Quando a raiva impulsiona funcionários a largar seus empregos:cassino mines
O que é a "demissão por raiva"
A ideiacassino minessair com raivacassino minesum emprego surgiu muito antes do fenômeno começar a ser celebrado na cultura pop, como no clássico da música country dos anos 1970 Take this job and shove it; e antes dos gamers começarem a usar a expressão "rage quitting" (desistência por raiva) na décadacassino mines1980 para designar o abandono furiosocassino minesum jogo frustrante.
Embora a "demissão por raiva" possa parecer impulsiva, a insatisfação com o trabalho tende a acumular-se ao longo do tempo, até que um incidente isolado deflagre a demissão real. E ter um espaço seguro para onde ir - como grande quantidadecassino minesopçõescassino minestrabalho, outra fontecassino minesrenda (como o seguro-desemprego) ou uma oportunidadecassino minesvista (como uma formação escolar) - pode fazer com que seja mais fácil puxar o gatilho.
Esses padrões existemcassino minesalguma formacassino minestodos os cargos e indústrias, mas assumem formas diferentescassino minesdiferentes contextos. Não existem estatísticas sobre as demissões por raiva, mas Peter Hom, especialistacassino minesrecolocação profissional da Universidade do Estado do Arizona, nos Estados Unidos, indica que, na Alemanha, por exemplo, funcionárioscassino minesgrandes empresas são penalizados se pedirem demissão sem aviso prévio. Já os Estados Unidos têm mais liberdadecassino minesemprego, o que justificaria que a "demissão por raiva" fosse mais comum naquele país.
Sajeet Pradhan, pesquisador do comportamento empresarial do Instituto Indianocassino minesAdministração Tiruchirappalli, afirma que,cassino minescomparação com os Estados Unidos e a Europa, a Índia "culturalmente é mais tolerante (infelizmente) ao abuso no trabalho", devido à "distância do poder ou à educação que nos condicionou a respeitar pessoascassino minesposiçõescassino minesautoridade". Na Índia, segundo Pradhan, "a 'demissão por raiva' geralmente acontece nos cargoscassino minesalta especialização e entre os millennials".
Geralmente - segundo Nita Chhinzer, pesquisadoracassino minesadministração estratégicacassino minesrecursos humanos da Universidadecassino minesGuelph, no Canadá - "as pessoas com maior formação são mais propensas a demitir-se porque elas acreditam que seus conhecimentos podem ser aplicados e transferidos com mais facilidade". Mas pessoascassino minesempregos precários ou menos especializados podem muitas vezes demitir-se com curto aviso prévio. Peter Hom destaca pessoas que trabalham nas fábricas voltadas à exportação na China e no México: "é como um jogo das cadeiras - elas pulamcassino minesum emprego para outro".
E, embora os trabalhadores jovens às vezes sejam considerados inconstantes, "na verdade, antes que o seu custo seja irrecuperável devido a um investimento perdido na organização, eles tomam a decisão que for melhor para eles", agrega Chhinzer. Faz sentido que eles abandonem um emprego inadequadocassino minesforma mais espontânea.
Isso não significa que deixar o trabalho no calor do momento seja sempre algo lógico. Chhinzer afirma que, "com a 'demissão por raiva', na verdade, eles não estão deixandocassino minestomar decisões racionais, mas estão apenas pensandocassino minesquais são as suas opções". Funcionários saturados poderão superestimarcassino minescapacidadecassino minesconseguir outro emprego.
O que está por trás da "demissão por raiva"
Embora haja muitas razões para abandonar um emprego insatisfatório, existem certos padrões recorrentes que geram demissões espontâneas.
Uma das razões mais comuns é a má gestão. A supervisão abusiva pode gerar exaustão emocional. Quando os gerentes deixamcassino minesatender às repetidas preocupações dos funcionários, o resultado explosivo pode ser a demissão desses funcionários por raiva. A má gestão muitas vezes está relacionada a outras razões das "demissões por raiva", como mudanças constantescassino minesprojetos, cronogramas rigorosos, sobrecargacassino minestrabalho e rejeiçãocassino minespreocupações com segurança.
Sarah sofreu tudo issocassino minesum recente períodocassino minestrês meses como caixacassino minesuma pequena merceariacassino minesMichigan, nos Estados Unidos. A jovemcassino mines24 anos havia se mudado com seus pais e pretendia trabalhar temporariamente, e apenascassino minesmeio período, enquanto se preparava para cursar graduaçãocassino minesToronto, no Canadá, mas o pequeno quadrocassino minesfuncionários e fortes exigências da gerência logo fizeram com que ela trabalhassecassino minestempo integral.
Era também claro que a segurança dos funcionários não era prioridade. Sendo a única mulher jovem na empresa, Sarah se sentia inseguracassino minesmuitas formas: clientes embriagados que às vezes eram beligerantes, a maioria das pessoas se recusava a usar máscaras e frequentemente ela era a única funcionária na loja.
O golpe final ocorreu quando um cliente começou a persegui-la. Sarah pediu àcassino minesgerente que mudasse a escala dos funcionários, dacassino minesposição pública na loja, onde qualquer cliente poderia ver quando ela estivesse trabalhando, para um espaço privado. A gerente não apenas recusou, mas também gritou com Sarah por mencionar o perseguidor. "Minha chefe imediatamente se exaltou. Ela dizia: 'Você precisa ser adulta. Por que você não é adulta com relação a isso?' Ela repetiu isso muitas vezes", afirma Sarah.
Sarah pediu demissão naquele mesmo telefonema, um mês antes do final do trabalho. "Eu me senti muito mal porque realmente queria dar duas semanas [de aviso prévio]... mas, quanto mais eu pensava sobre isso e como ela fez tão pouco para me ajudar e trabalhar com aquela situação, mais eu achava que aquilo não valia meu tempo, nem minha segurança", conta ela.
Embora tenha ficado abalada depois da demissão por raiva, ela não ficoucassino minesgrandes dificuldades financeiras. "Tenho certezacassino minesque, se fosse o emprego dos meus sonhos, eu teria tomado decisões diferentes", analisa Sarah. Ela diz que seria menos provável que se demitisse espontaneamente "se aquele fosse um emprego que já me valorizasse... se fosse um emprego que eu realmente sentisse como uma carreira".
No caso das pessoas que se demitem por raiva, o mau tratamentocassino minesuma parte alimenta o mau tratamento pela outra. Depois que a gerente deixoucassino mineslevarcassino minessegurançacassino minesconsideração, Sarah decidiu não cumprir aviso prévio.
Nita Chhinzer faz referência à teoria das trocas sociais: "a forma como você me trata determina a forma como eu trato você". Se um gerente alterar cronogramas no último minuto, insistindo que os funcionários façam horas extras ou recusando-se a permitir licença por luto, os funcionários são também mais propensos a retribuir com limitaçõescassino minescomunicação e faltacassino minesaviso prévio.
A covid como promotora
Algumas dessas pressões sobre os funcionários foram potencializadas pela pandemia. Chhinzer afirma que,cassino mines2020, as taxascassino minespedidoscassino minesdemissão,cassino minesforma geral, caíram, já que as pessoas permaneceramcassino minesseus empregos o máximo que conseguiram. Mas as demissões aumentaram muitocassino mines2021,cassino minesforma que "os gestores, as organizações e os departamentoscassino minesRH estão muito preocupados com a manutenção dos talentos".
Mas, como mostra a experiênciacassino minesSarah, essa preocupação nem sempre se traduzcassino minesmelhor proteção dos empregados, particularmentecassino minescargos com baixos salários.
De fato, a segurança tem sido um catalisador frequente para que funcionários que atendem clientes pessoalmente se demitam por raiva. Uma enfermeira cujos colegas espalhavam informações falsas sobre vacinas; um funcionáriocassino minesrestaurante cujos gerentes escondiam a informaçãocassino minesque a covid vinha se espalhando entre os funcionários; ou uma vendedora com receiocassino minestransmitir o vírus para parentes vulneráveis - todos deixaram seus empregoscassino minesforma quase repentina durante a pandemia.
Os pesquisadores já estavam investigando a "consciência da morte no trabalho" antes da pandemia. Mas a covid-19 trouxe outra dimensão para essa ansiedade no localcassino minestrabalho. Para os que se demitiam por raiva, especialmente os que possuíam alta "ansiedade da morte", o componente "raiva" "pode ser acionado mais provavelmente pelo fatocassino minesque os empregadores deixamcassino minesfornecer medidascassino minessegurança suficientes para proteger a saúde dos seus funcionários", afirma Rui (Hammer) Zhong, estudantecassino minesPhD da Universidade da Colúmbia Britânica, no Canadá, que pesquisa o lado negativo dos locaiscassino minestrabalho (essa reaçãocassino minesraiva inflamada opõe-se à outra formacassino minesconsciência da morte pesquisada por Zhong e seus colegas - uma reflexão da morte, ou "demissão calma", ao perceber como a vida é curta).
Nita Chhinzer comenta que "as pessoas estão saindo [de seus empregos] não apenas devido ao mau tratamento no trabalho pelos gerentes e colegas; elas também estão saindo devido à situação nos seus empregos", como a necessidadecassino minesretornar ao localcassino minestrabalho. "Isso não era preocupação anteriormente", segundo ela.
Alternativas para a "demissão por raiva"
Para alguém tentado a demitir-se por raiva, pode ser útil obter uma perspectiva sobre o que existe atrás da raiva, além da gratificação imediatacassino minesesfregar issocassino minesum mau chefe.
Também é útil analisar por que outras pessoas não se demitem por raiva. Históriascassino minesfuncionários sobrecarregados que desrespeitam seus maus chefes são gratificantes e, às vezes, inspiradoras. Mas é claro que é alarmante pedir demissão sem um plano B.
Alexander teve a sortecassino minesnão depender do seu trabalho como DJ, pois o seu emprego principal era como cientista. Ele observa que "teria sido realmente mais difícil abandonar o trabalho se eu não tivesse outro emprego". E nem todos têm condiçõescassino minesdeixar um emprego desmotivador, oucassino minessair sem o pagamento da rescisão. Por isso, nem sempre é útil que as pessoas que fizeram isso incentivem os demais a sair imediatamentecassino minesum mau emprego.
Alibel encontra essa situação com frequência entre seus compatriotas, migrantes venezuelanos na Argentina, que nem sempre contam com situação legal ou financeira para mudar facilmentecassino minesemprego.
Quando ela chegou a Buenos Aires,cassino mines2019, seu primeiro emprego foi vendendo carros por telefone. Não levou muito tempo para que ela compreendesse que era uma operação ilegal e Alibel, agora com 28 anoscassino minesidade, pediu demissão rapidamente. Ela não perdeu nenhum pagamento porque o emprego era totalmente comissionado: "se você não vendesse nada, não ganharia um centavo", ela conta. Mas, embora haja muitos relatoscassino minespessoas que se demitem por raivacassino minesoutros empregos questionáveis, nem todos têm condiçõescassino minesassumircassino minesposição moral.
De forma geral, o estigma da demissão pode estar diminuindo devido à Grande Renúncia (nome dado à tendência que levou um grande númerocassino minestrabalhadores norte-americanos a deixar seus empregos durante a pandemiacassino minescovid-19), embora a saídacassino minesalguns funcionários com planos B possa tornar a situação mais difícil para os colegas que ficam para trás. Mas,cassino minesúltima análise, é papel dos empregadores melhorar as condiçõescassino minestrabalho. "Se os empregadores oferecerem salários decentes e bons benefícios, eles inibirão as demissões", afirma Peter Hom.
Nita Chhinzer destaca que, entre as organizações concentradascassino minesmanter seus funcionários, é útil ser proativo, por exemplo, com apresentações semanais, benefícios como auxílio-educação ou sextas-feirascassino minesfolga no verão. Peter Hom e seus colegas recomendam que os empregadores prestem mais atenção aos "comportamentos pré-demissão", com a implementação, por exemplo,cassino minesentrevistascassino minespermanência com os funcionários atuais (e não apenas entrevistascassino minessaída com empregados demissionários).
O fatocassino minesum funcionário demitir-se por raiva deveria ser um chamadocassino minesalerta para o empregador.
Seis meses depoiscassino minesAlexander sair da casa noturna superaquecida com seu equipamentocassino minesDJ, ele se reconciliou com o proprietário e voltou a trabalhar lá. Mas, no ano seguinte, ele largou tudocassino minesnovo, depoiscassino minesnovas promessas não cumpridas e condiçõescassino minestrabalho sem segurança. "Foi a última vezcassino minesque atuei como DJ fora da minha própria casa. Simplesmente me canseicassino minestudo aquilo", conta ele.
- cassino mines Leia a versão original desta reportagem cassino mines (em inglês) no site da BBC Worklife
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