A surpreendente inteligência dos corvos:esporte da sorte 2

A inteligência dos corvos pode ser mais avançada do que se pensava

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Legenda da foto, A inteligência dos corvos pode ser mais avançada do que se pensava

Só que Betty não era tão especial quanto se pensava. Muitos anos depois, pesquisas mostraram que os corvos da Nova Caledônia são inventoresesporte da sorte 2ferramentas natos. Na natureza, eles fazem isso o tempo todo.

Os cientistas ficaram inicialmente surpresos com o comportamentoesporte da sorte 2Betty, porque parecia que ela tinha criado o design daesporte da sorte 2ferramentaesporte da sorte 2improviso, como um engenheiro que inventa uma máquina nova.

Na realidade, os corvos da Nova Caledônia evoluíram até serem capazesesporte da sorte 2fazer ferramentasesporte da sorte 2formaesporte da sorte 2ganchos a partiresporte da sorte 2galhos macios, como parteesporte da sorte 2sua atividade habitual para buscar comida. Foi mais uma expressão daesporte da sorte 2natureza do que um momentoesporte da sorte 2genialidade.

"Não quero menosprezar suas habilidades cognitivas", diz Christian Rutz, da Universidadeesporte da sorte 2St. Andrews, no Reino Unido. "No mínimo, isso nos obriga a reavaliar o quão perspicaz o comportamentoesporte da sorte 2Betty foi."

Os corvos da Nova Caledônia pertencem à família dos Corvidae, assim como as gralhas e os gaios. Nos últimos anos, os cérebros destas aves foram estudados cada vez maisesporte da sorte 2perto.

Não há dúvidaesporte da sorte 2que alguns deles apresentam habilidades cognitivas impressionantes. Mas a inteligência é um assunto obscuro. Afinal, é o que exatamente? E por que evoluiu? Os corvídeos estão nos ajudando a responder essas perguntas.

A biologia por trás da inteligência

O corvo da Nova Caledônia usa galhos para extrair larvas e insetos das árvores

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A inteligência está baseada no cérebro. Os primatas inteligentes — incluindo os homens — têm uma estrutura específica no cérebro chamada neocórtex, que ajudaria a tornar possível a cognição avançada.

Os corvídeos, notavelmente, não possuem essa estrutura. Em vez disso, eles desenvolveram aglomerados densosesporte da sorte 2neurônios que proporcionam a eles proezas mentais semelhantes.

O tipoesporte da sorte 2cérebro que eles realmente têm não importa: os corvídeos e primatas compartilham algumas das mesmas capacidades básicasesporte da sorte 2termosesporte da sorte 2soluçãoesporte da sorte 2problemas e plasticidade, sendo capazesesporte da sorte 2se adaptar e mudar dianteesporte da sorte 2novas informações e experiências.

Este é um exemploesporte da sorte 2evolução convergente,esporte da sorte 2que histórias evolutivas completamente diferentes levaram à mesma característica ou comportamento.

É fácil para os seres humanos perceberem por que as coisas que os corvídeos são capazesesporte da sorte 2fazer são úteis. De identificar indivíduos que anteriormente representaram uma ameaça até o usoesporte da sorte 2gestos para comunicação, nós também dependemosesporte da sorte 2habilidades como essas.

Rutz não tem dúvidas. Alguns pássaros, como os corvos da Nova Caledônia que ele estuda, podem fazer coisas notáveis. Em artigo publicado no início do ano passado, ele e seus colegas descreveram como os corvos da Nova Caledônia buscam caules específicosesporte da sorte 2plantas para fazer suas ferramentasesporte da sorte 2forma gancho.

Experimentos mostraram que eles encontraram as hastes que desejavam, mesmo quando as mesmas estavam camufladas por folhasesporte da sorte 2espécies vegetais diferentes. Isso sugere que os pássaros estavam selecionando um tipoesporte da sorte 2material que sabiam ser o ideal para o trabalho. Você não usaria uma chave-inglesa para martelar um prego, usaria?

Na natureza, os corvos da Nova Caledônia usam essas ferramentas para, por exemplo, retirar insetosesporte da sorte 2buracosesporte da sorte 2troncosesporte da sorte 2árvores.

Você pode imaginar que alguns animais são mais espertos que outros — sendo o homem o mais inteligente. Sem dúvida, os seres humanos dependem demais da inteligência para sobreviver. Mas isso não significa que somos os melhoresesporte da sorte 2todas as tarefas mentais.

Os chimpanzés, observa Dakota McCoy, da Universidade Harvard, nos Estados Unidos, demonstraram ter uma memóriaesporte da sorte 2curto prazo melhor que a do homem. Essa habilidade pode ajuda-los a memorizar onde os alimentos estão localizados na copa das árvores, por exemplo.

Fazer um rankingesporte da sorte 2inteligência dos animais parece um exercício cada vez mais sem sentido, quando se considera o que é realmente importante: quão bem esse animal é adaptado ao ambiente. A inteligência é, antesesporte da sorte 2tudo, um meio para alcançar a especialização.

Como diz Rutz, a análise da inteligência dos corvos "não pode ser dissociada da história natural do animal". E os corvos da Nova Caledônia estão longeesporte da sorte 2ser a única espécie não humana a ter desenvolvido a habilidadeesporte da sorte 2usar ferramentas.

A listaesporte da sorte 2outros animais que compartilham essa característica inclui chimpanzés, papagaios, jacarés e até caranguejos.

Muito além da sobrevivência

Pesquisas sugerem que os corvos têm uma curiosidade natural

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A cognição pode ajudar uma criatura a desempenhar tarefas necessárias para a sobrevivênciaesporte da sorte 2seu próprio habitat, mas há quem consiga sobreviver por outros meios.

Enquanto um corvo usa habilidades e ferramentas mentais para buscar alimentosesporte da sorte 2difícil acesso, uma girafa simplesmente estica seu pescoço longo. São outros recursos presentes na caixaesporte da sorte 2ferramenta da própria evolução.

Mas animais “inteligentes” podem muitas vezes executar tarefas que vão além daquelas impostas pela natureza.

Na série da BBC Inside the Animal Mind, o apresentador Chris Packham assiste a um corvo da Nova Caledônia, apelidadoesporte da sorte 2007, resolver um quebra-cabeçaesporte da sorte 2oito etapas.

A proeza ofusca a humilde façanhaesporte da sorte 2Betty. Foi demonstrado agora que um corvo aplica suas habilidades cognitivas à solução avançadaesporte da sorte 2problemas. É uma situação que o pássaro nunca encontraria na natureza, mas ele se destaca da mesma forma.

É verdade que 007 havia aprendido antes como as etapas individuais funcionavam, mas resolvê-lasesporte da sorte 2sequência apresenta um desafio ainda maior. É um indícioesporte da sorte 2que esse pássaro podeesporte da sorte 2alguma medida planejar com antecedência.

Provavelmente, há muitas outras coisas fascinantes que 007 e seus colegas corvos são capazesesporte da sorte 2fazer, mas ainda não foram testadas.

McCoy, como Rutz, também estuda corvos da Nova Caledônia. Em um artigo publicado ano passado, ela e seus colegas descreveram um experimento desenvolvido para mostrar se o humor das aves era afetado pelo uso das ferramentas.

Os corvos da Nova Caledônia foram treinados a reconhecer que,esporte da sorte 2uma caixa colocada na extremidadeesporte da sorte 2uma mesa, havia mais comida do que na caixa na extremidade oposta. Em seguida, os cientistas colocaram uma caixa no meio da mesa, o que sugeria uma quantidade incertaesporte da sorte 2alimento dentro.

As aves que haviam usado recentemente ferramentas para pegar alimentosesporte da sorte 2um recipiente se aproximaram da caixa misteriosa mais rápido do que aquelas que não tinham usado ferramentas. Isso indicou que o uso da ferramenta deixava os corvos mais otimistas, diz McCoy.

Isso não quer dizer que sejam necessariamente "felizes", ela acrescenta, mas sugere uma relação positiva entre o uso da ferramenta e a expectativa.

A cognição, completa McCoy, pode ser divertida. E abre uma porta para o comportamento que não é necessariamente essencial para a sobrevivência.

Os corvos,esporte da sorte 2fato, podem ser como nós, não tanto porque são inteligentes, mas porque muitas vezes lançam mão da inteligência por pura diversão — assim como nós.

Os corvos que McCoy estuda têm uma curiosidade natural, diz ela. Eles pegam atrevidamente o equipamento científico e voam com ele pelo aviário. Os pássaros jovens, principalmente, adoram brincar. E, na opinião dela, os seres humanos não são tão diferentes.

"Temos esse cérebro incrivelmente enorme, mas usamos para fazer palavra cruzada — e não foi para isso que evoluímos."

Alguém poderia argumentar que há benefícios neste esforço mental. Mantém a mente afiada, reforça certas habilidades — e isso tudo é propício à sobrevivência. Mas, se houver prazer ou efeitos inesperados, pode-se dizer também que essa atividade é apenas algo que torna a vida mais colorida.

Os corvos da Nova Caledônia, assim como nós e outros animais inteligentes, têm emoções e memórias. Estratégias e expectativas. Parecem extremamente capazesesporte da sorte 2se envolver com a complexidade.

A evolução tornou isso possível. Mas a cognição, assim como a própria vida, serve mais do que apenas uma necessidade. A inteligência animal permite diferentes tiposesporte da sorte 2fenômenos fascinantes. Um gorila que reconhece a linguagem humana. Um corvo que resolve quebra-cabeças. Um papagaio que conta piadas.

A natureza fornece as notas, mas os cérebros dos animais fazem a música. E, como se costuma dizer, os limites só existem na mente.

esporte da sorte 2 Leia a versão original esporte da sorte 2 desta reportagem (em inglês) no site BBC Future esporte da sorte 2 .

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