Por que bebês não têm medocobras?:

Segundo psicóloga, medoserpentes é um dos mais comuns e intensos do mundo

Crédito, SPL

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Medo natural?

Segundo Judy DeLoache, psicóloga especialistamedo da Universidade da Virgínia, nos Estados Unidos, o temor a serpentes é um dos mais comuns e intensos no mundo.

A visão mais simplista, que muitos assumem ser a verdade, é aque temos um medo inato dessas criaturas – como algumas serpentes são mortais, teríamos evoluído para temê-las.

Pesquisas mostram que bebês se interessam mais por cobras do que por qualquer outro animal

Crédito, Reuters

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Tendo issomente, há algum tempo cientistas mostraram a bebês11 meses imagensuma cobra, ao mesmo tempoque tocavam uma gravação com uma voz assustadora ou com uma voz alegre. Eles perceberam que as crianças olhavam mais atentamente para as serpentes quando ouviam a voz mais amedrontadora.

Mas estudos desse tipo não trazem provas concretas. Por isso, a professorapsicologia Vanessa LoBue, da Universidade da Virgínia, realizou este novo experimento, tentando derrubar a ideiaque bebês (e todos nós) teriam um medo inato das cobras.

Sua equipe mediu as respostas fisiológicas dos bebês enquanto eles assistiam a vídeosserpentes e elefantes, narrados por vozes mais assustadoras ou mais alegres.

Enquanto mostravam os vídeos, os pesquisadores tentavam dar um susto nos bebês para ver como eles reagiam, usando um rápido e inesperado flashluz.

Eles perceberam que o susto foi mais intenso quando os bebês já estavam com medo – da mesma maneira que ocorre quando adultos assistem a um filmeterror ou estão mais tensos.

"Descobrimos que as respostas dos bebês aos sustos não foram mais intensas quando assistiam a um vídeoserpentes, mesmo quando a narração era mais assustadora", afirma LoBue.

A reação dos bebês foi, na realidade, bem menos forte. Sua resposta cardíaca também foi baixa, o que também indica que eles não estavam com medo.

Em outras palavras, apesaros bebês prestarem mais atenção às serpentes, isso não evocou medo.

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...ou medo cultural?

LoBue diz que já esperava este resultado. Tanto bebês humanos quanto filhotesprimatas são conhecidos por ter mais interessecobras do quequalquer outro animal, o que sugere que as serpentes têm algo especial.

E é esse interesse maiorcobras o que pode ser mais facilmente transformadomedocertas circunstâncias.

DeLoache concorda que as crianças não têm um medo inatoserpentes. "Em vez disso, elas têm uma predisposição para detectar e responder rapidamente a esses animais", afirma.

Alguns estudos mostraram que crianças pequenas detectam rapidamente a presençauma cobrauma fotomeio a várias outras imagens sem serpentes.

Para LoBue, o medo não só não está intrínseco como também se trataalgo condicionado culturalmente.

"Apesartermos encontrados diferentes reações às serpentes, elas não parecem ligadas ao medo no início da vida", diz a pesquisadora. "A possível explicação para isso é o fatoque prestar atenção a algo torna o aprendizado do medo mais fácil no futuro."

A psicóloga considera ser bom o fatonão termos evoluído para apresentarmos um medo inatocertas coisas. "Ter um medo arraigado não é um recurso adaptativo porque isso limitaria o desejoum bebêexplorar novas coisas", afirma.

Em vez disso, evoluímos para aprender rapidamente a ter medoalgo se essa coisa se mostrar perigosa.

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