#SalaSocial: Insatisfeitos com eleições pedem ajuda a militares e aos EUA:iubet

ManifestantesiubetSão Paulo no dia 1ºiubetnovembroiubet2014 | Foto: AFP

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Legenda da foto, ProtestoiubetSão Paulo pediu impeachmentiubetDilma, mas teve presençaiubetdefensores da intervenção militar no governo

"Se entrar um ladrão naiubetcasa, você vai chamar a polícia, né? E se há corruptos nos três Poderes, a quem vamos recorrer? Não podemos escolher a Polícia Federal nem a Civil se temos um Judiciário comprometido. Isso é fato."

Em alguns dos grupos e eventos visitados pela reportagem, participantes afirmam acreditar que houve fraude no processo eleitoral, mas divergem sobre qual seria a solução "mais democrática" para o problema.

Já Carvalho, que é filiado ao Partido Militar Brasileiro (PMB), acredita que uma intervenção militar seria uma solução contra a corrupção no país.

"Acho que os militares têm que entrar, fazer uma auditoriaiubettodas essas urnas e chamar eleições novamente. Em três meses, no máximo, resolver isso. Tenho certeza que seria rápido, porque no mundoiubethoje não cabe ditadura. Hoje o Brasil tem outros interesses, como comércio internacional", diz.

Grupo no Facebook | Foto: Reprodução

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Legenda da foto, Grupos, páginas e eventos no Facebook pedem o que dizem ser uma "intervenção constitucional" contra a corrupção

Segundo o empresário, não há contato oficial com membros das Forças Armadas a respeito do assunto. Ele afirma, no entanto, ter depoimentosiubetalguns generais e militares da reserva que seriam favoráveis à ideia. "Mas muitos não falam porque podem ser presos".

Procurados pela BBC Brasil, o Ministério da Defesa e o Exército afirmaram que não comentariam o assunto.

Argumentos reeditados

Segundo o sociólogo Valeriano Costa, professoriubetciência política na Unicamp, a intervenção militar "cirúrgica" que tirou Getúlio Vargas do poderiubet1945 e convocou novas eleições – vista por parte da população como positiva –, criou uma "tradição"iubetepisódios deste tipo ao longo dos anos 50 e 60, até a ditadura militar.

"Os militares aceitavam o sistema representativo, mas não aceitavam os resultados. Ficavam indignados com o poder que os populistas tinhamiubetvencer eleições. E as elites liberais, a classe médiaiubetgeral e setores mais conservadores da sociedade se uniram a eles. Esse é um comportamento um pouco recorrente na sociedade brasileira", disse à BBC Brasil.

"Na época, o argumento principal (a favoriubetintervenções militares) era que o poder político havia sido corrompido pela corrupção e pelo comunismo. Por isso, o governo eleito seria ilegítimo. O argumentoiubethoje é quase copiado desse."

Em debates no Facebook, os defensoresiubetuma "intervenção constitucional" citam o artigo 142 da Constituição, que define o papel das Forças Armadas na defesa do Estado e das instituições democráticas.

O próprio <link type="page"><caption> texto da norma</caption><url href="http://www.senado.gov.br/legislacao/const/con1988/con1988_13.07.2010/art_142_.shtm" platform="highweb"/></link>, no entanto, dificultaria uma ação militar motivada apenas por manifestantes,iubetacordo com o advogado Dircêo Torrecillas Ramos, professor da USP e especialistaiubetdireito constitucional.

"A interpretação gramatical não deixa muita confusão. As Forças Armadas são comandadas pelo presidente da República. A iniciativaiubetconvocá-las tem que seriubetum dos três Poderes. E o movimento está querendo a atuação delas contra a presidente da República. Há pessoas instatisfeitas, mas o caminho é outro", disse à BBC Brasil.

Para Valeriano Costa, a ideiaiubetuma intervenção militar também estaria distante dos interesses dos próprios militares brasileiros atualmente.

"Os militares estão bastante bem acomodadosiubetseu papel constitucional. Os últimos governos fizeram muitos investimentosiubettecnologia eiubetrearmamento, e eles agora estão claramente orientados para uma defesa do território do pontoiubetvista econômico - a defesa das fronteiras e do mar -, portanto mais afastados da esfera política. As Forças Armadas não têm mais interesse, legitimidade nem capacidade para intervir", afirma.

'Pedidoiubetsocorro'

Abaixo-assinadosiubetsites como Avaaz e Change.org também exigem o impeachment da presidente e,iubetalguns casos, intervenção militar – ou mesmo uma do governo norte-americano. Uma petição popular criada por brasileiros no site da Casa Branca pede que o governo dos Estados Unidos "se posicione contra a expansão do comunismo bolivariano promovido pela administraçãoiubetDilma Rousseff".

O texto da petição menciona suspeitasiubetfraude nas urnas eletrônicas e falaiubetum "plano para estabelecer um regime comunista no Brasil - o molde bolivariano proposto pelo ForoiubetSão Paulo (grupo que reúne organizações e partidosiubetesquerda latino-americanos, criado pelo PTiubet1990)".

Até o momento, a petição tem cercaiubet130 mil assinaturas. A Casa Branca costuma responder a petições assinadas por maisiubet100 mil pessoas.

Petição feita por brasileiros no site da Casa Branca | Foto: Reprodução

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Legenda da foto, Representante do governo americano no Brasil disse que petiçãoiubetbrasileiros "não representa" opinião dos EUA

No entanto, a adidaiubetImprensa da Embaixada dos Estados UnidosiubetBrasília, Arlissa Reynolds, afirmou ao portal Terra que a página no site da Casa Branca é "destinada a cidadãos norte-americanos para terem aiubetvoz ouvida pelo governo dos Estados Unidos" e que elas (as petições) "não representam as opiniões do governo" americano.

"A petição para os Estados Unidos foi um pedidoiubetsocorro", disse à BBC Brasil a empresária paulistana Vanessa Moraes,iubet38 anos, que participa ativamenteiubetgrupos e eventos pedindo o impeachmentiubetDilma Rousseff no Facebook.

"Essa petição é uma garantia do povo brasileiro, porque não podemos nesse momento ter segurança com os meios que deveriam garantir nossos direitos pela Constituição. Como o nosso governo está comprado, a gente quer a ajudaiubetum governo forte para garantir a democracia."

Moraes, que participou da passeataiubetSão Paulo no último domingo, afirma ser apartidária, mas defende que Aécio Neves seja considerado o legítimo presidente da República. Ela acredita que houve fraude na reeleição da presidente por 51,64% votos, contra 48,36% votos do candidato tucano.

Mas, na segunda-feira, representantes do PSDB se declararam - na imprensa e nas redes sociais - contra as bandeirasiubetativistas como Vanessa Moraes e Carlos Carvalho.

Em seu <link type="page"><caption> perfiliubetFacebook</caption><url href="https://www.facebook.com/xicograziano/posts/882576015088071" platform="highweb"/></link>, o tucano Xico Graziano, um dos coordenadores da campanhaiubetAécio, disse ter sido criticado ao se pronunciar contra o impeachment da presidente. "Julguei a causa antidemocrática, não republicana. Não gostei daqueles discursos irados, revanchistas e reacionários", afirmou.

Ele descreveu os manifestantes como "uma corrente que luta para destruir o PT, acusando-oiubetquerer implantar o comunismo por aqui" e disse considerar "absurdo" quando militantes conservadores "exigem que nós, os sociais democratas, encampemosiubetideologia".

Comentando os cartazes pedindo intervenção militar na passeata do último domingo, o governadoriubetSão Paulo, Geraldo Alckmin, afirmou ao jornal FolhaiubetS. Paulo que "as pessoas têm o direitoiubetse manifestar, mas é evidente que nós, que lutamos tanto pela democracia, não podemos aceitar esse tipoiubetcoisa".

Emiubetpágina oficial no Facebook, o PT chamou os militantes "às armas virtuais" e pediu que eles se informem para rebater argumentosiubetquem falaiubetimpeachment ou intervenção militar

Novas manifestações contra a presidente Dilma Rousseff estão marcadas para o dia 15iubetnovembro, feriado da proclamação da República.