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Coronavírus: o que podemos aprender com as pandemias da ficção?:pixbet365 site
O que poderia ser mais dramático do que um retratopixbet365 siteuma pestepixbet365 siteandamento, quando as tensões e emoções são intensificadas e os instintospixbet365 sitesobrevivência surgem? A narrativa pandêmica é natural para romancistas realistas como Defoe e, mais tarde, Albert Camus.
A Peste,pixbet365 siteCamus,pixbet365 siteque a cidadepixbet365 siteOran, na Argélia, fica fechada por meses enquanto uma doença dizima seu povo (comopixbet365 sitefato aconteceupixbet365 siteOran no século 19), é um livro também repletopixbet365 siteparalelos com a crisepixbet365 sitehoje. Os líderes locais relutam a princípiopixbet365 sitereconhecer os sinais precoces que vêm dos ratos morrendo pela doença. "Os paispixbet365 sitenossa cidade estão cientespixbet365 siteque os corpospixbet365 sitedecomposição desses roedores constituem um grave perigo para a população?", pergunta um colunista no jornal local. O narrador do livro, Dr. Bernard Rieux, reflete o heroísmo silencioso dos trabalhadores médicos. "Não faço ideiapixbet365 siteo que me espera ou do que acontecerá quando tudo acabar. No momento eu sei disso: há pessoas doentes e elas precisampixbet365 sitecura", diz ele. No final, há a lição aprendida pelos sobreviventes da peste: "Eles sabiam agora que, se há uma coisa que sempre se pode desejar e, às vezes, alcançar, é o amor humano".
A gripe espanholapixbet365 site1918 reformulou o mundo, levando à mortepixbet365 site50 milhõespixbet365 sitepessoas, após 10 milhõespixbet365 sitemortos na Primeira Guerra Mundial. Ironicamente, o dramático impacto global da gripe foi ofuscado pelos eventos ainda mais dramáticos da guerra, que inspiraram inúmeros romances. Enquanto as pessoas praticam agora o 'distanciamento social' e as comunidades ao redor do mundo se retêm, a descriçãopixbet365 siteKatherine Anne Porter da devastação criada pela gripe espanholapixbet365 siteseu romance Cavalo Pálido, Pálido Cavaleiro,pixbet365 site1939, soa familiar: "É terrível... Todos os teatros e quase todas as lojas e restaurantes estão fechados, e as ruas estão cheiaspixbet365 sitefunerais o dia todo e ambulâncias soam a noite toda", diz o amigo da heroína Miranda, Adam, logo após ela ser diagnosticada com a influenza.
Porter retrata a febre e os tratamentospixbet365 siteMiranda, e semanaspixbet365 sitedoença e recuperação, até o despertar para um novo mundo remodelado pelas perdas da gripe e da guerra.
Porter quase morreu da gripe. "Eu mudeipixbet365 siteuma forma estranha", ela disse à revista literária The Paris Reviewpixbet365 siteuma entrevistapixbet365 site1963. "Levei muito tempo para sair e viver no mundo novamente. Eu estava realmente 'alienada' no sentido puro."
Bastante plausível
As epidemias do século 21 - a síndrome respiratória aguda grave (Sars, na siglapixbet365 siteinglês),pixbet365 site2002, a síndrome respiratória do Oriente Médio (Mers,pixbet365 siteinglês),pixbet365 site2012 e o ebola,pixbet365 site2014 - inspiraram romances sobre desolação e colapso pós-peste, cidades desertas e paisagens devastadas.
O Ano do Dilúvio (2009),pixbet365 siteMargaret Atwood, mostra-nos um mundo pós-pandêmico com humanos quase extintos, após a maioria da população ter sido exterminada 25 anos antes pelo 'Dilúvio sem Água', uma peste virulenta que "viajava pelo ar como se tivesse asas, queimando cidades como fogo".
Atwood captura o extremo isolamento sentido pelos poucos sobreviventes. Toby, uma jardineira, olha o horizonte do jardim da coberturapixbet365 siteum spa deserto. "Deve haver mais alguém ... ela não pode ser a única no planeta. Deve haver outros. Mas amigos ou inimigos? Se ela vir um, como vai saber?". Ren, que foi dançarinapixbet365 sitetrapézio e "uma das mais limpas entre as sujas da cidade" está viva porque estavapixbet365 sitequarentena por uma possível doença transmitida por um cliente. Ela escreve seu nome repetidamente. "Você pode esquecer quem você é se estiver sozinho demais", diz.
Por meiopixbet365 siteflashbacks, Atwood explica como o equilíbrio entre os mundos natural e humano foi destruído pela bioengenharia patrocinada por grandes empresas e como ativistas como Toby reagiram. Sempre atenta aos problemas que tecnologia pode trazer, Atwood baseia seu trabalhopixbet365 sitepremissas plausíveis, tornando o Ano do Dilúvio terrivelmente presciente.
O que torna a ficção pandêmica tão envolvente é que os humanos se unem na luta contra um inimigo que não é um inimigo humano. Não existem 'mocinhos' ou 'bandidos'; a situação é mais sutil. Cada personagem tem uma chance igualpixbet365 sitesobreviver ou não. A variedadepixbet365 siterespostaspixbet365 sitecada personagem às circunstâncias terríveis torna a história interessante para quem escreve - e para quem lê.
Severance (A Separação,pixbet365 sitetradução livre - livro indisponível no Brasil),pixbet365 siteLing Ma (2018), que o autor descreveu como um "romance apocalípticopixbet365 siteescritório" com uma históriapixbet365 siteimigração, é narrada por Candace Chen, uma moça que trabalhapixbet365 siteuma empresapixbet365 sitepublicação da Bíblia e tem seu próprio blog. Ela é uma das nove sobreviventes que fogem da cidadepixbet365 siteNova York durante a pandemia fictícia da febrepixbet365 siteShenpixbet365 site2011. Ma descreve a cidade depois que "a infraestrutura ... entroupixbet365 sitecolapso, a internet caiupixbet365 siteum buraco, a rede elétrica foi fechada".
Candace se junta a um grupo numa viagempixbet365 sitedireção a um shoppingpixbet365 siteum subúrbiopixbet365 siteChicago, onde o grupo planeja se estabelecer. Eles viajam por uma paisagem habitada pelos "febris", que são "criaturaspixbet365 sitehábitos, imitando velhas rotinas e gestos" até morrerem. Os sobreviventes são imunes aleatoriamente? Ou "selecionados" pela orientação divina? Candace logo descobre quepixbet365 sitetroca da segurançapixbet365 siteestarpixbet365 sitegrupo precisa demonstrar uma estrita lealdade às regras religiosas estabelecidas pelo líder do grupo Bob, um ex-técnicopixbet365 siteTI autoritário. É apenas uma questãopixbet365 sitetempo até que ela se rebele.
Nossa própria situação atual é, obviamente, nempixbet365 sitelonge tão extrema quanto a previstapixbet365 siteSeverance. Ling Ma explora o pior cenário que, felizmente, não estamos enfrentando. Em seu romance, ela analisa o que acontecepixbet365 siteseu mundo imaginário após a pandemia desaparecer. Depois do pior, quem está encarregadopixbet365 sitereconstruir uma comunidade, uma cultura? Entre um grupo aleatóriopixbet365 sitesobreviventes, o romance pergunta: quem decide quem tem poder? Quem define as diretrizes para a prática religiosa? Como os indivíduos retêm poderpixbet365 siteagência?
As vertentes narrativas do romance Estação Onze,pixbet365 siteEmily St John Mandel,pixbet365 site2014, ocorrem antes, durante e depoispixbet365 siteuma gripe ferozmente contagiosa originária da República da Geórgia "explodir como uma bombapixbet365 sitenêutrons na superfície da terra", destruindo 99% da população da população global. A pandemia começa na noitepixbet365 siteque um ator que interpreta o rei Lear, personagempixbet365 siteShakespeare, sofre um ataque cardíaco no palco. Sua esposa é autorapixbet365 sitehistóriaspixbet365 sitequadrinhospixbet365 siteficção científica ambientadaspixbet365 siteum planeta chamado Estação Onze. O livro tem ecos dos Contospixbet365 siteCanterbury, clássico da literatura inglesa, escrito por Chaucer, o prototípico e irreverente ciclopixbet365 sitehistórias do século 14, que tem como panopixbet365 sitefundo a peste negra.
Quem e o que determina a arte, pergunta Mandel? A culturapixbet365 sitecelebridades importa? Como vamos reconstruir as coisas depois que o vírus invisível nos sitiar? Como a arte e a cultura mudarão? Sem dúvida, existem romances sobre nossas circunstâncias atuaispixbet365 siteandamento. Como os contadorespixbet365 sitehistórias nos próximos anos retratarão essa pandemia? Como eles irão narrar a ondapixbet365 siteespírito solidário, os inúmeros heróis entre nós? Essas são questões a serem ponderadas à medida que aumentamos o tempopixbet365 siteleitura e preparamos o surgimento do novo mundo.
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