O que faz a maioria das vítimasroletinha cassinoestupro não reconhecer ou falar sobre a agressão:roletinha cassino

Pés femininos

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Legenda da foto, Pode haver demora para que as sobreviventesroletinha cassinoagressão reconheçam o que aconteceu

Korbel não está sozinha. Uma meta-análiseroletinha cassino28 estudosroletinha cassinomulheres e meninas com 14 anos ou mais que tiveram sexo não consensual - por meioroletinha cassinoforça, ameaça ou incapacidade - revelou que 60% dessas vítimas não reconheceram que tinham sido estupradas.

As histórias por trás dos números surpreendentemente altos mostram uma das principais razões pelas quais a agressão sexual geralmente não é imediatamente denunciada: é comum que as vítimas precisemroletinha cassinotempo para entender o que aconteceu com elas.

Rotular as experiências sexuais indesejáveis geralmente é um processo gradual; e um dos principais sinais do transtornoroletinha cassinoestresse pós-traumático é evitar emoções e comportamentos que lembrem o trauma. De fato, 75% das pessoas que entramroletinha cassinocontato com os centros da organização Rape Crisis England and Wales estão buscando apoio para um episódio ocorrido, pelo menos, um ano antes.

Não existe uma relação entre a rapidez com que alguém relata um ataque e a legitimidade dessa alegação. Além disso, vários fatores sociais e psicológicos impedem os sobreviventesroletinha cassinoagressõesroletinha cassinoprocessar suas experiências imediatamente.

Roteiros falhos

Um aspecto fundamental é que muitas pessoas não têm certeza se o que aconteceu com elas foi "realmente" um estupro. Legalmente, as definições variam por país ou até por estado. No Reino Unido, por exemplo, uma mulher não pode legalmente ter cometido estupro (embora ela possa ser acusadaroletinha cassinoagressão sexual).

Nos EUA, a idaderoletinha cassinoconsentimento éroletinha cassino14 anos no Estado do Missouri (se a outra pessoa tiver 20 anos ou menos), masroletinha cassinoseu vizinho Illinois, a idaderoletinha cassinoconsentimento éroletinha cassino17 anos.

Essas diferenças legais refletem uma compreensão cultural igualmente confusa - eroletinha cassinoevolução - do que é estupro. E até essas narrativas podem deixar alguém ainda mais inseguro sobre o que vivenciaram.

Homem com mão na pernaroletinha cassinomulher

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Legenda da foto, De país para país e atéroletinha cassinoestado para estado, existem diferentes definições legaisroletinha cassinoagressão sexual

O estereótipo persistente do "estuproroletinha cassinoverdade" envolve um homem desconhecidoroletinha cassinoum lugar público que penetra violentamente uma mulher que, porroletinha cassinovez, resiste. Quando a agressão sexual não corresponde a essa narrativa, pode ser difícil até mesmo para a sobrevivente perceber que isso era,roletinha cassinofato, uma agressão sexual. Afinal, o cérebro categoriza as experiênciasroletinha cassinoacordo com o que nos foi ensinado sobre o que elas significam.

Mas essa narrativa é um mito. Estupro não só inclui uma sérieroletinha cassinooutras circunstâncias, mas geralmente é uma circunstância diferente da históriaroletinha cassinoum estranhoroletinha cassinoum beco.

De fato, um estudoroletinha cassino2016 com todos os estupros registradosroletinha cassinoum departamentoroletinha cassinopolícia do Reino Unido durante um períodoroletinha cassinodois anos mostrou que nenhum dos 400 incidentes se encaixava na narrativaroletinha cassino"estupro típico",roletinha cassinoum homem com uma arma usando força física para penetrar uma mulher resistente, ao ar livre e à noite.

Por exemplo, é comum que as vítimasroletinha cassinoestupro não resistam fisicamente porque estão inconscientes, aterrorizadas ou fisicamente paralisadas. Em um estudoroletinha cassino2017 com mulheres que foram a uma clínicaroletinha cassinoemergênciaroletinha cassinoEstocolmo, 70% relataram a chamada imobilidade tônica, uma paralisia temporária e involuntária decorrenteroletinha cassinoum medo intenso. Essas mulheres não consentiram passivamente. Seus corpos reagiram biologicamente à ameaça.

A dissociação, que Korbel experimentou pela primeira vez na adolescência, é outra resposta automática comum à ameaça. Como diz Zoe Peterson, psicóloga clínica que lidera a Iniciativaroletinha cassinoPesquisaroletinha cassinoAgressão Sexual do Instituto Kinsey da Universidaderoletinha cassinoIndiana, "é comum que as pessoas escapem psicologicamente quando estãoroletinha cassinouma experiência traumática da qual não têm meios físicos para escapar".

Ainda hoje, Korbel às vezes revive a dissociação corporal que sentiu pela primeira vez com seu agressor. Revisitar o trauma é uma maneiraroletinha cassinotentar entendê-lo.

"Estou buscando experiências sexuais que me dominem e que me façam simplesmente deixar meu corpo", explica com naturalidade. "Mas tenho uma relação muito complicada com a dissociação porque sei que é um marcador do trauma. Sei que, quando aprendi a fazer isso, não foi uma coisa boa."

Jovem na cama

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Legenda da foto, A dissociação é uma resposta comum ao trauma, mas que torna a sobrevivente menos propensa a reagir

O cérebro pode dissociar-se para ajudar uma sobrevivente a conseguir passar por aquele momento. Mas isso também as torna menos propensas a reagir. Ironicamente, deixa a experiência menos parecida com a narrativa do "estupro típico" que muitosroletinha cassinonós conhecemos. É provavelmente por isso que as mulheres que não revidam "têm menos chancesroletinha cassinorotular a experiência como estupro", diz Peterson.

Outra narrativa culturalmente aceita é que apenas as mulheres e meninas podem ser agredidas sexualmente. Por isso a maioria dos homens que foram abusados sexualmente quando crianças ou estuprados como adultos não considera suas experiências como abuso ou estupro.

Um estudo conduzido por Peterson e colegas pediu a 323 homens que preenchessem um questionário online sobre suas experiências sexuais. Apenas 24% das pessoas estupradas quando adultas o denominavam como tal.

Matthew Hayes (nome fictício), que mora na Califórnia, reconhece o quão difícil é usar essa palavra. Ele sabia que o relacionamentoroletinha cassinoque ele estava, quando ele tinha pouco maisroletinha cassino20 anos, não era normal. Masroletinha cassinonamorada costumava ser coercitiva e não fisicamente violenta, e por isso ele resistiuroletinha cassinopensar na experiência como estupro.

Hayes lembraroletinha cassinotrês incidentesroletinha cassinoparticularroletinha cassinoquandoroletinha cassinoex-namorada agiaroletinha cassinomaneira ameaçadora. "A primeira foi quando ela se machucou até fazermos sexo. A segunda foi quando ela pegou uma faca e ameaçou se cortar ao longo da noite, a menos que fizéssemos sexo."

"A terceira foi a única [ameaça] direcionada, na verdade, para mim, na qual ela,roletinha cassinoalguma forma, conseguiu uma arma. Ela a trouxe e, comoroletinha cassinocostume, me disse que algo aconteceria a menos que eu fizesse sexo com ela."

Homem encostaroletinha cassinomulher

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Legenda da foto, As narrativas culturaisroletinha cassino'estupro típico' podem ser confusas para os sobreviventes que tentam resolver o que experienciaram

Somente um ano após o término do relacionamento, e depoisroletinha cassinoconversar com um amigo que ficou horrorizado com a experiência, ele percebeu que isso era mais do que manipulação - era estupro. Afinal,roletinha cassinoexperiência não fazia parte da narrativa comum do estupro, especialmente por ele ser do gênero masculino.

Mas há muitas motivações pelas quais a experiênciaroletinha cassinoalguém não se inscreve na definiçãoroletinha cassinoestupro. Peterson eroletinha cassinocolega Charlene Muehlenhard descobriram,roletinha cassinoum estudo com 77 universitárias que sofreram penetração não consensual, várias razões pelas quais as mulheres não classificaram suas experiências como estupros. Estas incluíram:

  • O agressor não correspondia à imagemroletinha cassinoum estuprador ("ele era meu amigo e todos o amavam")
  • Elas temiam que seu comportamento não correspondesse aoroletinha cassinouma vítima "normal" ("foi minha culpa estar sob efeitoroletinha cassinosubstâncias")
  • Não houve violência física ou resistência ("ele não estava me batendo")
Casal bebendo

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Legenda da foto, Algumas mulheres não classificaramroletinha cassinoexperiência não consensual como estupro porque sentiram que foi culpa delas por estarem bêbadas ou drogadas

Algumas narrativas estereotipadasroletinha cassinoestupro podem se aplicar a situaçõesroletinha cassinoconflito, deslocamento e desastres naturais, quando os relatosroletinha cassinoestupro ao ar livre por estranhos armados se tornam mais frequentes. O estupro é bem conhecido como uma armaroletinha cassinoguerra. Quando a ordem social é abalada, a violência sexual geralmente aumenta.

Essa prevalência pode, por si só, levar a definição culturalroletinha cassino"estupro" a se estreitar ainda mais.

Ranit Mishori é consultora médica na organização Médicos pelos Direitos Humanos, que coordena um programa sobre violência sexualroletinha cassinozonasroletinha cassinoconflito. Umaroletinha cassinosuas regiões é a República Democrática do Congo (RDC), onde conflitos violentos persistem há décadas.

Lá, "vemos o que chamamosroletinha cassino'normalização do estupro'", diz ela. "Em um estudo, quase um terço dos homens afirmou aos pesquisadores que as mulheres querem ser estupradas e podem até gostar disso."

"Sobreviventes podem internalizar essas mensagens e simplesmente considerar tais agressões como parte da 'vida normal' ou algo com que toda mulher eventualmente tem que lidar,roletinha cassinovezroletinha cassinoenxergar aquilo como um crime sério. Isso é comumroletinha cassinomuitos países e culturas onde o direito sexual masculino é dominante", acrescenta.

Mas seja qual for o contexto, Peterson adverte que "é realmente importante deixar claro que, independentementeroletinha cassinose rotular uma agressão sexual ou estupro como tal, isso não muda, necessariamente, o fatoroletinha cassinoo episódio ser ou não traumático".

Em relação a Hayes, quando ele percebeu que tinha sido estuprado, ficou assustado e arrasado. Ele diz estar feliz, no entanto, por ter tido esse tempo antesroletinha cassino"a ficha cair". "Ajudou muito o fatoroletinha cassinoter havido um intervalo para que as feridas pudessem ser curadas", diz.

O preçoroletinha cassinoreconhecer a agressão

Outro fator que confunde a compreensãoroletinha cassinouma experiência como uma agressão: as sobreviventes às vezes continuam - ou até mesmo começam - as relações com seus agressores. As leis que protegem os estupradores da acusação se eles se casarem com suas vítimas ainda existem na Argélia, nas Filipinas, no Tajiquistão eroletinha cassinooutros países.

Mesmoroletinha cassinolugares sem tais leis, os sobreviventes relatam terem namorado seus agressoresroletinha cassinoum esforçoroletinha cassinoneutralizar o trauma ou recuperar algum controle sobre um evento que as deixou impotentes.

Há uma lógicaroletinha cassinoproteção psicológica para isso. As respostas ao trauma variam com base na percepção do indivíduo. A agressão sexual é um golpe no entendimento sobre, por exemplo, certos homens (como um marido ou um amigo) serem confiáveis. Algumas vítimas vão rejeitar essa ameaça por contaroletinha cassinosua crença.

Casalroletinha cassinobanheira

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Legenda da foto, Como a agressão sexual pode ir contra a crença da vítima, o cérebro às vezes reage com a negação - comoroletinha cassinooutros casosroletinha cassinochoque traumático

Da mesma forma que o cérebro pode neutralizar qualquer outro choque ou trauma com negação, pode ser mais reconfortante acreditar que ele não foi realmente estupro.

Como explica Katie Russell, porta-voz da organização Rape Crisis England & Wales: "as pessoas podem achar muito difícil nomear, digamos, seu parceiro, seu ex-parceiro, talvez o pairoletinha cassinoseus filhos, como estuprador. É difícil fazer isso".

Peterson enxerga isso como uma espécieroletinha cassinodissonância cognitiva entre "a ideiaroletinha cassinoque estupradores são sociopatas perturbados" e a realidade mais desconfortávelroletinha cassinoque assediadores estão ao nosso redor. "De muitas maneiras, com base na pesquisa, homens que estupram mulheres não são tão diferentes dos homens que não estupram mulheres", diz ela.

Ela descobriu que as mulheresroletinha cassinoseu estudo estavam relutantesroletinha cassinopensar nos ataques sofridos como estupros por uma sérieroletinha cassinorazões, incluindo:

  • Eles não queriam chamar o homemroletinha cassinoestuprador ("A princípio eu fiquei chateada, mas me importava com o sujeito e não quis chamar o episódioroletinha cassinoestupro")
  • Eles não queriam pensarroletinha cassinohomens parecidos como estupradoresroletinha cassinopotencial ("Ele se parece com um monteroletinha cassinocaras que conheci")
  • "Estupro" é uma palavra intimidadora ("Eu digo às pessoas que minha primeira experiência não foi por minha escolha, foi forçada. Falar assim me deixa menos desconfortável")

Sobreviventes, especialmente meninas e mulheres, muitas vezes se esforçam para pedir desculpasroletinha cassinonomeroletinha cassinoseus agressores. Eles frequentemente minimizam os ataques chamando-osroletinha cassino"faltaroletinha cassinocomunicação" ou "sexo ruim". E eles redirecionam a culpa por causa dos muitos custosroletinha cassinochamar a ocasiãoroletinha cassinoestupro - que pode variar desde fofoca e culpa pela perdaroletinha cassinooportunidades econômicas, à rejeição da família e exclusão social.

mão masculinaroletinha cassinoperna feminina

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Legenda da foto, Sobreviventes buscam desculpas para o comportamentoroletinha cassinoseus agressores

Autoconsciência

Escrever este artigo fez-me perceber o quão típicas são as minhas próprias experiências. Deiroletinha cassinoombros quando estava bêbada e drogada na vanroletinha cassinoum namorado da adolescência e ele pressionou o pênis na minha boca.

Eu ri ao ser tateada por um amigoroletinha cassinouma festa e por um parenteroletinha cassinocasa. Eu sou como muitas mulheres e crianças que normalizaram a ideiaroletinha cassinoque nossos corpos não pertencem totalmente a nós mesmos e que violaçõesroletinha cassinonossos corpos não são sentidas como violações.

Por isso, é sempre importante que os sobreviventes ouçam: não foiroletinha cassinoculpa. Dor e vergonha podem se tornar um coquetel tóxicoroletinha cassinoculpa direcionada à pessoa errada. Mas não foiroletinha cassinoculpa.

"Há o trauma do que acontece com você e,roletinha cassinoseguida, há a forma como você se agride pela maneira como respondeu à situação", afirma Korbelroletinha cassinovoz baixa. "Há muita vergonha que as pessoas não entendem".

  • roletinha cassino Leia a versão original desta matéria (em inglês roletinha cassino ) no site da BBC Future roletinha cassino .

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