O padre católico que escapou do 'Estado Islâmico':2 betano
Depois2 betanoquatro dias, voltaram a vendar seus olhos e amarrar suas mãos e mais uma vez o levaram para uma viagem, só que desta vez para um destino mais distante.
Eles acabaram2 betanouma cela2 betanoalgum lugar2 betanoRaqqa, bastião do EI, onde foram mantidos por 84 dias. O padre conta que foram bem alimentados, receberam tratamento médico e que nunca foram torturados.
No entanto, Murad e Hannah ouviram com frequência que eram "infiéis" e estavam "longe da verdadeira religião" do Islã e, particularmente, da "interpretação do Estado Islâmico sobre o Islã".
Mas o padre afirma que, apesar disso, os carcereiros pareciam ter curiosidade sobre suas crenças cristãs.
"Perguntavam para mim sobre teologia, Deus, a Santíssima Trindade, Cristo e a Crucificação"; disse.
Murad achava inútil responder. "De que servirá debater com alguém que te coloca na prisão e te aponta uma arma na cabeça?", questiona. "Quando me forçavam a responder, eu dizia: 'Não estou preparado para mudar minha religião'."
Ameaça2 betanomorte
Os extremistas que Murad conheceu assustavam os prisioneiros dizendo que os matariam se eles se recusassem à conversão ao Islã.
"Para eles, a minha fé e o fato2 betanoeu me recusar a me converter era a morte. Para nos assustar, eles descreviam com detalhes como morreríamos. Eles são realmente talentosos para usar as palavras e as imagens para te aterrorizar", recorda o padre.
Ele conta que achava que realmente iriam decapitá-lo.
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"No 84º dia que eu estava ali, chegou um deles e nos disse: 'Os cristãos2 betanoQaryatain estão nos incomodando por causa2 betanovocês e os querem2 betanovolta, então vamos, movam-se'."
"Passamos por Palmira e Sawwaneh (na Síria), depois o carro desapareceu2 betanoum túnel. Tiraram-nos do carro e um deles me tomou pelas mãos diante2 betanouma porta enorme2 betanoferro. Quando ele a abriu, vi dois homens da minha paróquia ali parados."
Murad abraçou os dois e depois virou a cabeça e viu todos os que estavam ali detidos. "Todos os cristãos2 betanoQaryatain, toda a minha paróquia, meus filhos, estavam ali. Fiquei emocionado. Todos se aproximaram e me abraçaram."
No período2 betanoque Murad havia estado preso pelo EI, toda a cidade2 betanoal-Qaryatain foi tomada pelo grupo extremista. Todos ficaram detidos por mais 20 dias.
Finalmente, no dia 312 betanoagosto, o padre Murad foi convocado para se apresentar diante2 betanovários clérigos do EI.
Eles queriam lhe contar que o líder do grupo, Abu Bakr al Baghdadi, havia tomado uma decisão sobre os cristãos2 betanoQaryatain.
Entre as opções apresentadas estavam planos2 betanoassassinar os homens e escravizar as mulheres.
Em vez disso, porém, o líder do EI escolheu dar aos cristãos "o direito2 betanoviver como cidadãos2 betanoterritório controlado pelo Estado Islâmico", o que significava deixá-los voltar para suas terras2 betanotroca da proteção condicional do grupo.
"Terra2 betanoblasfêmia"
Murad respondeu a tudo o que perguntaram sobre a igrejas e o monastério2 betanoQaryatain, mas optou por não falar sobre a tumba2 betanoSan Elian, com a esperança2 betanoque pudesse salvá-la da destruição. Mas era difícil enganar os extremistas do EI.
"Eles sabem tudo, cada detalhe. Nós tendemos a pensar que eles são beduínos incultos. Mas, na verdade, é exatamente o contrário. Eles são inteligentes, educados, têm graduação universitária e são meticulosos no planejamento", afirma o padre.
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No tempo que ele ficou preso, o monastério foi confiscado pelo EI como "espólio2 betanoguerra" durante a batalha pelo controle2 betanoQaryatain e acabou destruído. Os clérigos do grupo extremista leram os termos do acordo entre os cristãos da cidade e o "Estado Islâmico".
Pelo acordo, os cristãos podiam viajar a qualquer lugar dentro do território do EI até Mossul, mas não a Homs ou Mahin (duas cidades próximas a Mossul, mas fora do controle do grupo), "porque para eles aquilo era a terra da blasfêmia".
Ainda assim, Murad conseguiu fugir do território controlado pelo EI. Botros Hanna, o voluntário, também escapou.
"Aquela área agora é um campo2 betanobatalha. De um lado, vem sofrendo com ataques aéreos. Do outro, não nos sentimos seguros2 betanoQaryatain. Senti que quanto mais permanecesse ali, mais as pessoas ficariam. Então decidi fugir para encorajar os outros a fazer o mesmo".
Mas nem todos seguiram os passos do religioso.
"Na verdade, muitos decidiram ficar porque não têm para onde ir. Alguns não aceitam a ideia2 betanoficarem desabrigados e preferem morrer na própria casa. Outros estão convencidos2 betanoque o EI, com quem têm um acordo, vai protegê-los".
Murad diz que ainda há cerca2 betano160 cristãos2 betanoQaryatain.
"Eles ficaram porque quiseram. Pedimos a Deus para protegê-los porque nossa cidade é um campo2 betanobatalha perigoso. Não há abrigo, nenhum lugar é seguro".