "Insetos sempre foram uma praga no Oriente Médio", disse o cientista.
Mais tarde, seu trabalhocasino blazedoutorado se concentrou na química sintética, mais especificamente no campocasino blazeesteroides.
"Eu vi nessa pesquisa, que estava bem na fronteira entre a química e a biologia, algo fascinante. Acredito que a separação entre campos científicos é apenas uma admissãocasino blazenossa habilidade limitada para aprender e entender áreas da ciência diversas. Na natureza, essas divisões não existem."
Ele decidiu estudar cientificamente a maconha ao notar que "nos anos 1960 era um campo quase totalmente negligenciado" que "estava maduro para uma nova investigação".
"Havia estudos do século 19casino blazemuitas línguas. Como nasci na Europa, tive que aprender muitas idiomas — incluindo francês, alemão e russo —casino blazeque estavam escritas a maioria dessas pesquisas. Encontrei e li muitas e muitas publicações científicas obscuras e esquecidas."
O israelense percebeu que métodos dos séculos passados não eram capazes tecnicamentecasino blazeisolarcasino blazeforma pura os constituintes ativos da cannabis. Era um campo a ser desbravado.
Primeiras pesquisas foram na ilegalidade
A condiçãocasino blazesubstância ilícita da cannabis era uma grande dificuldade para as pesquisas na épocacasino blazetodo o mundo, com a necessidadecasino blazeadoçãocasino blazegrandes medidascasino blazesegurança.
"Mesmo [com uma amostra] obtida legalmente, o trabalhocasino blazelaboratório era um pesadelo", conta.
Mechoulam tentou conseguir material para pesquisa na polícia. Um agente ligou para o chefe do departamentocasino blazeinvestigação — que era um antigo colega do cientista nas forças armadas israelenses.
"Ouvi o policial perguntar: 'Ele é confiável?'."
Com a resposta positiva, Mechoulam foi orientado a se dirigir à capital Tel Aviv onde obteria 5 quiloscasino blazehaxixe (uma variação resinada da maconha),casino blazeprocedência do Líbano, que haviam sido apreendidos.
"Peguei um ônibuscasino blazevolta e nenhum dos passageiros percebeu que o cheiro forte da minha bagagem vinha do haxixe. Mais tarde eu percebi que eu e o chefecasino blazeinvestigação da polícia havíamos desrespeitado várias leiscasino blazenarcóticos do país. O Ministério da Saúde era encarregadocasino blazeliberar essas substâncias, não a polícia."
Depois, o suprimento do materialcasino blazepesquisa seria regularizado.
A descoberta do THC
O canabidiol (CBD), a principal substância não psicoativa da maconha, já havia sido isolado, mascasino blazeestrutura era ainda pouco conhecida.
O componente vem sendo usado atualmente como basecasino blazeremédios para ansiedade, problemascasino blazesono, dores crônicas (embora muitos apontem exageros propagados pelo mercado sobre os possíveis benefícios do CBD).
Ele e um colega estudaram a substância com um equipamentocasino blazeressonância magnética.
"A publicação sobre CBD não causou impacto científico. Com o passar dos anos, no entanto, o interesse no CBD gradualmente aumentou. Agora [em 2007] existem centenascasino blazepublicações. É um potente agente anti-inflamatório."
Ao relembrar esse período, Mechoulam ressaltou o trabalho pioneiro do brasileiro Elisaldo Carlini para descobrir as propriedades antiepilepsia do CBD.
O israelense, no entanto, é lembrado por isolar e batizar o tetrahidrocanabinol (THC), principal composto psicoativo da cannabis que, diferentemente do CBD, "dá barato".
Ele atua no "sistema endocanabinoide" do cérebro, que são receptores que respondem aos componentes químicos da cannabis.
Os receptorescasino blazecannabis são densamente povoados nas áreas pré-frontais e límbicas do cérebro, envolvidas na recompensa e na motivação. Eles regulam a sinalização das substâncias químicas cerebrais dopamina, ácido gama-aminobutírico (GABA) e glutamato.
Sabemos que a dopamina está envolvida na motivação, recompensa e aprendizado. O GABA e o glutamato desempenham um papel nos processos cognitivos, incluindo aprendizado e memória.
"Gradualmente cientistascasino blazevárias áreas perceberam que o campo da cannabis estava pronto para novas investigações e desde então há milharescasino blazepublicações sobre o THC. Vem sendo usado como uma droga terapêutica contra náuseas e para abrir o apetite", afirma Mechoulam.
Ele prosseguiu seus estudos para isolar e obter mais informações sobre os outros canabinoides existentes na planta.
'Nunca usei maconha'
Em entrevista à revista Culturecasino blaze2017, o cientista fez uma revelação surpreendente: nunca usou maconha.
"Como eu fazia pesquisa e tínhamos um suprimento oficialcasino blazecannabis, obviamente se usássemos por razões não científicas e soubessem nossa trabalho seria paralisado. Basicamente, nem eu nem meus estudantes estávamos interessados nisso."
Mascasino blazeentrevista à rádio BBC veiculada no ano passado, ele contou uma história diferente:casino blazeesposa fez um bolocasino blazemaconha e ele e seus colegas comeram uma fatia com o equivalente a 10 miligramascasino blazeTHC.
"O THC agiucasino blazeforma diferentecasino blazecada umcasino blazenós. Um sentou, relaxou e não fez nada, outro disse que 'não estava sentindo nada' e ficoucasino blazesilêncio por uma hora. Uma amiga sentiu medo, ela achou quecasino blazepersonalidade estava mudando. Mas tínhamos um psiquiatra conosco e ela relaxou."
Em seus últimos anos, Mechoulam já havia se aposentado, mas participavacasino blazeconferências e acompanhava os últimos estudos da área.
Em uma entrevista ao blog da BMC, uma editoracasino blazepublicações científicas, ele afirmou que o futuro das pesquisas estariacasino blazeestudar substâncias no corpo humano que agem como endocanabinoides, receptores biológicoscasino blazesubstâncias como THC e CBD.
"Esses compostos que agem como endocanabinoides devem ter algum papel. Mesmo não estando claro, acredito ser possível que os diferentes perfis desses compostos possam ser ao menos parcialmente responsáveis pelas nossas diferençascasino blazecomportamento, talvez uma base molecular para a personalidade", disse.
"Além disso, esses compostos talvez tenham um papel na defesa do corpo contra doenças. É difícilcasino blazeacreditar que o corpo humano não possua mecanismos alternativos para lidar com doençascasino blazeque o método anticorpos x antígenos do sistema imunológico não seja relevante."
- Este texto foi publicadocasino blazehttp://vesser.net/articles/c1085l21ee0o
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