Plantas podem ver, ouvir, cheirar e até reagir?:grêmio e brusque palpite

Girassóis

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Legenda da foto, O que estes girassóis "sabem"?

Qualquer pessoa que tenha visto documentários sobre a natureza, ao estilogrêmio e brusque palpiteLife,grêmio e brusque palpiteDavid Attenborough, pode verificar que vídeosgrêmio e brusque palpitetime-lapse demonstram claramente o comportamento das plantas.

As plantas registradas nessas imagensgrêmio e brusque palpitealta velocidade estão se movendo com um objetivo, o que significa que elas devem ter alguma consciência do que está acontecendogrêmio e brusque palpitevolta.

"Para responder corretamente, as plantas também precisamgrêmio e brusque palpitedispositivosgrêmio e brusque palpitedetecção sintonizados às condições que variam", explicou Schultz.

Como humanos

Árvore

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Legenda da foto, Vegetais têm estruturas sensoriais complexas

Mas o que uma planta sente?

Se você acreditar no que afirma Daniel Chamovitz, da Universidadegrêmio e brusque palpiteTel Aviv,grêmio e brusque palpiteIsrael, os sentimentos delas não são tão diferentes dos nossos.

Quando decidiu escrever What a Plant Knows ("O que uma Planta Sabe",grêmio e brusque palpitetradução livre), livro lançadogrêmio e brusque palpite2012 no qual explora a vida delas com basegrêmio e brusque palpitepesquisas científicas rigorosas e avançadas, o cientista ficou apreensivo.

"Eu estava extremamente preocupado com a reação que (o livro) iria causar", disse.

Tanta cautela tinha motivos. As descriçõesgrêmio e brusque palpiteseu livrogrêmio e brusque palpiteplantas vendo, cheirando, sentindo e até sabendo o que se passava àgrêmio e brusque palpitevolta lembra A Vida Secreta das Plantas (de Peter Tompkins e Christopher Bird), um livro publicadogrêmio e brusque palpite1973 que fez muito sucesso naquela época, mas tinha pouca coisagrêmio e brusque palpitetermosgrêmio e brusque palpitefatos.

Uma das coisas que o livro afirmava, na qual muitos ainda acreditam, é a ideia totalmente desacreditada que as plantas reagemgrêmio e brusque palpiteforma positiva à música clássica.

Mas o estudo da capacidadegrêmio e brusque palpitepercepção das plantas avançou muito desde a décadagrêmio e brusque palpite1970, e nos últimos anos houve um aumento nas pesquisas sobre o assunto.

A motivação para esse trabalho não foi simplesmente demonstrar que "as plantas também têm sentimentos", mas também tentar saber por que e como uma planta sente seu ambiente.

Lagarta comendo folha

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Legenda da foto, Lagartas como essa causam reações ao se aproximar para devorar as folhas das plantas

Audição

Heidi Appel e Rex Cocroft, colegasgrêmio e brusque palpiteSchultzgrêmio e brusque palpiteMissouri, estão tentando descobrir a verdade a respeito da audição das plantas.

"A principal contribuiçãogrêmio e brusque palpitenosso trabalho foi fornecer uma razão para as plantas serem afetadas pelo som", disse Appel.

Uma sinfoniagrêmio e brusque palpiteBeethoven não causa muita coisagrêmio e brusque palpiteuma planta, mas a aproximaçãogrêmio e brusque palpiteuma lagarta faminta é outra história.

Em suas experiências, Appel e Cocroft descobriram que gravações do barulho que as lagartas fazem ao mastigar fizeram as plantas inundarem suas folhas com defesas químicas para afastar predadores.

"Mostramos que plantas respondiam a um 'som'grêmio e brusque palpiterelevância ecológica", disse Cocroft.

E a relevância ecológica é a chave. Consuelogrêmio e brusque palpiteMoraes, do Insituto Federalgrêmio e brusque palpiteTecnologia da Suíça,grêmio e brusque palpiteZurique, e colaboradores demonstraram que alémgrêmio e brusque palpiteouvir insetos se aproximando, algumas plantas também podem sentir o cheiro deles, ou sentir o cheirogrêmio e brusque palpitesinais voláteis emitidos por plantas próximasgrêmio e brusque palpiteresposta a eles.

Em 2006 ela demonstrou como uma planta parasita, a Cuscuta europaea, consegue farejar um hospedeirogrêmio e brusque palpitepotencial. A espéciegrêmio e brusque palpitevideira avança pelo ar e se enrolagrêmio e brusque palpitevoltagrêmio e brusque palpiteseu hospedeiro, extraindo seus nutrientes.

Em termos conceituais, não há muito que difere essas plantasgrêmio e brusque palpitenós. Elas sentem o cheiro ou ouvem algo e então reagem, assim como os humanos.

Mas existe uma diferença importante, é claro.

"Na verdade não sabemos o quanto os mecanismosgrêmio e brusque palpitepercepçãogrêmio e brusque palpiteodores das plantas são parecidos com os dos animais, já que não sabemos muito sobre esses mecanismos nelas", disse Moraes.

De fato: nós temos narizes e orelhas. Mas, e uma planta?

A faltagrêmio e brusque palpiteórgãos sensoriais óbvios torna mais difícil o entendimento dos sentidos delas. Nem sempre este é o caso - os fotorreceptores, que as plantas usam para "ver", por exemplo, são bem estudados -, mas com certeza esta é uma área que precisagrêmio e brusque palpitemais pesquisa.

Appel e Cocroft esperam descobrir que parte ou partes da planta respondem a sons.

Os candidatos mais prováveis são as proteínas mecanorreceptoras encontradasgrêmio e brusque palpitetodas as células delas. Estas microdeformações ainda podem reagir ao barulhogrêmio e brusque palpiteinsetos.

Tudo indica que, para uma planta, não há necessidadegrêmio e brusque palpitealgo tão incômodo como uma orelha.

'Cuscuta europaea'

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Legenda da foto, A planta parasita 'Cuscuta europaea' consegue farejar um hospedeirogrêmio e brusque palpitepotencial

'Sexto sentido'

Outra habilidade que nós e plantas temos é a propriocepção, o "sexto sentido" que permite que saibamos onde as várias partesgrêmio e brusque palpitenosso corpo estão no espaço.

Pelo fato desse sentido não ser intrinsecamente ligado a um órgãogrêmio e brusque palpiteanimais - dependegrêmio e brusque palpiteum circuitogrêmio e brusque palpiteretorno entre os mecanorreceptores e o cérebro -, a comparação com as plantas é mais clara.

Os detalhes moleculares são um pouco diferentes dos nossos, mas elas também têm mecanorreceptores que detectam mudançasgrêmio e brusque palpiteseu ambiente e respondemgrêmio e brusque palpiteacordo.

"A ideia geral é a mesma", disse Olivier Hamant, que foi coautorgrêmio e brusque palpiteuma pesquisagrêmio e brusque palpiteavaliaçãogrêmio e brusque palpitepropriocepçãogrêmio e brusque palpite2016.

"Até agora sabemos que (a propriocepção)grêmio e brusque palpiteplantas tem mais a ver com os microtúbulos (componentes estruturais da célula), respondendo ao esticamento e deformação mecânica."

Na verdade, um estudo publicadogrêmio e brusque palpite2015 parece mostrar semelhanças que vão ainda mais longe, sugerindo que a proteína actina - componente importante do tecido muscular - tem um papel importante na propricepção das plantas.

"Isso não tem tanta base, mas há algumas provasgrêmio e brusque palpiteque as fibrasgrêmio e brusque palpiteactinagrêmio e brusque palpitetecido estão envolvidas, quase como músculo", explicou Hamant.

Paralelos

Essas descobertas não são únicas. Enquanto as pesquisas no sentido das plantas avançaram, os pesquisadores começaram a descobrir padrões repetidos que dão pistasgrêmio e brusque palpiteparalelos mais profundos com animais.

Em 2014, uma equipe da Universidadegrêmio e brusque palpiteLausanne, na Suíça, mostrou que, quando uma lagarta ataca uma planta Arabidopsis, ela desencadeia uma ondagrêmio e brusque palpiteatividade elétrica.

A presençagrêmio e brusque palpitesinais elétricosgrêmio e brusque palpiteplantas não é uma ideia nova - o fisiologista John Burdon-Sanderson propunha aindagrêmio e brusque palpite1874 que eles eram um mecanismo usado pela planta carnívora dioneia (ou vênus-papa-moscas).

Mas o que surpreende mais é o papelgrêmio e brusque palpitemoléculas chamadas receptorasgrêmio e brusque palpiteglutamato - o mais importante neurotransmissorgrêmio e brusque palpitenosso sistema nervoso central, que tem exatamente o mesmo papelgrêmio e brusque palpiteplantas, exceto por uma diferença crucial: plantas não têm sistema nervoso.

Flor da 'Arabidopsis thaliana'

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Legenda da foto, A 'Arabidopsis thaliana' usa sinais elétricos

"A biologia molecular e o genoma nos mostram que plantas e animais são compostosgrêmio e brusque palpiteum número surpreendentemente limitadogrêmio e brusque palpite'blocosgrêmio e brusque palpiteconstrução' moleculares, que são muito parecidos", explicou Fatima Cvrcková, pesquisadora na Universidade Charles,grêmio e brusque palpitePraga, na República Tcheca.

Comunicações elétricas evoluíramgrêmio e brusque palpiteduas formas diferentes, cada vez usando uma sériegrêmio e brusque palpiteblocosgrêmio e brusque palpiteconstrução que podem datargrêmio e brusque palpiteantes da separação entre plantas e animais, há cercagrêmio e brusque palpite1,5 bilhãogrêmio e brusque palpiteanos.

"A evolução levou a um certo númerogrêmio e brusque palpitemecanismos potenciais para comunicação, e você até pode chegar a issogrêmio e brusque palpiteformas diferentes, mas o fim ainda é o mesmo", contou Chamovitz.

'Inteligência das plantas'

A percepção da existência dessas semelhanças e que as plantas têm uma habilidade muito maiorgrêmio e brusque palpitesentir o mundo do que as aparências sugerem levou a algumas teorias sobre "inteligência das plantas" e até gerou uma nova disciplina.

Sinais elétricosgrêmio e brusque palpiteplantas foram um dos fatores principais do nascimento da "neurobiologia vegetal" (um termo usado apesar da faltagrêmio e brusque palpiteneurônios das plantas) e hoje há pesquisadores estudando áreas não tradicionais no estudogrêmio e brusque palpitevegetais como memória, aprendizado e resoluçãogrêmio e brusque palpiteproblemas.

Essa formagrêmio e brusque palpitepensar até levou legisladores na Suíça a estabelecer diretrizes para proteger a "dignidade das plantas", seja lá o que isso quer dizer.

E enquanto muitos consideram os termos "inteligência das plantas" ou "neurobiologia vegetal" como metafóricos, outros fazem críticas. Até mesmo Chamovitz.

"Se eu acho que plantas são inteligentes? Acho que plantas são complexas", responde.

Para o pesquisador, complexidade não deve ser confundida com inteligência.

Limites

É útil descrever plantasgrêmio e brusque palpitetermos antropomórficos para facilitar a explicaçãogrêmio e brusque palpiteideias. Mas há limites.

O risco é que as plantas acabem sendo vistas como versões inferiores dos animais, o que é errado.

"Nós, pesquisadores das plantas, ficamos felizesgrêmio e brusque palpitefalar sobre as semelhanças e diferenças entre os estilosgrêmio e brusque palpitevida das plantas e dos animais quando apresentamos os resultadosgrêmio e brusque palpitealguma pesquisa sobre plantas para o público", disse Cvrcková.

Cão farejando plantas

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Legenda da foto, Pesquisadores querem evitar metáforas baseadas na vida animal para descrever plantas

No entanto, ela acredita que usar essas metáforas para descrever plantas tem um preço.

"Você quer evitar (essas metáforas), a não ser que você esteja interessadogrêmio e brusque palpiteum debate (geralmente inútil) sobre se as cenouras conseguem ou não sentir dor quando são mordidas."

Adaptação

Plantas são extremamente adaptadas para fazer exatamente o que precisam. Elas podem não ter um sistema nervoso, mas superam issogrêmio e brusque palpiteoutras áreas.

Por exemplo: apesargrêmio e brusque palpitenão ter olhos, plantas como a Arabidopsis têm pelo menos 11 tiposgrêmio e brusque palpitefotorreceptores.

Nós temos apenas quatro. Isso significa que,grêmio e brusque palpitecerta forma, a "visão" delas é mais complexa que a nossa.

A verdade é que as plantas têm prioridades diferentes das nossas, e seus sistemas sensoriais refletem isso.

Como Chamovitz afirmagrêmio e brusque palpiteseu livro "luz, para uma planta, é muito mais do que um sinal; luz é comida".

As plantas podem enfrentar os mesmos desafios que os animais, mas suas necessidades sensoriais também são moldadas pelas coisas que as diferenciam.

"O enraizamento das plantas, o fatogrêmio e brusque palpiteelas não se moverem, significa que elas precisam ser muito mais atentas ao ambiente onde vivem do que eu ou você", explicou Chamovitz.

Cavalo comendo cenoura

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Legenda da foto, Plantas não são meras fontesgrêmio e brusque palpitenutrição e biocombustíveis, dizem cientistas

Para entender totalmente como as plantas percebem o mundo, é importante que os cientistas e o públicogrêmio e brusque palpitegeral apreciem os vegetais pelo que eles são.

"O risco é, se continuarmos comparando (plantas) com animais, não percebermos o valor das plantas", disse Hamant.

"Gostariagrêmio e brusque palpitever as plantas reconhecidas mais como os seres vivos incríveis, interessantes e exóticos que são e menos como apenas uma fontegrêmio e brusque palpitenutrição e biocombustíveis para os humanos", acrescentou Cvrcková.

Esse tipogrêmio e brusque palpiteatitude pode beneficiar a todos. Genética e eletrofisiologia são apenas alguns exemplosgrêmio e brusque palpiteáreas que começaram com pesquisasgrêmio e brusque palpiteplantas e provaram ser revolucionárias para a biologia como um todo.

Por outro lado, perceber que temos algumas coisasgrêmio e brusque palpitecomum com as plantas pode ser uma oportunidade para aceitar que somos mais parecidos com elas do que gostamosgrêmio e brusque palpiteimaginar, assim como as plantas são mais parecidas com os animais do que nós pensamos.

Para Chamovitz, as semelhanças devem nos alertar para a surpreendente complexidade das plantas e para os fatoresgrêmio e brusque palpitecomum que conectam todas as formasgrêmio e brusque palpitevida na Terra.

"Então poderemos começar a apreciar a união na biologia."