Com Marina, disputa ficaria mais competitiva, diz brasilianista:
- Author, Alessandra Corrêa
- Role, De Nova York para a BBC Brasil
Se a ex-senadora Marina Silva se converter, como têm especulado analistas estrangeiros,candidata do PSB às eleiçõesoutubro, poderá roubar votos tanto dos candidatos do PT quanto do PSDB, disse à BBC Brasil um brasilianista que acompanha a política brasileira a partirWashington.
Isso teria como consequência acirrar a competitividade da campanha eleitoral, pois Marina poderia tirar votos tantoAécio Neves quanto da presidente Dilma Rousseff, avalia o analista Peter Hakim, presidente emérito do institutoanálise política Inter-American Dialogue, na capital americana.
"Neste momento, é difícil avaliar, faz pouco (tempo) que a campanha começou para valer. Mas deve tornar a disputa eleitoral mais competitiva", afirma Hakim.
"Se Marina concorrer e se as pessoas acharem que ela tem mais chancesvencer, Aécio pode perder votos para ela. Ela pode até ser a candidata a ir para o segundo turno", acredita.
Segundo a pesquisa mais recente divulgada pelo Ibope, na semana passada, Eduardo Campos, morto na quarta-feiraum acidente aéreo, tinha 9% das intençõesvoto. Dilma aparece à frente, com 38%. Aécio tinha 23%.
Poucas horas após a morteCampos, Marina disse que ainda não é horafalarcampanha, diante da tragédia pessoal na qual morreram o candidato e outras seis pessoas.
Embora ela não tenha indicado o que pretende fazer, a maior parte dos analistas internacionais tem apostado que ela substituirá o presidenciável na cabeça da chapa.
Limites
Já outros especialistas ouvidos pela BBC Brasil acreditam que o impacto da entradaMarina seria limitado.
O diretor do programaestudos da América Latina da Universidade Johns Hopkins, Riordan Roett, nota que a ex-senadora recebeu cerca20% dos votos quando concorreu à presidência2010. Mas quatro anos depois, não se sabe se os eleitores que a apoiaram naquele pleito continuam a seu lado.
"Aécio poderia se beneficiar no fim, com a transferênciavotos para ele uma vez que o choque da morteCampos tenha sido absorvido pelo povo brasileiro", pondera.
O economista Mark Weisbrot, codiretor do Center for Economic and Policy Research, com sedeWashington, salientou que, dada a dominânciaPT e PSDB na corrida presidencial, qualquer mudança a partir da morteCampos provavelmente mudará pouco o cenário eleitoral com vistas a outubro.
"Se Marina concorrer à Presidência, pode até se sair melhor no primeiro turno, mas provavelmente não chegará ao segundo", calcula Weisbrot.
Campos era pouco conhecido nos Estados Unidos. Hakim lembrater sido apresentado ao ex-governador no ano passado,Washington.
"Era um homem muito confiante, muito segurosi quando falava sobre o Brasil. Um pouco menos quando falava sobre Estados Unidos e sobre política externa", lembra Hakim.