Dilma aceitou 'mentiras descaradas'virtual bets apostasmilitaresvirtual bets apostascomissão, diz escritor:virtual bets apostas
"A CNV nasce cheiavirtual bets apostasproblemas, com saída e trocavirtual bets apostasintegrantes, mas tinha condiçõesvirtual bets apostaster avançado muito mais", diz o autor mineirovirtual bets apostas48 anos, que acabavirtual bets apostaslançar o livro Lugar Nenhum – Militares e Civis na Ocultação dos Documentos da Ditadura (Companhia das Letras).
O livro nasce do trabalhovirtual bets apostasLucas na chamada "equipe Ninja", um timevirtual bets apostastrês jornalistas com fontes nas áreas militar evirtual bets apostasinteligência montado pela CNVvirtual bets apostas2013 para tentar localizar arquivos sigilosos da ditadura que ainda estivessem nas mãosvirtual bets apostasórgãos do Estado ou particulares.
Trabalhandovirtual bets apostasconjunto com historiadores da Universidade Federalvirtual bets apostasMinas Gerais, virtual bets apostas a equipe teve acesso a documentos inéditos dos arquivos da repressão, e concluiu que estes haviam sido escondidos do poder civil pelos militares. virtual bets apostas O material, contudo, ficouvirtual bets apostasfora do relatório final da CNV – por motivos que Figueiredo diz desconhecer.
"Sinceramente não sei, mas foi muita informação que deixaramvirtual bets apostasusar. É uma pergunta que tem que fazer para eles. No mínimo aconteceu alguma coisa muito estranha ali", diz o jornalista.
Em fevereiro deste ano, questionada pelo jornal Folhavirtual bets apostasS.Paulo, a ex-integrante da CNV Maria Rita Kehl disse ter ficado "estarrecida" pela ausência dos documentos, disponíveis à comissão desde 2013.
O último coordenador da CNV, Pedro Dallari, disse à BBC Brasil que não se manifestaria sobre o livrovirtual bets apostasFigueiredo por desconhecer seu conteúdo. Afirmou, contudo, que a professora da UFMG Heloísa Starling, que trabalhou com Figueiredo na CNV, teve acesso a todos os textos do relatório final da comissão antes da publicação.
"Tenho segurança que se a professora tivesse notado alguma lacuna relevante (no relatório) ela teria, como todo outro assessor da CNV, apontado sugestões, e isso não ocorreu", disse Dallari. A reportagem tentou contato com Starling, mas até a publicação desta reportagem não obteve resposta às mensagens deixadas.
Professor da Faculdadevirtual bets apostasDireito da USP, Dallari afirmou ainda que a colaboração dos militares com a comissão foi mínima, e que "o argumentovirtual bets apostasque os documentos (da ditadura) foram destruídos não me convence". Sobre uma eventual passividade do governo diante da atitude do poder militar, disse "não ter elementos para fazer juízovirtual bets apostasvalor".
Microfilmes
virtual bets apostas A documentação confidencial citada por Figueiredo no livro são 2.775 microfilmes do acervo do Cenimar, o serviço secreto da Marinha, produzidos no início da décadavirtual bets apostas1970. Na microfilmagem, o documento é fotografado e fica registradovirtual bets apostaspelículavirtual bets apostasalta resolução – que pode durar até 500 anos.
O material havia sido cedido pelo jornalista Leonel Rocha, que o receberavirtual bets apostasum militar anônimo que o guardara por 30 anos. A revista Época publicou parte do conteúdovirtual bets apostas2011.
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Os papeis registravam que o Cenimar havia miniaturizado 1,2 milhãovirtual bets apostaspáginasvirtual bets apostasdocumentos do regime, e isso apenas entre 1972 e 1973. virtual bets apostas Também detalhavam engrenagens da repressão: operaçõesvirtual bets apostasórgãosvirtual bets apostasinteligência, cadastros e recibosvirtual bets apostaspagamentos a espiões infiltradosvirtual bets apostasorganizaçõesvirtual bets apostasesquerda, relatos oficiais que confirmavam a práticavirtual bets apostastortura pelo Estado.
Para Figueiredo, esses papeis ignorados pela CNV também trazem revelações ao serem comparados com respostas que as Forças Armadas vêm dando desde 1985 sobre o paradeiro dos arquivos da ditadura – a linha geral é que houve uma destruição total, legal e rotineira dos documentos.
"Quando pegamos os microfilmesvirtual bets apostas1972 e comparamos com as respostasvirtual bets apostas1993 (dadas pelas Forças Armadas na primeira tentativa do Executivovirtual bets apostasobter informações sobre desaparecidos políticos), você conclui quevirtual bets apostas1972 eles sabiam muita coisa evirtual bets apostas1993 diziam não saber mais. virtual bets apostas Fica claro quevirtual bets apostas1993 tinham documentos e mentiram", afirma o escritor.
Um exemplovirtual bets apostas"comparação que fala" na opiniãovirtual bets apostasFigueiredo: os microfilmesvirtual bets apostas1972 tinham uma seção chamada "prontuáriosvirtual bets apostaspessoas mortas", que misturava fichasvirtual bets apostasmortos ilustres com dados sobre 11 desaparecidos políticos. "Em 1993, porém, as mesmas 'pessoas mortas' foram mencionadas pela Marinha como foragidas, desaparecidas,virtual bets apostaslocal ignorado, etc. Nenhuma figurava como falecida", escreve o jornalista no livro.
'Pactovirtual bets apostassilêncio'
Pioneiro na safra brasileira mais recentevirtual bets apostasjornalistas-escritores, Figureiredo lançou-se na seara do livro-reportagem com o best-seller Morcegos Negros (2000), sobre bastidores do esquema PC Farias durante o governo Collor. De lá para cá, lançou mais cinco livros, entre eles Ministério do Silêncio – a história do serviço secreto brasileirovirtual bets apostasWashington Luís a Lula (1927-2005),virtual bets apostas2005, e Olho por Olho - os livros secretos da ditadura,virtual bets apostas2009.
Os anosvirtual bets apostaspesquisa sobre repressão política no Brasil lhe trouxeram a convicçãovirtual bets apostasque todos os presidentes civis desde 1985 promoveram "silêncio complacente"virtual bets apostasrelação aos arquivos da ditadura. Nenhum escapa das críticas do jornalista.
"O pai da criança é o Tancredo (Neves), que fala abertamente que não vai investigar. (José) Sarney entrou vendido porque era muito fraco, ele se escorava nos militares. Depois Collor e Itamar fazem vistas grossas. FHC e Lula colocam a União para combater a abertura dos arquivos na Justiça, que é uma postura mais grave. E você tem a Dilma que évirtual bets apostasuma passividade absoluta, porque as Forças Armadas mentiram descaradamente para ela durante a CNV e ela não fez nada", resume.
Figueiredo relata no livro como a CNV pediu audiência com Dilma assim que terminou a pesquisa com os microfilmes do Cenimar, por considerar as informações graves. Descreve como os comissários pediram à presidente que fossem esclarecidas as divergências entre 1972 e 1993 e virtual bets apostas que todos documentos da ditadura aindavirtual bets apostaspoder do Exército fossem enviados ao Arquivo Nacional.
Em quatro dias úteis, conta o autor, a demanda passou pela Casa Civil (então comandada por Gleisi Hoffmann), Ministério da Defesa (sob Celso Amorim) e chegou aos comandos militares, onde veio com a resposta conhecida: virtual bets apostas não há arquivos, e os que existiam foram destruídos legalmentevirtual bets apostasépoca incerta.
" virtual bets apostas E assim terminava, no governo Dilma Rousseff, a busca pelos arquivos secretos da ditadura. Tudo muito rápido e com explicações incompletas e contraditórias por parte dos militares. E, por parte das autoridades civis, também com bastante pressa. E grande passividade", conclui o jornalista na obra.
Tempo x justiça
Uma das novidades do relatório final da CNV foi uma lista com nomevirtual bets apostas377 militares, policiais e ex-agentes que atuaramvirtual bets apostasforma direta ou indireta na repressão política. Desse total, 158 (42%) estavam mortos na época da divulgação do relatório.
<link type="page"><caption> Leia também: Fotógrafa conta como venceu batalha contra esquizofrenia após 10 anos sem sairvirtual bets apostascasa</caption><url href="http://vesser.net/noticias/2015/10/151021_fotografa_esquizofrenia_fn" platform="highweb"/></link>
Para Figueiredo, isso mostra que o tempo da chamada "luta por justiça"virtual bets apostasrelação a crimes do período está "acabando" - ele cita como exemplo a morte, no último dia 15, do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, acusado por familiaresvirtual bets apostasmortos, presos políticos e Procuradoriavirtual bets apostaster praticado torturas e mortes no período.
"Há pouco (no último dia 15) o (coronel Carlos Alberto Brilhante) Ustra morreu. As pessoas estão morrendo, é uma questão geracional. Daqui a pouco não vai ter ninguém para se sentar no banco dos réus", afirma.
Sobre o papel dos militares no Brasilvirtual bets apostashoje, evirtual bets apostastemposvirtual bets apostascrise política, Figueiredo disse considerar "despropositada" a declaração recente do comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas,virtual bets apostasvideoconferência neste mês para oficiais da reserva. Na ocasião, conforme informou a Folhavirtual bets apostasS.Paulo, Villas Bôas disse ver riscovirtual bets apostasa turbulência política se transformarvirtual bets apostas"crise social", e sugeriu que isso seja um assunto caro às Forças Armadas.
"A crise é política e econômica e deve ser tratada apenas pelos civis", afirma Figueiredo. "Não vejo hoje riscovirtual bets apostasgolpe, mas a questão não é essa. Os militares precisam se subordinar 100% ao poder civil. E não o fazem. Isso limita nossa democracia. E passa a informação ao pessoal da áreavirtual bets apostassegurança que o agente público pode, sim, sequestrar, torturar, matar e ocultar cadáveres; que seu gesto, quando mira um inimigo 'justo', não é só aceitável como tem apoio da corporação. É o que vemos hoje com as polícias militares e civis nas favelas."
A BBC Brasil solicitou à Casa Civil da Presidência da República um posicionamento sobre as declaraçõesvirtual bets apostasFigueiredo e o conteúdo do livro Lugar Nenhum, mas não houve resposta. Também encaminhou uma síntese das afirmações do escritor à assessoria do Ministério da Defesa, que informou que transmitiria o conteúdo aos comandos militares para eventuais manifestações - que não haviam ocorrido até a publicação desta reportagem.