A surpreendente origem não-havaiana do surfe :bonus casas de apostas gratis

Sua proa característica, estreita e voltada para cima, corta as ondas e emerge sobre elas. O oceano, neste ponto, não é nada pacífico e, nos últimos anos, suas ondas épicas têm atraído surfistas modernosbonus casas de apostas gratistodas as partes do mundo.

Para os povos que habitaram este litoral há milharesbonus casas de apostas gratisanos, os caballitos eram a única formabonus casas de apostas gratisatravessar as ondas para chegar às áreasbonus casas de apostas gratispesca e surfarbonus casas de apostas gratisvolta para a praia.

Os huanchaceños (moradoresbonus casas de apostas gratisHuanchaco) que utilizam os caballitos até hoje têm orgulho das suas embarcações. Alguns defendem que elas são as pranchasbonus casas de apostas gratissurfe mais antigas do mundo.

Mas, a cada ano que passa, menos pessoas aprendem a arte do cultivo da totora e da construção dos caballitos. E esta antiga tradição corre o riscobonus casas de apostas gratisdesaparecer nas próximas décadas.

A maioria das pessoas acredita que o surfe tenha sido inventado no Havaí. Existem no arquipélago gravuras rupestres que ilustram pessoas enfrentando as ondas, Elas foram datadas, pelo menos, do século 12 d.C.

Mas o Museu do Sítiobonus casas de apostas gratisChan Chan, pertobonus casas de apostas gratisHuanchaco, e o Museu Larco, na capital peruana, Lima, exibem cerâmicas muito mais antigas, que mostram pessoas e deuses usando caballitos para surfar, pescar e até transportar prisioneiros.

"Ninguém pesca aqui com barcosbonus casas de apostas gratismadeira", afirma Carlos Ucañan Arzola, um dos últimos fabricantesbonus casas de apostas gratiscaballitos de Huanchaco.

"A totora é tradicional e ancestral. Ela vem dos mochicas [também conhecidos como a cultura moche, que data dos séculos 1 a 8 d.C.]. Esta totora foi preservadabonus casas de apostas gratisChan Chan", explica ele. Ucañan Arzola se refere à cidade Chimu, do século 7 d.C., cujo centro fica a apenas 5 kmbonus casas de apostas gratisHuanchaco.

A renomada historiadora peruana María Rostworowski (1915-2016) acreditava que as cerâmicas podem datarbonus casas de apostas gratisaté pelo menos 1400 a.C.

Os caballitos medem cercabonus casas de apostas gratis4 metrosbonus casas de apostas gratiscomprimento e pouco menosbonus casas de apostas gratis1 metrobonus casas de apostas gratislargura. Eles podem transportar até 100 kgbonus casas de apostas gratiscarga.

Quando estão secos, os barcos pesam cercabonus casas de apostas gratis40 kg. Mas, depoisbonus casas de apostas gratisuma manhãbonus casas de apostas gratispesca, eles podem pesar o dobro e precisam ser colocados na praia na vertical para secar, por um dia ou dois.

Atualmente, todos os cercabonus casas de apostas gratis40 pescadores remanescentesbonus casas de apostas gratisHuanchaco ainda usam caballitos quando saem para lançar ou verificar suas redes.

Mas grandes barcosbonus casas de apostas gratispesca comerciais invadiram o litoral e o aumento da erosão e do lixo vem emaranhando e rasgando as redes. Com isso, os pescadores afirmam que a atividade é menos lucrativa a cada ano que passa.

O resultado é que muitos huanchaceños passaram a trabalhar no setorbonus casas de apostas gratisturismo ou simplesmente deixaram a cidade,bonus casas de apostas gratisbuscabonus casas de apostas gratisoportunidadesbonus casas de apostas gratisoutras regiões.

"Existem apenas três homens da minha geração que pescambonus casas de apostas gratiscaballitos", conta Edwin Blas Arroyo. Ele tem 30 anosbonus casas de apostas gratisidade e começou a aprender a técnica com seu tio e seu avô, quando tinha apenas sete anos.

Mas, mesmo com cada vez mais jovens abandonando a pescabonus casas de apostas gratisfunção do turismo e substituindo as antigas pranchasbonus casas de apostas gratissurfe por modelos mais modernos, o caballito continua sendo o símbolobonus casas de apostas gratisHuanchaco.

"Em Huanchaco, existe uma comunidade muito orgulhosa, consciente do seu passado, do patrimônio dabonus casas de apostas gratiscultura e do seu conhecimento, que data dos tempos dos mochicas e dos chimus [séculos 12-16], pessoas intimamente relacionadas com o mar", escreveu a professorabonus casas de apostas gratisbiologia marinha Marina Quiñe, da Universidade Científica do Sulbonus casas de apostas gratisLima, no seu estudo El Caballitobonus casas de apostas gratisTotora en Huanchaco.

"Desde suas origens, pescar com caballitos de totora é uma prática que não sofreu interrupções no litoral peruano", ela conta.

Segundo Enrique Amayo Zevallos, autor do livro Mar y Olas: Rito y Deporte – Del Tup o Caballitobonus casas de apostas gratisTotora a la Moderna Tabla o Surf ("Mar e ondas: ritual e esporte do tup ou caballito de totora à prancha moderna ou surfe",bonus casas de apostas gratistradução livre), era costume surfar por esporte, competição ebonus casas de apostas gratisrituaisbonus casas de apostas gratisum equipamento chamado tupe, feitobonus casas de apostas gratisuma combinaçãobonus casas de apostas gratiscanasbonus casas de apostas gratistotora, bambu e pelebonus casas de apostas gratisleão-marinho.

Os rituais foram praticados até que os espanhóis os proibiram, por considerá-los pagãos.

"O propósito [do tupe] era se divertir atravessando as ondas do mar, ou surfando", explica Amayo Zevallos.

Atualmente, só o que sobrevive é o caballito, usado historicamente para surfar e pescar.

O bioarqueólogo e antropólogo Jordi Rivera Prince é especialista nas comunidades pesqueiras antigas do litoral dos Andes. Ele destaca que "o projeto do caballito virtualmente não se alterou nos últimos 3,5 mil anos... Ele é história e cultura viva, ao mesmo tempo."

As canasbonus casas de apostas gratistotora são um produto delicado. Seu cultivo, colheita e transformaçãobonus casas de apostas gratisembarcações marítimas é uma arte transmitidabonus casas de apostas gratisgeraçãobonus casas de apostas gratisgeração.

Os pescadores unem as canas,bonus casas de apostas gratisforma que suas hastes triangulares se encaixem perfeitamente e não haja bolsõesbonus casas de apostas gratisar entre elas. Secar as canas verdes leva dias e preparar todos os quatro feixes necessários para construir uma nova embarcação é um trabalhobonus casas de apostas gratishoras.

Hojebonus casas de apostas gratisdia, a maioria dos pescadores amarra a totora com fiosbonus casas de apostas gratisnylon, mas, no passado, eles usavam cordas finasbonus casas de apostas gratispelobonus casas de apostas gratislhama trançado.

Com o desgaste causado pelas fortes ondas, pelo calor do sol equatorial e pelo atrito da areia e das pedras, os caballitos não duram mais do que dois meses,bonus casas de apostas gratisforma que as cordas são guardadas para serem usadasbonus casas de apostas gratisnovas embarcações.

Ucañan Arzola explica que, embora os caballitos sejam principalmente usados para a pesca hojebonus casas de apostas gratisdia, ele não quer que seu propósito recreativo seja esquecido. "O caballito de totora também serve para esporte, para surfar nas ondas."

Ucañan Arzola aprendeu com seu pai a pescar e a surfar no caballito. Ele já viajou para a Austrália, representando Huanchacobonus casas de apostas gratisuma competiçãobonus casas de apostas gratissurfe. Lá, ele usou a embarcação tradicional.

Observando os caballitos de pé na praia, eles parecem ser feitos totalmentebonus casas de apostas gratistotora, como sempre. Mas, observando o pescador carregandobonus casas de apostas gratisembarcação para a água, é possível ver que o centro da maior parte dos feixesbonus casas de apostas gratistotora dos caballitos inclui outros materiais.

Alguns pescadores usam garrafas plásticas descartadas e outros empregam isopor, mas não porque eles flutuem melhor. Ocorre que, à medida que o litoral se desenvolve, os tanquesbonus casas de apostas gratistotora estão desaparecendo.

A cada nova ondabonus casas de apostas gratishotéis, restaurantes e lojasbonus casas de apostas gratissurfe, os pântanos são aterrados e vem a expansão desregulada.

A pouca distância ao nortebonus casas de apostas gratisHuanchaco, o governo reservou um trechobonus casas de apostas gratislitoral para o cultivobonus casas de apostas gratistotora. Mas, segundo Ucañan Arzola, a área não é suficiente para atender à demanda, nem mesmobonus casas de apostas gratispoucas dezenasbonus casas de apostas gratispescadores.

Cada tanque ébonus casas de apostas gratis"propriedade"bonus casas de apostas gratisuma família, que cultiva a totora e corta as canas quando amadurecem. Pode levar vários meses para que a totora cresça totalmente,bonus casas de apostas gratisforma que as famílias praticam a colheita rotativabonus casas de apostas gratisdiferentes tanques.

Quando os caballitos se desgastam, raramente existe totorabonus casas de apostas gratisquantidade suficiente para construir embarcações novas. Por isso, desde meados dos anos 1990, os pescadores vêm usando algum tipobonus casas de apostas gratisenchimento para compensar a escassez das canas.

Apesar das dificuldades, os poucos pescadores artesanais que ainda existembonus casas de apostas gratisHuanchaco estão determinados a manter viva a tradição do caballito.

"O fatobonus casas de apostas gratister resistido por milharesbonus casas de apostas gratisanos é surpreendente", destaca Rivera Prince. "Especialmente na cultura [econômica]bonus casas de apostas gratishoje, são muitas as razões para sairbonus casas de apostas gratiscasa, mas eles permanecembonus casas de apostas gratisHuanchaco. É um conhecimento profundamente especializado, tenho muito respeito por ele."

Atualmente, muitos pescadoresbonus casas de apostas gratiscaballitos estão na casa dos 40 e 50 anosbonus casas de apostas gratisidade. Quando eles surfambonus casas de apostas gratisvolta para a praia, sentados e guiando suas embarcações combonus casas de apostas gratisvarabonus casas de apostas gratisbambu, dois ou três jovens entram na água para pegar o barco e empurrá-lo pela areia.

Depois que cada pescador retira seus peixes da parte oca atrás do caballito e os coloca na areia, um dos jovens irá erguer a embarcação sobre seus ombros e carregá-la até a praia, onde a deixará secando.

Os pescadores sempre dividembonus casas de apostas gratispescaria com os ajudantes e com os idosos que não conseguem mais pescar, mas vêm até a praia pela manhã. Os peixes são distribuídos para a geração mais jovembonus casas de apostas gratisagradecimento e, entre os mais idosos, como sinalbonus casas de apostas gratisrespeito.

Felizmente, estes barcosbonus casas de apostas gratiscana agora são preservados, enquanto Huanchaco se torna um destinobonus casas de apostas gratissurfe moderno.

Com a redução da pesca, alguns fabricantesbonus casas de apostas gratiscaballitos começaram a suplementarbonus casas de apostas gratisrenda oferecendo passeios nos seus barcos para os turistas. Seus familiares e vizinhos também estão abrindo lojasbonus casas de apostas gratissurfe e ensinando o esporte moderno para os visitantes.

Durante os passeios, os turistas se sentam na parte oca atrás dos caballitos, que normalmente transporta as redes e os peixes. Olhando para trás, eles não conseguem ver as ondas chegando até ficarem encharcados.

Atualmente, os passageiros recebem coletes salva-vidas, mas os pescadores nunca usam o equipamento. Os passeios costumam durar cercabonus casas de apostas gratismeia hora e custam cercabonus casas de apostas gratis50 sóis peruanos (cercabonus casas de apostas gratisUS$ 13, ou R$ 73).

Agora, como no passado, os pescadoresbonus casas de apostas gratisHuanchaco não usam remos modernos. Eles preferem a metade arredondadabonus casas de apostas gratisum bambubonus casas de apostas gratisdois metros, como seus ancestrais faziam há milharesbonus casas de apostas gratisanos.

Honrar as tradições enquanto se dedicam ao turismo pode ser a melhor chancebonus casas de apostas gratissobrevivência do caballito. E, para Ucañan Arzola, a atividade também irá motivar a próxima geração.

"Eles precisam acordar cedo para ir pescar", destaca ele. "Eles precisam ser incentivados desde cedo. Eles precisam aprender muito sobre o cultivo da totora e como consertar redesbonus casas de apostas gratispesca."

"Tudo isso leva tempo. Muitos começam a surfarbonus casas de apostas gratispranchas modernas, mas o caballito também está presente."

Conhecendo as origens do surfe com caballitos, a geração mais jovem pode fazer com que a tradição dos seus ancestrais sobreviva, mesmo com as dificuldades.

Leia a versão original desta reportagem (em inglês) no site BBC Travel.