Defesa argentina cala críticos, se recusa a levar gols na Copa e vira o ponto forte:cassino
- Author, Julio Gomes
- Role, Editor da BBC BrasilcassinoSão Paulo
cassino Minutos finais da semifinalcassinoSão Paulo. Um jogo com poucas chancescassinogol, quase nenhuma. Mas a Holanda, finalmente, encontra Robben na posição que ele gosta. O atacante, talvez melhor jogador da Copa, invade a área e prepara o tiro fatal. Mas aparece um corpo voando, um bicocassinochuteira, e a bola sai para escanteio.
"Pensei que ele ia chutar, pensei que não ia alcançar, pensei que ia travar, pensei um montecassinocoisas… e graças a Deus ele chutou, graças a Deus eu cheguei, graças a Deus não foi gol".
Quem conta é Javier Mascherano, o homem que salvou o dia argentino na quarta-feira. A travada sobre Robben foi a cereja do bolo após três jogoscassinoque o grande destaque da Argentina foi o jogador menos badalado do Barcelona. Se a primeira fase foicassinoMessi, o mata-mata foicassinoMascherano até agora.
"Foram muitos anos, mas chegou a hora. Nossa bandeira volta a brilharcassinouma final do mundo. Só temos que estar à altura das circunstâncias, será o jogo mais importante das nossas carreiras. É um orgulho que nos enche a alma, algo que não podemos explicar", falou o volante argentino.
"Mascherano é nosso líder, trabalha 100% o tempo todo. É o técnico no campo, sempre falando sobre os adversários, posicionamento, parte tática. Quando ele vê que alguém está cansado, ele vai lá cobrir. Não tenho palavras para descrever o que ele significa para a gente", comentou outro dos líderes do time, o lateral Pablo Zabaleta.
Antes da Copa do Mundo e mesmo durante os primeiros jogos, a imprensa mundial analisava a Argentina como uma seleção fortíssima no ataque, com o quarteto formado por Messi, Di María, Aguero e Higuaín, mas pouco confiável atrás. "Precisamos mostrar que somos favoritos, porque ainda não mostramos que somos um time sólido", falou à BBC Brasil o ex-lateral Juan Pablo Sorín, duas semanas antes da abertura.
O ceticismocassinorelação à defesa ganhou força após os 3 a 2 sobre a Nigéria, no último jogo da fasecassinogrupos. Problemas atrás, Messi resolvendo na frente. Já nas oitavas, contra a Suíça, a Argentina sofreu pouco na defesa, ainda que os suíços pouco tenham buscado o ataque. Para o jogo seguinte, o técnico Alejandro Sabella mudou duas peças: Biglia, um volante mais defensivo, no lugarcassinoGago, e Demichelis, mais experiente, no lugarcassinoFernandez na zaga. A lesãocassinoDi María gerou a entrada no timecassinoEnzo Pérez, um jogador que defende mais que ataca.
O fato é que o time mostrou-se compacto e sólido contra Bélgica e Holanda, cedendo raríssimas ocasiõescassinogol e contando com um Mascherano monstruoso nos momentoscassinonecessidade. "Eles foram muito sólidos, realmente", disse à BBC Brasil o veterano holandês Dirk Kuyt.
"É para calar um pouco as críticas e mostrar que este é um time, não somos quatro ou cinco jogadores", falou o zagueiro Garay, respondendo aos que diziam que a Argentina era pouco mais do que seu quarteto ofensivo.
"A defesa começa com os atacantes, que também estão fazendo as coisas bem", disse Biglia. "Seis jogos, três gols. Se tínhamos sido primeiros nas eliminatórias era também pelo grande trabalho da defesa, e agora estão demonstrando novamente. Só posso agradecer a eles por poder jogar uma final", falou o atacante Higuaín.
Espírito coletivo
O ex-jogador Daniel Passarella, que levantou a taça como capitãocassino1978, reconhece que o sistema defensivo está surpreendendo a todoscassinoforma positiva.
"Quando a Argentina finalizou as eliminatórias, todo mundo dizia que o problema era a defesa e o goleiro (Sergio Romero). O goleiro está tendo uma Copa excelente, e a nossa zaga também. Hoje a Argentina tem um time equilibrado, uma zaga mais segura, e Mascherano é o líder do time", analisou no canal Sportv.
Romero fez duas defesas na disputacassinopênaltis contra a Holanda mas, mais que isso, contribuiu com participações essenciais nos jogos do mata-mata. Dando o tom do espírito coletivo que domina o discurso da seleção argentina, ele divide os méritos com todos os outros.
"Eu fico ali embaixo do gol e eles correm, correm, correm. Meu trabalho é não deixar a bola entrar, mas preciso dividir tudo isso com meus companheiros, que se matamcassinocampo. Antes dos pênaltis, Mascherano me disse que 'a história ia mudar', que ia ser meu momento. Me deu muita confiança. O trabalho que estamos fazendo é incrível na defesa, tudo está saindo como planejamos", contou Romero à BBC Brasil.
A Argentina ficou quatro jogos, dos seis que fez, sem tomar gols na Copa. Uma campanha que,cassinoalguma forma, lembra a da Espanhacassino2010. Na Copa passada, os espanhóis não tomaram um gol sequer na fase eliminatória do torneio. Na semifinal, fizeram 1 a 0 sobre uma Alemanha que havia marcado quatro contra Inglaterra e a própria Argentina nos jogos anteriores.
É a Alemanha, que não vence uma Copa desde 1990 e uma Eurocopa desde 1996, o último obstáculo para a Argentina, que vive uma fila ainda maior. Ganhou a última Copacassino1986 e a última Copa Américacassino1993. Os alemães eliminaram os argentinos das últimas duas Copas, sempre na fasecassinoquartascassinofinal.
"É um timaço, que jogacassinoforma formidável, tem técnica, potência, jogo, que fez o que fez com o Brasil. Temos que estar concentrados e não dar espaço, porque com espaço são perigosíssimos", alertou Mascherano.
"Temos trabalhado muito um pelo outro, com linhas compactas. Temos generosidade, espírito, entrega, estamos sólidos taticamente. Não damos espetáculo, mas valorizamos a entrega, o trabalho como equipe, e assim será na final", disse Zabaleta. "Vamos enfrentar um dos melhores times do mundo, mas eles também terão certa preocupaçãocassinoenfrentar essa Argentina, pois sabem que somos um timecassinoentrega, solidário e com jogadores lá na frente que podem desequilibrar. Sofremos derrotas importantes para eles. Temos que ser honestos e pensar que perdemos porque o rival teve mais mérito, mas agora é uma final, ecassinouma final tudo pode acontecer."
A Alemanha chega como favorita essencialmente pelos 7 a 1 impostos sobre o Brasil, anfitrião do Mundial. Tem médiacassino2,8 gols por jogo (fez 17) e já se mostrava avassaladora nas eliminatórias: 36 golscassino10 jogos (3,6 por jogo). No Mundial, é o time que mais trocou passes, com sucessocassino82%.
Contra o Brasil, os alemães encontraram todo o espaço que queriam para fazer o jogocassinocontrole e associações no meio, com Kroos, Schweinsteiger e Khedira alimentando Ozil, Muller e Klose.
Contra a ArgentinacassinoMascherano, a tendência é que não seja tão fácil.