‘O Menino Azul’: como pintura do século 18 se tornou símbolo do orgulho gay:roulette bwin

Em janeiroroulette bwin2022, o Menino Azul voltou para Londres depoisroulette bwincem anos e está sendo novamente exibido na Galeria Nacional, onde ficará exposto por cinco meses.

Mas quantos visitantes conhecem hojeroulette bwindia a longa caminhada da pintura como símbolo do orgulho gay?

Valerie Hedquist, professoraroulette bwinHistória da Arte da Universidaderoulette bwinMontana, nos Estados Unidos, escreveu extensamente sobre o quadro e seu papel como ícone da comunidade gay.

Em parte, esta é uma históriaroulette bwinconsequências imprevistas eroulette bwincomo os artistas perdem o controle das suas criações depois que elas entram para o imaginário coletivo.

Hedquist contou à BBC que, quando Thomas Gainsborough pintou O Menino Azul,roulette bwintornoroulette bwin1770, "ele era mais uma obraroulette bwindemonstração para exibir os seus talentos".

Acredita-se que o menino seja o sobrinho do artista, Gainsborough Dupont,roulette bwinvestes aristocráticas do século 17,roulette bwinhomenagem a Sir Anthony van Dyck — um artista cujas técnicas e composições eram admiradas por Gainsborough.

Em 1770, a pose do Menino Azul teria sido interpretada pelas pessoas como nobre, sinalizando um exemploroulette bwinfuturo marido e pai.

Ele estároulette bwinpéroulette bwinposiçãoroulette bwinautoridade conhecida como contrapposto, muito utilizada na arte clássica.

O cotovelo saliente é outra pose muito empregada nos retratos da arte europeia, descrita pela historiadora Joaneath Spicer como "indicando essencialmente arrojo ou controle — e, portanto, o autodefinido papel masculino".

Mas, para Hedquist, a ideiaroulette bwinque o menino da pintura está vestindo uma fantasia e representando é fundamental para suas reavaliações posteriores. Segundo ela, "o Menino Azul é um convite à representação".

Esse processo começou no palco no século 19, com a representação do "Pequeno Menino Azul"roulette bwinpeçasroulette bwinteatro pantomimas, frequentemente vestido com as sedas, bermudas e colarinhoroulette bwinrendas do Menino Azulroulette bwinGainsborough. E esse personagem era frequentemente representado por atrizes.

Este, segundo Hedquist, foi o início da "feminização" do Menino Azul. "No final do século 19", explica ela, "as revistas ficaram repletasroulette bwinilustraçõesroulette bwinmeninas vestidas como o Menino Azul".

Em 1922 — anoroulette bwinque a pinturaroulette bwinGainsborough ganhou um novo lar nos Estados Unidos —, Cole Porter apresentou seu musical Mayfair and Montmartre, com Nelly Taylor vestida como o Menino Azul surgindo teatralmenteroulette bwinuma moldura e cantando uma música chamada Blue Boy Blues.

Marlene Dietrich também se vestiu como o Menino Azul para uma comédia teatralroulette bwin1927, enquanto Shirley Temple fez o mesmo para o filme Curly Top (A Pequena Órfã, no Brasil)roulette bwin1935.

A pintura havia criado uma plataforma para ofuscar a identidaderoulette bwingênero. O Menino Azul podia ser masculino ou feminino no mundo fluido das apresentações teatrais.

Para Hedquist, outra dimensão da história envolve o escritor irlandês e líder do Movimento Estético, Oscar Wilde. Wilde vestia-se com roupas extravagantes com inspiração histórica, frequentemente com bermudas, casacosroulette bwinveludo, mantos e chapéusroulette bwinabas largas,roulette bwinhomenagem a pintores como Gainsborough.

Em uma fotografia tirada pelo americano Napoleon Saronyroulette bwin1882, Wilde apresentou-se na mesma pose do Menino Azul,roulette bwinelegantes sapatos com fivelas e calças curtas.

Quando Wilde foi preso por ser homossexual,roulette bwin1895, ele se tornou o mais famoso homem assumidamente gay do mundo — e suas fotografias, tiradas por Sarony, foram proibidas.

Segundo Hedquist, "elas acabaram nos primeiros livros médicos que ensinavam às pessoas como reconhecer a homossexualidade".

Estava enraizada uma visão brutal e intolerante da atração pelo mesmo sexo, com base,roulette bwinparte, nas "indicações" visuais estereotipadas do Menino Azul.

Depois que o Menino Azul chegou aos Estados Unidos, ele ficou famoso e apareceuroulette bwincerâmicas, tecidos e milharesroulette bwinreproduções impressas. A forma como ele foi interpretado no seu novo país também ficou sujeita aos ventos das mudanças culturais.

Hedquist conta que um episódio formador dessa interpretação foi o chamado "terror lilás", nos anos 1950, que fez com que homens e mulheres gays fossem considerados ameaças à segurança nacional e perseguidos nos órgãos governamentais.

Estereótipos comunsroulette bwincomportamento gay — que hoje são motivosroulette bwinrisadas pelaroulette bwinignorância — como punhos com rendas e sapatos extravagantes eram mencionados como indicadores dos "inimigos internos".

Os arquétipos

Surgiram na cultura popular paródias cômicas grotescasroulette bwincomportamento considerado gay, comoroulette bwintirasroulette bwinquadrinhos.

Na revista Madroulette bwinsetembroroulette bwin1970, uma históriaroulette bwinquadrinhos apresentava um personagem chamado Prissy Percy, que é zombado por rapazes esportistas americanos. A cena final revela que Percy é o Menino Azul.

A sensação e mensagem velada da história é homofóbica. Hedquist considera essa história o primeiro "passeio" do Menino Azul. Em 1976, uma históriaroulette bwinDennis, o Pimentinha, também apresentou o Menino Azul, que novamente foi rotulado como "afeminado".

"As ideias emergentes sobre como as pessoas veem os homens gays é muito importante para a forma como o Menino Azul se tornou um ícone", afirma Hedquist, "primeiro como fonteroulette bwinridicularização e depois como reapropriação".

A reapropriação veio na formaroulette bwinuma revista gay publicada pela primeira vezroulette bwin1974, chamada Blue Boy (Menino Azul,roulette bwininglês).

A capa da primeira edição apresentou uma fotoroulette bwinDale, um boxeadorroulette bwinOhio, nos Estados Unidos,roulette bwinhomenagem à obra-primaroulette bwinGainsborough, mas sem calças e com um chapéu convenientemente reposicionado.

A revista, que foi criação do empresário Don N. Embinder, foi publicada até dezembroroulette bwin2007 e anunciava produtos e serviços com o Menino Azul como símbolo recorrente.

"A primeira agênciaroulette bwinviagens gay chamou-se 'Blue Boy'", segundo Hedquist. "Eles tinham navios e hotéis onde os homens podiam ser abertamente gays, vestindo camisetas do Menino Azul e carregando malasroulette bwinviagem com o personagem. Foi uma reapropriação completa e uma celebraçãoroulette bwinque o Menino Azul era gay".

No período após a Rebeliãoroulette bwinStonewall,roulette bwinSão Francisco (Estados Unidos),roulette bwin1969, o Menino Azul foi um símboloroulette bwinmotivação e deixou um legadoroulette bwindiversos bares gays chamados "Blue Boy"roulette bwinvárias partes do mundo.

O Menino Azul também causou efeitos sobre as artes visuais.

O artista norte-americano Robert Lambert criou colagensroulette bwinimagens fotocopiadas e as enviou pelo correio para seus amigos. Algumas dessa imagens incluíam o Menino Azul como símbolo daroulette bwinsexualidade.

O Menino Azul também foi frequentemente apropriado pelo ceramista norte-americano Howard Kottler, como opção para expressar "referências homossexuais explícitas", segundo a historiadora da arte Vicki Halper.

Mas as referências mais explícitas ao Menino Azul vieram no trabalhoroulette bwinoutro ceramista norte-americano, Léopold Foulem.

Segundo Hedquist, ele "transformou as tímidas alusões ao teor gay encontradas no trabalhoroulette bwinLambert e Kottlerroulette bwinum dilúvio totalmente desenvolvidoroulette bwinsignificado homossexual", com suas cenas altamente provocadoras do Menino Azul com personagens como o Papai Noel e o Coronel Sanders.

Outros artistas identificados como homossexuais, como Robert Rauschenberg e Kehinde Wiley, mencionaram o Menino Azul como influência importante sobreroulette bwinprodução posterior.

Wiley criou recentemente uma homenagem direta ao quadro, que se encontraroulette bwinexibição no Museuroulette bwinArte Huntington, na Califórnia (Estados Unidos) — já que,roulette bwin1921, Henry e Arabella Huntington compraram o Menino Azul do comercianteroulette bwinarte Joseph Duveen, que o havia adquirido do Duqueroulette bwinWestminster.

A pinturaroulette bwinWiley, que mostra um Menino Azul do século 21 com tranças rastafári tingidasroulette bwinloiro, relógio da Apple e bonéroulette bwinbaseball, marca o ápice da longa jornadaroulette bwindois séculos do originalroulette bwinGainsborough, desde quando era um pilar dos valores culturais tradicionais até tornar-se um ícone gay.

Para Valerie Hedquist, O Menino Azul é um símbolo revolucionário na história dos direitos dos homossexuais. Além do seu apelo para os artistas gays, o seu uso como marca na revista Blue Boy nos anos 1970 pareceu ter um significado histórico fabuloso.

"Foi a primeira oportunidade para uma vida aberta e aceitável", afirma ela. "Ele forneceu um meioroulette bwinlevar uma existência totalmente pública para os homens homossexuais — e tudo veio através do Menino Azul."

roulette bwin Leia a íntegra desta reportagem roulette bwin (em inglês) no site BBC Culture roulette bwin .

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