A vila indiana onde os nomes das pessoas são músicas:5€ freebet

Vila5€ freebetKongthong

Crédito, BIJU BORO/AFP via Getty Images

A civilização é esparsa nesta região, e a vila é cercada por cumes altos magníficos e desfiladeiros vertiginosamente profundos.

Também é o lar5€ freebetuma tradição única chamada jingrwai iawbei, que prospera aqui há séculos.

De acordo com esta tradição, cada recém-nascido5€ freebetKongthong recebe da mãe tanto um nome normal quanto uma música melódica distinta ao nascer.

Embora o nome seja usado apenas para fins oficiais, a música se torna5€ freebetidentidade, à qual eles respondem ao longo5€ freebetsuas vidas.

Uma vez que uma pessoa morre,5€ freebetmelodia morre com ela, para nunca mais ser repetida para ninguém.

"É uma expressão do amor desmedido e da alegria5€ freebetuma mãe pelo nascimento do filho. É como uma canção do coração5€ freebetuma mãe, cheia5€ freebetternura, quase como uma canção5€ freebetninar", diz Shidiap Khongsit, uma mulher pertencente à tribo Khasi — uma das três tribos5€ freebetMeghalaya e aquela que habita Kongthong.

Morador5€ freebetKongthong assobia para chamar o amigo

Crédito, BIJU BORO/AFP via Getty Images

Legenda da foto, Morador5€ freebetKongthong assobia para chamar um amigo

Ela usava um jainsem simples (traje tradicional parecido com um sarongue) e seu sorriso acolhedor estava misturado com suco5€ freebetnoz5€ freebetbetel (ou5€ freebetareca) quando ela me convidou para uma xícara5€ freebetchá em5€ freebetmodesta casa.

Dentro da cabana5€ freebetum cômodo com telhado5€ freebetpalha inclinado, sentamos5€ freebetpernas cruzadas no chão5€ freebetmadeira.

Em um canto, Khongsit e seu marido, Bring Khongjee, se ocuparam acendendo o fogo.

Enquanto botava fogo na lenha ao soprar ar por um longo tubo, Khongsit falou sobre seus quatro filhos e cantou seus nomes musicais para mim — cada um com 14 a 18 segundos5€ freebetduração e nitidamente distinto um do outro.

Legenda do vídeo, O vilarejo5€ freebetque as pessoas não tem nomes, só melodias

"Estas são as versões mais longas e originais que cantamos nos campos, quando é preciso chamar alguém pelas colinas e vales", explica.

No passado, as melodias eram usadas para não se perderem na floresta durante a caça, e também "para afastar os maus espíritos".

"Acreditamos que os maus espíritos que moram nas florestas não conseguem distinguir nossas melodias umas das outras ou dos gritos5€ freebetanimais. Portanto, nenhum mal acontece a você quando é chamado por5€ freebetmúsica na floresta", diz Khongsit.

Ela explica que também existe uma versão mais curta, um trecho da melodia longa que se assemelha a um apelido, que é cantado quando seu interlocutor está mais perto, ao alcance da voz, digamos5€ freebetcasa ou no parquinho.

Quando ouvidas5€ freebetlonge, as músicas soam como assobios, e é por isso que Kongthong é conhecida como "Vila do Assobio".

Enquanto Khongsit me entregava uma xícara5€ freebetchá vermelho bem quente, servido sem leite e com uma generosa porção5€ freebetaçúcar, perguntei a ela sobre a origem dessa prática.

Mulher caminhando para o trabalho5€ freebetum campo fora5€ freebetKongthong

Crédito, BIJU BORO/AFP via Getty Images

Legenda da foto, No passado, as melodias tinham a função5€ freebet'afastar os maus espíritos' na floresta

"Ninguém pode dizer ao certo quando começou, mas a maioria concorda que existe desde que Kongthong surgiu", responde ela.

"Kongthong5€ freebetsi está aqui antes mesmo5€ freebeto reino5€ freebetSohra ser estabelecido por nosso povo e por aqueles5€ freebetoutras aldeias na área."

Considerando que o reino5€ freebetSohra foi fundado na vizinha Cherrapunji, famosa por ter sido o lugar mais úmido da Terra,5€ freebetalgum momento do início do século 16, podemos estimar a idade da vila — e por tabela, a origem da prática —5€ freebetmais5€ freebet500 anos.

No entanto,5€ freebettodo esse tempo, o costume nunca foi documentado, até recentemente.

Piyashi Dutta nasceu e foi criada5€ freebetShillong e atualmente é professora assistente na Amity School of Communication5€ freebetNoida, perto5€ freebetDélhi.

Ela tomou conhecimento sobre Kongthong enquanto pesquisava sociedades matrilineares para seu doutorado.

"Meghalaya é uma sociedade matrilinear, onde os princípios, ethos, tradições e costumes matrilineares estão profundamente enraizados no sistema e são transmitidos oralmente5€ freebetgeração5€ freebetgeração", diz ela.

"Kongthong não é exceção. Aqui, a prática das melodias ou músicas como nomes está enraizada5€ freebetseu ethos cultural e passada adiante oralmente. É também uma manifestação5€ freebetsua matrilinearidade."

Jingrwai iawbei significa uma melodia (jingrwai) cantada5€ freebethomenagem à ancestral original ou à primeira mãe do clã (iawbei).

"Então, uma conotação simbólica também está ligada à prática —5€ freebetque você não está apenas atribuindo uma música a um recém-nascido, mas também prestando uma homenagem e pedindo a bênção5€ freebetsua ancestral original."

Na verdade, o artigo5€ freebetDutta sobre Kongthong publicado5€ freebet2016 no Indian Sociological Bulletin, é a primeira documentação da prática.

No mesmo ano, o premiado cineasta indiano Oinam Doren lançou um documentário5€ freebet52 minutos intitulado My Name is Eeooow sobre Kongthong e5€ freebettradição única.

O filme, que ganhou o Tangible Culture Prize no 15º RAI Film Festival5€ freebetBristol, no Reino Unido, explora o que acontece com essa expressão maternal5€ freebetamor quando os filhos saem do ninho para cidades maiores e são expostos a estilos5€ freebetvida modernos.

Até pouco tempo, se mudar para Shillong ou outras cidades era algo praticamente inédito5€ freebetKongthong, embora só tenha escolas até o ensino fundamental.

Mas, recentemente, um número cada vez maior5€ freebetjovens está saindo para estudar e buscar oportunidades5€ freebetemprego, e muitos estão perdendo o contato com suas tradições.

"Isso é algo que a comunidade deve resolver", diz Dutta.

"Talvez eles possam ter sessões comunitárias5€ freebetque o significado da prática ancestral seja discutido e sejam avaliadas opções sobre como continuar, mesmo quando você está morando5€ freebetoutro lugar."

Moradores voltando5€ freebetum dia5€ freebettrabalho5€ freebetcampos próximos na vila Kongthong

Crédito, BIJU BORO/AFP via Getty Images

Legenda da foto, Kongthong é uma sociedade matrilinear

Para uma sociedade predominantemente agrária, a criação5€ freebetempregos5€ freebetoutros setores, como o turismo, também pode ajudar a vila a reter ou atrair seus jovens5€ freebetvolta.

Enquanto eu estava5€ freebetKongthong, conheci Rothell Khongsit, que havia se mudado para Shillong para estudar e conseguir um cobiçado emprego público, mas desistiu e voltou para a vila — para desgosto5€ freebetsua mãe.

Agora ele é presidente do Comitê5€ freebetDesenvolvimento da Vila5€ freebetKongthong e secretário da Sociedade Cooperativa5€ freebetAgroturismo Indígena da aldeia.

"Eu não estava satisfeito com um bom emprego público na cidade grande", diz ele.

"Meu coração estava aqui na minha vila, e eu era apaixonado por promover nossa cultura."

Até recentemente, diz Rothell, os moradores não estavam cientes5€ freebetque5€ freebetprática única poderia ser um atrativo para os visitantes.

"Para nós, está enraizado5€ freebetnosso DNA. Uma mulher não é ensinada a compor uma música, isso acontece naturalmente após o parto. Aprendemos as músicas atribuídas a nós, assim como a nossos familiares e amigos, assim como nós aprendemos a nossa língua materna — ouvindo desde o nascimento."

Porém, ultimamente, diante do interesse crescente5€ freebetpessoas5€ freebetfora pelo lugar devido ao maior acesso e visibilidade, a vila está começando a perceber seu potencial turístico.

Em 2014, foi construída uma estrada para Kongthong que substituiu a antiga trilha5€ freebetcaminhada pelas montanhas; e um ano antes, uma hospedagem foi construída no vilarejo no estilo tradicional, usando materiais locais como bambu.

Desde então, a vila viu chegar lentamente viajantes5€ freebettoda a Índia.

Em setembro passado, foi nomeada para o prêmio5€ freebetMelhor Vila Turística da Organização Mundial5€ freebetTurismo da ONU, que reconhece "vilas que adotam abordagens inovadoras e transformadoras para o turismo5€ freebetáreas rurais5€ freebetconformidade com os Objetivos5€ freebetDesenvolvimento Sustentável".

mulher e filha
Legenda da foto, Alguns nomes5€ freebetforma5€ freebetmelodia lembram canções5€ freebetninar

Enquanto eu caminhava pela vila, fiquei impressionado com o quão atraente era. Vias sinuosas eram margeadas por plantas floridas repletas5€ freebetborboletas coloridas.

Casinhas5€ freebetsapê espalhadas casualmente por toda parte, davam a impressão5€ freebetser um projeto5€ freebetarquitetura.

A vila também estava excepcionalmente limpa e sem lixo.

Enquanto Rothell me guiava para o campo5€ freebetfutebol e depois para um mirante, ambos oferecendo panoramas deslumbrantes dos cumes ao redor, ele me contou seus planos5€ freebetdesenvolver Kongthong como uma vila histórica.

"Este lugar não é para quem quer apenas visitar pontos turísticos; sinceramente, além da beleza paisagística natural, não há muito o que ver", diz ele.

"Kongthong é para aqueles com um gosto mais exigente, aqueles que querem experimentar a cultura rara e única que temos aqui, aqueles que se preocupam5€ freebetouvir, compreender e apreciar o que só podem encontrar aqui e5€ freebetnenhum outro lugar."

5€ freebet Leia a íntegra desta reportagem 5€ freebet (em inglês) no site BBC Travel 5€ freebet .

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