As bombas nucleares perdidas que ninguém consegue encontrar:playbonds cassino

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Legenda da foto, Quando foi recuperada uma bomba perdidaplaybonds cassinoPalomares, na região espanhola da Andaluzia, uma equipeplaybonds cassinoespecialistas precisou descobrir como desativá-la

Em questãoplaybonds cassinosegundos, a pacata e idílica comunidade rural foi atingida. Casas balançaram. Estilhaços cobriram o chão. Partesplaybonds cassinoestruturas desabaram.

Algumas semanas depois, Philip Meyers recebeu uma mensagem por telex - uma espécieplaybonds cassinomáquinaplaybonds cassinoescrever elétrica que podia enviar e receber mensagens, antecessora do fax. Na época, ele trabalhava como especialistaplaybonds cassinodesativaçãoplaybonds cassinobombas da Unidade Aeronavalplaybonds cassinoSigonella, no leste da Sicília (Itália).

Ele foi informado sobre uma emergência ultrassecreta na Espanha e que deveria seguir para láplaybonds cassinoquestãoplaybonds cassinodias.

Mas a missão não foi tão confidencial como os militares esperavam. "Não fiquei surpresoplaybonds cassinoser chamado", relembra Meyers. Até a população já sabia o que estava acontecendo.

Ele foi a um jantar naquela noite e anunciouplaybonds cassinomisteriosa viagem — e a esperada confidencialidade virou uma espécieplaybonds cassinobrincadeira. "Foi meio embaraçoso", ele conta. "Deveria ser um segredo, mas meus amigos me contaram por que eu estava viajando."

Por semanas, jornaisplaybonds cassinotodo o mundo noticiaram rumoresplaybonds cassinoum terrível acidente — dois aviões militares americanos haviam colididoplaybonds cassinopleno ar, liberando quatro bombas termonucleares B28playbonds cassinoPalomares.

Três dessas bombas foram rapidamente recuperadasplaybonds cassinoterra, mas uma delas desapareceu nas ondas a sudeste e se perdeu no fundo daquela faixa azul do mar Mediterrâneo.

Agora a busca era para encontrá-la — junto com aplaybonds cassinoogiva com poder explosivo equivalente a 1,1 milhãoplaybonds cassinotoneladasplaybonds cassinoTNT.

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Legenda da foto, As bombas perdidasplaybonds cassinoPalomares espalharam 3,2 kgplaybonds cassinoplutônio na natureza

Número desconhecido

Na verdade, o incidenteplaybonds cassinoPalomares não foi o único que causou a perdaplaybonds cassinoarmas nucleares. Houve pelo menos 32 acidentes conhecidos como "flechas partidas", envolvendo essas armasplaybonds cassinodestruição arrasadoras, desde 1950.

Em muitos casos, as armas foram lançadas por engano ou ejetadasplaybonds cassinosituaçõesplaybonds cassinoemergência, tendo sido recuperadas posteriormente. Mas três bombas americanas foram completamente perdidas — elas estão por aí até hoje, escondidasplaybonds cassinopântanos, campos e oceanos pelo planeta.

"Nós sabemos principalmente sobre os casos americanos", afirma Jeffrey Lewis, diretor do Programaplaybonds cassinoNão Proliferação do Leste Asiático do Centro James Martinplaybonds cassinoEstudosplaybonds cassinoNão Proliferação na Califórnia, nos Estados Unidos. Ele explica que a lista completa só ficou conhecida quando um resumo preparado pelo Departamentoplaybonds cassinoDefesa dos Estados Unidos veio a público nos anos 1980.

Muitos desses casos ocorreram durante a Guerra Fria, quando os Estados Unidos tentavam se equilibrar frente ao precipício da Destruição Mútua Assegurada (MAD, na siglaplaybonds cassinoinglês) com a União Soviética. Para isso, entre 1960 e 1968, eles mantinham no céu aviões equipados com armas nucleares a todo momento, na chamada Operação Chrome Dome.

"Não sabemos muito sobre os outros países. Nós realmente não sabemos nada sobre o Reino Unido, a França, a Rússia ou a China", afirma Lewis. "Por isso, acho que estamos longeplaybonds cassinoter as informações completas."

O passado nuclear da União Soviética é particularmente obscuro. Em 1986, o país havia acumulado um estoqueplaybonds cassino45 mil armas nucleares. Sabe-seplaybonds cassinocasosplaybonds cassinoque a URSS perdeu bombas nucleares que nunca foram recuperadas — mas, ao contrário dos incidentes americanos, todos eles ocorreramplaybonds cassinosubmarinos e suas localizações são conhecidas, ainda que sejam inacessíveis.

Um desses casos ocorreuplaybonds cassino8playbonds cassinoabrilplaybonds cassino1970, quando um incêndio começou a espalhar-se pelo sistemaplaybonds cassinoar-condicionadoplaybonds cassinoum submarino nuclear K-8 soviético enquanto mergulhava na baíaplaybonds cassinoBiscaia, uma traiçoeira faixaplaybonds cassinoágua no nordeste do Oceano Atlântico, junto ao litoral da Espanha e da França, conhecida pelas suas violentas tempestades e muitos naufrágios.

O submarino carregava quatro torpedos nucleares a bordo. Ele afundou rapidamente, levando juntoplaybonds cassinocarga radioativa.

Mas essas embarcações perdidas nem sempre ficaram no local do naufrágio. Em 1974, um submarino K-129 soviético afundou misteriosamente no Oceano Pacífico, levando três mísseis nucleares.

Os Estados Unidos logo descobriram e decidiram montar uma tentativa secretaplaybonds cassinorecuperar esse "presente" nuclear, "o que, por si só, já era realmente uma história bem maluca", segundo Lewis.

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Legenda da foto, Hojeplaybonds cassinodia, as defesas nucleares dos Estados Unidos consistemplaybonds cassinomísseis balísticos intercontinentaisplaybonds cassinoterra (ICBMs, na siglaplaybonds cassinoinglês), aviões bombardeiros e mísseis balísticos submarinos (SSBNs)

O excêntrico bilionário americano Howard Hughes, famoso por seu amplo lequeplaybonds cassinoatividades (incluindo como piloto e diretorplaybonds cassinocinema), fingiu estar interessadoplaybonds cassinomineraçãoplaybonds cassinoáguas profundas.

"Mas, na verdade, não se tratavaplaybonds cassinomineraçãoplaybonds cassinoáguas profundas. Era um esforço para construir uma garra gigante que pudesse descer até o leito do oceano, pegar o submarino e trazê-loplaybonds cassinovolta para cima", afirma Lewis. Era o Projeto Açoriano, que não funcionou. O submarino se partiu enquanto estava sendo erguido.

"E essas armas nucleares teriam caídoplaybonds cassinovolta no leito do oceano", explica Lewis. As armas permanecem lá até hoje, presas no seu túmulo enferrujado. Ou pelo menos algumas pessoas acreditam que as armas ainda estejam lá — outros acham que elas foram recuperadasplaybonds cassinoalgum momento.

De vezplaybonds cassinoquando, surgem notíciasplaybonds cassinoque foi encontrada alguma bomba nuclear perdida pelos Estados Unidos. Em 1998, um militar aposentado eplaybonds cassinoesposa foram acometidosplaybonds cassinouma súbita determinaçãoplaybonds cassinodescobrir uma bomba lançada perto da ilhaplaybonds cassinoTybee, na Geórgia (Estados Unidos),playbonds cassino1958.

Eles entrevistaram o piloto que havia perdido a bomba 40 anos antes e as pessoas que haviam procurado pelo artefato na época — e restringiram as buscas para Wassaw Sound, uma baía próxima no Oceano Atlântico.

A dupla aventureira passou anos vasculhando a regiãoplaybonds cassinobarco, levando um contador Geiger para detectar qualquer picoplaybonds cassinoradiação revelador.

Até que, um dia, no ponto exato que o piloto havia descrito, eles encontraram um trecho com níveisplaybonds cassinoradiação 10 vezes maiores que nas áreas vizinhas. E o governo rapidamente despachou uma equipe para investigar.

Mas, infelizmente, não era a bomba nuclear. A anomalia era causada por uma fonteplaybonds cassinoradiação natural, provenienteplaybonds cassinominérios no leito do oceano.

Por isso, até hoje, as três bombasplaybonds cassinohidrogênio americanas perdidas — além de, pelo menos, uma sérieplaybonds cassinotorpedos soviéticos — permanecem no oceano, preservadas como monumentos aos riscos da guerra nuclear, emboraplaybonds cassinogrande parte esquecidas.

Por que ainda não encontramos todas essas armas traiçoeiras? Existe o riscoplaybonds cassinoque elas possam explodir? E será que, algum dia, nós conseguiremos resgatá-las?

Objetivos encobertos

Quando Meyers finalmente chegou a Palomaresplaybonds cassino1966, as autoridades ainda procuravam a bomba nuclear perdida.

Todas as noites,playbonds cassinoequipe dormiaplaybonds cassinotendas na aldeia, com tempo úmido e frio congelante. "Parecia um inverno inglês", ele conta. Durante o dia, eles trabalhavam muito pouco — o segredo era esperar.

"É um padrão militar, 'apresse-se e espere'", afirma Meyers. "Precisamos correr para lá e não fizemos nada por duas semanas. Até que a exploração submarina ficou muito avançada."

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Legenda da foto, O submersível Alvin quase foi arrastado para as profundezas quando deixou cair a bombaplaybonds cassinoPalomares

A equipeplaybonds cassinobusca contou com o auxílioplaybonds cassinoduas invenções geniais.

A primeira foi um obscuro teorema do século 18, inventado por Thomas Bayes, um pastor presbiteriano que também era matemático amador e ajudava as pessoas a usar informações sobre fatos ocorridos no passado para calcular a probabilidadeplaybonds cassinoque eles acontecessemplaybonds cassinonovo.

A equipe usou a técnica conhecida como "inferência bayesiana" para decidir onde buscar a bomba, procurando da forma mais eficiente possível e maximizando suas chancesplaybonds cassinoencontrá-la.

A segunda invenção foi Alvin, um submarinoplaybonds cassinoáguas profundasplaybonds cassinoalta tecnologia, capazplaybonds cassinomergulhar até profundidades sem precedentes na época. Como um tubarão branco rechonchudo, todos os dias ele descia até as profundas águas azuis do Mediterrâneo com uma equipe humana dentro dele, para uma caçada visual.

Até que, no dia 1ºplaybonds cassinomarçoplaybonds cassino1966, o pequeno submarino finalmente avistou algo: um rastro deixado pela bomba quando ela atingiu o leito do oceano.

Imagens posteriores revelaram uma cena misteriosa: a ponta arredondada da ogiva nuclear perdida, coberta por um manto fantasmagórico — o seu paraquedas branco, que havia se aberto parcialmente durante a queda, enrolando-se com aplaybonds cassinopreciosa carga. De alguma forma, o tubo metálico mortal acabou parecido com uma pessoa vestida com um lençol para o Halloween.

Mas a luta não havia terminado. Agora, o trabalhoplaybonds cassinoMeyers era descobrir como tirar aquela bomba do leito do oceano, a 869 metrosplaybonds cassinoprofundidade.

Eles improvisaram uma espécieplaybonds cassinolinhaplaybonds cassinopesca com algumas centenasplaybonds cassinometrosplaybonds cassinofioplaybonds cassinonylon resistente e um gancho metálico. A ideia era travar o dispositivo e puxá-lo até que ficasse a uma distância suficiente da superfície para que um mergulhador pudesse descer e prendê-lo com mais cuidado.

"Este era o plano. Não funcionou", relembra Meyers. "Tudo foi feitoplaybonds cassinoforma muito planejada, com cuidado e lentamente. E apenas ficamos esperando... estávamos ansiosos, querendo ver o que faríamos depois, quando ela subisse."

Eles conseguiram enganchar a bomba nuclear e começaram a içá-la para fora da água. Eles haviam erguido a bomba do fundo quando ocorreu o desastre.

O paraquedas, despertado do seu sono sobre o leito do oceano, subitamente começou a fazer o que sabia fazer melhor — reduzir a velocidade daplaybonds cassinocarga, dificultando a movimentação.

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Legenda da foto, Acredita-se que a bomba perdida ao lado do navio USS Ticonderoga esteja a 80 km do litoralplaybonds cassinoOkinawa, no Japão

"Você sabia que o paraquedas funciona na água tão bem quanto no ar?", relembra Meyers. Em dado momento, o paraquedas estava puxando a corda e o gancho com tanta força que simplesmente a linha se rompeu, mandando a bomba nuclear lentamenteplaybonds cassinovolta para o fundo do mar.

E, desta vez, ela caiuplaybonds cassinoum ponto ainda mais profundo do que antes. O pequeno Alvin, complaybonds cassinoequipe humana, conseguiu apenas evitar que fosse enroscado e acabasse no fundo com a bomba.

Meyers ficou arrasado. "Foi uma enorme decepção", ele conta. Com a bomba agora menos acessível do que antes,playbonds cassinocorda improvisada não teria comprimento suficiente para pegá-la,playbonds cassinoforma que a tarefa foi transferida para outra equipe,playbonds cassinooutro barco.

Um mês depois, eles usaram um tipo diferenteplaybonds cassinosubmarino robótico — um veículo subaquático controlado à distância — para pegar a bomba diretamente pelo paraquedas e erguê-la.

A bomba havia se movido no seu invólucro e não podia ser desarmada da forma habitual, por uma porta especial na lateral. A equipe precisou cortar a bomba nuclear, o que foi assustador.

"Era uma enorme tensão perfurar um buracoplaybonds cassinouma bombaplaybonds cassinohidrogênio", segundo Meyers. "Mas eles fizeram. Eles estavam preparados para aquilo."

Mistério na lama

Infelizmente, as três bombas que ainda estão perdidas não tiveram os mesmos esforçosplaybonds cassinorecuperação. Mas acredita-se que o riscoplaybonds cassinoque elas causem uma explosão nuclear seja baixo.

Para entender o motivo, é preciso examinar como funcionam as bombas nucleares.

Em setembroplaybonds cassino1905, Albert Einstein pegou a caneta e escreveu, sobre as páginas do seu estudo científico, uma ideia que se tornaria a equação mais famosa do mundo: E = mc2 — ou seja, a energia é igual à massaplaybonds cassinoum objeto multiplicada pela velocidade da luz ao quadrado.

Isso significa que cada átomo que compõe o mundo pode ser substituído por energia e vice-versa. E, se você descobrir como fazer, a energia liberada é muito explosiva — é o que alimenta o Sol.

Trinta e quatro anos mais tarde, Einstein escreveu para o presidente dos Estados Unidos, Franklin Roosevelt, para alertá-lo que os nazistas estavam trabalhando para transformar essa teoriaplaybonds cassinouma arma — e o resto é história. Foi rapidamente formado o Projeto Manhattan e,playbonds cassino1945, os Estados Unidos lançaramplaybonds cassinoprimeira bomba nuclear.

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Legenda da foto, A explosão nuclear submarina no atolplaybonds cassinoBikini, no Oceano Pacífico, resultouplaybonds cassinoum cogumeloplaybonds cassinoágua e resíduos radioativos

As bombas lançadas sobre as cidades japonesasplaybonds cassinoHiroshima e Nagasaki, no Japão, foram do tipo atômico original. Átomosplaybonds cassinoelementos radioativos foram esmagados uns contra os outros, para causarplaybonds cassinodivisão e criar elementos diferentes.

Essa reaçãoplaybonds cassino"fissão" libera muita energia, fazendo com que outros átomos se dividam até que você tenha uma reação massiva e descontrolada. Na primeira vezplaybonds cassinoque ela foi testada, os cientistas não tinham certeza se a reação acabaria — eles consideraram a possibilidade realplaybonds cassinoque o mundo poderia ser destruído.

Para atingir a fissão nuclear, as bombas atômicas normalmente envolviam um mecanismo similar a uma arma que disparava uma "bola" ocaplaybonds cassinoátomos radioativos, como urânio-235, sobre ainda mais urânio-235, ou usavam explosivos convencionais para comprimir átomosplaybonds cassinoplutônio-239, até que eles começassem a dividir-se.

Em Hiroshima e Nagasaki, essas primeiras armas arrasaram a terra por quilômetros, matando centenasplaybonds cassinomilharesplaybonds cassinopessoas. Algumas delas foram vaporizadas na zonaplaybonds cassinoimpacto, enquanto outras morreram devido a queimaduras causadas pela radiação ou doenças nos dias, meses e anos que se seguiram.

A geração seguinteplaybonds cassinobombas — o tipo usado nos anos 1950 e 1960, quando ocorreu o extravio da maioria das bombas nucleares perdidas do mundo — era milharesplaybonds cassinovezes mais potente. Eram bombas termonucleares, ou bombasplaybonds cassinohidrogênio, que envolviam uma segunda reação nuclear.

Primeiro havia a etapa comumplaybonds cassinofissão, como ocorre com as bombas atômicas, para liberar quantidades impressionantesplaybonds cassinoenergia. Isso causa a igniçãoplaybonds cassinoum segundo núcleo, que contém isótoposplaybonds cassinohidrogênio — deutério (hidrogênio pesado) e trítio (hidrogênio radioativo) — que se esmagam e liberam ainda mais energia quando entramplaybonds cassinofusão para formar hélio e um nêutron livre.

Esse sistema trouxe a possibilidadeplaybonds cassinouma sérieplaybonds cassinodispositivosplaybonds cassinosegurança. Um exemplo é a bomba perdida na ilhaplaybonds cassinoTybee, que ainda se encontraplaybonds cassinoalgum lugar no lodoplaybonds cassinoWassaw Sound.

Em 5playbonds cassinofevereiroplaybonds cassino1958, essa bomba termonuclear Mark 5playbonds cassino3.400 kg foi carregadaplaybonds cassinoum bombardeiro B-47, que iria reunir-se com outro B-47playbonds cassinouma longa missãoplaybonds cassinotreinamento. A ideia era simular um ataque à União Soviética, substituindo Moscou pela cidade americanaplaybonds cassinoRadford, na Virgínia.

Os pilotos decolaram da Flórida e cruzaram os céus até o seu destino, para testarplaybonds cassinocapacidadeplaybonds cassinovoar com as armas pesadas a bordo por horas a fio.

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Legenda da foto, Se estiver intacta, complaybonds cassinocápsula nuclear inserida, a bomba escondida perto da ilhaplaybonds cassinoTybee pode ter um potencial explosivo equivalente a até 1,7 megatonsplaybonds cassinoTNT

Tudo corria bem até que, na volta para a base, os aviões encontraram outra missãoplaybonds cassinotreinamento na Carolina do Sul. O plano daquele grupo era interceptar um dos B-47s. Mas houve um engano e eles não localizaram o segundo avião, que estava carregando a bomba nuclear. E, na colisão que se seguiu, o B-47 que carregava a bomba nuclear foi atingido.

O piloto decidiu lançar a bomba nuclear na água e fazer um pousoplaybonds cassinoemergência. A bomba caiu a 9.144 metrosplaybonds cassinoprofundidade, nas águas do litoral da ilhaplaybonds cassinoTybee — e mesmo esse impacto não a detonou.

De fato, é surpreendente que nenhum dos 32 acidentes com as "flechas partidas" tenha chegado a causar a detonaçãoplaybonds cassinocomponentes nucleares. Apenas dois deles contaminaram uma ampla área com material radioativo.

Um possível fator para esses desfechosplaybonds cassinosorte é o sistema que mantém o material nuclear necessário para a reaçãoplaybonds cassinofissão separado da arma propriamente dita.

A cápsula ou "ponta" — que, neste caso, consistiaplaybonds cassinoplutônio — podia ser acrescentada à arma no último minuto, quando fosse necessária. Isso significa que, mesmo se os explosivos convencionais da arma fossem detonados ainda a bordo, o material radioativo não ficaria quente o suficiente para dividir os átomos do material.

Lewis também indica que, apesar do longo trajeto da bombaplaybonds cassinoTybee do céu até o oceano, o mar teria amortecido o choque. É a mesma razão pela qual as cápsulas espaciais normalmente pousam na água e nãoplaybonds cassinoterra.

As bombas mais recentes também incluíram funções como a "segurançaplaybonds cassinouma etapa" — uma formaplaybonds cassinogarantir que os dispositivos nucleares não fossem detonados sem aplaybonds cassinoativação. Nessas armas, os explosivos convencionais da bomba podem ser disparados, mas eles não detonam o material radioativo porque ele é extraído antesplaybonds cassinopoder ser comprimido.

"Se o explosivo for disparado, você quer que ele saiaplaybonds cassinoforma irregular, se não for o seu objetivo (a detonação) — você quer que o plutônio meio que seja esguichado para fora", explica Lewis.

Quando isso acontece, é altamente necessário ter várias funçõesplaybonds cassinosegurança — principalmente porque elas nem sempre funcionam. Houve um caso,playbonds cassino1961,playbonds cassinoque um B-52 se partiu enquanto voava sobre Goldsboro, na Carolina do Norte (Estados Unidos), deixando cair duas armas nucleares no solo.

Uma delas sofreu relativamente poucos danos porque seu paraquedas se abriu com sucesso, mas um exame posterior revelou que três das suas quatro proteções haviam falhado.

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Legenda da foto, A bombaplaybonds cassinoPalomares acabou sendo recuperada diretamente por um submarino robótico

Em um documentoplaybonds cassino1963 que veio a público posteriormente, o então secretárioplaybonds cassinoDefesa dos Estados Unidos resumiu o incidente como um casoplaybonds cassinoque, "pela menor margemplaybonds cassinoerro, literalmente a falhaplaybonds cassinocontato entre dois fios, evitou-se uma explosão nuclear".

A outra bomba nuclear caiu livre no chão, onde se partiu e acabou enterradaplaybonds cassinoum campo. A maioria das partes foi recuperada, mas uma delas, contendo urânio, permanece presa a maisplaybonds cassino15 mplaybonds cassinoprofundidade na lama. A Força Aérea americana comprou a terra ao seu redor para impedir que as pessoas cavassem no local.

Alguns incidentes são tão desconcertantes que quase parecem ter sido inventados. Talvez um dos eventos mais extraordinários tenha ocorrido quando um exercícioplaybonds cassinotreinamento no navio USS Ticonderoga teve um péssimo desfechoplaybonds cassino1965.

Um avião Skyhawk A4E, carregado com uma bomba nuclear B-43, estava sendo levado para um elevadorplaybonds cassinoaviões quando ocorreu um desastreplaybonds cassinocâmera lenta. A tripulação no convés percebeu rapidamente que o avião iria cair e acenou para que o piloto acionasse os freios.

Mas ele tragicamente não viu os acenos e o avião, a arma e o jovem tenente afundaram no mar das Filipinas. Eles estão lá até hoje, a 4.900 metrosplaybonds cassinoprofundidade, perto do Japão.

Quadro confuso

Depoisplaybonds cassinocercaplaybonds cassino10 semanasplaybonds cassinobuscas, a bomba da ilhaplaybonds cassinoTybee foi declarada irrecuperavelmente perdida no dia 16playbonds cassinoabrilplaybonds cassino1958.

Segundo uma nota redigida pelo piloto que a lançou, a arma não continha a cápsula, que não foi acrescentada antes do exercícioplaybonds cassinotreinamento. Mas algumas pessoas receiam que esta informação possa ser incorreta.

Em 1966, o então assistente do secretárioplaybonds cassinoDefesa escreveu uma carta descrevendo a bomba como "completa", ou seja, com o seu núcleoplaybonds cassinoplutônio. Se isso for verdade, ela ainda pode ser capazplaybonds cassinocausar uma explosão termonuclear.

Acredita-se que a bomba hoje esteja assentada sob 1,5 a 4,6 metrosplaybonds cassinolodo sobre o leito do oceano. Em um relatório final sobre a arma, publicadoplaybonds cassino2001, a Agênciaplaybonds cassinoNão Proliferação e Armas Nucleares da Força Aérea dos Estados Unidos concluiu que, se os explosivos convencionais ainda estiverem intactos, ela pode representar um "sério riscoplaybonds cassinoexplosão" para as pessoas e para o meio ambiente — e, portanto, é melhor não mexer nela, nem mesmo para tentar recuperá-la.

Mas uma bomba nuclear pode explodir debaixo d'água?

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Legenda da foto, Os navios afundados durante o teste no atolplaybonds cassinoBikini agora são paraísos da vida marinha

Sim, pode! Em 25playbonds cassinojulhoplaybonds cassino1946, os Estados Unidos detonaram uma bomba atômica no atolplaybonds cassinoBikini — um arquipélago paradisíaco rodeado por recifesplaybonds cassinocoral azul-turquesa e pelo azul profundo do Oceano Pacífico.

O dispositivo ficou suspenso a 27 metros abaixoplaybonds cassinoum conjuntoplaybonds cassinonavios cheiosplaybonds cassinoporcos e ratos e foi detonado. Diversos navios afundaram instantaneamente e a grande maioria dos animais morreu, seja com a explosão inicial ou posteriormente, envenenados pela radiação.

Uma imagem marcante daquele dia mostra a enorme nuvem brancaplaybonds cassinoformaplaybonds cassinocogumelo elevando-se como uma formação meteorológicaplaybonds cassinooutro planeta,playbonds cassinofrente a uma praia cheiaplaybonds cassinopalmeiras.

Como resultado deste eplaybonds cassinooutros testes, o arquipélago ficou tão radioativo que seu plâncton brilhava sobre placas fotográficas. E ele ainda está contaminado até hoje — as pessoas que viviam ali nunca mais puderam retornar, mesmo que o arquipélago tenha se tornado um oásis da vida selvagem, como Chernobyl, na Ucrânia.

Prejuízo permanente

Lewis acredita que é improvável que encontremos as três bombas nucleares que faltam. Isso se deve,playbonds cassinoparte, às mesmas razões pelas quais elas não foram encontradas na época do seu desaparecimento.

Um dos motivos é porque elas normalmente são localizadas por meioplaybonds cassinobusca visual, o que é extremamente difícil.

Quando os aviões caem no oceano, a caixa preta normalmente é encontrada dias ou semanas depois pelas pessoas que tentam descobrir o que aconteceu. Isso pode dar a impressãoplaybonds cassinoque é fácil encontrar objetos nessas amplas áreas marítimas com tecnologia moderna.

Mas as caixas pretas têm um segredo que ajuda neste processo, um "farolplaybonds cassinolocalização subaquático", que orienta as equipesplaybonds cassinobusca rumo a elas com um pulso eletrônico continuamente repetido.

Já as armas nucleares perdidas não têm esse equipamento. Por isso, as equipes precisam restringir uma áreaplaybonds cassinobusca e rastrear pouco a pouco o oceano — um processo tedioso e ineficiente, que exige submarinos ou mergulhadores humanos.

Uma alternativa seria buscar picosplaybonds cassinoradiação, como fez o militar aposentado Derek Duke naplaybonds cassinopesquisa pela bombaplaybonds cassinoTybee. Mas isso também é extremamente complicado —playbonds cassinoparte, porque as bombas nucleares, na verdade, não são particularmente radioativas.

"Elas são projetadas para que não sejam uma ameaça radioativa para as pessoas que as manuseiam", afirma Lewis. "Por isso, elas têm uma assinatura radioativa, mas não é muito significativa. Você precisa estar razoavelmente próximo."

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Legenda da foto, O submarino nuclear USS Scorpion, que afundou com dois torpedos Mark 45, ficou debaixo d'água por 54 anos

Em 1989, outro submarino nuclear soviético, o Komsomolets K-278, afundou no marplaybonds cassinoBarents, perto do litoral da Noruega.

Como o K-8, ele também era movido a energia nuclear e estava carregando dois torpedos nucleares. Por décadas, seu convés ficou a 1,7 kmplaybonds cassinoprofundidade nas águas do Ártico.

Até que,playbonds cassino2019, cientistas visitaram a embarcação — e descobriram que amostrasplaybonds cassinoágua retiradas do seu canoplaybonds cassinoventilação apresentavam níveisplaybonds cassinoradiação até 100 mil vezes mais altos que o normal na água do mar.

Mas isso é incomum. Acredita-se que elementos radioativos do seu reator nuclear (e não dos torpedos) estejam vazando por essa ventilação, talvez devido a uma ruptura no momento do acidente. A apenas meio metroplaybonds cassinodistância do cano, os isótopos eram tão diluídos que os níveisplaybonds cassinoradiação eram normais.

Para Lewis, a fascinação com armas nucleares perdidas não são os riscos potenciais que elas oferecem agora, mas sim o que elas representam: a fragilidade dos nossos sistemas aparentemente sofisticadosplaybonds cassinomanuseio com segurançaplaybonds cassinoinvenções perigosas.

"Acho que temos essa fantasiaplaybonds cassinoque as pessoas que lidam com armas nucleares,playbonds cassinoalguma forma, são diferentesplaybonds cassinotodos os outros tiposplaybonds cassinopessoas que conhecemos, cometem menos erros ou são mais inteligentesplaybonds cassinoalguma forma", afirma Lewis. "Mas a realidade é que as organizações que temos para lidar com armas nucleares são como qualquer outro tipoplaybonds cassinoorganização humana. Elas cometem erros. Elas são imperfeitas."

Mesmoplaybonds cassinoPalomares, onde todas as bombas nucleares que caíram acabaram sendo recuperadas, a terra ainda está contaminada com radiaçãoplaybonds cassinodois artefatos que foram detonados com explosivos convencionais.

Alguns dos militares americanos que ajudaram nos esforçosplaybonds cassinolimpeza iniciais (incluindo a escavação da superfície do solo para colocaçãoplaybonds cassinobarris) desenvolveram misteriosos tiposplaybonds cassinocâncer que se acredita estarem relacionados com aquela atividade.

Em 2020, diversos sobreviventes entraram com uma ação conjunta contra a Secretariaplaybonds cassinoAssuntos dos Veteranos dos Estados Unidos, embora muitos dos requerentes estejam atualmente na casa dos 70 ou 80 anosplaybonds cassinoidade.

Enquanto isso, a comunidade local vem defendendo uma limpeza mais completa há décadas. Palomares foi apelidadaplaybonds cassino"a cidade mais radioativa da Europa" e ambientalistas locais atualmente protestam contra os planosplaybonds cassinouma companhia britânicaplaybonds cassinoconstruir um resortplaybonds cassinoférias na região.

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Legenda da foto, A bomba perdidaplaybonds cassinoPalomares havia se movido no seu invólucro e era perigoso desativá-la

Lewis acredita que perdas como as que ocorreram durante a Guerra Fria provavelmente não acontecerão novamente, principalmente porque a operação Chrome Dome terminouplaybonds cassino1968 e os aviões não voam mais carregando bombas nucleares durante exercícios regularesplaybonds cassinotreinamento.

"Os alertas aéreos terminaram por razões que devem ser óbvias para nós", afirma ele. "Por fim, decidiu-se que era perigoso demais."

A exceção deste progresso, é claro, são os submarinos nucleares. E, até hoje, por pouco não há acidentes. Os Estados Unidos têm atualmente 14 submarinos com mísseis balísticos (SSBNs, na siglaplaybonds cassinoinglês)playbonds cassinooperação. A França e o Reino Unido têm quatro cada um.

Para funcionar como dissuasão nuclear, esses submarinos precisam permanecer sem serem detectados durante as operações no mar, o que significa que eles não podem enviar sinais para a superfície para que se descubra onde eles estão.

Os submarinos desse tipo precisam navegar principalmente por inércia — essencialmente, a tripulação dependeplaybonds cassinomáquinas equipadas com giroscópios para calcular onde está o submarino a qualquer dado momento com base naplaybonds cassinoúltima posição, para qual direção ele se movimentava e a rapidez com que ele viajava.

Este sistema potencialmente impreciso resultouplaybonds cassinouma sérieplaybonds cassinoincidentes, incluindo um SSBN britânico que quase colidiu com uma balsaplaybonds cassino2018.

Por isso, é possível que a era das armas nucleares perdidas ainda não tenha acabado.

* Zaria Gorvett é jornalista sênior da BBC Future. Sua conta no Twitter é @ZariaGorvett.

- -Este texto foi publicadoplaybonds cassinohttp://vesser.net/vert-fut-62476752

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