Racismo ostentação? Como operam os grupos que incitam ódio na internet:bonus aposta ganha

Crédito, Globo I Reinaldo Marques

De acordo com Santos, os grupos atuam a partirbonus aposta ganhauma dinâmicabonus aposta ganhadisputa e competição. Quanto maior for atenção midiática por conta dos ataques e maior for seu númerobonus aposta ganhacurtidas e compartilhamentos, maior é o prestígio entre os "rivais".

"Eles querem notoriedade, competem entre si e agem como ganguesbonus aposta ganhapichadores,bonus aposta ganhaque uma quer sempre aparecer mais do que a outra."

"Eles não sabem explicar o porquê do preconceito como estratégiabonus aposta ganhareconhecimento", prossegue o promotor. "Indagados, dizem apenas que usam 'humor negro'."

Aliciamentobonus aposta ganhamenores

De acordo com Santos, que recebeu a reportagem embonus aposta ganhasala na 1ª Promotoriabonus aposta ganhaJustiça Criminal da Capital, apenas três menoresbonus aposta ganhaidade foram identificados - dois deles confessaram participação nos ataques.

"Todas as atividades mais importantes, como o aliciamentobonus aposta ganhaparticipantes e a coordenação dos grupos que fizeram os ataques, partirambonus aposta ganhaadultos", diz Santos.

Ele explica que os administradores dos grupos "pescam" novos membrosbonus aposta ganhasalasbonus aposta ganhabatepapo e páginas com conotação racial. "Mesmo aquelas com tom aparentementebonus aposta ganhabrincadeira, como 'nega maluca'. Quem faz comentários racistas por ali é convidado pelos organizadores para participarbonus aposta ganhasuas páginas. E ser convidado traz status."

Os suspeitos mapeados pelo Ministério Público são investigados por crimesbonus aposta ganhainjúria qualificada, racismo, organização criminosa e, eventualmente, aliciamentobonus aposta ganhamenores.

A investigação continua. "Puxamos o rabo do gato e veio um tigre", afirma. "Os primeiros suspeitos ouvidos entregaram muita gente."

"Há uma rotatividade muito alta. Os grupos aparecem, ganham notoriedade, e rapidamente são invadidos por infiltradosbonus aposta ganhagrupos rivais, que os denunciam até que sejam apagados pelo Facebook", diz. "Aí tudo começa outra vez - mas os rastros para as investigações ficam."

Segundo o promotor, logo após os ataques à jornalista, os comentários dentro do grupo "pareciam comemoraçãobonus aposta ganhajogobonus aposta ganhafutebol".

"Detectamos até postagens dizendo que eles alavancaram a carreira da Maju, reivindicando para si a fama da apresentadora. É coisabonus aposta ganhagente imatura, não parece o perfilbonus aposta ganhaum neonazista, que quer fomentar ideias e reforçar uma ideologia", diz.

Ele ressalta, entretanto, que isso não minimiza o gesto dos grupos.

"A ação não deixabonus aposta ganhaser perigosa, porque enceja o aumentobonus aposta ganhaideias preconceituosas e isso funciona como bolabonus aposta ganhaneve. Os neonazistas, por investigações antigas nossas, costumam chamar pessoas com essa tendência para participar inclusivebonus aposta ganhahomicídios ou agressões nas ruas."

'Pirâmide do racismo'

A reportagem indaga: "Além das figuras famosas, centenas ou milharesbonus aposta ganhanegros anônimos são vítimasbonus aposta ganharacismo diariamente, online ou offline. Como a justiça tem encarado a questão?"

Segundo o promotor, o racismo não tem a atenção que merecebonus aposta ganhadelegacias, promotorias e tribunais.

"Os procuradores, os juizes, os policiais, ainda não se sensibilizaram, a meu ver, da maneira adequada para o crimebonus aposta ganharacismo. Muitas vezes, dá-se mais atenção a delitos patrimoniais, sem violência, do que ao racismo. Em alguns países, entretanto, ele é considerado crime a humanidade."

Santos, quebonus aposta ganha2004 conduziu uma investigação sobre racismo no extinto Orkut, questiona o próprio Ministério Público. "As cúpulas das instituições, falo especificamente da minha, o MPbonus aposta ganhaSão Paulo, têm que se estruturar melhor e não deixar que investigações como essa sejam ações isoladas, mas ações institucionalizadas", diz.

Ele prossegue: "Há uma pirâmidebonus aposta ganhabase muito larga composta pelo númerobonus aposta ganhacrimes e um vértice muito estreito que é o númerobonus aposta ganhacondenações definitivas. São pouquíssimas no Brasil".

"No dia a dia, o racismo é praticado a cada minutobonus aposta ganhacada bairro ou quarteirão. É um crimebonus aposta ganhapouca visibiliadde, que provoca ainda pouca sensibilização."

'Fakes' mapeáveis

Em julho deste ano, uma fotobonus aposta ganhaMaju no perfil do Jornal Nacional foi alvobonus aposta ganhadezenasbonus aposta ganhaofensasbonus aposta ganhajulho deste ano.

"Macaca", "volta para a senzala", "fundobonus aposta ganhafrigideira", "tapetebonus aposta ganhamecânico" e "Estou vendendo essa escrava a R$ 200" foram alguns dos comentários - que geraram indignação entre internautas e colegasbonus aposta ganhaemissora, que criaram a hashtag #SomosTodosMajuCoutinhobonus aposta ganhadefesa da jornalista.

Além Maju, que apresenta a previsão do tempo no telejornal, as atrizes Taís Araújo e Sharon Menezes também foram alvobonus aposta ganhaataques similares recentemente.

"Não sabemos se os ataques recentes a outras atrizes negras têm relação com esses grupos. É possível que sim, mas há chancebonus aposta ganhaterem sido realizados por pessoas inspiradas na repercussão dos primeiros e da aparente impunidade aos autores."

"A investigação mostra que é possível chegar aos responsáveis, mesmo que escondidos atrásbonus aposta ganhafotos ou nomes falsos. Só um dos 12 investigados usava perfil verdadeiro. Temos métodosbonus aposta ganhainvestigação, provados neste caso."

Na quinta-feira, foram apreendidos computadores e smartphones nas casas e locaisbonus aposta ganhatrabalho dos 12 suspeitosbonus aposta ganhaparticiparbonus aposta ganhaataques racistas à jornalista Maria Júlia Coutinho,bonus aposta ganhajulho deste ano.

"A internet não é um oceanobonus aposta ganhaimpunidade", diz o promotor.