#SalaSocial: Hostilizar políticosx bet 1público faz parte do jogo democrático?:x bet 1
Mas os ataques não se limitam a personalidades ligadas ao governo ─ e, portanto, mais "à esquerda".
Figuras como os deputados Marco Feliciano (PSC-SP) e Jair Bolsonaro (PP-RJ) também foram alvosx bet 1escárnio e constrangimento público.
A BBC Brasil ouviu leitores, cientistas políticos e sociólogos para responder à seguinte questão: "A hostilizaçãox bet 1uma pessoa pública fora do exercíciox bet 1sua função é certo ou errado?"
Por meio das redes sociais, a imensa maioria dos leitores se manifestou a favor da liberdadex bet 1se manifestar contra representantes da cena políticax bet 1qualquer local, mesmo que na intimidadex bet 1sua vida privada.
"Exigir dessas pessoas faz parte dos direitosx bet 1cada cidadão brasileiro, se eles não gostam que por favor saiam do lugar que estão!", disse o leitor Thiago Bacana.
"Acho válido, afinal vivemosx bet 1uma democracia, temos direito à liberdadex bet 1expressão, e eles, como nossos representantes, têm o deverx bet 1nos ouvir. Se a pessoa votax bet 1determinado político tem o direitox bet 1fiscalizar e cobrar", acrescentou o leitor José Lopes.
Já o leitor Vinicius Severo pensa diferente.
"Hostilizar é faltax bet 1educação, independente do personagem que é hostilizado. É feio. Quer protestar, reclama, com respeito. Simples", escreveu.
Para cientistas políticos e sociólogos ouvidos pela reportagem da BBC Brasil, os ataques ─ sobretudo quando ocorridos na intimidade das personalidades da vida política do país ─ "minam a democracia".
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Confira as opiniões dos especialistas:
Ricardo Ismael (cientista político/PUC-Rio)
"É preciso separar o público e o privado. Qualquer crítica a uma figura política temx bet 1ser restrita à atuação dela no cargo que ela ocupou. Não existe razão que justifique constrangimento ou ofensa. Evidentemente que o cidadão brasileiro tem o direitox bet 1se manifestar politicamente contra governos ou partidos. Mas é preciso fazê-lo dentro do jogo democrático. Quando essa manifestação passa a tentar constranger o político dentrox bet 1sua vida privada, ultrapassa-se um limite perigoso".
Antonio Carlos Mazzeo (cientista político/USP)
"Pode-se divergirx bet 1uma pessoa sem hostilizá-la. Tal postura reflete a ascensãox bet 1um tipox bet 1sectarismo que se assemelha muito à dos grupos da Alemanha pré-nazista, que saíam às ruas agredindo pessoas com pensamentos políticos diferentes. A hostilização não é só inaceitável; ela temx bet 1ser coibida. Isso não significa negar o direito à livre manifestação, que pode – e deve – continuar sendo feita, nas urnas, principalmente. No plano pessoal, é uma violência".
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Paulo Baía (cientista político/UFRJ)
"É um atox bet 1intolerância que não é compatível com a sociedade democrática. Vivemos o que chamox bet 1crise do individualismo fóbico. O nívelx bet 1intolerância atingiu patamares nunca antes vistos na história desse país. Não se respeita o outro. A livre manifestação é sempre bem-vinda, mas esse tipox bet 1agressão, especialmente no espaço privado, foge do padrão civilizatório".
Roberto Romano (professorx bet 1Filosofia e Ética da Unicamp)
"A hostilização não é democrática, não é republicana e não é civilizada. Tal atitude é muito própriax bet 1pessoas que não têm vivência na esfera pública. Pior: esse 'carisma incivil' ganhou corpo pela prática irresponsável e calhorda das redes sociais. Em nomex bet 1uma ideologia, vilipendia-se a existência e a dignidade do outro. Agora, não há dúvidax bet 1que Mantega e Padilha estão pagando a conta do que seus colegas criaram. Os partidos políticos ajudaram a criar esse tipox bet 1niilismo ex bet 1faltax bet 1respeito aos direitos fundamentais. As pessoas precisam entender que não é dizendo uma sériex bet 1desaforos que o processox bet 1Justiça vai se instaurar. Os já condenados tampouco perdem seus direitosx bet 1cidadãos e merecem ser igualmente respeitados. Essa ideiax bet 1que política só se faz determinando inimigos mina a democracia".
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Luiz Felipe Pondé (filósofo e professor da PUC e da FAAP)
"É injustificável sob qualquer circunstância do pontox bet 1vista moral. Mas pode ser justificada tecnicamente do pontox bet 1vista político. Só que a moral deve vir antes da política. Como na democracia há uma tendênciax bet 1se dissolver os vínculos morais, ainda mais se levandox bet 1conta uma sociedade como a nossa, pautada pelo anonimato e a impessoalidade, há uma tendência se tornar secundária qualquer abordagem moral e vir ao front da cena sempre as abordagens políticas. Exemplo: apesarx bet 1eu pessoalmente achar o governo da Dilma uma catástrofex bet 1todos os sentidos, considero um absurdo ficar xingando uma pessoa desse jeitox bet 1público. É preciso manter a valorização das instituições, senão caímos na barbárie facilmente. É aquela velha história: se alguém mata o seu irmão, você tem o direitox bet 1fazer Justiça pelas próprias mãos? Não. Só quem pode julgar uma pessoa é o Estado, ao qual cabe o monopólio legítimo da violência. Se um sujeito é corrupto, deve ser preso, julgado, obrigado a devolver o dinheiro, as pessoas podem xingá-lo nas redes sociais, os jornalistas podem escrever artigos críticos, mas não concordo com esse tipox bet 1linchamento no campo privado. E isso vale para os dois lados do espectro político-ideológico. Acho, por exemplo, as ideias do Bolsonaro infelizes, mas nem por isso acho que ele deve ser humilhado ou ser objetox bet 1linchamento público como o Mantega ou qualquer outro.