#SalaSocial: 'Vingança anunciada'qg pixbetBelém expõe uso ilícito do Whatsapp:qg pixbet

Policiais reforçam segurança no bairro do Guamá,qg pixbetBelém | Foto: Sidney Oliveira / Ag. Pará

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Legenda da foto, Autoridades investigam possibilidadeqg pixbetque assassinatosqg pixbetBelém tenham sido atoqg pixbetvingança após morteqg pixbetpolicial
  • Author, Camilla Costa
  • Role, Da BBC Brasilqg pixbetSão Paulo

qg pixbet "A noiteqg pixbetterça-feira pra mim foi terrível", disse à BBC Brasil um morador do bairro do Guamá,qg pixbetBelém, que pediu para não ser identificado.

Naquela noite, dez pessoas foram mortasqg pixbetbairros da periferia após a morte do cabo da Polícia Militar Antonio Marcos da Silva Figueiredo, 44 anos. A polícia investiga se os assassinatos estão conectados.

"Eu estava no ônibus quando minha irmã me ligou avisando que era para eu ter cuidado ao entrar pro nosso bairro, pois tinham matado um policial. Tinham mandado um áudio (com a vozqg pixbetum suposto policial militar) pelo Whatsapp, (dizendo) que não era para ficar ninguém nas ruas, pois eles estavam atirandoqg pixbetquem estivesse nas esquinas ou tivesse caraqg pixbetsuspeito."

Entre os mortos há um adolescenteqg pixbet16 anos que levava a namorada para casa, um cobradorqg pixbetvanqg pixbet20 anos e um deficiente físicoqg pixbet27 anos, que trabalhavaqg pixbetum supermercado. De acordo com a Polícia Civil, pelo menos sete mortes têm características semelhantes.

Em um bairro mais afastado da região onde aconteceram os assassinatos, o estudante João Batista Xavier,qg pixbet19 anos, também recebeuqg pixbetamigos, pelo aplicativo Whatsapp, a mensagemqg pixbetáudio alertando que moradores dos bairros do Guamá,qg pixbetCanudos eqg pixbetTerra Firme não saíssemqg pixbetsuas casas.

"Eu fiquei sabendo da morte do policial no meu grupo da faculdade no Whatsapp. Depois, recebi o áudioqg pixbettrês pessoas diferentes. Fiquei com bastante medo. Amigos que moram nesses bairros já receberam mensagens como essas antes,qg pixbetpessoas ligadas ao crime. Mas eu moro do outro lado da cidade, é a primeira vez que vejo algo assim."

As aulas da Universidade Federal do Pará, que fica entre os bairros afetados, na mesma rua onde morreu o cabo da PM, foram canceladas na quarta-feira e, na quinta-feira, ainda havia menos alunos do que o normal no campus, segundo Xavier.

O caso expõe o crescente uso do aplicativoqg pixbetmensagens instantâneas mais popular do Brasil por gruposqg pixbetambos os lados da lei. Atualmente, o Whatsapp já é utilizado por políciasqg pixbetpelo menos 15 Estados, além do Distrito Federal, para receber denúnciasqg pixbetcidadãos e compartilhar informações dentro da corporação.

Trending Topics nacionais no Twitter na madrugadaqg pixbet5qg pixbetnovembroqg pixbet2014 | Foto: Reprodução

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Legenda da foto, Moradoresqg pixbetBelém trocavam informações pelas redes sociais horas antesqg pixbetportais noticiarem mortes

Investigaçõesqg pixbettodo o país, porqg pixbetvez, têm revelado o uso do aplicativo por facções criminosas. Segundo reportagem do jornal O Globo, traficantes no Estado do Rioqg pixbetJaneiro também estão usando mensagensqg pixbetáudio para impor toquesqg pixbetrecolher a moradores durante brigas entre facções ou confrontos com a polícia.

'Questãoqg pixbetsegurança'

Desde a noiteqg pixbetterça-feira até o dia seguinte, hashtags como qg pixbet #ChacinaemBelém, qg pixbet #Belém e qg pixbet #Guamá estavam entre os assuntos mais populares do Twitter brasileiro. Após a morte do cabo Figueiredo, mensagens e boatos se espalharam rapidamente via Whatsapp e redes sociais por toda a cidade, falando sobre uma possível chacina nos bairros periféricos.

"A morte do policial aconteceu por volta das 20h eqg pixbetseguida começaram a se espalhar as informações no Whatsapp, os áudios. As primeiras mensagens que eu recebi foram por volta das 22h30. Os portaisqg pixbetnotícias na internet só confirmaram a morte do PM por volta da meia-noite", disse Xavier.

A mensagemqg pixbetáudio do suposto policial, à qual a BBC Brasil teve acesso, dizia: "Senhores, sério, façam o que for preciso, mas não vão para o Guamá, não vão para o Canudos, nem para a Terra Firme hoje à noite. É uma questãoqg pixbetsegurança dos senhores, tá? Mataram um policial nosso e vai ter uma limpeza na área. Ninguém segura ninguém, nem coronel das galáxias. Os meninos estão soltos. E, por favor, fiquemqg pixbetcasa, não vão para a rua, não fiquemqg pixbetesquinas".

Pelo Twitter, moradores também reproduziam o que diziam ser mensagens postadas por policiais militares no Twitter e no Facebook. Em uma mensagem, um sargento da PM convoca outros a "dar uma resposta" ao crime naquela noite. O policial, no entanto, nega ter incitado ações ilegais.

De acordo com o tenente-coronel Leno Carmo, porta-voz da Polícia Militar do Pará, a corregedoria investiga a autoria das mensagens - algumas das quais já teriam sido deletadas, mas continuaram a ser replicadas nas redes sociais.

"Estamos primeiro analisando o fato, se realmente a autoria dessas mensagens foiqg pixbetpoliciais ouqg pixbetum fake (usuário falso) usando o nomeqg pixbetum policial. E também se o conteúdo dessas mensagens contribuiuqg pixbetalguma forma para alguma ação policial fora dos limites legais", disse à BBC Brasil.

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Informações e boatos

Para o morador do Guamá que deu seu depoimento sobre a noiteqg pixbetterça-feira à BBC Brasil, o aplicativo também foi uma formaqg pixbetse comunicar com amigos sobre a situação no bairro.

"Ao chegarqg pixbetcasa trancamos tudo e ficamos apreensivos. De repente muitas motos começaram a passar na frenteqg pixbetcasa com homensqg pixbetpreto, encapuzados e fortemente armados atirando para o alto e a esmo. Ouvimos muitos tiros. Tenho vários amigosqg pixbetoutras ruas aqui do Guamá, nós ficávamos trocando fotos, vídeos e áudios pelo Whatsapp", afirmou.

Algumas dessas imagens, que mostravam o que seriam alguns dos corpos encontrados separadamente no bairro e a reaçãoqg pixbetfamiliares ao encontrá-los, foram publicadas no Twitter. "As que eu publiquei são todas reais, algumas fui eu que tirei. (Descobri que) duas eram fakes (falsas), mas assim que soube eu as apaguei."

A circulaçãoqg pixbetimagens falsas eqg pixbetestimativasqg pixbetmortos que iamqg pixbet35 a cercaqg pixbet100 pessoas causaram pânico na populaçãoqg pixbetBelém e serão investigadas, segundo o delegado Samuelson Igaki, da Divisãoqg pixbetRepressão e Prevenção a Crimes Tecnológicos da Polícia Civil paraense.

"A polícia vai realizar todas as investigações necessárias para encontrar quem deu causa e quem propagou essas informações inverídicas, que não refletiram a realidade, como 'não saiamqg pixbetsuas casas, a cidade estáqg pixbetpânico, a cidade vive uma guerra civil'", disse à BBC Brasil.

"Algumas fotosqg pixbetcorpos do incêndio da boate Kiss foram compartilhadas como fotosqg pixbetBelém. Isso é uma falsa comunicaçãoqg pixbetcrime."

Igaki diz ainda que não tem conhecimento do uso anterior do Whatsapp para toquesqg pixbetrecolher impostos por criminosos e afirma que "foi a primeira vez" que a cidade viveu pânico generalizado por causaqg pixbetmensagens espalhadas através do aplicativo. Ele também recebeu muitas delasqg pixbetseu celular.

O cabo Figueiredo foi morto a tiros por três homens ainda não identificados. Segundo as autoridades, ele respondia a um processo por homicídio na Justiça comum e estava afastado do trabalho por razõesqg pixbetsaúde.

"O clima por aqui ainda éqg pixbetinsegurança total, pois ainda não prenderam os verdadeiros assassinos do policial e enquanto isso não acontecer todos estamos com medo tanto da polícia como dos bandidos", disse à BBC Brasil o morador do Guamá.

Crédito, BBC World Service

'Nova fronteira'

O Whatsapp tem cercaqg pixbet600 milhõesqg pixbetusuários ativos no mundo, maisqg pixbet40 milhões deles no Brasil. Em uma pesquisa com quase 4 mil usuáriosqg pixbetsmartphonesqg pixbetcinco países, a consultoria britânica OnDevice, especializada no mercadoqg pixbetdispositivos móveis, afirmou que o aplicativo estáqg pixbet72% dos telefones brasileiros, mais do que qualquer outro do tipo.

Para Carlos Affonso Pereiraqg pixbetSouza, diretor do Instituto Tecnologia e Sociedade do Rio (ITS), o uso do Whatsapp por criminosos é uma consequênciaqg pixbetsua popularidade no país.

"O uso da internet no Brasil migra cada vez mais para o usoqg pixbetdipositivos móveis, quando, na década passada, o principal instrumentoqg pixbetinclusão foram as lan houses. Se temos uma população que passa boa parte do seu tempoqg pixbetnavegação no celular, é natural que todas as atividade, lícitas ou ilícitas, acabem acontecendo via celular", disse à BBC Brasil.

A facilidadeqg pixbetatingir instantaneamente um grupo grandeqg pixbetpessoas também é atraente tanto para fins positivos quanto negativos, segundo Souza.

"Por mais que o númeroqg pixbetpessoas nos grupos seja limitado, o app faz com que a comunicação seja mais instantânea, diferentementeqg pixbetum email. Por estar no celular, a pessoa obrigatoriamente vê a mensagemqg pixbetqualquer lugar. Ele não exige uma conduta ativa dos usuários para receber informação. Além disso, há a facilidadeqg pixbetencaminhar as mensagens. Se você quer atingir um número grandeqg pixbetpessoas, aplicativos como esse são a escolha natural no Brasil."

No entanto, Souza acredita que a popularidade também faça do Whatsapp uma "nova fronteira da investigação por condutas ilícitas na internet".

"É uma plataforma que não tem ainda a experiênciaqg pixbetdecisões judiciais e uma metodologiaqg pixbetinvestigação da materialidade dos crimes, que já está consolidada nas redes sociais. O Google tem um termoqg pixbetconduta com o Ministério Público. O Facebook já está acostumado a cooperar com as autoridades para investigar condutas ilícitas. O Whatsapp, embora comprado pelo Facebook, traz novos desafios técnicos."

Crédito, BBC World Service