O que é o jihadismo?:blaze mines

Homem muçulmanoblaze minesprotesto na Líbia | Foto: AP

Crédito, AP

Legenda da foto, Termo "jihadista" é usado para diferenciar grupos sunitas violentos dos não violentos

blaze mines Uma investigação da BBC descobriu que maisblaze mines5 mil pessoasblaze minestodo o mundo morreram no mêsblaze minesnovembro como resultado da violência causada pela Al-Qaeda, suas ramificações e grupos que compartilham da mesma ideologia, comumente chamadablaze mines"jihadismo".

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O que significa jihad?

A palavra "jihad" é amplamente utilizada – muitas vezesblaze minesmaneira imprecisa – por políticos ocidentais e pela mídia.

Em árabe, a palavra significa "esforço" ou "luta". No islã, isso pode significar a luta internablaze minesum indivíduo contra instintos básicos, o esforço para construir uma boa sociedade muçulmana ou uma guerra pela fé contra os infiéis.

Qual é a diferença entre os jihadistas e os muçulmanos?

Combatentes do Al-Shabab na Somáliablaze mines2008 | Foto: AP

Crédito, BBC World Service

Legenda da foto, O grupo Al-Shabab liuta contra o governo na Somália e é associado a uma sérieblaze minesataques no Quênia

O termo "jihadista" tem sido usado por acadêmicos ocidentais desde os anos 1990, e mais frequentemente desde os ataquesblaze mines11blaze minessetembroblaze mines2001, como uma maneirablaze minesdistinguir entre os muçulmanos sunitas não violentos e os violentos.

Muçulmanos têm, a rigor, o objetivoblaze minesreordenar o governo e a sociedadeblaze minesacordo com a lei islâmica, chamadablaze minessharia.

No entanto, jihadistas entendem que a luta violenta é necessária para erradicar obstáculos para a restauração da leiblaze minesDeus na Terra e para defender a comunidade muçulmana, conhecida como umma, contra infiéis e apóstatas (pessoas que deixaram a religião).

Se a umma é ameaçada por um agressor, eles sustentam que a jihad não é só uma obrigação coletiva (fard kifaya), mas também um dever individual (fard ayn), que deve ser cumprido por todos os muçulmanos capazes, assim como as preces rituais e o jejum durante o Ramadã.

O termo "jihadista" não é usado por muitos muçulmanos porque eles acreditam que se tratablaze minesuma associação incorreta entre um conceito religioso nobre e a violência ilegítima. Em vez disso, eles usam o termo "pervertidos", com a ideiablaze minesque muçulmanos envolvidosblaze minesatos violentos se desviaram dos ensinamentos religiosos.

Todos os jihadistas querem a mesma coisa?

Combatentes do "Estado islâmico"blaze minesRaqqa, na Síria,blaze minesjunhoblaze mines2014 | Foto: AP

Crédito, BBC World Service

Legenda da foto, Grupo autodenominado "Estado islâmico" quer estabelecer califado entre leste da Síria e oeste do Iraque

Jihadistas compartilham dos mesmos objetivos básicosblaze minesexpandir o islã e contrapor-se ao perigo que pode atingi-lo, mas suas prioridades podem variar. Um estudo recenteblaze minesThomas Hegghammer, do Departamentoblaze minesPesquisablaze minesDefesa da Noruega, identificou cinco objetivos mais proeminentes:

  • Mudar a organização política e social do Estado. Por exemplo, o Grupo Armado Islâmico (GIA) e o antigo Grupo Salafista para Pregação e Combate (GSPC) lutaram por uma década contra as forçasblaze minessegurança da Argélia, com o objetivoblaze minesderrubar o governo e criar um Estado islâmico.
  • Estabelecer soberaniablaze minesum território percebido como ocupado ou dominado por não muçulmanos. O grupo baseado no Paquistão Lashkar-e-Taiba (Soldados da Pureza,blaze minestradução livre) se opõe ao controle da Caxemira pela Índia, enquanto o grupo Emirado do Cáucaso quer criar um Estado islâmico nas "terras muçulmanas" da Rússia.
  • Defender a ummablaze minesameaças externas não muçulmanas. Isso inclui jihadistas focadosblaze mineslutar contra o que eles chamamblaze mines"inimigo próximo" (al-adou al-qarib)blaze minesáreas confinadas – como árabes que viajaram para a Bósnia e a Chechênia para defender muçulmanos desses locais contra exércitos não muçulmanos – e "jihadistas globais" que combatem o "inimigo distante" (al-adou al-baid), que na maioria dos casos é o Ocidente. A maioria destes são afiliados à Al-Qaeda.
  • Corrigir o comportamento moralblaze minesoutros muçulmanos. Na Indonésia, justiceiros deixaramblaze minesusar paus e pedras e passaram a atacar pessoas com armas e bombasblaze minesnome da "moralidade" e contra "desvios".
  • Intimidar e marginalizar outros grupos muçulmanos. O grupo Lashkar-e-Jhangvi (Soldadosblaze minesJhangvi,blaze minestradução livre) realizou durante décadas ataques violentos contra os xiitas paquistaneses, que eles consideram hereges. O Iraque também sofre com a violência sectária.

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Como eles justificam o uso da violência?

Ataqueblaze minesmesquitablaze minesKano, na Nigéria,blaze mines2011 | Foto: AFP

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Legenda da foto, O grupo Boko Haram matou milharesblaze minespessoas, a maioria delas no nordeste da Nigéria

Os jihadistas dividem o mundoblaze mines"reino do islã" (dar al-Islam), terras sob a lei muçulmana, e o "reino da guerra" (dar al-harb), terras que não seguem a lei muçulmana e onde,blaze minesdeterminadas circunstâncias, a guerrablaze minesdefesa da fé pode ser aprovada.

Líderes e governos muçulmanos que os jihadistas acreditam terem abandonado as recomendações da sharia são considerados como estando fora do "reino do Islã", o que os tornaria alvos legítimosblaze minesataque.

Por que civis são mortos?

Restos do World Trade Center após o ataqueblaze mines11blaze minessetembroblaze mines2001 | Foto: Getty

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Legenda da foto, Ataque da Al-Qaeda às Torres Gêmeasblaze minesNova York matou quase 3 mil pessoas

Grupos jihadistas atingiam civis antes do crescimento da Al-Qaeda, mas isso resultoublaze minesviolência contra eles mesmos,blaze minesuma escala que até então não tinham imaginado.

Em 1998, Osama Bin Laden e os líderesblaze minesquatro grupos jihadistas no Egito, no Paquistão eblaze minesBangladesh assinaram uma declaraçãoblaze minesguerra total contra os Estados Unidos e seus aliados, e pediram que tanto soldados quanto civis fossem alvejados.

O profeta Maomé disse que exércitos muçulmanos deveriam fazer o possível para evitar machucar crianças e outros não combatentes.

A declaração assinada pelos grupos, no entanto, afirma que matar os não combatentes é um atoblaze minesreciprocidade pela morteblaze minescivis muçulmanos. Após os acontecimentosblaze mines11blaze minessetembroblaze mines2011, Bin Laden tentou justificar o ataque a civis dizendo que, como cidadãosblaze minesum Estado democrático que elegeu seus líderes, eles também eram responsáveis pelas ações dos governantes.

Atingir civis muçulmanosblaze minesataques tem se provado ainda mais polêmico. Em 2005, o então segundoblaze minescomandoblaze minesBin Laden, Ayman Al-Zawahiri, aconselhou o ex-líder da Al-Qaeda no Iraque, Abu Musab Al-Zarqawi, contra a ideiablaze minesmatar civis xiitas. Al-Zawahiri afirmou que "isso não será aceito pelo povo muçulmano não importa o quanto você tente explicar".

O usoblaze minestáticas semelhantes no Iraque e na Síria pelo grupo autodenominado "Estado Islâmico" (anteriormente conhecido como Isis), que nasceu da Al-Qaeda no Iraque, foi um dos motivos pelos quais Al-Zawahiri, já ocupando o lugarblaze minesBin Laden, renegou o grupoblaze minesfevereiroblaze mines2014.

Por que os Estados Unidos costumam ser o alvo principal?

Ayman al-Zawahiri, Osama Bin Laden e Muhammad Atef | Foto: AP

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Legenda da foto, Osama Bin Laden pediu que tantos militares quanto civis ocidentais fossem alvejadosblaze minesataques

Em uma declaraçãoblaze mines1998, Osama Bin Laden acusou os Estados Unidosblaze mines"ocupar as terras do islã no lugar mais sagradoblaze minestodos, a península Arábica, saqueando suas riquezas, impondo-se a seus líderes, humilhando seus povos, aterrorizando seus vizinhos e transformando suas bases na península na pontablaze mineslança com a qual lutam contra os povos muçulmanos na região".

Segundo Bin Laden, esses "crimes e pecados" configuravam uma "clara declaraçãoblaze minesguerra contra Alá, contra seu mensageiro e contra os muçulmanos".

Em 2013, dois anos após a morteblaze minesBin Laden, Ayman Al-Zawahiri escreveublaze minessuas "diretrizes gerais para a jihad" que "o objetivoblaze minesatacar a América é exauri-la e fazê-la sangrar até a morte, para que ela tenha o mesmo destino da ex-União Soviética e desabe sobre seu próprio peso, como resultadoblaze minessuas perdas militares, humanas e financeiras. Consequentemente, seu controle sobre nossas terras enfraquecerá e seus aliados cairão um após o outro".

Qual é o tamanho dos Estados islâmicos que eles querem estabelecer?

Líder do "Estado islâmico" Abu Bakr Al-Baghdadi falablaze minesmesquitablaze minesdezembroblaze mines2014 | Foto: AP

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Legenda da foto, Líder do "Estado islâmico" se autodeclarou califa e quer implementar shariablaze minesterritório dominado

Muitos grupos jihadistas buscam estabelecer Estados islâmicosblaze minesseus respectivos paísesblaze minesorigem, como o Boko Haram na Nigéria e o Movimento Islâmico do Uzbequistão.

Outros grupos querem criar um "califado" – governadoblaze minesacordo com a sharia pelo califa, que significa "substitutoblaze minesDeus na Terra" – que se espalhe por diversas regiões. Alguns, como a Al-Qaeda, querem reestabelecer o antigo califado que se estendia da Espanha e norte da África até China e Índia.

O líder do grupo, Ayman Al-Zawahiri, prometeu "libertar todas as terras muçulmanas ocupadas e rejeitar todo e qualquer tratado, acordo ou resolução internacional que dê aos infiéis o direitoblaze minestomar terras muçulmanas", incluindo a Palestina história, a Chechênia e a Caxemira.

Já o líder do grupo autodenominado "Estado islâmico", Abu Bakr Al-Baghdadi, também diz querer "demolir" as fronteiras estabelecidas pelo Acordoblaze minesSykes-Picot,blaze mines1916 (que delimitou as zonasblaze minesinfluência britânica e francesa no Oriente Médio após a Primeira Guerra Mundial). Seu grupo já declarou a criaçãoblaze minesum califato que se estende pelo leste da Síria até o oeste do Iraque.

O "Estado islâmico" e a Al-Qaeda também têm métodos diferentesblaze minesestabelecer a lei islâmica. A abordagem da Al-Qaeda é maisblaze mineslongo prazo, enquanto o "Estado islâmico" procura implementar imediatamenteblaze minesversão da shariablaze minesseus territórios.

Há grupos jihadistas xiitas?

Membros da milícia xiita Brigadas do Hezbollah no Iraqueblaze minesoutubroblaze mines2014 | Foto: EPA

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Legenda da foto, Milícias xiitas apoiam forçasblaze minesAssad na Síria e se mobilizam contra o "Estado islâmico" no Iraque

Há grupos militantesblaze minesmuçulmanos xiitas que são, por natureza jihadistas. No entanto, eles são muito diferentes dos grupos sunitas. De acordo com a tradição xiita, os mujtahids – estudiosos religiosos mais antigos – possuem a autoridade para declarar uma jihad "defensiva". Mas somente o 12º imã (alto líder religioso) – que desapareceu há 1.100 anos, mas é considerado vivo pelos xiitas – poderia declarar uma jihad "ofensiva" quando retornar.

Durante séculos, a maioria dos sacerdotes xiitas defendia o não posicionamento político, enquanto esperavam o retorno do imã. Mas essa perspectiva mudou nos anos 1960 e 1970, dando origem ao ativismo que culminou na revoluçãoblaze mines1979 no Irã e no estabelecimentoblaze minesuma República Islâmica no país.

Recentemente, a natureza sectária do conflito na Síria fez com que grupos xiitas apoiados pelo Irã ajudassem as forças leais ao presidente Bashar Al-Assad, membro da minoria xiita alauíta. Os grupos e seus milharesblaze mineslutadores "voluntários" – que vêm do Iraque, do Irã, do Líbano e do Iêmen – dizem que estão na Síria para defender o santuário xiitablaze minesSayyida Zaineb,blaze minesDamasco.

O grupo libanês Hezbollah diz que seus membros mortos na Síria são mártires que morreram "cumprindo deveres jihadistas". Da mesma forma, o avançao do "Estado islâmico" no Iraqueblaze mines2014 também teve a mobilizaçãoblaze minesmilícias xiitas para defender locais sagrados contra o grupo sunita.