Exploraçãonovibet experiencepetróleo preocupa índiosnovibet experiencealdeias remotas na Amazônia:novibet experience

Contra o petróleo

novibet experience Em um conjuntonovibet experiencealdeias encravado na Amazônia brasileira, na fronteira com o Peru, os índios matsés - já familiarizados com a exploração da borracha, da madeira enovibet experienceminérios - agora vivem às voltas com um novo "adversário".

"Dizem que petróleo dá dinheiro, mas não queremos dinheiro", afirma Waki Mayuruna, cacique da aldeia Lobo, a 2 mil quilômetros a oestenovibet experienceManaus. "Devemos pensarnovibet experiencenossos filhos e netos, e eles precisamnovibet experienceterras limpas."

Por décadas, os matsés, que vivem entre o Brasil e o Peru, ouviram histórias sobre a atuaçãonovibet experienceempresas petrolíferas nos vales tropicais do Equador e os problemas que elas causaram.

A bacia hidrográfica do Javari, território tradicional dos matsés enovibet experienceoutros povos indígenas, também era temanovibet experiencecobiçanovibet experiencerepresentantes do setor energéticonovibet experiencevários países. Mas as tentativasnovibet experienceprospecção no local nunca tiveram início.

Mas os anos passaram, e o cenário mudou.

Consolidadas as atividades petrolíferas na fronteira com o Equador, o governo peruano acabanovibet experienceconceder o direitonovibet experienceexploraçãonovibet experiencepetróleonovibet experiencedois lotesnovibet experienceterra encostados na fronteira com o Brasil, que rodeiam e abrangem território indígena demarcado.

Se encontrar hidrocarbonetos, uma empresa canadense terá direito a 40 anosnovibet experienceexploração das terras no lado peruanonovibet experienceum rio binacional.

"É nossa responsabilidade supervisionar os trabalhos petroleiros, e que a empresa cumpra com aquilo que foi autorizado, gerando impactos mínimos", afirmou Maria Elena Díaz, chefe do parque natural peruano Zona Reservada Sierra del Divisor, ligado ao Ministério peruano do Meio Ambiente.

"Por outro lado, deve-se considerar que os lotes concessionados pelo governo peruano também passam por outras terras, e algumas comunidades mestiças são favoráveis à extração petroleira", ponderou.

A aldeia Lobo faz parte da Terra Indígena Vale do Javari, que inclui outros seis povos espalhadosnovibet experiencedezenasnovibet experiencealdeias e reúne cercanovibet experience3,6 mil índios no Brasil.

A área demarcada énovibet experience8,5 milhõesnovibet experiencehectares - hoje a segunda maior áreanovibet experienceterra indígena do país.

Para discutir a defesa do território onde vivem, cercanovibet experience200 índios matsésnovibet experiencevárias aldeias se reuniram, no inícionovibet experiencemarço, com representantes da Funai, do Ministério Público e do Exército.

Órgãos ligados ao Ministério do Meio Ambiente peruano, políticos locais e pesquisadores também participaram do encontro.

Foram três diasnovibet experienceintensos debates e seminários, que mudaram o ritmo tranquilo da comunidade indígena Lobo, durante a 4ª Reunião Binacional Matsés Brasil-Peru. Pouco acostumados com a movimentação, os índios – inclusive mulheres e muitas crianças – lotaram a casa central para ouvir as comitivas da região e os convidados.

Durante o evento, um gruponovibet experiencecozinheiras serviu sucos e bolachas, alémnovibet experiencefartas refeições com arroz, feijão, banana, mandioca, farinha e a saborosa carnenovibet experienceuma anta macho, caçada ali mesmo, e que deu contanovibet experiencetoda a comitiva.

Vestidos como guerreiros, os líderes matsés ocupavam logo cedo a grande maloca da aldeia Lobo, por volta das cinco da manhã, com microfonenovibet experiencepunho chamando nome a nome as pessoas para tomar o café e retomar os trabalhos.

O motornovibet experienceum velho gerador elétrico ecoava alto entre as árvores amazônicas, mas não foi suficiente para aplacar as vozes vindas da maloca, amplificadas com a ajudanovibet experienceum microfone.

"A floresta não entendenovibet experiencefronteiras, eu sou filhonovibet experienceminha terra e vou ficar aqui pra protegê-la", afirmou o anfitrião do evento, Waki Mayuruna.

A preocupação com a exploraçãonovibet experiencepetróleo não é só ambiental. Observadores temem que a atividade ameace também um patrimônio etno-cultural que poucos países possuem: entre o Brasil e o Peru vivem índios isolados, nunca contatados, e que rejeitam relações com a sociedade ao redor.

Esses grupos sobrevivemnovibet experienceuma situação delicada, que poderia ser afetada por possíveis embates com a sociedade e por qualquer alteração no equilíbrio local.

"A sociedade brasileira não consegue entender o serviço que o índio presta ao defender os limites territoriais e zelar pela natureza, à qual estão profundamente vinculados até hoje", avalia Walter Coutinho, analista pericial do Ministério Público Federal.

"Além dos serviçosnovibet experiencefiscalização, as sociedades indígenas oferecem ao Brasil recursosnovibet experiencecultura, medicina, tradição, arte e beleza, recursos que não custam nada", conclui Coutinho.