#SalaSocial: 'Vingança anunciada'pin up apostasBelém expõe uso ilícito do Whatsapp:pin up apostas
Em um bairro mais afastado da região onde aconteceram os assassinatos, o estudante João Batista Xavier,pin up apostas19 anos, também recebeupin up apostasamigos, pelo aplicativo Whatsapp, a mensagempin up apostasáudio alertando que moradores dos bairros do Guamá,pin up apostasCanudos epin up apostasTerra Firme não saíssempin up apostassuas casas.
"Eu fiquei sabendo da morte do policial no meu grupo da faculdade no Whatsapp. Depois, recebi o áudiopin up apostastrês pessoas diferentes. Fiquei com bastante medo. Amigos que moram nesses bairros já receberam mensagens como essas antes,pin up apostaspessoas ligadas ao crime. Mas eu moro do outro lado da cidade, é a primeira vez que vejo algo assim."
As aulas da Universidade Federal do Pará, que fica entre os bairros afetados, na mesma rua onde morreu o cabo da PM, foram canceladas na quarta-feira e, na quinta-feira, ainda havia menos alunos do que o normal no campus, segundo Xavier.
O caso expõe o crescente uso do aplicativopin up apostasmensagens instantâneas mais popular do Brasil por grupospin up apostasambos os lados da lei. Atualmente, o Whatsapp já é utilizado por políciaspin up apostaspelo menos 15 Estados, além do Distrito Federal, para receber denúnciaspin up apostascidadãos e compartilhar informações dentro da corporação.
Investigaçõespin up apostastodo o país, porpin up apostasvez, têm revelado o uso do aplicativo por facções criminosas. Segundo reportagem do jornal O Globo, traficantes no Estado do Riopin up apostasJaneiro também estão usando mensagenspin up apostasáudio para impor toquespin up apostasrecolher a moradores durante brigas entre facções ou confrontos com a polícia.
'Questãopin up apostassegurança'
Desde a noitepin up apostasterça-feira até o dia seguinte, hashtags como pin up apostas #ChacinaemBelém, pin up apostas #Belém e pin up apostas #Guamá estavam entre os assuntos mais populares do Twitter brasileiro. Após a morte do cabo Figueiredo, mensagens e boatos se espalharam rapidamente via Whatsapp e redes sociais por toda a cidade, falando sobre uma possível chacina nos bairros periféricos.
"A morte do policial aconteceu por volta das 20h epin up apostasseguida começaram a se espalhar as informações no Whatsapp, os áudios. As primeiras mensagens que eu recebi foram por volta das 22h30. Os portaispin up apostasnotícias na internet só confirmaram a morte do PM por volta da meia-noite", disse Xavier.
A mensagempin up apostasáudio do suposto policial, à qual a BBC Brasil teve acesso, dizia: "Senhores, sério, façam o que for preciso, mas não vão para o Guamá, não vão para o Canudos, nem para a Terra Firme hoje à noite. É uma questãopin up apostassegurança dos senhores, tá? Mataram um policial nosso e vai ter uma limpeza na área. Ninguém segura ninguém, nem coronel das galáxias. Os meninos estão soltos. E, por favor, fiquempin up apostascasa, não vão para a rua, não fiquempin up apostasesquinas".
Pelo Twitter, moradores também reproduziam o que diziam ser mensagens postadas por policiais militares no Twitter e no Facebook. Em uma mensagem, um sargento da PM convoca outros a "dar uma resposta" ao crime naquela noite. O policial, no entanto, nega ter incitado ações ilegais.
De acordo com o tenente-coronel Leno Carmo, porta-voz da Polícia Militar do Pará, a corregedoria investiga a autoria das mensagens - algumas das quais já teriam sido deletadas, mas continuaram a ser replicadas nas redes sociais.
"Estamos primeiro analisando o fato, se realmente a autoria dessas mensagens foipin up apostaspoliciais oupin up apostasum fake (usuário falso) usando o nomepin up apostasum policial. E também se o conteúdo dessas mensagens contribuiupin up apostasalguma forma para alguma ação policial fora dos limites legais", disse à BBC Brasil.
Informações e boatos
Para o morador do Guamá que deu seu depoimento sobre a noitepin up apostasterça-feira à BBC Brasil, o aplicativo também foi uma formapin up apostasse comunicar com amigos sobre a situação no bairro.
"Ao chegarpin up apostascasa trancamos tudo e ficamos apreensivos. De repente muitas motos começaram a passar na frentepin up apostascasa com homenspin up apostaspreto, encapuzados e fortemente armados atirando para o alto e a esmo. Ouvimos muitos tiros. Tenho vários amigospin up apostasoutras ruas aqui do Guamá, nós ficávamos trocando fotos, vídeos e áudios pelo Whatsapp", afirmou.
Algumas dessas imagens, que mostravam o que seriam alguns dos corpos encontrados separadamente no bairro e a reaçãopin up apostasfamiliares ao encontrá-los, foram publicadas no Twitter. "As que eu publiquei são todas reais, algumas fui eu que tirei. (Descobri que) duas eram fakes (falsas), mas assim que soube eu as apaguei."
A circulaçãopin up apostasimagens falsas epin up apostasestimativaspin up apostasmortos que iampin up apostas35 a cercapin up apostas100 pessoas causaram pânico na populaçãopin up apostasBelém e serão investigadas, segundo o delegado Samuelson Igaki, da Divisãopin up apostasRepressão e Prevenção a Crimes Tecnológicos da Polícia Civil paraense.
"A polícia vai realizar todas as investigações necessárias para encontrar quem deu causa e quem propagou essas informações inverídicas, que não refletiram a realidade, como 'não saiampin up apostassuas casas, a cidade estápin up apostaspânico, a cidade vive uma guerra civil'", disse à BBC Brasil.
"Algumas fotospin up apostascorpos do incêndio da boate Kiss foram compartilhadas como fotospin up apostasBelém. Isso é uma falsa comunicaçãopin up apostascrime."
Igaki diz ainda que não tem conhecimento do uso anterior do Whatsapp para toquespin up apostasrecolher impostos por criminosos e afirma que "foi a primeira vez" que a cidade viveu pânico generalizado por causapin up apostasmensagens espalhadas através do aplicativo. Ele também recebeu muitas delaspin up apostasseu celular.
O cabo Figueiredo foi morto a tiros por três homens ainda não identificados. Segundo as autoridades, ele respondia a um processo por homicídio na Justiça comum e estava afastado do trabalho por razõespin up apostassaúde.
"O clima por aqui ainda épin up apostasinsegurança total, pois ainda não prenderam os verdadeiros assassinos do policial e enquanto isso não acontecer todos estamos com medo tanto da polícia como dos bandidos", disse à BBC Brasil o morador do Guamá.
'Nova fronteira'
O Whatsapp tem cercapin up apostas600 milhõespin up apostasusuários ativos no mundo, maispin up apostas40 milhões deles no Brasil. Em uma pesquisa com quase 4 mil usuáriospin up apostassmartphonespin up apostascinco países, a consultoria britânica OnDevice, especializada no mercadopin up apostasdispositivos móveis, afirmou que o aplicativo estápin up apostas72% dos telefones brasileiros, mais do que qualquer outro do tipo.
Para Carlos Affonso Pereirapin up apostasSouza, diretor do Instituto Tecnologia e Sociedade do Rio (ITS), o uso do Whatsapp por criminosos é uma consequênciapin up apostassua popularidade no país.
"O uso da internet no Brasil migra cada vez mais para o usopin up apostasdipositivos móveis, quando, na década passada, o principal instrumentopin up apostasinclusão foram as lan houses. Se temos uma população que passa boa parte do seu tempopin up apostasnavegação no celular, é natural que todas as atividade, lícitas ou ilícitas, acabem acontecendo via celular", disse à BBC Brasil.
A facilidadepin up apostasatingir instantaneamente um grupo grandepin up apostaspessoas também é atraente tanto para fins positivos quanto negativos, segundo Souza.
"Por mais que o númeropin up apostaspessoas nos grupos seja limitado, o app faz com que a comunicação seja mais instantânea, diferentementepin up apostasum email. Por estar no celular, a pessoa obrigatoriamente vê a mensagempin up apostasqualquer lugar. Ele não exige uma conduta ativa dos usuários para receber informação. Além disso, há a facilidadepin up apostasencaminhar as mensagens. Se você quer atingir um número grandepin up apostaspessoas, aplicativos como esse são a escolha natural no Brasil."
No entanto, Souza acredita que a popularidade também faça do Whatsapp uma "nova fronteira da investigação por condutas ilícitas na internet".
"É uma plataforma que não tem ainda a experiênciapin up apostasdecisões judiciais e uma metodologiapin up apostasinvestigação da materialidade dos crimes, que já está consolidada nas redes sociais. O Google tem um termopin up apostasconduta com o Ministério Público. O Facebook já está acostumado a cooperar com as autoridades para investigar condutas ilícitas. O Whatsapp, embora comprado pelo Facebook, traz novos desafios técnicos."