O que pensam as pessoas que culpam tramas sinistras pelos rastros que os aviões deixam no céu:sport galera bet

Placa denuncia as supostas 'trilhas químicas'
Legenda da foto, Algumas pessoas estão convencidassport galera betque a fumaça branca deixada por aviões é evidência da pulverizaçãosport galera betprodutos químicos | Foto: Suzanne Maher

"O que peço é que deixemos para trás a ideiasport galera betque esta é uma teoria da conspiração", diz a canadense, moradorasport galera betToronto. "Há 20 ou 30 anos, não víamos estes rastros. Tínhamos um belíssimo céu azul."

Maher é uma entre um número significativosport galera betpessoas que usam as redes sociais para espalhar essa mensagem. Elas têm explicações diferentes para quais seriam os objetivos das supostas "chemtrails" ("trilhas químicas") - uma das mais populares é a crençasport galera betque os governos estão controlando o climasport galera betlarga escala.

Suzanne Maher com placas do grupo Bye Bye Blue Sky
Legenda da foto, Suzanne Maher é fundadora do grupo Bye Bye Blue Sky ('Tchau Tchau Céu Azul') | Foto: Suzanne Maher

Outra é que os cientistas que conduzem pesquisas legítimas sobre como lidar com os efeitos das mudanças climáticas por meiosport galera betum processo chamado geoengenharia estão, na verdade, nos envenenando secretamente.

Há também aqueles que acreditam que grupos secretos poderosos estão pulverizando produtos químicos para nos tornar mais obedientes e fáceissport galera betcontrolar - um conluio que envolveria as Nações Unidas, militares, governos, cientistas, pilotos, empresários e até mesmo a família Rothschild (clãsport galera betorigem judaica que criou um império bancário na Alemanha).

História e ciência

Certamente você já viu os rastros a que essas pessoas se referem. São aquelas aparentes fumaças brancas que se formam atrás dos aviões - resultado da condensação do vaporsport galera betágua que sai dos motores, transformando-osport galera betcristaissport galera betgelo sob certas condições atmosféricas.

Suzanne Maher não está certa quando diz que são um fenômeno novo. Há imagens que mostram esse tiposport galera betrastrosport galera betaviões que lutaram na Segunda Guerra Mundial, por exemplo.

Cerimôniasport galera betabertura da Olimpíadasport galera betPequim,sport galera bet2008

Crédito, AFP

Legenda da foto, Autoridades chinesas atuaram para evitar que chovesse na cerimôniasport galera betabertura da Olimpíadasport galera betPequim,sport galera bet2008

Já as tentativassport galera betse modificar o clima, apontadas por algumas dessas pessoas como razão desses sinais, têm um longo histórico.

Em 1932, durante a era da União Soviética, foi criado o Instituto Leningrado para Fazer Chover. Outro caso é mais recente - as autoridades chinesas usaram uma técnica conhecida como "semeadurasport galera betnuvens" para garantir que não chovesse durante a cerimôniasport galera betabertura da Olimpíadasport galera betPequim,sport galera bet2008.

Por outro lado, existe um novo camposport galera betpesquisa dedicado especificamente a intervir nos sistemas naturais da Terrasport galera betforma a lidar com as mudanças climáticas: a geoengenharia.

Hoje, porém, ela ainda está mais para uma ciência teórica - com a maior parte do trabalho sendo feitasport galera betmodelos computacionais.

Mas um dos cientistas mais proeminentes dessa especialidade, o professor David Keith, da Universidade Harvard, disse ao jornal The New York Times que soube sobre testessport galera betuma das mais controversas técnicas do ramo: a geoengenharia solar, que consiste na injeção com aerossolsport galera betpequenas partículas refletoras na atmosfera - o objetivo é reduzir a quantidadesport galera betluz solar que chega ao solo e, assim, resfriar o planeta.

Outras tentativas bem-sucedidassport galera betmodificar o clima foram feitas a nível local, mas certamente nenhuma na escala denunciada por aqueles que acreditamsport galera betteorias da conspiração.

Mais gente do que se imagina

Uma pesquisa internacional publicada no site IOPScience apontou que 17% das pessoas consultadas acreditavam que as teoriassport galera betconspiração sobre as "chemtrails" eram verdadeiras ou parcialmente verdadeiras.

Suzanne Maher en Toronto frente a una pancartasport galera betBye Bye Blue Sky (Foto: Suzanne Maher)
Legenda da foto, Suzanne diz que a descoberta sobre os rastrossport galera betfumaça 'mudou asport galera betvida' | Foto: Suzanne Maher

Maher diz que teve conhecimento dessas teorias há seis anos, quando leu o blogsport galera betuma meninasport galera betmenossport galera betdez anos - a criança não queria mais brincar forasport galera betcasa porque o céu estaria contaminado, "não era mais azul".

"Seu relato me intrigou, e então comecei a investigar o problema. Essa revelação mudou minha vida", diz ela.

Esse processo a levou a criar a Bye Bye Blue Sky. Ela administra um grupo fechado no Facebook, no qual cercasport galera bet5 mil pessoas trocam informações e coletam dinheiro para campanhas. Ela pessoalmente aprova cada novo membro.

"Nesse grupo, não debatemos se isso está acontecendo. Todos sabemos que é o caso", afirma.

Os grupos fechadossport galera betpessoas que pensam a mesma coisa - típicos das redes sociais e da internet - são uma das principais razões pelas quais as teorias da conspiração ganham corpo.

"As pessoas tendem a compartilhar informações, mas também a consumir o que é consistente com o que elas já acreditavam", explica Karen Douglas, especialistasport galera betpsicologia das teoriassport galera betconspiração da Universidadesport galera betKent, no Reino Unido.

"As pessoas acabam vivendo nessas bolhassport galera betinformação, ou câmarassport galera beteco, onde compartilham ideias com pessoas com as mesmas crenças. E elas leem informações que confirmam o que elas acreditam", explica.

'O maior crime contra a humanidadesport galera bettoda a história'

Russ Tanner administra o que ele diz ser o maior grupo dedicado às "chemtrails" no Facebook: o Chemtrails Global Skywatch, com maissport galera bet140 mil membros.

Ele chama essas trilhassport galera bet"o maior crime contra a humanidadesport galera bettoda a história".

Um meme que postou é um exemplo típico da paranoia compartilhada por esses grupos: a peça sugere que os rastros são "a versão moderna da eugenia e do despovoamento forçado".

Rastrossport galera betaviões
Legenda da foto, Russ e Suzanne asseguram terem detectado níveis anormaissport galera betquímicos relacionados aos rastros dos aviões

Russ pediu que a reportagem ligasse parasport galera betcasa no Estado do Maine, nos EUA,sport galera betmadrugada, às 3h.

Ele justifica o horário dizendo que, onde mora, seriam "acionados muito aerossóis à noite", impedindo-osport galera betdormir com o "ar tão concentrado"sport galera betprodutos químicos.

"Isso queima minhas narinas, causa inflamação, aumenta a pressão arterial, causa problemassport galera betestômago e doressport galera betcabeça", diz ele.

Tanto Russ como Mahler dizem ter feito seus próprios estudos.

"Comecei a analisar meu solo e meu cabelo. Havia traçossport galera betalumínio, bário, estrôncio, arsênico, manganês. Hoje, vivosport galera betmaneira muito saudável", afirma ela.

Mahler analisou até mesmo seu cachorro - diz ter descoberto que o animal estava contaminado com um metal radioativo.

Russ, porsport galera betvez, conta ter encontrado na água da chuva uma quantidadesport galera betalumínio seis vezes maior do que o normal.

Ambos consideram essas análises como evidências sólidassport galera betque a atmosfera está sendo contaminada.

O que dizem os cientistas

Não foi possível verificar esses testessport galera betforma independente e não se sabe o que está por trás deles. E é claro que os cientistas refutam que os governos estejam pulverizando produtos químicos na atmosfera do planeta.

Avião deixa rastrosport galera betfumaça

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Em um estudo, 98,7% dos cientistas descartaram que rastrossport galera betfumaçasport galera betaviões sejam partesport galera betum enredo sinistro

Em 2016, um estudo do Institutosport galera betCiência Carnegie e da Universidade da Califórnia Irvine consultou 77 cientistas dedicados a questões atmosféricas e geoquímicas. Todos, exceto um - isto é, 98,7% - disseram que não há existem provassport galera betuma conspiração atrás dos rastros dos aviões.

Aquele que discordou constatou níveis excepcionalmente elevadossport galera betbário atmosféricosport galera betuma zona remota. Mas concluir por esse único resultado que produtos químicos estão sendo secretamente pulverizados requer um grande saltosport galera betfé.

"Nosso objetivo não é convencer aqueles que já acreditam que existe um programa secretosport galera betpulverizaçãosport galera betlarga escala e que tendem a rejeitar qualquer evidência contrária às suas teorias", escreveram os autores do estudo da universidade.

"Queremos é estabelecer uma fonte científica objetiva que possa informar o público."

Mas aqueles que acreditam nas "chemtrails" não se deixam convencer.

"Há um longo históricosport galera bettodos os paísessport galera betcientistas que acreditavamsport galera betcoisas que mais tarde percebemos serem falsas", diz Russ. "É preciso ter alguém corajoso para ir contra a corrente".

"Se as pessoas concordam ou não é outra história. Mas para mim, está acontecendo."