STF decide que doaçãominijogosempresas a campanhas é inconstitucional; vejaminijogosque países isso já é proibido:minijogos

Por 8 votos a 3, Supremo julgou inconstitucional a atual legislaçãominijogosdoações a campanhas

Crédito, STF

Legenda da foto, Por 8 votos a 3, Supremo julgou inconstitucional a atual legislaçãominijogosdoações a campanhas

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Na prática, porém, isso dependeráminijogosa presidente Dilma Rousseff decidir vetar uma nova lei aprovada na semana passada pelo Congresso, prevendo que empresas possam doar até R$ 20 milhões para partidos. Dilma tem até o dia 30 para decidir e há grande expectativaminijogosque, amparada pela atual decisão do STF, ela vete o artigo que trata do tema.

"É improvável que ela não vete. Um veto pode se dar por razões políticas, quando a presidente considera que a lei não é boa para o país. Ou pode se dar por razões constitucionais. E, nesse caso, nada melhor que oito ministros do Supremo terem dito que empresas não devem poder doar", acredita o professorminijogosdireito da FGV-Rio Diego Werneck.

Caso a presidente não decida vetar o artigo da nova lei, teriaminijogoshaver um novo julgamento do STF para avaliar o assunto. Alguns ministros, como Rosa Weber e Luís Roberto Barroso, sinalizaramminijogosseus votos que poderiam decidir a favorminijogosoutra lei sobre o tema, caso ela criasse limites mais restritos para esse tipominijogosfinanciamento - como a proibiçãominijogosque uma empresa possa doar para vários políticos ao mesmo tempo. Essa restrição, no entanto, não foi feita na nova lei.

"Parece mais provável que um novo julgamento teria o mesmo resultadominijogosconsiderar a lei inconstitucional", nota o professor da FGV.

Petrobras (EPA)

Crédito, EPA

Legenda da foto, No Brasil, discussão sobre proibição voltou a ganhar força após escândalo da Petrobras

PEC

Além do debateminijogostorno da lei aprovada na semana passada, também existe a possibilidademinijogosque o Congresso incluia na Constituição a permissãominijogosdoaçõesminijogosempresas a partidos políticos. Essa PropostaminijogosEmenda Constitucional (PEC) foi aprovada na Câmara, mas ainda não foi analisada no Senado.

Caso a Constituição seja alterada, o STF teria que voltar a analisar o caso para decidir se o novo artigo introduzido pela PEC fere alguma cláusula pétrea – trechos da Constituição que estabelecem alguns princípios fundamentais da democracia brasileira e que não podem ser alterados pelo Congresso.

"Se a PEC for aprovada, é inevitável que Supremo volte a debater o tema, pois a questão da cláusula pétrea não era objeto do julgamentominijogoshoje", afirma Werneck.

O julgamento encerrado nesta quinta teve iníciominijogos2013 quando a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) moveu uma ação questionando trechos da Lei das Eleições (Lei 9.504/1997) e da Lei dos Partidos Políticos (9.096/1995). A instituição argumentou que a atuação das empresas desequilibra a disputa eleitoral, ferindo os direitos constitucionais a isonomia e igualdade.

Votaramminijogosfavor da OAB os ministros Luiz Fux (relator do caso), Rosa Weber, Cármen Lúcia, Marco Aurélio, Ricardo Lewandowski, Dias Toffoli e Joaquim Barbosa (antesminijogosse aposentar).

O ministro Luís Roberto Barroso também votou pela inconstitucionalidade da legislação atual, mas considerou emminijogosdecisão que o Congresso tem prerrogativaminijogosdefinir se as empresas podem ou não participar do processo eleitoral, desde que imponha restrições que inibam abusos e corrupção.

Já os ministros Teori Zavascki, Gilmar Mendes e CelsominijogosMello votaram pela manutenção do financiamento privado. Eles argumentaram que o problema não eram as doaçõesminijogosempresas, mas a faltaminijogosregras que evitassem abusos.

Denúncias

O debate sobre a necessidademinijogosmudar o modelominijogosfinanciamentominijogoscampanhas no Brasil voltou a ganhar fôlego neste anominijogosmeio às denúnciasminijogosque propinas cobradasminijogoscontratos da Petrobras acabavam irrigando partidos políticos e candidatos como doações oficiaisminijogoscampanha.

Crescente preocupação com o assunto não é exclusividade do Brasil

Crédito, Thinkstock

Legenda da foto, Crescente preocupação com o assunto não é exclusividade do Brasil

A crescente preocupação com o assunto, porém, não é exclusividade do Brasil. Um monitoramento internacional sobre financiamentosminijogoscampanhaminijogos180 países, realizado há quinze anos pelo Instituto Internacional pela Democracia e Assistência Eleitoral (Idea, na siglaminijogosinglês), indica uma tendência mundialminijogosaumento - ainda que lento - da restrição a doações empresariais.

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A propostaminijogoseliminar ou reduzir drasticamente o financiamentominijogoscampanhas por empresas não busca apenas atacar o problema da corrupção, observa o diretor da áreaminijogosPartidos Políticos do Idea, Sam van der Staak. O princípio central que norteia essas medidas é a preocupação com a influência desproporcional que as empresas teriam sobre o Estado por causa dos volumosos recursos destinados a eleger políticos, seja no Executivo ou no Legislativo.

"Em todo o mundo, a política se tornou um negócio caro,minijogostal magnitude que o dinheiro é hoje uma das maiores ameaças à democracia", afirma um relatóriominijogosjaneiro do instituto.

Segundo Staak, o númerominijogospaíses que baniu completamente o financiamento por empresas cresceu levemente nos últimos 15 anos. Já a criaçãominijogoslimites para as doações "tem sido discutidaminijogosforma mais ativaminijogosmuitos países", nota ele,minijogosentrevista concedidaminijogosmaio à BBC Brasil.

Os números oficiais mostram que as empresas são hoje as principais financiadoras da disputa eleitoral no Brasil. Nas últimas eleições, partidos e candidatos arrecadaram cercaminijogosR$ 5 bilhõesminijogosdoações privadas, quase naminijogostotalidade feitas por empresas. Além disso, receberam no ano passado R$ 308 milhõesminijogosrecursos públicos por meio do Fundo Partidário, enquanto o tempo "gratuito"minijogostelevisão custou R$ 840 milhões aos cofres da União por meiominijogosisenção fiscal para os canaisminijogosTV.

Reais (Thinkstock)

Crédito, THinkstock

Legenda da foto, Monitoramento internacional sobre financiamentosminijogoscampanhaminijogos180 países indica uma tendência mundialminijogosaumento da restrição sobre as doações empresariais

Pelo mundo

O bancominijogosdados do Idea - organização intergovernamental que hoje tem statusminijogosobservadora na ONU - revela que 39 países proíbem doaçõesminijogosempresas para candidatos, como México, Canadá, Paraguai, Peru, Colômbia, Costa Rica, Portugal, França, Polônia, Ucrânia e Egito.

Outros 126 países permitem o financiamentominijogoscandidatos por empresas, como Brasil, Reino Unido, Itália, Alemanha, Noruega, Argentina, Chile, Venezuela e praticamente toda a África e a Ásia.

A proibição formal, porém, nem sempre impede que o capital corporativo encontre outras formasminijogosinfluenciar o jogo político, nota Staak. Os Estados Unidos, por exemplo, proíbem doações diretasminijogosempresas, mas como elas são autorizadas a fazer suas próprias campanhas a favor e contra candidatos, na prática os efeitos da restrição são nulos.

Tampouco a corrupção desapareceminijogosuma hora para outra. Um relatório do instituto aponta que o númerominijogosinfrações detectadasminijogosdoações políticasminijogosPortugal cresceu fortemente desde o ano 2000, quando o país proibiu o financiamento empresas.

Em parte, isso é reflexo da fiscalização mais dura que também foi implementada no período, nota o documento. Mas, por outro lado, também observou-se o desenvolvimentominijogospráticas para burlar as restrições às doações privadas, como listaminijogosdoadores fantasmas.

"A corrupção tem muito a ver com as atitudes culturais. As reformas devem, ter o objetivominijogostornar mais difícil as doações irregulares e ficar sempre um passo à frente dessas práticas", afirma Staak.