O poder que o seu intestino tem sobresaúde e até seu comportamento:
"Não podemos ainda garantir que é o lado saudável ou não, mas suspeitamos que aqueles com uma dieta ricafrutas e vegetais têm microbiomas muito saudáveis", afirma.
Mas ainda não está claro, acrescenta McDonald, se um indivíduo que mudar radicalmentedieta à baseplantas para uma pobrealimentos saudáveis sentirá o impactoseu microbioma.
Probióticos
Nos últimos anos criou-se um hypetorno dos benefícios dos prebióticos e probióticos para a saúde. Mas embora sejam cada vez mais usadostratamentos, incluindodoenças inflamatórias intestinais, como a doençaCrohn e colite ulcerativa, várias revisões científicas apontam para a necessidademais pesquisas sobre as cepas e dosagens mais eficazes.
Em um estudo relativamente pequeno, Eran Elinav, imunologista do InstitutoCiência Weizmann,Israel, descobriu recentemente que algumas pessoas são imunes aos probióticos. Ele deu a 25 indivíduos saudáveis 11 cepasprobióticos ou placebos e testou seus microbiomas efunção intestinal a partircolonoscopias e endoscopias - antes da e três semanas após a intervenção.
"Há dois grupospessoas: aquela cujo microbioma recebeu bem os probióticos, que colonizaram o trato gastrointestinal e, porvez, alteraram o microbioma; e aquela cujo microbioma foi resistente aos organismos. Nesse último grupo, os probióticos não conseguiram se estabelecer, e, por isso, não tiveram qualquer efeito", explicou.
Os pesquisadores conseguiram preverqual categoria uma pessoa se encaixaria ao examinar característicasseu microbioma. A descoberta sugere, diz Elinav, que os probióticos precisam ser mais adaptados às necessidadescada indivíduo.
Saúde geral
A microbiota intestinal tem um papel importante na saúde e no funcionamento do trato gastrointestinal. Há evidênciasque condições como a síndrome do intestino irritável (SII) frequentemente tem relação com uma microbiota alterada. Na realidade, ela tem um papel até mais amplo na saúde, e isso é determinadogrande parte nos primeiros anosvida.
O microbioma começa a se desenvolver assim que nascemos, quando os micróbios colonizam o intestino humano. Bebês nascidosparto normal têm mais bactérias no intestino do que os nascidos por cesariana por causaseu contato com as bactérias intestinais e vaginais da mãe, explica Lindsay Hall, coordenadora da pesquisamicrobiomas no InstitutoBiociência Quadram.
"Crianças nascidascesárea perdem a inoculação inicial, e alguns dos micróbios com os quais entramcontato serão da pele e do ambiente", diz Hall.
"Isso é muito importante para as crianças desenvolverem seus sistemas imunológicos. Um trabalho recente sugeriu que os distúrbios no microbioma intestinal na primeira infância têm consequências negativas para a saúde do hospedeiro", diz ela.
"Vários estudos mostram que as cesáreas afetam a saúdelongo prazo, e há fortes evidênciasque isto aumenta o riscodesenvolver alergias e ecossistemas menos robustos, o que significa que você fica mais suscetível a mudanças e distúrbios, como antibióticos.
"No entanto, não há evidências robustas do que essas diferenças significam especificamente para o sistema imunológico", afirma.
Há também diferenças nos microbiomasbebês amamentados e alimentados com fórmula. As bifidobacterium, grupobactérias associadas à saúde, são frequentemente encontradas no estômagobebês amamentados.
"Sabemos que as bifidobacterium podem digerir os componentes do leite materno. Eles não são normalmente encontrados na fórmula láctea, e é por isso que os bebês alimentados com fórmula têm menos dessas bactérias", diz Hall.
Cientistas estão pertoentender como o intestino pode ser usado para tratar doenças. Um dos mais novos tratamentos na área é o transplantemicrobiota fecal, no qual a microbiotauma pessoa saudável é colocado no intestinoum paciente.
O procedimento serve para tratar bactérias intestinais resistentes aos antibióticos, que podem infectar o intestino e causar diarreia. Embora não haja evidências conclusivas sobre o mecanismo subjacente, sabe-se que o transplante atua repovoando o microbioma com bactérias que contribuem com a tarefa.
A grande questãotorno desses transplantes é definir o que é um microbioma intestinal normal.
"Não estabelecemos o que é normal, mas o que é normal para cada indivíduo. Isso dependeetnia, ambiente e outras coisas pelas quais o corpo passou", diz Fiona Pereira, chefedesenvolvimentonegócios e estratégia do departamentocirurgia e câncer no Imperial College London, que supervisiona a pesquisa sobre a relação entre o microbioma e a dieta.
Pereira diz que, se os cientistas puderem ter uma compreensão clara do que é saudáveldiferentes grupos étnicos e etários, eles podem ver como o intestinouma pessoa varia e com o que isso está relacionado - pode ser dieta, ambiente ou predisposições genéticas para certas doenças.
Antibióticos
Já está bem estabelecido que os antibióticos podem alterar drasticamente a microbiota intestinal.
O intestino é um ambiente onde bactérias inofensivas e benéficas estãocontato muito próximo com agentes patogênicos oportunistas que causam infecções, diz Willem van Schaik, professor da UniversidadeBirmingham e pesquisador principalum novo estudo que identifica maisseis mil novos genesresistência a antibióticospatógenos.
Ele descobriu que a maioria desses patógenos (agentes causadoresinfecções) não estavam associados a DNA que pode ser transferido entre bactérias, o que significa que não há um risco imediatoque esses genes se espalhembactérias normais para patógenos.
Mas, muitos desses genes que são fixosambientes bacterianos específicos podem começar a se espalhar pelo uso excessivoantibióticos. "Nossas descobertas destacam quantos genes resistentes estão no microbioma e poderiam ser mobilizados a se tornarem patógenos oportunistas. Elas (as descobertas) deveriam ser vistas como um alertaque há um grande reservatório desses genes que não queremos começar a mobilizar", disse van Schaik.
O cérebro
O cérebro e o intestino têm um forte sistemacomunicação chamado eixo intestino-cérebro. Um órgão é essencial ao outro - estudos mostram que, sem o microbioma intestinal, o desenvolvimento do cérebro é anormal. Mas, como mostrou uma análise2015 do Journal of Psychiatric Research, não se sabe qual bactéria intestinal é crucial no desenvolvimento cerebral.
Uma nova pesquisa vem estudando como o intestino se interliga ao cérebro,casos como humor e saúde mental, explica Katerina Johnson, pesquisadora do eixo microbioma-intestino-cérebro da UniversidadeOxford.
"Pesquisas mostram que, se pegarmos bactérias intestinaisseres humanos com depressão e colonizarmos o intestinocamundongos, os animais terão mudanças fisiológicas ecomportamento características da depressão", exemplifica.
Microrganismos do intestino produzem a maioria dos neurotransmissores encontrada no cérebro humano, incluindo a serotonina, que desempenha um papel fundamental na regulação do humor. Cientistas esperambreve conseguir entender como eles podem produzir neurotransmissores para tratar distúrbios psiquiátricos e neurológicos, como a doençaParkinson e a esclerose múltipla.
Influência no comportamento
Começamos também a compreender como os micróbios intestinais influenciam o comportamento. Alguns estudos,grande parte conduzidosanimais, sugerem que determinados tipos interferem na química cerebral e no comportamento social dos animais.
Por outro lado, animais livresgermes, sem exposição a micróbios, mostraram deficits no comportamento social, e os pesquisadores descobriram que isso pode ser restaurado pela adiçãotipos específicosbactérias, como o lactobacillus, freqüentemente encontrado no iogurte.
Um artigo recente intitulado Por que o microbioma afeta o comportamento? examinou a teoriaque o microbioma intestinal manipula seu hospedeirobenefício próprio, como parasitas, para torná-lo mais sociável e, assim, facilitandotransmissão entre indivíduos. Mas o texto argumenta que a teoria é improvável e que mudanças comportamentais provavelmente são resultadoprocessos que levam os microrganismos a crescer e competir no intestino, como a fermentação.
"O microbioma intestinal é tão diverso que, mesmo que houvesse um tipobactéria produzindo substâncias químicas para manipular nosso comportamento, essa bactéria seria rapidamente superada por outras bactérias que não gastam nenhuma energia extra para produzir o composto", diz Johnson, um dos autores do artigo.
O futuro
A ciência ainda não definiu como seria um microbioma saudável, e uma conclusão parece ainda distante. Mas há um consenso crescenteque fatores ambientais, como dieta e antibióticos, afetam mais o nosso microbioma do que nossos genes, e que um microbioma mais diverso é melhor para nós.
"Embora possamos mudar o nosso microbioma com a nossa dieta, eles parecem ter um pontoreferência para o qual costumam retornar após uma turbulência", diz Johnson. "Mas uma coisa que podemos fazer é comer mais fibras como formaaumentar a diversidade do intestino, o que é freqüentemente associado a boa saúde."
Embora tenha havido muitos avanços na pesquisamicrobiomas nos últimos anos, também permanecem alguns desafios. Um deles é a dependênciaum método chamado seqüenciamento 16S rRNA, explica McDonald. Ele analisa uma região específicaum único gene que existetodas as bactérias. O E. coli é um exemplo que mostra por que esse método é amplo demais, diz McDonald.
"Embora existam E.coli patogênicas, há também E.coli que desempenham um papel neutro ou benéfico no intestino, o que seria indistinguível com o método que usamos hoje. Um aumento no nívelE.coli não significa que isto é ruim para você".
O conselhoMcDonald é que devemos ser cautelosos.
"Há muitas coisas interessantes que a pesquisamicrobiomas trará, e há avançosandamento, mas há pesquisas que fazemos com ratos que ainda não podem ser aplicadashumanos porque não são seguras."
Enquanto isto, o máximo que cientistas podem aconselhar é ingerir vegetais.
Leia a versão original desta reportagem (em inglês) no site BBC Future .
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