A luta dos universitários indígenas para não desistir das aulasroleta virtual sorteioensino remoto nas aldeias durante a pandemia:roleta virtual sorteio

Montagem com fotosroleta virtual sorteioDionísio e Geizy,roleta virtual sorteioPenha eroleta virtual sorteioErtiel

Crédito, Arquivo pessoal

Legenda da foto, Dionísio Crixi (ao fundo está Geizy, funcionária da faculdaderoleta virtual sorteioque ele estuda), Maria da Penha e Ertiel: alunos do ensino superior tiveramroleta virtual sorteioestudarroleta virtual sorteiosuas aldeias durante a pandemia

Problemas como os enfrentados por Penha têm sido vivenciados por outros milharesroleta virtual sorteiouniversitários indígenas no país. O estudo a distância improvisadoroleta virtual sorteiomeio à pandemia encontra problemas como a faltaroleta virtual sorteioaparelhos eletrônicos, internet ruim, faltaroleta virtual sorteioapoio pedagógico e ausênciaroleta virtual sorteiolocal adequado para os alunos estudarem.

Especialistas consideram que a inclusãoroleta virtual sorteioindígenas no ensino remoto tem sido extremamente precária. E a situação deve se estender por mais tempo, porque muitas instituiçõesroleta virtual sorteioensino vivem um períodoroleta virtual sorteioincertezaroleta virtual sorteiorelação ao retorno das aulas presenciais,roleta virtual sorteiorazão da piora do cenário da pandemia no Brasil nos últimos meses.

'Um período estressante'

Penha posa para foto

Crédito, Arquivo pessoal

Legenda da foto, Penha admite que pensouroleta virtual sorteiotrancar o cursoroleta virtual sorteioserviço social por conta das dificuldades trazidas pela pandemia

"Tem sido um período complicado e muito estressante", desabafa Penha sobre o ensino remoto. Ela afirma que não abandonou as aulas durante a pandemia porque acredita que é fundamental ter um curso superior para ter uma profissão. "Tenho que continuar (estudando)", diz.

A internet na aldeia dela funciona por meioroleta virtual sorteiosatélite. "É bem fraca", diz a jovem. Em muitos momentos, não há conexão. "Já perdi muitas aulas por causa da internet. Cheguei a perder provas por causa disso", comenta.

No início das aulas virtuais, ela não tinha computador. Por meioroleta virtual sorteioum editalroleta virtual sorteioinclusão digital da UnB no ano passado, destinado a alunosroleta virtual sorteiobaixa renda, ela conseguiu R$ 1,5 mil. "Tive que me virar com meus pais para complementar mais R$ 1 mil e comprar um notebook, porque esse valor (do edital) não era suficiente", relata.

O aparelho logo se tornou um outro problema. Ela relata que cercaroleta virtual sorteio25 dias após a compra, o notebook começou a desligar várias vezes. "Ele começou a apagarroleta virtual sorteiorepente. Muitas vezes tive que assistir aulas pelo celular, que não é lá essas coisas, porque tem pouca memória", relata.

Quando não consegue assistir a uma aula, por problemas no notebook ou na internet, ela manda mensagens aos professores logo que consegue se reconectar. "Eu avisei que estou na aldeia e expliquei as dificuldades com o notebook e com a internet", relata. "Os professores entenderam a minha situação, me disseram para ficar tranquila", diz Penha.

Ela relata que concluiu três disciplinas do seu segundo semestre no curso, entre agosto e dezembroroleta virtual sorteio2020. "Tive que trancar duas disciplinas. Não consegui terminar as cinco do semestre porque era muita coisa. As dificuldades com o computador e com a internet tornaram tudo mais complicado", lamenta.

Na semana passada, Penha iniciou um novo semestre. Segundo ela, as dificuldades continuam. "Mandei o meu notebook para o conserto (durante as fériasroleta virtual sorteiojaneiro), mas ainda tá complicado porque ele voltou muito lento", diz.

Na mesma aldeia dela há outros universitários que enfrentam dificuldades semelhantes. Entre eles está o primoroleta virtual sorteioPenha, Leonel Alcides,roleta virtual sorteio30 anos, que cursa ciências biológicas na UnB.

Ele também comprou um computador com o editalroleta virtual sorteioR$ 1,5 mil da UnB — e, assim como a prima, relata que precisouroleta virtual sorteiomais R$ 1 mil para adquirir o aparelho. "A situação está difícil. Nem mesinha tenho para acompanhar as aulas. Coloco as coisas na cadeira para conseguir estudar", relata.

O estudante comenta que o númeroroleta virtual sorteiodisciplinas que cursou no primeiro semestreroleta virtual sorteioensino remoto representou menos da metade das que ele fazia quando o curso era presencial. "Foi muito puxado e fiquei muito perdido. Não consegui acompanhar tudo nesse primeiro período (online)", diz ele, que está no quinto período do curso.

Em meio aos problemasroleta virtual sorteioconexão, Leonel relata que também sente dificuldades para aprender os conteúdos. "Nas aulas remotas, ficamos sem saber o que aprender. Presencialmente a gente aprende mais", relata. Ele afirma que sente falta do apoio dos professoresroleta virtual sorteiosalaroleta virtual sorteioaula e da companhiaroleta virtual sorteiooutros indígenas que também são universitários, por meioroleta virtual sorteiocoletivos criados por eles.

Materiais entregues com a ajudaroleta virtual sorteiobarco

Geizy faz uma selfie enquanto está no barco

Crédito, Arquivo pessoal

Legenda da foto, Geizy Carla Ribeiro usa um barco para levar materiais aos universitários indígenas do interior do Pará

Pelo país, as instituiçõesroleta virtual sorteioensino criaram diferentes alternativas para tentar incluir os estudantes indígenas na educação remota. Nem todos os casos se restringem ao estudo online.

Mesmo se definindo como pioneira no métodoroleta virtual sorteioensino a distância no país, a Faculdade Fael também precisou rever o acesso dos estudantes indígenas às disciplinas no atual período.

Na cidaderoleta virtual sorteioJacareacanga, no Pará, por exemplo, muitos indígenas iam ao polo da Fael para acompanhar alguns conteúdos das aulas ou pegar materiais para estudar. Com a pandemia, porém, muitas aldeias passaram a impedir que os moradores deixassem o local para evitar o riscoroleta virtual sorteiocontágio; Em razão disso, a Fael distribuiu kits com material universitário aos estudantes. Segundo a empresa, o objetivo é fazer com que os alunos não interrompam os estudos por causa da pandemia.

Uma das responsáveis por auxiliar os estudantes nas aldeias da região é Geizy Ribeiro, que trabalha na assistência acadêmica da faculdade. Em uma embarcação, ela leva os materiais necessários para os alunos, como livros, exercícios e avaliações. Muitos alunos indígenas da Fael têm estudado somente por meio das apostilas entregues pela faculdade.

"São poucos alunos da região que têm acesso à internet, nem todos têm computador. Os que têm apenas celular preferem fazer no computador, porque acham melhor, por isso vinham até o laboratório da faculdade. Muitos não conseguiram vir nos últimos meses, por causa da pandemia", diz Geizy à BBC News Brasil.

De acordo com Geizy, na faculdade há cercaroleta virtual sorteio200 estudantes do povo munduruku, que tem uma populaçãoroleta virtual sorteioaproximadamente 14 mil pessoas na região.

Os estudantes, segundo ela, pagam a mensalidade do curso com dinheiro do benefício do Bolsa Família ou do próprio salário, principalmente aqueles que são servidores públicos. Durante a pandemia, cercaroleta virtual sorteio20 alunos tiveramroleta virtual sorteiotrancar seus cursos por faltaroleta virtual sorteiocondições financeiras.

Para aqueles que continuam estudando, Geizy se tornou o principal apoio na região. Ela, que conhece o idioma munduruku por ter sido professoraroleta virtual sorteioaldeiasroleta virtual sorteioJacareacanga, é a responsável por orientar os alunos da faculdade. "Eu uso um rádio amador para me comunicar com os estudantes que estão nas aldeias", conta.

Um dos alunos da Fael na regiãoroleta virtual sorteioJacareacanga é o indígena Dionísio Crixi,roleta virtual sorteio54 anos, do povo munduruku. Antes do avanço do novo coronavírus, ele costumava ir com frequência à cidade para usar o laboratório da faculdade. Por meioroleta virtual sorteioum barco, levava cercaroleta virtual sorteiouma hora até chegar ao polo mais próximo da árearoleta virtual sorteioque mora. Porém, desde março passado tem evitado sair da aldeia.

Dionísio comenta queroleta virtual sorteiojulho passado perdeu o irmão, que teve covid-19. Muitos outros parentes seus também foram infectados pelo novo coronavírus. "Tem sido um período bem difícil. Até a entradaroleta virtual sorteioassistência na aldeia foi proibida para não prejudicar ninguém. Estamos isolados", relata ele, que trabalha na aldeia como professor da língua materna do povo munduruku.

Dionísio cursa pedagogia. Ele afirma que, apesar das dificuldades, não pensouroleta virtual sorteiodesistir da faculdade.

"Quero estudar mais porque não quero ficar para trás, quero avançar e ter mais conhecimento até onde der", diz. Ele comenta que também quer aprender, cada vez mais, a ler e escreverroleta virtual sorteioportuguês para que possa ensinar os indígenas. "Primeiro, a gente estuda a nossa língua e depois faz a tradução para o português", diz Dionísio, que deve se formar neste ano.

Desistências

Ertiel posa para foto

Crédito, Arquivo pessoal

Legenda da foto, Ertiel Amarilia,roleta virtual sorteio20 anos, desistiu do cursoroleta virtual sorteiohistória. Ele afirma que as dificuldades do ensino remoto o desestimularam

Muitos universitários indígenas acabaram trancando o curso por causa das dificuldades do ensino remoto na pandemia.

Ertiel Amarilia, do povo Guarani Kaiowá, cursou somente um mêsroleta virtual sorteiohistória no inícioroleta virtual sorteio2020 na Universidade Estadualroleta virtual sorteioMato Grosso do Sul (UEMS). O jovemroleta virtual sorteio20 anos, que moraroleta virtual sorteiouma aldeia no municípioroleta virtual sorteioAmambaí, no interior do Mato Grosso do Sul, decidiu trancar o curso logo no começo do ensino remoto.

"Foi muito difícil fazer as atividades sozinho (no ensino remoto)", diz. Os estudantes indígenas da UEMS recebem apostilas com os conteúdos das aulas para que possam estudar. As avaliações são feitas por meio dos exercícios nas apostilas. O método foi escolhido porque muitos universitários da região não possuem nenhum acesso à internet.

"O mais difícil era não poder tirar as dúvidas na hora, como nas aulas presenciais. Como eu era iniciante (no curso), não fazia a mínima ideiaroleta virtual sorteiocomo fazer as atividades sem ter um professor por perto", comenta o jovem. Ele relata que ficou ainda mais desestimulado porque não tinha internetroleta virtual sorteiocasa e não conseguia fazer pesquisas para se aprofundar nos assuntos abordados.

Sem estudar, o jovem viajou no mês passado para o interior do Rio Grande do Sul para trabalhar na colheitaroleta virtual sorteiomaçã para uma empresa. "Na regiãoroleta virtual sorteioque moro é difícil achar emprego. A situação piorou na pandemia e agora preciso trabalhar", relata. Ele deve retornar para aroleta virtual sorteioaldeiaroleta virtual sorteiomarço. "A universidade era uma esperança para mim", diz o jovem, que não sabe se irá retomar o cursoroleta virtual sorteioalgum momento.

Desde o início da pandemia, Kâhu Pataxó, que coordena ações nacionaisroleta virtual sorteioestudantes indígenas, acompanhou diversos relatosroleta virtual sorteiouniversitários que abandonaram seus cursos. "Não é uma situação nada fácil. Há muitos casosroleta virtual sorteioindígenas que precisam se deslocar para outras comunidades para tentar acessar a internet para estudar. Outros precisam ir para a cidaderoleta virtual sorteiobuscaroleta virtual sorteiosinalroleta virtual sorteiotelefone para ter acesso aos conteúdos", diz Pataxó, que lidera o Movimento Unido dos Povos e Organizações Indígenas da Bahia (Mupoiba).

"Há, por exemplo, casosroleta virtual sorteiouniversitários que tinham que se deslocar por três dias da aldeia à cidade para conseguir internet. Por causa dessa dificuldade, não conseguiram continuar estudando", comenta Pataxó.

Ele relata que acompanhou diversos casosroleta virtual sorteiouniversitários indígenas que somente irão retornar ao curso superior quando a situação da pandemia melhorar e as aulas presenciais forem retomadas.

Em 2018, o Brasil tinha cercaroleta virtual sorteio57 mil indígenas matriculados na educação superior, segundo o Censo da Educação Superior do Instituto Nacionalroleta virtual sorteioEstudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). É o levantamento mais recente sobre o tema. Esse número corresponde a cercaroleta virtual sorteio0,7% do totalroleta virtual sorteioestudantes do ensino superior no Brasil.

Não há, ao menos por enquanto, dados sobre o impacto que o ensino remoto durante a pandemia causou na inclusão dos indígenas na educação superior.

A antropóloga Mônica Nogueira avalia que o atual momento é o período mais difícil desde o início dos anos 2000, quando começaram as políticas públicasroleta virtual sorteioacesso dos indígenas ao ensino superior — por meioroleta virtual sorteioações como o vestibular indígena e as cotas.

"Testemunhei desistência entre indígenas nesse períodoroleta virtual sorteiopandemia. Não que não queiram estudar ou não tenham se empenhado, mas é porque realmente estamos vivendo condições muito adversas", lamenta Nogueira.

A antropóloga afirma que a atual situação se torna ainda mais preocupante porque as dificuldades dos indígenas no ensino superior já haviam aumentado nos anos anteriores à pandemia.

"Aumentaram as oportunidadesroleta virtual sorteioingresso, mas as condições para permanência (nas universidades) se tornaram mais difíceis nos últimos anos", diz Nogueira.

"Muitas universidades aderiram à modalidaderoleta virtual sorteiovestibular indígena e investiramroleta virtual sorteioprocessos preparatórios para os indígenas se candidatarem aos cursosroleta virtual sorteiograduação e pós-graduação. Mas as unidadesroleta virtual sorteioensino têm perdido orçamento ano a ano. Então, mais indígenas ingressam nas universidades, mas os recursos para a permanência estão diminuindo", acrescenta a antropóloga, que é coordenadora do Mestradoroleta virtual sorteioSustentabilidade junto a Povos e Territórios Tradicionais (MESPT) da UnB.

Apoio aos estudantes

Dionísio posa para foto

Crédito, Arquivo pessoal

Legenda da foto, Dionísio,roleta virtual sorteio54 anos, cursa pedagogia. Ele costumava ir várias vezes ao laboratório da faculdade para acessar a internet (como na foto), mas durante a pandemia teveroleta virtual sorteiosuspender essas visitas

As dificuldades do ensino durante a pandemia evidenciam as falhas da inclusão dos universitários mais vulneráveis, como indígenas e quilombolas, aponta o professor Gersem José dos Santos, membro da coordenação do Fórum Nacionalroleta virtual sorteioEducação Escolar Indígena (FNEEI).

"Nós, indígenas, sabemos que a tecnologia não é um agente salvacionista, mas é muito importante. Os povos indígenas não são contra o uso das tecnologias, principalmente quando servem para atender direitos, como o acesso à Educação", declara Santos, que é professor da Faculdaderoleta virtual sorteioEducação da Universidade Federal do Amazonas.

"Ninguém é contra o ensino remoto. Ele pode ser uma saída, principalmente no atual período. Mas é preciso criar a base para isso. É preciso ter uma infraestrutura que passa pelo acesso a equipamentosroleta virtual sorteioqualidade e inclusão digital", acrescenta Santos.

Coordenador-executivo da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), Dinamam Afer Jurum afirma que o acesso dos indígenas à internet nunca foi uma preocupação do poder público. "Os governos anteriores lançaram planos nacionaisroleta virtual sorteiobanda larga, mas não contemplaram os indígenas. Hoje, o reflexo disso está nos problemas que os estudantes indígenas têm para acessar a plataforma digitalroleta virtual sorteioensino remoto", declara.

"O desenvolvimento do ensino requer internet hojeroleta virtual sorteiodia, mas isso se torna difícil com os problemasroleta virtual sorteioconexão nas aldeias. Quando há internet nas aldeias, éroleta virtual sorteiobaixa qualidade. Sem dúvida isso está prejudicando o ensino remoto e causando um dano irreparável aos estudantes.", afirma Jurum à BBC News Brasil.

O Ministério da Educação (MEC) afirma que contratou 400 mil chipsroleta virtual sorteiointernet banda larga para estudantesroleta virtual sorteiosituaçãoroleta virtual sorteiovulnerabilidade, entre eles os indígenas. "Os chips oferecem internet 4G pré-paga, as universidades e institutos federais informam quantos chips precisam e distribuem aos estudantes", informa a pasta,roleta virtual sorteionota à BBC News Brasil.

Mas a medida do MEC é criticada por ativistas das causas indígenas. Isso porque apontam que muitos universitários não conseguiram ter acesso a um chip, pois o procedimento para obter o item foi feitoroleta virtual sorteiomodo virtual. Outra dificuldade relacionada a essa ação, segundo especialistas, é que muitas aldeias estãoroleta virtual sorteioáreas sem nenhum tiporoleta virtual sorteiosinalroleta virtual sorteiointernet e os estudantes teriamroleta virtual sorteiose deslocar para outros locais para conseguir conexão.

"O mais adequado seria o MEC colocar internet via satélite nas escolas indígenas, para atender duas demandas: as próprias escolas que necessitam da internet para dar uma melhor assistência aos alunos e os universitários indígenas", opina Kâhu Pataxó.

O MEC não informou se fará novas ações para auxiliar os indígenas ou outras populações mais vulneráveis durante o períodoroleta virtual sorteioensino remoto.

A pasta afirma ainda que manteve, desde o início da pandemia, o repasse dos valores da Assistência Estudantil, recurso destinado a alunos mais vulneráveisroleta virtual sorteioinstituições públicas, como os indígenas. Por meio da verba, cada instituiçãoroleta virtual sorteioensino avalia como executará os recursos,roleta virtual sorteioações como moradia estudantil, alimentação, transporte, inclusão digital ou cultural e apoio pedagógico.

A Assistência Estudantil é considerada fundamental para manter os estudantes indígenas nas universidades públicas. É por meio desses recursos que muitos conseguem pagar a internet e até comprar alimentos. Mas o recurso deve sofrer cortes neste ano.

De acordo com o Fórum Nacionalroleta virtual sorteioPró-reitoresroleta virtual sorteioAssuntos Comunitários e Estudantis (Fonaprace), a previsão, conforme o Projetoroleta virtual sorteioLei Orçamentária Anual, éroleta virtual sorteioque o Plano Nacionalroleta virtual sorteioAssistência Estudantil (Pnaes) sofra corteroleta virtual sorteio17,5% a 21% nas instituições federaisroleta virtual sorteioensino superior — os cortes variam conforme a verbaroleta virtual sorteiocada lugar.

"A previsão para este ano éroleta virtual sorteioque o Pnaes tenha um corteroleta virtual sorteiorecursos superior a R$ 200 milhões. Essa redução representa menos estudantes atendidos e menos bolsas estudantis", diz a coordenadora nacional do Fonaprace, Maísa Miralva da Silva.

A BBC News Brasil questionou o MEC sobre os impactos que os cortes na verba repassada à Educação podem causar na Assistência Estudantil. A pasta não respondeu até a conclusão desta reportagem.

Problemas históricos e a pandemia

Leonel mexeroleta virtual sorteionotebook enquanto acompanha aula online. Ele está sentado na cama e com um foneroleta virtual sorteioouvido.

Crédito, Arquivo pessoal

Legenda da foto, Leonel Alcides,roleta virtual sorteio30 anos, relata dificuldades até mesmo para ter um local confortável para estudar. Além disso, o estudante comenta que sofre com as dificuldadesroleta virtual sorteioconexão á internet emroleta virtual sorteioaldeia

As dificuldades enfrentadas pelos universitários indígenas no atual período não se restringem às questões diretamente relacionadas ao ensino superior.

O cenário da pandemia, com uma vacinação lenta pelo país e o aumentoroleta virtual sorteiocasosroleta virtual sorteiocovid-19 nos últimos meses, preocupa. A situação, dizem especialistas, atinge diversos universitários indígenas que tentam se dedicar ao ensino remoto enquanto convivem com o temor constanteroleta virtual sorteioque o novo coronavírus afete duramente seu povo.

Até sexta-feira (19/02) já haviam sido registrados 43,1 mil casosroleta virtual sorteiocoronavírus entre indígenas, sendo 571 mortesroleta virtual sorteiotodo o país, segundo a Secretaria Especialroleta virtual sorteioSaúde Indígena (Sesai), do Ministério da Saúde.

Mas conforme a Apib, também até sexta, foram registrados 48,9 mil casosroleta virtual sorteiocovid-19 entre indígenas no país e 969 morreram. A diferença entre os dados ocorre porque a Sesai não contabiliza casosroleta virtual sorteioindígenas que não moramroleta virtual sorteioaldeias ou que vivemroleta virtual sorteiocontexto urbano.

"Essas dificuldades do atual período vêmroleta virtual sorteiotodas as dimensões possíveis, não é apenasroleta virtual sorteiorelação ao acesso às aulas. Existe também o contexto psicológico, porque muitos indígenas enfrentam mortes por conta da covid-19", aponta Gersem dos Santos.

Outro problema são as disputas territoriais. "A pandemia trouxe questões como a vulnerabilidade dos indígenas. A faltaroleta virtual sorteiodemarcaçãoroleta virtual sorteioterras é um problema muito grande. Faltam políticas públicas sobre o nosso território. Os agentes que cometem invasõesroleta virtual sorteioterras indígenas não estãoroleta virtual sorteiohome office", declara Dinamam Afer, da Apib.

"Essas dificuldades territoriais também influenciam o estudante que teveroleta virtual sorteiosair daroleta virtual sorteiouniversidade e voltar para aroleta virtual sorteioterra. Ele também faz parte da comunidade e precisa ajudar nesse enfrentamento, muitas vezes", acrescenta o indígena.

Em razão dos diversos problemas trazidos no contexto da pandemia, especialistas apontam que seria fundamental haver apoio psicológico a esses estudantes. "Pouquíssimas instituiçõesroleta virtual sorteioensino oferecem esse tiporoleta virtual sorteioatendimento (psicológico) aos universitários indígenas. Alguns (que conseguem receber esse tiporoleta virtual sorteioapoio), acabam recebendo esse atendimento por meioroleta virtual sorteioprojetos articulados pelos movimentos indígenas", diz Gersem dos Santos.

A inclusão dos indígenas no ensino superior

Dinamam posa para foto com vestimentasroleta virtual sorteioseu povo

Crédito, Mídia Índia

Legenda da foto, Dinamam Afer, da Apib, afirma que o acesso dos indígenas à internet nunca foi uma preocupação dos governantes

As dificuldades atuais evidenciam também os problemas históricosroleta virtual sorteioinclusão dos indígenas no ensino superior.

Eles costumam estudar grande parte do ensino fundamental na aldeia, onde tem como principal língua a que é falada pelo seu povo. Depois, por volta do ensino médio, costuma estudar na sede do município. E quando consegue uma vagaroleta virtual sorteiouma universidade,roleta virtual sorteiomuitos casos precisa deixar aroleta virtual sorteioterra e viajar muitos quilômetros para que possa fazer uma graduação.

"O ensino recebido pelo indígena ao longo da vida varia muito. Eventualmente, eles trazem deficiênciaroleta virtual sorteiorelação à cultura acadêmica e a conteúdos específicos", diz a antropóloga Mônica Nogueira.

Especialistas defendem que é fundamental que os indígenas recebam apoio pedagógico, assim como outras populações mais vulneráveis como os quilombolas. "É uma obrigação das universidades", diz Kâhu Pataxó. Ele aponta, porém, que muitos indígenas não têm recebido nenhum tiporoleta virtual sorteioapoio das universidades no atual período, o que também tem colaborado para que muitos abandonem o curso superior.

Segundo o Ministério da Educação, cabe a cada universidade analisar o desempenho dos indígenas e as medidas necessárias para auxiliá-los durante o ensino remoto.

Em meio à pandemia, os universitários indígenas convivem com a incerteza da conclusão do curso superior. Para muitos dos que continuaram estudando, o prazo para se formar deve ser ainda maior, porque tiveramroleta virtual sorteiodeixar algumas disciplinas para depois porque não conseguiram acompanhar toda a grade curricular.

"Perder alguns semestres significa estender um períodoroleta virtual sorteiosacrifícios por parte deles e, frequentemente,roleta virtual sorteiotoda a família", comenta Mônica Nogueira.

Maria da Penha, por exemplo, terá que ficar ao menos um semestre a mais para concluir o curso por não ter conseguido acompanhar todo o conteúdo do primeiro períodoroleta virtual sorteioensino remoto. Apesar disso, ela diz que continuará estudando e mantém o sonhoroleta virtual sorteiose tornar a primeira entre os oito irmãos — ela é a filharoleta virtual sorteionúmero seis — a ter um diploma do ensino superior.

Para ela, concluir o cursoroleta virtual sorteioServiço Social é também uma formaroleta virtual sorteioajudar o seu povo. "Na minha aldeia não tem assistente social e quando a gente precisaroleta virtual sorteioum, é preciso chamar alguémroleta virtual sorteiofora. Então, penso que se eu me formar, as coisas podem ficar mais fáceis nesse sentido por aqui", diz Penha.

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