A ilha onde as moedas podem ser maiores que os habitantes:roletabet
"Minha família é donaroletabetcinco pedrasroletabetbom tamanho", diz Falmed (os yapeses usam apenas um nome), taxista que me levou até o bancoroletabetpedras Mangyol, na provínciaroletabetGagil, ao lesteroletabetYap.
Cinco, no caso, é uma boa quantia, já que muitos moradores da ilha não possuem sequer uma pedra.
As pedras com valor monetário "circulam" há vários séculos na ilha, embora ninguém tenha certezaroletabetquando a prática começou. O que se sabe é que cada rocha é diferente da outra, e são tão densasroletabetsignificado quantoroletabetvolumeroletabetcalcário, extraído pelos yapesesroletabetPalau, país insular localizado 400 quilômetros ao sudoesteroletabetYap.
As primeiras peças eram usadas para presentear e tinham a formaroletabetuma baleia - por isso, eram chamadasroletabetrai. Mas evoluíram até se converteremroletabetmoeda, com formato circular e um buraco no centro, para facilitar o transporte pelos oceanos.
"Meu antepassado Falmed foi quem começou a ir até Palauroletabetcanoa, e fazer a travessia até Yap. Por isso, eu tenho o nome dele", disse o taxista, enquanto seguíamos por uma estradaroletabetterra, deixando para trás a pacata capitalroletabetColônia.
Apesarroletabetele usar uma camiseta desbotada pelo sol e dirigir um carro velho,roletabetfamília é surpreendentemente importante. Falmed, o antepassado distante, era um líder poderoso o suficiente para disporroletabetum barco e se deslocar até Palau, onde negociou com os moradores locais e conseguiu acesso a uma pedreira.
"Ele voltou e convocou uma reunião na tribo, pediu a todo mundo para juntar tuba, o álcool local, para negociar", contou o taxista. Em um mês, Falmed retornaria a Palau e começaria a esculpir o dinheiroroletabetpedra.
O fato é que Yap não tinha rochas resistentes nem metais preciosos para fazer moedas. Mas contava com marinheiros experientes que faziam a travessia até Palau -roletabetjangadasroletabetbambu e, mais tarde,roletabetescunas - para extrair calcárioroletabetsuas pedreiras.
Inicialmente, as moedas eram pequenas. Mas, à medida que as técnicas se aperfeiçoaram, foram ficando cada vez maiores, chegando a ultrapassar o tamanho das pessoas que as esculpiam.
Quando as ferramentasroletabetmetal foram introduzidas pelos comerciantes europeus, no fim do século 19, a extraçãoroletabetpedras ficou mais fácil. Relatos da décadaroletabet1880 sugerem que apenas na pedreiraroletabetKoror,roletabetPalau, havia 400 homens yapeses trabalhando - uma parcela significativa da população, que giravaroletabettornoroletabet7 mil pessoas na época.
Ao voltarroletabetPalau, os marinheiros entregavam o dinheiroroletabetpedra aos chefes das diferentes aldeias, que se reuniam para dar as boas-vindas aos navegantes e às rochas. Os líderes das tribos ficavam com as maiores, alémroletabetdois quintos das menores.
Eles também davam nomes às pedras - muitas vezes seu próprio nome ouroletabetparentes. E confirmavam a autenticidade das mesmas, conferindo às peças um valor baseadoroletabetum sistema monetário ainda mais antigo: yar (dinheiroroletabetconcharoletabetpérola). Depois disso, poderiam entrarroletabetcirculação e ser compradas por qualquer pessoa.
"O chefe da aldeia pode dizer ok, 50 conchas por cada moedaroletabetpedra. Se eu tiver a quantia, faço o negócio e passo a ser o dono", explica Edmund Pasan, construtorroletabetcanoas na provínciaroletabetMaap, no norte da ilha.
Hoje, o dinheiroroletabetconcha foi substituído pelo dólar americano, que é usado no dia a dia - por exemplo, nas comprasroletabetsupermercado. Mas a moedaroletabetpedra continua sendo vital para os 11 mil habitantesroletabetYap,roletabetnegociações mais conceituais, que envolvam direitos ou costumes.
Falmed conta queroletabetfamília só usou o dinheiroroletabetpedraroletabetduas ocasiões - e uma delas foi como um pedidoroletabetdesculpas.
"Utilizamos para um dos meus irmãos, que criou problemas para outra família", relembra Falmed com remorso.
O casamento do irmão não tinha dado certo.
"Oferecemos a um dos chefes da aldeia eroletabetfilha uma moedaroletabetpedra como pedido desculpa, e eles aceitaram. Quando se trataroletabetuma classe alta, você tem que usar dinheiroroletabetpedra."
O valor da rocha sempre foi fluido, desafiando o conceito ocidentalroletabetque o valor da moeda é fixo e pré-determinado. As pedras são valorizadas pelo tamanho - variamroletabet7cm a 3,6mroletabetdiâmetro -, assim como pelos ornamentos e pela dificuldade que a família teve para obtê-la. Também dependeroletabetpara quem você a oferece e do motivo.
Além disso, os yapeses levamroletabetconta a história oral da pedra, já que não há registro por escritoroletabetpropriedade. Como as famílias raramente mudamroletabetaldeia, os anciãos dos cercaroletabet150 vilarejos da ilha passam adiante informações sobre cada peça. As pedras acabam funcionam como um memorial do passado e ajudam a reforçar relacionamentos e negócios que datam do temporoletabetque havia guerreiros e clãs. Em alguns casos, as rochas apresentam gravuras que simbolizam batalhasroletabetmaisroletabet200 anos.
AcompanhadoroletabetFalmed, finalmente cheguei ao bancoroletabetpedrasroletabetMangyol, após uma viagemroletabet40 minutosroletabetColônia. Havia uma dúziaroletabetmoedasroletabetrocha,roletabettamanhos variados, alinhadasroletabetfrente a um p'ebay, estrutura aberta no centro da vila, onde a comunidade se reúne para fazer negócios, celebrações e, às vezes, dar aulas.
Falmed explicou que as pedras rai são colocadasroletabetlugares específicos,roletabetacordo com suas conexões secretas, relações com a aldeia, históriasroletabetcasamento, conflitos e pedidosroletabetdesculpa - que as fizeram mudarroletabetdono ao longo dos séculos. São as narrativas que apenas os aldeões locais conhecem que determinam qualroletabetfato é a mais valiosa.
Não há necessidaderoletabetse produzir mais dinheiroroletabetpedra, uma vez que a ilha tem basicamente um número permanenteroletabetcirculação, e poucas peças são transportadas. Mesmo as que estão quebradas conservamroletabethistória oral, o que confere a elas mais valor do que uma nova.
De temposroletabettempos, no entanto, novas moedas são confeccionadas, com o simples intuitoroletabetgarantir que as habilidades das gerações passadas não sejam esquecidas.
Mas se as pedras são tão valiosas e acessíveis, me pergunto o que impediria alguémroletabetesculpir suas próprias moedas, ou simplesmente roubar uma delas?
"A maioria das questões éroletabetconhecimentoroletabettodos, os segredos entre os nativos são raros. Assim, o rouboroletabetrai é relativamente desconhecido", escreve Cora Lee C Gilliland, do Instituto Smithsoniano, nos EUA, no artigo The Stone Money of Yap ("O dinheiroroletabetpedraroletabetYap",roletabettradução livre).
Não que alguns já não tenham tentado.
"Tentaram fazer isso,roletabetYap, e caíram na gargalhada porque não conseguiram", disse Pasan, com uma risada.
"Então fizeram isso com as pedrasroletabetGuam, mas não são tão fortes e o acesso é mais difícil - é muito mais fácil extrair da pedreiraroletabetPalau", completou.
As ilhas vizinhas a Yap - Guam, Palau e Chuuk - são fortemente influenciadas pela colonização europeia e americana. E todas ostentam as cicatrizes visíveis da Segunda Guerra Mundial. Guam continua a ser território dos EUA, que mantêm uma base militar estratégica na ilha. Já as Ilhas Chuuk abrigam cercaroletabet60 naufrágios, resultado da devastadora Operação Hailstone,roletabet1944.
Yap, porroletabetvez, escapou dos bombardeios americanos, quando a ocupação japonesa do início do século 20 chegou ao fim. A solidez e longevidade da pedra rai parecem representar a resistência da autenticidade da cultura yapese ao longo dos séculos.
"Na cultura yapese, se algo (importante) está acontecendo, e não há nada mais adequado para usar, então você usa dinheiroroletabetpedra", diz Falmed, que presenteou o filho com uma moedaroletabetpedra no aniversárioroletabetum ano, conforme o costume local.
"Quando minha namorada engravidou, viemos do Havaí (para cá)", recorda-se. "No primeiro aniversárioroletabetum bebê, se o clã forroletabetclasse alta e tiver algum dinheiroroletabetpedra, vai cortar uma galinha e pingar o sangue na cabeça da criança para marcar o momento. É um presente, e muitas pessoas participam (da cerimônia)."
O filhoroletabetFalmed tem 12 anos agora e mora no Havaí. Mas a pedra dele está na casa da família,roletabetYap. E mesmo sem um certificado por escrito, todo mundo sabe a quem ela pertence.
- roletabet Leia a versão original desta reportagem roletabet (em inglês) no site BBC Travel roletabet .