'Shrill', a série que retrata as pessoas acima do pesobetano basqueteforma pouco vista na TV:betano basquete

Moças dançambetano basquetefestabetano basquetecena do seriado Shrill

Crédito, Hulu

Legenda da foto, Shrill oferece uma nova perspectiva sobre atores e mulheres acima do peso

"Ver tantas mulheres, com tiposbetano basquetecorpos que são geralmente categorizados como 'indesejáveis', trabalhando essa questão e se mostrando lindas foi algo incrível", diz Loey Lane, uma influenciadora que promove positividade corporal e acumula 2 milhõesbetano basqueteseguidoresbetano basquetemídias sociais. "Eu já fui a essas festasbetano basquetepiscina na vida real, mas eu nunca as tinha visto na tela."

Gwyneth Paltrow e dois outros atoresbetano basquetecena do filme O Amor É Cego

Crédito, Alamy

Legenda da foto, Gwyneth Paltrow usou uma 'roupa gorda' no filme O Amor É Cego para poder parecer ser muito mais larga do que é na realidade

E não foi apenas essa cena que causou grande reação do públicobetano basqueteShrill. Combetano basqueteheroína acima do peso, complexa e engraçada, a sériebetano basqueteseis episódios, baseada nas memórias da jornalista Lindy West, tem sido elogiada como uma resposta à longa tradição da indústria do entretenimentobetano basquetedesvalorizar e ridicularizar quem não seja bastante magro.

"Parece um daqueles grandes momentos culturais", diz Harriet Brown, autora do livro Corpobetano basqueteVerdade: Como a Ciência, a História e a Cultura Lideram nossa Obsessão por Peso e o que Podemos Fazer a Respeito.

"Nós vimos mulheres com corpos grandes na TV antes, mas elas estão quase sempre relegadas a papéis coadjuvantes, ou são base para piadas, ou são usadas como contraponto para outros personagens. Ou, caso tenha um papel central, o tamanho do seu corpo – e como ela lida com isso – é a basebetano basquetetodabetano basquetehistória."

Num dos extremos mais ofensivos dessa questão, está o uso do que ficou conhecido como "roupa gorda" – ou "fat suits",betano basqueteinglês – uma vestimenta que serve não apenas para fazer piada com pessoas gordas, mas também permite o usobetano basqueteatores magros, que depois podem se transformar nabetano basqueteprópria imagem linda típicabetano basqueteHollywood.

O seriado Friends foi notório ao fazer isso com a versão gordabetano basqueteMonica, interpretada por Courtney Cox, enquanto Gwyneth Paltrow usou um no filme O Amor É Cego (Shallow Hal), chamadobetano basquete"o filme mais 'gordofóbico'betano basquetetodos os tempos" pelo site Revelist, com a "beleza interior"' da personagem – na formabetano basqueteuma Paltrow magra, sem a "roupa gorda" – aparecendo e brilhando depois que ela foi hipnotizada.

E elas continuam sendo usadas: o drama adolescente Insatiable, da Netflix, colocou a jovem atriz Debby Ryan numa dessas roupas no ano passado para interpretar Patty, uma estudante do ensino médio que, graças a uma contusão e três mesesbetano basquetedieta líquida, perde 31 quilos e passa a ser considerada incrivelmente atraente.

Roteiros paternalistas

Nas telasbetano basqueteTV e cinema, tem havido recentemente um número um pouco maiorbetano basqueteestrelas do sexo feminino que não sejam bem magras – mas o tratamento que recebem tem sido questionável.

Veja o exemplo da estrela australiana Rebel Wilson, que era permanentemente colocada no papel da coadjuvante até seu mais recente filme, Megarrromântico (Isn't It Romantic) – que conta a históriabetano basqueteuma mulher que bate a cabeça, ebetano basquetevida vira uma comédia romântica.

O filme joga,betano basqueteforma paternalista, com a ideiabetano basqueteque ela é uma improvável personagem principalbetano basqueteuma comédia romântica. Não é um conceito muito diferente do adotado pelo filme Sexy Por Acidente (I Feel Pretty), que estrelou Amy Schumer como uma mulher com baixa autoestima que caibetano basqueteuma bicicleta ergométrica e passa a acreditar que é a mulher mais linda do mundo.

A mensagem óbvia é: como pode Schumer, com suas formas mais largas, ser considerada linda?

A personagem Annie,betano basquetecenabetano basqueteShrill

Crédito, Hulu

Legenda da foto, A personagem Annie,betano basquete"Shrill", tem um guarda-roupas que se destaca por ser moderno e com estilo

Como diz Brown, mulheres mais gordasbetano basquetepapéis principais são frequentemente colocadasbetano basquetetramas que girambetano basquetetornobetano basqueteseu peso. Os exemplos incluem o papelbetano basqueteMelissa McCarthy na sitcom Mike & Molly – sobre um casal que se conhece nos Comedores Excessivos Anônimos – e Kate, da série This is Us, interpretada por Chrissy Metz, que luta para perder peso,betano basqueteforma contínua e sofrida.

A personagem Annie,betano basqueteShrill, no entanto, é objetobetano basquetetramas – frustrações na carreira, um aborto, casosbetano basqueteuma noite só – que não têm nenhuma ligação com seu peso, seu corpo ebetano basqueteautoimagem.

"Seu patrão é um idiota, e o cara com quem ela está transando não é muito legal com ela, mas não porque ela era uma garota grande", diz Lane. "São experiências universais, e isso dá uma sensaçãobetano basquetealgo bastante novo."

Isso não quer dizer que Annie não enfrente desafios ligados à formabetano basqueteseu corpo. Sua jornada pessoal,betano basquetepreocupação exagerada à liberação numa tarde na piscina, é um microcosmobetano basquetesua trajetória nos seis episódios da temporada, da timidez e dúvidas sobre si mesma à conquistabetano basquetemais poder e à autoaceitação.

Os primeiros episódios claramente mostra comobetano basqueteforma é reprovadabetano basquetepúblico – estranhos lhe fazem insultos disfarçadosbetano basqueteelogios ("Você me lembra Rosie O'Donnell", referindo-se à atriz e comediante que também tem um porte físico grande), e um personal trainer lhe oferece, numa cafeteria, "ajuda" para que ela liberte a pessoa magra que está "presa" dentro dela.

"Isso se pareceu incrivelmente com coisas que aconteceram comigo", diz Lane. "Eu perdi a contabetano basquetequantas vezes as pessoas me disseram: 'Você tem um rosto tão bonito' ou 'Oh, você vai ficar tão linda depois que perder X, Y ou Z quilos'."

Quase tão radical quanto as tramas envolvendo Anniebetano basqueteShrill é seu guarda-roupa: contém vestidos floridos, brilhantes e uma roupabetano basquetefesta sexy com lantejoulas, tudobetano basqueteprovocar tanta inveja quanto as roupasbetano basquetequalquer outra protagonista do sexo feminino num programabetano basqueteTV contemporâneo.

Entretanto, a figurinista da série, Amanda Needham, revelou que a maioria das roupas tevebetano basqueteser produzida do zero, porque a ofertabetano basqueteroupas adequadasbetano basquetelojas é muito limitada. "Quando você chega a um certo tamanhobetano basqueteroupa, as pessoas meio que querem que você desapareça", disse ela recentemente à revista New York.

O último preconceito ainda aceito

Peso, ao que parece, é o único estigma ainda considerado como aceitável socialmente (em sociedades ocidentais modernas), e pessoas acima do peso são o único grupo marginalizado "merecedor"betano basquetereprovação do público. Brown faz referência a um recente estudo que se concentroubetano basquetetaxasbetano basqueteviés implícito – ou de, simplesmente, preconceito.

"Ele mostrou que,betano basqueterelação a questões como orientação sexual, gênero e raça, nós estamos vendo uma redução dos níveisbetano basqueteviés implícito. Mas,betano basqueterelação a questõesbetano basquetecorpo, estamos vendo um aumento do viés", diz ela.

Isso certamente parece ser verdadebetano basqueteHollywood. Nos últimos anos, a indústria americana do cinema fez claros esforços públicos para ser mais representativabetano basquetequestõesbetano basquetegênero, etnicidade e orientação sexual nas telas; a diversidadebetano basquetecorpo, entretanto, continua sendo deixada para trás.

Billy Gardel e Melissa McCarthy na série Mike and Molly

Crédito, Alamy

Legenda da foto, Billy Gardel e Melissa McCarthy na série Mike and Molly,betano basqueteque a personagembetano basqueteMcCarthy era definida por seu peso

Brown diz que psicólogos não sabem explicar por que o preconceito relacionado ao corpo aumentou, mas ela afirma: "Uma teoria diz que, apesarbetano basqueteestarmos nos tornando mais inclusivos, como humanos ainda precisamos categorizar algum grupo como 'outro'. E os gordos são um alvo fácil, porque, apesarbetano basquetepilhasbetano basqueteevidências científicas e médicas mostrando o contrário, nós ainda achamos que pessoas gordas poderiam ser magras se elas se esforçassem mais. Isso é visto como uma questãobetano basqueteresponsabilidade pessoal e forçabetano basquetevontade."

E são os corposbetano basquetemulheres os alvosbetano basquetemaior julgamento e policiamento – tanto nas telas como fora delas –, claro. "Veja o programabetano basqueteTV Modern Family, por exemplo", diz Taryn Myers, professorabetano basquetepsicologia na Universidade Virginia Wesleyan e especialistabetano basqueteimagem corporal.

"Era para ser um programa diversificado e representativo. E, se você olhar para os homens, eles têm diversos tiposbetano basquetecorpos. Mas, se você olhar para as mulheres, elas são todas do tipo 'magra ideal'."

Brown menciona a noção recém-criadabetano basquete"Dad-bod" – corpo masculino típicobetano basquetehomembetano basquetemeia idade, meio forabetano basqueteforma – como um exemplobetano basquetepadrões físicos diferentes para homens e mulheres. "Isso é algobetano basqueteque as pessoas falambetano basqueteforma carinhosa", diz ela.

Realmente, Winston Duke, astro do filme Nós, dirigido por Jordan Peele, recentemente me disse que ele foi incentivado a cultivar um "Dad-bod" para o filme, já que ele realmente interpretaria um pai. É difícilbetano basqueteimaginar as duas personagens femininas adultas do filme, interpretadas por Lupita Nyong'o e Elisabeth Moss, sendo encorajadas da mesma forma para criar um físico mais cheio para interpretar duas mães.

Um futuro diverso?

Nesse contexto, Shrill está sendo corretamente celebrada porbetano basqueterepresentação radicalbetano basqueteuma moça acima do peso, embora um poucobetano basquetecautela seja recomendável – neste momento, é apenas uma sériebetano basqueteTV, e ainda existe um longo caminho até que a diversidade corporal se torne a norma nas telasbetano basquetecinema e TV.

"Nós sabemos que leva bastante tempo para que uma representação real chegue e mude as coisas", diz Brown. "Nós ainda estamos trabalhando para que isso aconteçabetano basqueteoutras questões, nas quais estamos trabalhando há muito tempo, como raça."

Mas o momento da chegadabetano basqueteShrill é significativo. A série veio na era do #MeToo, quando mulheres estão se levantando e se recusando a ser silenciadas da forma como eram – e isso inclui questões relativas a seus corpos, com novos movimentos e grupos ativistas nos Estados Unidos, como a Associação Nacional pela Aceitação dos Gordos e Saúdebetano basqueteQualquer Tamanho.

"Hollywood sempre teve medobetano basquetedeixar que qualquer mulher seja vista como linda e poderosa com ela realmente é, porque eles sempre quiseram restringir esse poder a um pequeno grupobetano basqueteelite que visualmente parecem inatingíveis", diz Lane. "Eu adoro ver que finalmente estamos nos livrando desse molde."

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