Como nosso cérebro atrapalha o combate às mudanças climáticas:cw bet app
Apesarcw bet appsabermos disso tudo, não mudamos até agora nossos comportamentoscw bet appuma escala grande o suficiente para impedir as mudanças climáticas. Por quê?
A resposta pode estarcw bet appnossa própria evolução. Os mesmos comportamentos que nos ajudaram a sobreviver estão hoje atuando contra nós.
Mas é importante lembrar-secw bet appuma coisa. De fato, nenhuma outra espécie evoluiucw bet appmodo a criar um problema tão grande - mas nenhuma outra espécie evoluiu com uma capacidade tão extraordináriacw bet appresolvê-lo.
Vieses cerebrais
A dificuldadecw bet apptrabalharmoscw bet appconjunto para pôr fim ao aquecimento global se deve à forma como nossos cérebros evoluíram nos últimos 2 milhõescw bet appanos.
"Os seres humanos são muito ruinscw bet appentender as tendências estatísticas e as mudançascw bet applongo prazo", diz o psicólogo político Conor Seyle, diretorcw bet apppesquisa da One Earth Future Foundation, uma incubadoracw bet appprogramas que foca na promoção da paz a longo prazo sediada no Colorado, nos Estados Unidos.
"Evoluímos para prestar atenção às ameaças imediatas. Superestimamos ameaças que são menos prováveis, mas mais fáceiscw bet applembrar, como o terrorismo. Por outro lado, subestimamos ameaças mais complexas, como as mudanças climáticas", explica.
Nas fases iniciais da existência humana, enfrentamos uma sériecw bet appdesafios diários à nossa sobrevivência e à nossa capacidadecw bet appreprodução -cw bet apppredadores a desastres naturais. Muita informação pode confundir nossos cérebros, levando-nos à inação ou a escolhas erradas que podem nos colocarcw bet appperigo.
Como resultado, nossos cérebros evoluíram para filtrar informações rapidamente e se concentrar no que é imediatamente essencial para nossa sobrevivência e reprodução. Também evoluímos para lembrar tanto das ameaças, para que fossem evitadas no futuro, quanto das oportunidades, para que pudéssemos lembrar encontrar fontescw bet appalimento e abrigo.
Essas evoluções biológicas garantiram nossa capacidadecw bet appnos reproduzir e sobreviver ao fazer com que nossos cérebros economizassem tempo e energia para lidar com grandes quantidadescw bet appinformações. No entanto, essas mesmas funções são menos úteiscw bet appnossa realidade moderna e provocam erros quando temos que tomar decisões racionais. São os chamados vieses cognitivos.
"Vieses cognitivos que garantiram nossa sobrevivência inicial dificultam o enfrentamentocw bet appdesafios complexos ecw bet applongo prazo que agora ameaçam nossa existência, como as mudanças climáticas", diz Seyle.
Os psicólogos identificaram maiscw bet app150 vieses cognitivos que todos compartilhamos. Desses, alguns são especialmente importantes para explicar nossa inação sobre as mudanças climáticas.
Entenda alguns deles.
cw bet app Desconto hiperbólico: Damos mais valor ao presente do que ao futuro. Durante a maior partecw bet appnossa evolução, foi mais vantajoso nos concentrarmos no que pode nos matar ou nos devorar agora, não mais tarde. Esse viés agora impede nossa capacidadecw bet appagir para enfrentar desafios mais distantes, lentos e complexos.
cw bet app Nossa faltacw bet apppreocupação com as futuras gerações: A teoria evolucionista sugere que nos preocupamos mais com apenas algumas geraçõescw bet appnossas famílias. Em outras palavras: dos nossos bisavós aos nossos bisnetos. Sendo assim, apesarcw bet appsabermos o que precisa ser feito para lidar com as mudanças climáticas, temos dificuldadecw bet appobservar por que devemos nos sacrificar para as gerações futuras.
cw bet app O efeito espectador: Tendemos a acreditar que sempre haverá alguém que vai lidar com uma crise por nós. Desenvolvemos essa característica ao longocw bet appnossa evolução. Se um animal selvagem ameaçador está pronto para atacar nosso grupo, seria um desperdíciocw bet appesforço se cada membro entrassecw bet appação - sem mencionar que isso colocaria desnecessariamente mais pessoascw bet appperigo. Em grupos menores, era claro quem agiria contra essas ameaças, então, essa tática funcionava. Mas, hojecw bet appdia, esse pensamento nos leva a supor (muitas vezes erroneamente) que nossos líderes devem estar fazendo algo sobre o aquecimento global. E, quanto maior o grupo, mais forte esse viés se torna.
cw bet app A falácia do custo irrecuperável: Somos inclinados a manter o mesmo curso mesmo diantecw bet appresultados negativos. Quanto mais tempo, energia ou recursos investimos nesse curso, maior a probabilidadecw bet appcontinuarmos com ele - mesmo que não seja o mais ideal. Isso ajuda a explicar, por exemplo, nossa dependência contínuacw bet appcombustíveis fósseis como fonte primáriacw bet appenergia apesarcw bet appdécadascw bet appevidênciacw bet appque podemos - e devemos - fazer a transição para energia limpa e um futuro sem carbono.
Esses vieses cognitivos evoluíram por um bom motivo. Mas agora estão prejudicando nossa capacidadecw bet appresponder ao que poderia ser a maior crise que a humanidade já criou ou teve que enfrentar.
Ascendente Evolutivo
A boa notícia é que nossa evolução biológica não nos impediucw bet appenfrentar o desafio do aquecimento global. Também nos deu as ferramentas para solucioná-lo.
Levecw bet appconsideração nossa capacidadecw bet app"viajar no tempo" mentalmente. Em comparação com outros animais, somos os únicos capazescw bet apprecordar eventos passados e antecipar cenários futuros.
Podemos imaginar e prever resultados múltiplos e complexos, alémcw bet appidentificar ações necessárias no presente para alcançar os resultados desejados no futuro. E, individualmente, muitas vezes nos provamos capazescw bet appagircw bet appacordo com esses planos. Guardamos dinheiro para nossas aposentadorias e compramos seguros, por exemplo, como formascw bet appcompensar nossos interessescw bet appcurto prazo no longo prazo.
Infelizmente, essa capacidadecw bet appplanejamento para assegurar um resultado futuro diminui quando é necessária uma ação coletivacw bet applarga escala - como é o caso das mudanças climáticas. Como indivíduos, sabemos o que podemos fazercw bet apprelação ao aquecimento global. Mas abordar a questão também requer ação coletivacw bet appuma escala que excede nossas capacidades evolutivas. Quanto maior o grupo, mais desafiador fica. Você se lembra do efeito espectador?
Mas,cw bet apppequenos grupos, a história é diferente.
Limites para relações estáveis
Como primatas, evoluímoscw bet appforma a cooperar para defender o território e colher alimentos e recursoscw bet appforma sustentável para o grupo, garantindo diversidade genética suficiente para procriar.
Experiências antropológicas nos mostram que,cw bet appmédia, um indivíduo pode manter relações estáveis com outras 150 pessoas - um fenômeno conhecido como "númerocw bet appDunbar". Mais do que isso, as relações sociais começam a desmoronar, minando a capacidade do indivíduocw bet appconfiar e depender das ações dos outros para alcançar objetivos coletivoscw bet applongo prazo.
Reconhecendo o podercw bet apppequenos grupos, a Exposure Labs, empresa cinematográfica por trás dos premiados documentários Chasing Ice e Chasing Coral, vem usando seus filmes para incentivar comunidades a tomar ações locais sobre o aquecimento global.
Por exemplo, na Carolina do Sul, um Estado americano repletocw bet applíderes que negam as mudanças climáticas, a Exposure Labs exibe um filme para iniciar um debate, convidando pessoascw bet appvários gruposcw bet appinteresse - como os setores agrícola, pesqueiro e turístico - para falar sobre como as mudanças climáticas os afeta pessoalmente.
Eles então trabalham com esses pequenos grupos para identificar ações práticas que podem ser tomadas imediatamente a nível localcw bet appforma a causar um impacto - algo que ajuda a gerar a pressão política necessária para obrigar os parlamentares a aprovar legislações locais ou estaduais relevantes.
Quando as comunidades locais moldam a narrativacw bet apptorno dos interesses individuais, as pessoas são menos propensas a sucumbir ao efeitocw bet appespectador e mais propensas a se engajarem.
Essas abordagens também usam algumas outras estratégias psicológicas. Primeiro, quando pequenos grupos estão envolvidoscw bet apppropor soluções, eles experimentam o efeitocw bet appdoação: quando possuímos algo (até mesmo uma ideia), tendemos a valorizá-lo mais.
Em segundo lugar, comparação social: costumamos nos avaliar observando os outros. Se estamos cercados por outras pessoascw bet appum grupo que estão agindo contra as mudanças climáticas, é mais provável que façamos o mesmo.
Essa é também a mesma essência por tráscw bet appprogramas como a comparação do consumocw bet appenergiacw bet appuma família com outracw bet appum bairro.
Pesquisas mostram que quando as pessoas comparam seu usocw bet appenergia com oscw bet appseus vizinhos por meiocw bet appinformescw bet appsuas contascw bet appenergia, é mais provável que elas acabem reduzindo seu consumo.
De todos os nossos vieses cognitivos, no entanto, o efeitocw bet appenquadramento é um dos que mais afetam nossos processoscw bet apptomadacw bet appdecisão.
Os seres humanos são mais propensos a mudar o comportamento quando os desafios são enquadradoscw bet appforma positiva,cw bet appvezcw bet appnegativamente. Em outras palavras, como nos comunicamos sobre as mudanças climáticas influencia a forma como reagimos.
As pessoas são mais propensas a agircw bet apprelação a um quadro positivo ("um futurocw bet appenergia limpa salvará X númerocw bet appvidas") versus uma declaração negativa ("vamos nos extinguir devido às mudanças climáticas").
"A maioria das pessoas acredita no aquecimento global, mas se sente impotente para fazer algo a respeito, pois os resultados não são tão imediatos e muitas vezes sentidos longecw bet appsuas casas", diz a diretora-executiva da Exposure Labs, Samantha Wright. "Para que as pessoas saiam da inércia, precisamos fazer com que a questão pareça direta e pessoal abordando o problema localmente, apontando tanto para impactos quanto soluções locais: como gerar 100%cw bet appenergia renovável."
Da mesma forma, a mudançacw bet appcomportamento também deve ser incentivada a nível local. Um país que lidera nesse sentido é a Costa Rica, que,cw bet app1997, implementou um imposto inovador sobre combustíveis fósseis.
Para aproximar os contribuintes dos benefícios práticos que essa taxa traz para a comunidade, parte da receita arrecadada se destina a agricultores e comunidades indígenas. Esses grupos, então, usam o dinheiro para proteger e reflorestar as matas nativas do país.
O sistema da Costa Rica "agora gera US$ 33 milhões anualmente para esses grupos e ajudou o país a reverter seu desmatamento enquanto crescia e transformavacw bet appeconomia", diz Carlos Manuel Rodríguez, ministrocw bet appMeio Ambiente e Energia da Costa Rica.
Em 2018, 98% da eletricidade utilizada no país (cujo território é um pouco maior do que o Estado do Riocw bet appJaneiro) veiocw bet appfontescw bet appenergia renováveis. Naquele mesmo ano, o Brasil divulgava ter uma fatia renovávelcw bet apptornocw bet app80%.
Rodríguez diz que o país está indo ainda mais longe: a Costa Rica anunciou uma metacw bet appneutralizar suas emissõescw bet appcarbono até 2050. Para isso, pretende elevar a parcela dos ônibus elétricos para 70%cw bet apptoda a frota até 2035 e reduzir o númerocw bet appcarros usados nas cidades pela metade até 2040. A chave tem sido um esforço organizadocw bet applarga escala - mas apoiado e assimilado por centenascw bet appgrupos e comunidades menores.
Em maior escala, o Acordocw bet appParis e o planocw bet appneutralidadecw bet appcarbono para 2050 da União Europeia desempenham um papel semelhante, criando um quadrocw bet appação comum sobre mudanças climáticas para países, cidades, vilarejos e setor privado.
"O planocw bet appcarbono da UE para 2050 é o que é necessário a nível global para gerar impulso, conscientização e ação, e, mais importante, é um exemplo que pode ser imitado e replicado por outros", diz Patricia Zurita, CEO da BirdLife International, uma parceria globalcw bet apporganizaçõescw bet appconservaçãocw bet appaves.
Acimacw bet apptudo, a característica mais útil que desenvolvemos ao longocw bet appnossa evolução é nossa capacidadecw bet appinovar. No passado, usamos essa habilidade para descobrir o fogo, inventar a roda ou plantar os primeiros campos.
Hoje, ela se traduzcw bet apppainéis solares, parques eólicos, veículos elétricos e precificação do carbono. Junto com a inovação, evoluímos para que a comunicação e a tecnologia passem por essas inovações, permitindo que uma única ideia ou invenção se espalhe muito alémcw bet appnossa própria família ou cidade.
Evoluímos para sermos capazescw bet appimpedir a mudança climática induzida pelo homem. Agora é o momentocw bet appagir.
Matthew Wilburn King, consultor internacional e conservacionista, vivecw bet appBoulder, no Colorado (EUA). Também é presidente da COMMON Foundation. Siga-o no Facebook ou no LinkedIn.
- cw bet app Leia a versão original cw bet app desta reportagem (em inglês) no site BBC Future.
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