O nazismo era um movimentobodog apostasesquerda oubodog apostasdireita?:bodog apostas

Himmler e Hitler inspecionam soldados da SS

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Em meio a crise econômica e política na Alemanha, nazismo trazia ideiabodog apostas"revolução social". mas só para os "arianos"

"Não era que o nazismo fosse à esquerda, mas tinha um pontobodog apostasvista críticobodog apostasrelação ao capitalismo que era comum à crítica que o socialismo marxista fazia também. O que o nazismo falava é que eles queriam fazer um tipobodog apostassocialismo, mas que fosse nacionalista, para a Alemanha. Sem a perspectivabodog apostasunir revoluções no mundo inteiro, que o marxismo tinha."

O projeto do movimento nazista, segundo Rollemberg, previa uma "revolução social para os alemães", diferentemente do projeto dos partidosbodog apostasdireita da época, "que vinhambodog apostasuma cultura política do século 19,bodog apostasexclusão completa e faltabodog apostasdiálogo com as massas".

Mesmo assim, ela diz, seria complicado classificá-lo no espectro político atual. "Eles rejeitavam o que era a direita tradicional da época e também a esquerda que estava se estabelecendo. Eles procuravam se mostrar como um terceiro caminho", afirma.

Tuíte sobre nazismo

Crédito, Reprodução Twitter

Tuíte sobre nazismo

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Nacionalismo

A ideiabodog apostasuma "revolução social para a Alemanha" deu origem ao Partido Nacional-Socialista alemão,bodog apostas1919. O "socialista" no nome é um dos principais argumentos usados nos debatesbodog apostasinternet que falam no nazismo como um movimentobodog apostasesquerda, mas historiadores discordam.

"Me parece que isso é uma grande ignorância da História ebodog apostascomo as coisas aconteceram", disse à BBC Brasil Izidoro Blikstein, professorbodog apostasLinguística e Semiótica da USP e especialistabodog apostasanálise do discurso nazista e totalitário.

"O que é fundamental aí é o termo 'nacional', não o termo 'socialista'. Essa é a linhabodog apostasforça fundamental do nazismo - a defesa daquilo que é nacional e 'próprio dos alemães'. Aí entra a chamada teoria do arianismo", explica.

De acordo com Blikstein, os teóricos do nazismo procuraram uma fundamentação teórica e filosófica para defender a ideiabodog apostasque eles eram descendentes diretos dos "árias", que seriam uma espéciebodog apostastribo europeia original.

"Estudiosos na Europa tinham o 'sonho da raça pura' nessa época. Quanto mais próximos da tribo ariana, mais pura seria a raça. E esses teóricos acreditavam que o grupo germânico era o mais próximo. Daí surgiu a tesebodog apostasque, para serem felizes, tinham que defender a raça ariana, para ficar longebodog apostassubversões e decadência. (Alegavam que) a raça pura poderia salvar a humanidade."

A ideiabodog apostasuma defesa do povo germânico ganhou popularidadebodog apostasum momentobodog apostasperdabodog apostasterritórios, profunda recessão e forte inflação após a Primeira Guerra Mundial - e tornou-se o centro do movimento nazista.

"Era preciso recuperar a moral do pobre coitado, que não tinha dinheiro e era 'massacrado pelos capitalistas'", explica Blikstein. Nesse contexto, afirma, o nazismo vendia a ideiabodog apostas"reeguer o orgulho da nação ariana. O pressuposto disso seria eliminar os não arianos. E essa teoria foi aplicada até as últimas consequências".

Soldado da SS inspeciona judeus no guetobodog apostasVarsóvia, na Polônia,bodog apostas1943

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Legenda da foto, Segundo especialistas, judeus eram perseguidos por simbolizarem dois "inimigos" do nazismo: o capitalismo liberal e o socialismo marxista

'Marxistas e capitalistas'

Mesmo propagando a ideiabodog apostasque o nazismo planejava uma revolução social na Alemanha - o que incluía, por exemplo, maior intervenção do Estado na economia -, o partido fazia questãobodog apostasdeixar clarabodog apostasoposição ao marxismo.

"Os comícios hitleristas eram profundamente antimarxistas", disse à BBC Brasil a antropóloga Adriana Dias, da Unicamp, que é estudiosabodog apostasmovimentos neonazistas.

"O nazismo e o fascismo diziam que não existia a lutabodog apostasclasses - como defendia o socialismo - e, sim, uma luta a favor dos limites linguísticos e raciais. As escolas nacional-socialistas que se espalharam pela Alemanha ensinavam aos jovens que os judeus eram os criadores do marxismo e que, alémbodog apostasantimarxistas, deveriam ser antissemitas."

Os judeus, aliás, tornaram-se o ponto focal da perseguição nazista porque representavam tanto o socialismo como o capitalismo liberal, mesmo que isso possa parecer antagônico nos diasbodog apostashoje.

"Havia uma simbologia do judeu como representante, por um lado, do socialismo revolucionário - porque Marx vinhabodog apostasuma família judia convertida ao protestantismo, assim como muitos bolcheviques", diz a historiadora Denise Rollemberg.

"Por outro lado, os judeus eram associados ao capitalismo financeiro porque os judeus assimilados (que assumiram as culturasbodog apostasoutros países, para além da nação religiosa) que viviam na Europa tinham uma tradiçãobodog apostasempréstimosbodog apostasdinheiro ebodog apostasnegócios."

'Precisão científica'

A "precisão científica" do extermíniobodog apostasjudeus na Alemanha nazista também dificulta as comparações com a perseguição política no regime socialista soviético, na opiniãobodog apostasIzidoro Blikstein.

"Há muitos genocídios pelo mundo, mas nenhum igual ao nazismo, porque este era plenamente apoiado por falsa teoria científica e linguística e levada até as últimas consequências. A União Soviética também tinha camposbodog apostastrabalhos forçados, mas não existia uma doutrina para justificar isso", afirma.

"Mas há traços comuns entre o nazismo o regime (soviético)bodog apostasStálin. A propaganda, por exemplo, e o fatobodog apostasque ambos eram regimes totalitários, que controlavam e legislavam sobre a vida pública e também privada do cidadão", admite.

Além dos judeus, o regime nazista também perseguiu democratas liberais, socialistas, ciganos, testemunhasbodog apostasJeová e homossexuais - algo que, hoje, contribui para que o nazismo seja classificado como extrema-direita, e o aproximabodog apostasgrupos que pregam contra a comunidade LGBT, contra imigrantes e contra muçulmanos, por exemplo.

"Todo esse projetobodog apostasrepressão, censura, camposbodog apostasconcentração e extermínio nazista era direcionado a quem estava fora do que eles chamavambodog apostas'comunidade popular', o povo alemão. Mas alemães que eram democratas liberais e socialistas também eram excluídos por serem contrários ao projeto nazista e colocarembodog apostasrisco essa comunidade popular", explica Denise Rollemberg.

No entanto, para Blikstein, a ideiabodog apostasraça é tão central ao nazismo que, assim como não se pode usar o projetobodog apostasrevolução social para classificá-lo como "esquerda", também é difícil defini-lo como a "direita" que conhecemos hoje.

"Dizer apenas que Hitler era um políticobodog apostasdireita é apequenar o nazismo. Foi mais do que direita ou esquerda. Foi uma doutrina arquitetada para defender uma raça, embora esse conceito seja discutível e pouco científico", diz.

Tuíte sobre nazismo

Crédito, Reprodução Twitter

Tuíte sobre nazismo

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'Crisebodog apostasreferências'

Uma recapitulação do projeto e do regime nazista,bodog apostasacordo com os especialistas no assunto, aumenta a confusão: deveria haver igualdade social e distribuiçãobodog apostasrenda, mas imigrantes, judeus, opositores políticos e até filhos "não talentosos"bodog apostasalemães seriam excluídos dela por serem "menos puros"; o Estado prometia interferir mais na economia para benefício dos cidadãos, mas empresas privadas tiveram os maiores lucros com a máquinabodog apostasextermínio ebodog apostasguerra nazista; o movimento dizia defender os trabalhadores, mas sindicatos trabalhistas foram extintos, assim como o direitobodog apostasgreve; o socialismo marxista era considerado ruim, mas o liberalismo também.

Como seria possível defender todas estas ideias ao mesmo tempo?

"Quando o partido foi constituído, ele tinha uma vertente mais à esquerda e uma mais à direita. No início, tinha um discurso bastante antiburguês. Mas ao assumir o poder na Alemanha, o grupo à direita foi fazendo mais alianças com a burguesia e expulsando o grupo à esquerda", diz a historiadora da UFF.

"Além disso, o nazismo nasce no meiobodog apostasuma crisebodog apostasreferências muito grande após a Primeira Guerra. Muitos passarambodog apostasum lado para outro. Os valores muitas vezes vão se embaralhar, e esses conceitosbodog apostasdireita e esquerda atuais não resolvem bem o problema."

Entre historiadores, a tentativabodog apostastraçar paralelos entre o nazismo e o fascismo europeus e o regime stalinista na União Soviética também não é nova, segundo Rollemberg.

"Todos eles eram regimes totalitários, mas o totalitarismo pode estarbodog apostasqualquer lado. Hoje entendemos que há o totalitarismobodog apostasdireita, como o nazismo e o fascismo, e obodog apostasesquerda, como o da União Soviética."

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