'Antitrabalho': o movimento que ganhou força na pandemia e se espalha por comunidades online:chip leader poker

Após dois anoschip leader pokerpandemia, os trabalhadoreschip leader pokertodo o mundo estão cansados. Problemaschip leader pokersaúde mental e burnout são comuns, particularmente entre os trabalhadores essenciais e com salários mais baixos. Esse período prolongadochip leader pokerincertezas fez com que muitos deles passassem a enxergar seus patrões com outros olhos - e o númerochip leader pokertrabalhadores deixando seus empregoschip leader pokerbuscachip leader pokermelhores opções vem batendo recordeschip leader pokermuitos países.

Mas algumas pessoas estão indo além, perguntando-se se existe algum propósito para o seu trabalho, ou para o próprio sistema econômico. Essas pessoas são parte do movimento "antitrabalho", que busca romper com a ordem econômica que sustenta o ambientechip leader pokertrabalho moderno.

O antitrabalho baseia-se nas críticas econômicas anarquistas e socialistas e argumenta que a maior parte dos empregoschip leader pokerhojechip leader pokerdia não é necessária;chip leader pokervez disso, eles impõem a escravidão assalariada e impedem trabalhadoreschip leader pokerreceberem pelo total valorchip leader pokersua produção.

Mas isso não significa que o trabalho deva deixarchip leader pokerexistir. Os apoiadores do movimento antitrabalho acreditam que as pessoas deveriam organizar-se e trabalhar apenas o necessário,chip leader pokervezchip leader pokertrabalhar por longas horas para gerar excessochip leader pokerbens ou capital.

Alguns anos atrás, o antitrabalho era uma ideia marginal, radical, mas a encarnação pandêmica desse movimento cresceu rapidamente e tornou-se mais conhecida fora dos círculos políticos.

Ela está baseada na comunidade r/antiwork,chip leader pokeringlês, do agregadorchip leader pokerconteúdo e rede social Reddit. A comunidade ainda advoga pela ação direta, mas, à medida quechip leader pokerpopularidade foi crescendo, seu foco foi suavizado e ampliado para formar um diálogo mais amplo sobre as condiçõeschip leader pokertrabalho.

Atualmente, a comunidade oferece um mosaicochip leader pokerhistórias pessoais sobre pedidoschip leader pokerdemissão e formaschip leader pokermudar locaischip leader pokertrabalho hostis, dicaschip leader pokerorganização e aconselhamento legal para greves trabalhistaschip leader pokerandamento echip leader pokercomo pessoas podem advogarchip leader pokercausa própria.

A comunidade cresceu rapidamente. Em um momentochip leader pokerque a insatisfação dos trabalhadores e os direitos trabalhistas são intensamente analisados, qual o significado do crescente interesse por esse movimento? E ele poderá ter um papel a desempenhar na efetivaçãochip leader pokermudanças sociais?

'Rejeição visceral do trabalho'?

Chris ajuda a moderar a comunidade r/antiwork, que reúne atualmente 1,7 milhãochip leader pokerassinantes (eram apenas 100 mil até marçochip leader poker2020). "Temos um aumento constante do númerochip leader pokermembros, entre 20 mil e 60 mil seguidores por semana. Temos enorme crescimento e muitos membros engajados. Recebemos centenaschip leader pokerpostagens e milhareschip leader pokercomentários todos os dias", acrescenta Doreen Ford, outra moderadora da comunidade.

O nome e a filosofia da comunidade vêmchip leader pokerdiversas fontes. Ford afirma que uma delas é Bob Black, filósofo anarquista cujo ensaiochip leader poker1985 "The Abolition of Work" ("A abolição do trabalho",chip leader pokertradução livre) foi baseadochip leader pokerpensamentos anteriores sobre o trabalho - que Black afirma virem desde os filósofos Platão e Xenofonte, na Grécia antiga.

"Muitos trabalhadores estão saturados com o trabalho... Pode estar havendo um movimento rumo a uma rejeição consciente do trabalho, não apenas visceral", escreve Black, sugerindo que as pessoas façam apenas o trabalho necessário e dediquem o restante do seu tempo para a família e as paixões pessoais.

As pessoas que acreditam no antitrabalho não são necessariamente contra todas as formaschip leader pokertrabalho. Seu sentimento global échip leader pokerhostilidade contra "trabalhos que sejam estruturados com base no capitalismo e no Estado", segundo a seçãochip leader pokerperguntas frequentes (FAQ, na siglachip leader pokeringlês) da comunidade: "o objetivochip leader pokerr/antiwork é começar a conversar sobre a problematização do trabalho como o conhecemos hoje", segue o texto.

Embora esses ideais sigam sendo centrais nesse movimento, o foco da comunidade se ampliou para englobar direitos trabalhistas mais genéricos. Os usuários compartilham históriaschip leader pokerabuso por parte dos empregadores, pedem conselhos sobre como negociar melhores salários, contribuem com memes ou postam notícias sobre greves trabalhistaschip leader pokerandamento.

Os participantes também fornecem dicas aos usuários sobre como apoiar movimentos grevistas. Em dezembrochip leader poker2021, os membros da comunidade apoiaram os esforços para inundar o portalchip leader pokervagas da Kellogg's quando a companhia rompeu as negociações com trabalhadores sindicalizadoschip leader pokergreve e afirmou que contrataria novos funcionários não sindicalizados. Embora não esteja clara a importância da influência direta dos membros da comunidade r/antiwork sobre as ações da empresa, a Kellogg's e o sindicato chegaram a um acordo no final daquele mês.

A comunidade também fornece links para leituras e podcasts sobre o movimento antitrabalho fora do Reddit. A maior parte das postagens vemchip leader pokertrabalhadores norte-americanoschip leader pokertodos os gêneros e profissões, mas há também participanteschip leader pokeroutros países.

'Interrupção do trabalho como o conhecemos'

O movimento antitrabalho não é novo, mas recentemente voltou a chamar a atenção.

"Com a covid, houve uma interrupção do trabalho como o conhecemos", afirma Tom Juravich, professorchip leader pokerestudos trabalhistas da Universidadechip leader pokerMassachusettschip leader pokerAmherst, nos Estados Unidos. "Em momentos como esse, as pessoas têm tempo para refletir. O trabalho se degradou para muitas pessoas. Nossas estruturaschip leader pokerautoridade tornaram-se mais draconianas e controladoras do que nunca. As pessoas realmente sentiram issochip leader pokeruma nova maneira."

Para os trabalhadores braçais, a covid-19 expôs brutalmente as profundas desigualdades existentes: baixos salários, faltachip leader pokerlicença médica pagachip leader pokeralguns países e necessidadechip leader pokerfrequentar ambienteschip leader pokeratendimento a clientes com medidas inadequadaschip leader pokersegurança, que deixam as pessoas vulneráveis para contrair covid no localchip leader pokertrabalho.

Enquanto isso, trabalhadoreschip leader pokertodos os níveis salariais vêm lutando para conciliar as pressões do trabalho com as responsabilidades familiares causadas pelo fechamento das escolas, gerando maior burnout e problemaschip leader pokersaúde mental - e, para alguns, até questões existenciais.

Mas Kate Bronfenbrenner, diretorachip leader pokerpesquisas sobre educação trabalhista e professora sênior da Universidade Cornell, nos Estados Unidos, observa que, embora a covid-19 tenha sido um catalisador importante, o movimento antitrabalho atual possui raízes mais profundas que vêmchip leader pokerantes dos últimos dois anos.

"Os trabalhadores vinham mantendo um limite espantosochip leader pokertolerância a abusos praticados pelos empregadores contra eles", afirma Bronfenbrenner. "Mas, quando esse abuso avançou ao pontochip leader pokerarriscar suas vidas, esse limite foi ultrapassado; no contexto da covid-19, os empregadores solicitavam a eles que trabalhassem mais do que nunca enquanto tinham lucros enormes."

É claro que nem todos os trabalhadores desiludidos adotarão o antitrabalho. Muitos estão buscando novos empregos, como formachip leader pokergarantir melhores condições. Outros estão se demitindo para trabalhar por conta própria. Mas alguns estão tentando defender mudanças.

"Nem todas as pessoas estão se demitindo", afirma Bronfenbrenner. "Alguns estão dizendo que vão consertar as coisas se organizando, promovendo greves ou resistindo."

'Parece um grande momento para nós'

Ainda é muito cedo para dizer se essa comunidade online poderá causar impactos mensuráveis sobre os direitos trabalhistas, seja com discussões mais acaloradas e apaixonadas ou com outras rupturas. Mudanças fundamentais no trabalho da noite para o dia são improváveis, mas estamos vivenciando uma reorganização sem precedentes,chip leader pokertermoschip leader pokercomo os trabalhadores fazem seu trabalho e o tipochip leader pokercondições que eles esperam receber dos empregadores.

Muitos trabalhadores claramente estão no seu limite - e já existem sinaischip leader pokerque os empregadores, temendo atritos generalizados com seus funcionários, estão começando a reagir com melhorias crescentes. Se o antitrabalho e seus primos ideológicos continuarem a ganhar simpatizantes, isso pode fazer com que os empregadores - e talvez até os políticos - parem um pouco para pensar sobre o assunto.

Ao mesmo tempo, é importante observar como o movimento antitrabalho se desenvolveu no passado. Um paralelo são os "longos anos 70" - o período entre meados da décadachip leader poker1960 e o início dos anos 1980 -, um períodochip leader pokerinflação e recessão econômica nos Estados Unidos, que levou muitos líderes trabalhistas (que,chip leader pokermuitos casos, haviam entradochip leader pokergreve sem aviso prévio) a abandonar seus empregos e reivindicar mais do que apenas aumentos salariais dos empregadores. Suas exigências também incluíam melhores condiçõeschip leader pokertrabalho e mudanças na liderança dos sindicatos.

Mas esse movimento perdeu força, especialmente quando os empregadores pediram mais concessões aos sindicatos para compensar a perdachip leader pokerlucroschip leader pokermeio a uma enorme recessão, e acabou minado pelo "medochip leader pokerperder a segurança no trabalho", afirma Leon Fink, professorchip leader pokerhistória da Universidadechip leader pokerIllinois,chip leader pokerChicago, nos Estados Unidos.

Fink acrescenta que a volatilidade e o declínio da expansão econômica acabaram por corroerchip leader pokervez a influência dos trabalhadores para sustentar mudançaschip leader pokerlongo prazo. De forma similar, condições econômicas futuras e a evolução das relaçõeschip leader pokerpoder no ambientechip leader pokertrabalho acabarão por afetar o direcionamento do movimento antitrabalho atual.

Mas os movimentos trabalhistas do passado indicam que momentoschip leader pokeroportunidade podem gerar alguma mudança, mesmo que seja gradual ou por curto período. "Acho que existe uma possibilidade realchip leader pokeralguma movimentação" com o movimento antitrabalho atual, segundo Juravich. Ele relembra as implicações do movimento Occupy Wall Streetchip leader poker2011, que "continua a reverberarchip leader pokertodos os outros movimentos populares".

Doreen Ford, moderadora da comunidade r/antiwork, é otimista: "eles estão iniciando muitas discussões. Parece um grande momento para nós." Já Chris vê o movimento antitrabalho como uma pequena parte do que poderá se tornar um grande esforço para destruir totalmente a estrutura do trabalho - ainda que não acredite ver issochip leader pokervida.

"Espero poder facilitar [esse processo] para as gerações futuras", afirma ele.

Nota: pouco depois da publicação desta reportagemchip leader poker26chip leader pokerjaneirochip leader poker2022, a comunidade r/antiwork tornou-se um grupo fechado, para que os moderadores pudessem fazer uma varredurachip leader pokerseu conteúdo após ataques coordenados ('brigading)' contra ela. O texto da reportagem foi preparado antes dessa mudança.

chip leader poker Leia a íntegra desta reportagem (em inglês) chip leader poker no site BBC Worklife.

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