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Por que furacões estão se deslocando20bet appritmo perigosamente lento:20bet app
Com as temperaturas dos oceanos quebrando todos os recordes, as reações desses "motores" são proporcionais, atravessando os mares20bet apptrajetos diferentes, reduzindo20bet appvelocidade e passando a ser menos previsíveis e mais perigosos.
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Com isso, surgiu uma corrida para entender exatamente como os furacões estão reescrevendo as regras e padrões observados anteriormente. A esperança é aprender como podemos nos adaptar a essas mudanças.
Estação mais longa
Existe um ciclo sazonal distinto dos furacões no Oceano Atlântico: nenhum ou muito poucos no verão do hemisfério sul e o pico,20bet appsetembro.
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Com as mudanças climáticas, seria esperado um início antecipado e mais forte da estação dos furacões, segundo o cientista climático e atmosférico James Kossin, aposentado da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos (NOAA, na sigla20bet appinglês).
"Os furacões apenas reagem ao ambiente onde são encontrados", afirma Kossin. "Se você fizer com que o ambiente20bet appjunho se pareça com o que seria normal20bet appagosto ou setembro, os furacões simplesmente irão se comportar como se fosse agosto ou setembro. Eles não têm calendário."
As condições extraordinariamente quentes dos oceanos que estamos observando atualmente são causadas pelas mudanças climáticas, embora haja outros fatores que tornam esta estação especialmente ativa. Um deles é a atual transição entre os fenômenos El Niño e La Niña, que tende a aumentar a atividade das tempestades.
"Em um clima20bet appaquecimento, o esperado seria que as águas atingissem a temperatura necessária para [a formação dos] furacões mais cedo ao longo do ano", afirma a professora Kristen Corbosiero, do Departamento20bet appCiências Ambientais e Atmosféricas da Universidade20bet appAlbany,20bet appNova York, nos Estados Unidos.
"Por isso, certamente será possível observar estações20bet appfuracões mais longas, surgindo mais cedo", segundo ela.
O início intenso e precoce da estação20bet app2024, com o furacão Beryl, está20bet appacordo com o que os cientistas climáticos podem esperar com as mudanças climáticas. Mas é cedo demais para observar alterações consistentes da estação.
"Ainda não [é] algo que apareça claramente nos dados", afirma a brasileira Suzana Camargo, professora20bet appfísica climática e oceânica da Universidade Columbia, nos Estados Unidos.
'O vento cortante é a morte'
Uma das tempestades mais fortes a se formar recentemente no Oceano Atlântico enfrentou condições que deveriam ter evitado a formação20bet appfuracões, segundo o professor20bet apppesquisa da terra e meio ambiente Hugh Willoughby, da Universidade Internacional da Flórida, nos Estados Unidos.
Em setembro20bet app2023, no pico da estação no Oceano Atlântico, o furacão Lee se intensificou rapidamente, até se tornar uma tempestade categoria 5. Era época20bet appEl Niño, que geralmente tem efeito sufocante sobre as tempestades no Oceano Atlântico, devido ao aumento do vento cortante e da estabilidade atmosférica.
"O vento cortante é a morte para os furacões", segundo Willoughby.
O vento cortante vertical é a mudança da velocidade e da direção dos ventos20bet appdiferentes alturas. O alto vento cortante prejudica a estrutura dos furacões.
"Imagine a turbina20bet appum motor", explica Willoughby. "O vento cortante elimina algumas das suas pás."
Por isso, a formação20bet appum furacão categoria 5 como o Lee, apesar do considerável vento cortante, foi uma "surpresa desagradável".
O extraordinário aquecimento dos oceanos20bet appsetembro20bet app2023 pode ter,20bet appalguma forma, superado a influência do vento cortante, segundo Willoughby, mas não se sabe muito claramente por quê. "Nós, teóricos, precisamos pensar a respeito."
Intensificação mais rápida
A ampla maioria dos furacões que se formam no Oceano Atlântico não atinge seu potencial, segundo Willoughby.
Nas condições relativamente restritas da bacia do Atlântico, as tempestades, muitas vezes, chegam a terra antes20bet appatingirem o pico da20bet appintensidade ou caem20bet appalto vento cortante, que ajuda a dissipá-las.
"Mas, quando tudo dá certo, ela irá se intensificar rapidamente e atingir seu potencial20bet appintensidade máxima, que é definido pela temperatura da superfície do oceano abaixo do furacão", explica Willoughby.
Existe "uma quantidade absurda20bet appevidências"20bet appque a velocidade da intensificação aumenta quando o oceano fica mais quente, fornecendo mais combustível para as tempestades, segundo Kossin. "Tudo se resume na quantidade20bet appcombustível disponível."
"É parecido com trocar os jatos20bet appum carburador", explica ele. "Se você mudar os jatos para permitir que mais combustível entre e se misture com o ar, você irá conseguir mais potência. Você poderá ir20bet appzero a 60 com mais rapidez. Esta é a20bet appintensificação."
Pico20bet appintensidade mais forte
O pico20bet appintensidade dos furacões também vem aumentando com as mudanças climáticas.
Em um estudo20bet app2020, Kossin concluiu que a intensidade das tempestades entre 1979 e 2017 aumentou20bet appcerca20bet app6% por década. Agora, a possibilidade20bet appque as tempestades atinjam o limite20bet app180 km/h – o mínimo para que sejam classificadas como grandes furacões – é 25% maior do que 40 anos atrás.
De forma geral, a proporção20bet appciclones tropicais20bet appcategoria 3 ou mais tende a aumentar, segundo o Painel Internacional sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla20bet appinglês).
"A temperatura dos oceanos define a intensidade máxima que o furacão pode alcançar", afirma Willoughby.
Em maio20bet app2024, uma análise realizada pela BBC concluiu que a temperatura dos oceanos quebrou recordes todos os dias do ano anterior.
Redução da velocidade
Apesar do aumento da velocidade dos ventos no interior dos furacões, o seu movimento ao longo do trajeto sobre o oceano e a terra está se tornando mais lento.
Em um estudo20bet app2018, Kossin concluiu que os furacões próximos dos Estados Unidos tiveram20bet appvelocidade reduzida20bet appcerca20bet app17% desde o início do século 20. E os ciclones tropicais no oeste do Pacífico Norte tiveram velocidade reduzida20bet appaté 20%.
Acredita-se que o movimento mais lento seja causado pelos padrões irregulares do aquecimento global causado pelas mudanças climáticas.
O Ártico está se aquecendo quase quatro vezes mais rápido que o restante do planeta. Com isso, a diferença20bet apptemperatura entre o Ártico e os trópicos está diminuindo.
"É esse gradiente20bet apptemperatura que rege os ventos", segundo Kossin. "Quanto mais forte o gradiente, mais fortes são os ventos."
Você pode imaginar os furacões como uma rolha20bet appum curso d'água, explica o cientista. "Ela vai para onde o vento a levar."
E, se você diminuir a velocidade do vento, irá reduzir a velocidade das tempestades durante seu movimento ao longo do trajeto.
Espere por mais chuva
Furacões que se movem mais lentamente têm mais tempo para lançar chuva20bet appum dado local. É como a diferença entre regar um canteiro20bet appflores passando rapidamente a mangueira sobre ele ou mantendo a mangueira no mesmo lugar, por mais tempo.
Uma tempestade categoria 1 particularmente lenta foi o furacão Debby. A previsão era que ele trouxesse até 76 cm20bet appchuva e enchentes catastróficas durante20bet apppassagem pelo litoral do Golfo do México na Flórida no dia 520bet appagosto20bet app2024, antes20bet appatingir os Estados americanos da Geórgia e da Carolina do Sul.
"O que realmente irá trazer muita chuva é a redução da velocidade dessas tempestades", segundo Kossin. "Quando elas ficam paradas – ou estacionadas, como chamamos – é simplesmente devastador, porque você fica inundado por dias."
Os danos causados pelo vento também aumentam com a20bet appduração. Quanto mais tempo o vento soprar contra as construções, maior a probabilidade20bet appderrubá-las.
"É muito ruim ter um furacão passando por muito tempo", explica Kossin. "Você quer que ele saia da vizinhança."
O ar quente também pode reter mais umidade – cerca20bet app7% a mais para cada grau Celsius. Ou seja, os furacões podem ficar ainda mais úmidos.
Com as mudanças climáticas aumentando as temperaturas, esse aumento da umidade é significativo. Mas seu efeito é pequeno,20bet appcomparação com a diferença causada por um furacão que fica estacionado sobre uma região, segundo Kossin.
Por isso, o cientista afirma que considera a redução da velocidade como a mais perigosa20bet apptodas as mudanças20bet appcomportamento dos furacões causadas pelas mudanças climáticas. "É realmente um grande problema."
Águas agitadas oferecem menos proteção
Além das temperaturas muito altas na camada superior do oceano, tudo fica pior quando as camadas mais baixas também começam a se aquecer.
Se a camada quente superior for estreita, quando o furacão passa sobre ela, a água mais fria20bet appbaixo se agita e se mistura, segundo Corbosiero, resfriando a água da superfície.
"Mas, se aquela água quente se estender até uma camada mais profunda durante a passagem do furacão, a água [da superfície] ainda estará morna depois20bet appagitada", explica a professora. Isso permite que a tempestade mantenha20bet appforça.
Estas condições estão sendo observadas no Oceano Atlântico.
"Além das águas mornas na superfície, também temos agora águas mornas muito profundas", ela conta. "Por isso, [os furacões] conseguem se intensificar com mais rapidez e não param20bet appse intensificar, pois não estão encontrando água fria."
O trajeto está mudando
Para Kossin, quando examinamos a mudança20bet appcomportamento dos furacões, existe o risco20bet applimitar nossa visão com o foco na20bet apppotência e na intensificação.
"As pessoas não falam o suficiente sobre o trajeto [dos furacões]", explica ele. "E acho que isso é muito mais perigoso."
Em um documento20bet app2014, Kossin e seus colegas concluíram que, no hemisfério norte, as tempestades haviam se movido para o norte20bet app53 km por década. E, no hemisfério sul, elas haviam se movido para o sul20bet app62 km por década.
Ao todo, os furacões se moveram cerca20bet appum grau20bet applatitude20bet appdistância dos trópicos por década. Isso poderá expor certas comunidades a tempestades extremas,20bet appregiões ainda não acostumadas com elas.
Kossin destaca a migração dos ciclones tropicais no oeste do Pacífico. Ele detectou leve redução do risco20bet apptorno das Filipinas e aumento para o norte, perto do Japão.
"As Filipinas sofrem [ciclones] todo o tempo e, por isso, estão meio que adaptadas a eles", explica Kossin.
"O Japão tem incidência, mas não todo o tempo. E, agora, o que dizemos é que eles irão começar a observar a chegada20bet apptempestades mais fortes do que antes. O efeito sobre o risco realmente é substancial."
Barreira americana falhando
As mudanças climáticas também estão alterando os padrões20bet appvento cortante sobre o Oceano Atlântico.
"Existe um padrão20bet appvento cortante que se parece com dois alvos", explica Kossin.
Um alvo alongado fica na Região20bet appDesenvolvimento Principal (MDR, na sigla20bet appinglês), uma faixa dos trópicos atravessada pelos furacões, onde eles se intensificam. O segundo alvo fica ao lado do litoral leste da Flórida e se estende até as Carolinas do Norte e do Sul.
"Estes dois [alvos] têm uma espécie20bet appefeito pendular", segundo Kossin. "Quando o vento cortante é alto na MDR, ele tende a ser baixo no litoral e vice-versa."
O vento cortante na MDR está relacionado às temperaturas da superfície do mar. Águas mais quentes naquela região geralmente indicam menos vento cortante.
Por outro lado, isso também significa maior vento cortante no litoral americano, resultando20bet appum escudo20bet appventos desordenados que age como "barreira20bet appintensificação", como descobriu Kossin,20bet app2017.
Esta barreira, infelizmente, não ajuda a enfraquecer as tempestades que atingem as comunidades do Caribe. Mas ela oferece alguma proteção aos Estados Unidos.
"Por isso, quando as condições conduzem muitas tempestades que se formam e se intensificam na MDR, à medida que se aproximam dos Estados Unidos, elas encontram esse vento cortante mais alto, que tende a enfraquecê-las", explica Kossin. "Felizmente, por enquanto."
Mas essa barreira protetora não parece ser permanente. Em um estudo realizado por James Kossin e Suzana Camargo, com seus colegas da Universidade Columbia, os pesquisadores analisaram o que o futuro poderá reservar para essa barreira.
"É claro que, aparentemente, as notícias são sempre ruins, certo?", destaca Kossin.
"Elas nunca são boas. Poderiam ter sido boas. Poderíamos ter concluído que as mudanças climáticas aumentam a barreira. Mas não. Elas prejudicam."
Diminuição da poluição por sulfato
Acredita-se que a redução da poluição do ar na Europa e nos Estados Unidos desde os anos 1970 tenha trazido uma consequência inesperada: o aquecimento ainda maior do ar sobre o Oceano Atlântico.
Isso porque todo o CO2 produzido pela poluição continua na atmosfera durante centenas20bet appanos, mas outros poluentes têm vida mais curta, ou seja, somem depois20bet appum tempo.
Parte deles - os sulfatos - na verdade causavam um efeito20bet appresfriamento.
Até então, os altos níveis20bet apppoluentes20bet appsulfato das indústrias se misturavam sobre a bacia do Atlântico, impedindo que a luz do sol atingisse o oceano. E este processo "tem um efeito20bet appresfriamento", segundo James Kossin.
Então, enquanto o CO2 continua se acumulando e aquecendo o planeta, a diminução dos sulfatos gerou uma perda desse efeito20bet appresfriamento do poluente.
As mudanças climáticas vêm avançando muito desde a revolução industrial, "mas nós vínhamos suprimindo aquele aquecimento com a poluição por sulfato", explica Kossin. E, depois da notável redução da poluição industrial, este efeito20bet appresfriamento diminuiu.
Os cientistas ainda pesquisam até que ponto o smog industrial (essa neblina poluída) pode ter influenciado as temperaturas.
Hugh Willoughby, por exemplo, acredita que o impacto tenha sido pequeno e que outros fatores desempenhem papel mais importante sobre a temperatura dos oceanos.
Mas estudos demonstraram que a influência do smog industrial sobre a temperatura dos mares vem sendo menosprezada. E os efeitos da redução da poluição na China potencialmente contribuem para o surgimento "bolhas20bet appaquecimento" periódicas no nordeste do Oceano Pacífico.
Existem também outras formas que levam os furacões a se tornarem mais extremos, causando maiores riscos.
"Além20bet apptudo o que estamos comentando, o nível dos mares também está subindo", relembra Kossin, "e, como os furacões ficam mais perigosos quando se movem para o litoral, é preciso sempre acrescentar esta questão ao problema."
Um estudo concluiu que as fortes ondas20bet apptempestade causadas pelos furacões no Caribe, no México e nos Estados Unidos cresceram20bet app80% desde 1979 – e, globalmente, as ondas20bet apptempestade também estão ficando cerca20bet app3% mais altas por década.
Mas a tecnologia pode ajudar a salvar vidas nas comunidades estabelecidas onde os furacões chegam a terra. E mudanças20bet appprazo mais longo também podem reduzir a perda20bet appvidas e propriedades.
"Uma das questões20bet appque eu me concentraria é [a limitação de] novas construções nas regiões litorâneas", explica Suzana Camargo.
"As políticas que geram enormes incorporações imobiliárias nas regiões litorâneas não deveriam ter continuidade. O aumento das pessoas e da infraestrutura20bet appregiões que estão tipicamente no trajeto dos furacões gera maiores impactos", explica a professora.
Para quem mora nos trajetos dos furacões, realizar grandes adaptações das construções e incorporações pode ajudar a preservar as casas e a infraestrutura. E sistemas confiáveis20bet appalerta precoce podem oferecer um caminho para salvar vidas com mais segurança.
Soluções naturais também podem ajudar a reforçar a segurança das ilhas e áreas litorâneas, como o plantio20bet appgrama para fixar as encostas e a recuperação dos leitos20bet appostras perdidos.
Para Kossin, "a adaptação é muito importante e, você sabe, pode acabar se tornando o mais importante".
"Porque não podemos desligar rapidamente as mudanças climáticas e ter tudo20bet appvolta como era antes. Existe uma inércia no sistema que realmente não podemos desprezar. Por isso, a adaptação será uma grande parte do processo."
Leia a versão original desta reportagem (em inglês) no site BBC Earth.
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