O que querem os venezuelanos que estão nas ruas?:apostar em e sports

Protestoapostar em e sportsCaracas (AP)

Crédito, AP

Legenda da foto, Protestos que tomaram contaapostarapostar em e sportse sportsCaracas nas últimas semanas também dividiram a oposição venezuelna

Nas ruas, ainda dentro do panorama polarizado, há diferentes visões sobre as razões da nova crise e possíveis desenlaces. Opiniões ouvidas pela BBC Brasil vão desde pedidos por uma intervenção militar estrangeira a chamados por um pactoapostarapostar em e sportse sportsdiálogo entre os dois setores.

Monica Sanchez, empresária

Monica Sanchez (BBC)

Segundo a empresária, seu desacordo com o governo éapostarapostar em e sportse sportsnatureza econômica. Ela diz estar irritada com o controleapostarapostar em e sportse sportscâmbio – vigente desde 2003 - que estaria atrapalhando seus negócios no ramoapostarapostar em e sportse sportsrefrigeração. "Não há dólares no país, não há. Temos que inventar algo para conseguir salvar nosso dinheiro e importar."

Ela concorda com a "saída rápida" defendida por López, cujo objetivo é levar a população às ruas para pressionar Maduro a renunciar. "Se outros países conseguiram, aqui também conseguiremos (derrocar o governo)".

"Temos que aguentar nas ruas e ver se, sozinhos, podemos sair da crise. Se não, deveriam aplicar a Carta Interamericana (de Direitos Humanos da OEA) para que outros governos nos apóiem a sair disso, definitivamente", afirmou.

No cartaz que carregava na manifestação realizada no sábado,apostar em e sportsCaracas, Monica revelava não acreditar nos caminhos democráticos para promover mudanças políticas. Ela diz que para alcançar o objetivoapostarapostar em e sportse sports"expulsar" os chavistas, considera, inclusive, uma intervenção militarapostarapostar em e sportse sportstropas estrangeiras.

"Em última instância deveria haver uma intervenção militar, sim, porque queremos sair disso, queremos paz".

Leonardo Fernandez, estudanteapostarapostar em e sportse sportscinema

Leonardo Fernandez

Estudanteapostarapostar em e sportse sportscinema na Universidade Nacional das Artes, Leonardo Fernandez,apostarapostar em e sportse sports28 anos, acompanha com preocupação o nívelapostarapostar em e sportse sportsviolência que têm alcançado os protestos dos estudantes opositores. De origemapostarapostar em e sportse sportsclasse média, ele conta sobre como ficou chocado ao saber da morteapostarapostar em e sportse sportsum jovem que foi degolado ao cruzar, comapostarapostar em e sportse sportsmoto, uma das armadilha feitas por opositores com arame farpadoapostar em e sportsdiferentes pontosapostarapostar em e sportse sportsCaracas.

Acionados pelas redes sociais e orientados por um general reservista, as armadilhas tinham como objetivo frear o acesso aos motoqueiros, categoria que é estigmatizada por apoiar o chavismo. "A situação está foraapostarapostar em e sportse sportscontrole. Estão acabando com a vidaapostarapostar em e sportse sportspessoas com técnicas fascistas e protestos sem sentido", afirmou.

Para Fernandez, o objetivo final dos dirigentes políticos que conduzem as mobilizações é o controle do petróleo, disputa que se arrasta há 15 anos, desde que Hugo Chávez chegou ao poder. Ele responsabiliza o governo, no entanto, por não aplicarapostarapostar em e sportse sportsmaneira eficiente a legislação e por não assumirapostarapostar em e sportse sportsmaneira eficaz a produção e distribuiçãoapostarapostar em e sportse sportsalimentos, para contornar o desabastecimento, um dos "combustíveis" utilizados por opositores "para desestabilizar o país".

O jovem universitário diz temer que a situação fuja ao controle e afirma que o governo precisa,apostarapostar em e sportse sportsimediato, paralisar os atosapostarapostar em e sportse sportsviolênciaapostarapostar em e sportse sportsseus adversarios por meio do diálogo. "Se a oposição não faz propostas e o governo não baixa um pouco a soberba com algumas políticas, não poderemos mudar esse cenárioapostarapostar em e sportse sportsconflito".

Ele acredita que o chamado por uma intervenção militar estrangeira por parteapostarapostar em e sportse sportsopositores não é algo novo, porém, não deixaapostarapostar em e sportse sportspreocupá-lo. "Eles devem terapostar em e sportsconta que as bombas gringas não distinguem chavistasapostarapostar em e sportse sportsopositores, afetará a todos da mesma maneira. Eles querem ser armados pelos Estados Unidos, porque financiados já são, para converter a Venezuela numa nova Líbia".

Para Fernandez, se as manifestações acabassemapostar em e sportsum golpeapostarapostar em e sportse sportsEstado, os chavistas não aceitariam a situaçãoapostarapostar em e sportse sportsbraços cruzados. "Não acredito que esse povo que agora tem educação, saúde, trabalho, direito a se organizar deixará que isso tudo se perda. Somos milhões os que temos uma vida digna, sem importar nossa classe social ou econômica. Não queremos ser invisíveis outra vez".

Paola Jaramillo, estudanteapostarapostar em e sportse sportsarquitetura

A estudanteapostarapostar em e sportse sportsarquitetura Paola Jaramillo,apostarapostar em e sportse sports25 anos, conta que está nas ruas desde o início dos protestos. "Reconheço muitas coisas boas que Chávez fez, mas também cometeu muitos erros e os dirigentes que estão agora no gabinete não estão agindo bem. Dizem serapostarapostar em e sportse sportsesquerda, mas assinam tudo com a direita", afirma.

Aluna da Universidade Central da Venezuela, Paola quer que o governoapostarapostar em e sportse sportsMaduro dê respostas aos problemas que afetam a maioria dos venezuelanos: insegurança, escassez e inflação.

Diferentemente da posturaapostarapostar em e sportse sportsmuitos opositores, a estudante diz queapostarapostar em e sportse sportsmanifestação é pacífica e seus objetivos, nas ruas, não estão vinculados aos protestos violentos que marcaram os focos das manifestações, desde seu início,apostar em e sports12apostarapostar em e sportse sportsfevereiro.

"Não estouapostarapostar em e sportse sportsacordo com incêndios, com que fechem as ruas, com armadilhasapostarapostar em e sportse sportsarame farpado, não estouapostarapostar em e sportse sportsacordo com nenhuma morte. Ninguém deve morrer".

Nesse sentido, ela encontra no líder da aliança opositoraapostarapostar em e sportse sportsCapriles a liderança que, a seu ver, sintetiza as aspiraçõesapostarapostar em e sportse sportsuma disputa "democrática". "Leopoldo (López) nos chamou às ruas, mas não propôs nada concreto. Capriles no entanto diz que temos que nos manifestar para que o governo resolva os problemas, e não para derrubar o governo".

Paola diz não estarapostarapostar em e sportse sportsacordo com uma saída "golpista" para obrigar a Maduro a deixar Miraflores – sede do governo. "Me preocupa que alguns queiram isso, porque é algo que não pode ocorrer. Uma metade do povo sim que está com governo, temos que respeitá-los também. Se continuamos assim nunca chegaremos num acordo".

Paola, que se diz ex-chavista, acredita que somente uma aliança entre opositores e governistas poderá dar solução aos problemas do país: "Temos que começar a falar com esses chavistas que não se dão conta da realidade. E quando eles abrirem os olhos, ai sim poderemos dizer: Ou o governo muda ou o povo muda o governo".

Ricardo Paez, corretorapostarapostar em e sportse sportsseguros e ator

Ricardo Paez (BBC)

O ator e corretorapostarapostar em e sportse sportsseguros Ricardo Paez,apostarapostar em e sportse sports27 anos, diz ser contra os protestos violentos, porém, aposta na "via rápida" para derrubar Nicolás Maduro. "Quero que mude o governo, não que o governo mude". O ator diz sentir-se excluído por pensar diferente. "Esse governo exclui quem não está ligado aapostarapostar em e sportse sportsmaneiraapostarapostar em e sportse sportspensar. É muito mais difícil conseguir um trabalho dentro da política,apostarapostar em e sportse sportsalgum ministério, se você não está a favor do governo", afirmou.

Acompanhadoapostarapostar em e sportse sportsoutros dois jovens atores, Paez se queixava da inflação e da reduçãoapostarapostar em e sportse sportssua qualidadeapostarapostar em e sportse sportsvida desde que o chavismo assumira o poder. "É impossível pensarapostar em e sportscomprar uma casa e se casar antes dos 30. Tudo está caríssimo". Paez escreveu na camiseta branca que vestia problemas que lhe preocupam: insegurança, escassez e inflação. Na parteapostarapostar em e sportse sportsatrás, o nomeapostarapostar em e sportse sportsalguns jovens opositores mortos durante os protestos.

O ator disse concordar que, sem o apoio da maioria da população, os protestos vão perder a força. A seu ver, a maioria da população que prefere não protestar ou que apoia o governo é formada por "ignorantes".

"A classe média é a maioria nos protestos porque nós temos mais acesso à informação que as pessoas humildes, das favelas", afirmou. "O outro setor da sociedade também está incomodado. Estou protestando para um país melhor para mim e para eles (chavistas)".

Paez disse estar entusiasmado e inspirado com a situação da Ucrânia, cujos protestos levaram à queda do presidente Viktor Yanukóvich. "Se na Ucrânia foi possível, por que aqui não?

Amari Velasquez, arquiteta

Amari Velasquez, arquitetaapostarapostar em e sportse sports28 anos, se uniu a uma manifestação convocada pelo governo "em defesa da paz". "Somos muitos e enquanto eles estão queimando pneus nós continuamos trabalhando, enquanto eles estão do outro lado tentando paralisar a cidade, agredindo com manifestações violentas, nós continuamos construindo o socialismo", afirma.

A jovem se diz preocupada com a situação e minimiza as demandas apresentadas pelos opositores para justificar os protestos. Amari acusa a oposição, que controla as redesapostarapostar em e sportse sportsdistribuiçãoapostarapostar em e sportse sportsalimentos, pela escassezapostarapostar em e sportse sportsalguns produtos básicos. "Estamos conscientesapostarapostar em e sportse sportsque a escassez é fruto do armazenamento. Foram encontrados dezenasapostarapostar em e sportse sportsgalpões com toneladas com comida apodrecendo. A responsabilidade é dos importadores e quem são os importadores? Os mesmos que estão nas ruas protestando", afirma.

Emulando o argumento do governo, Amari afirma que há uma campanha midiática para maximizar a percepçãoapostarapostar em e sportse sportsescassez e dos problemas do país, como o objetivoapostarapostar em e sportse sportsinsuflar uma rebelião. "O que nós vivemos dentroapostarapostar em e sportse sportscasa é diferente do que os meiosapostarapostar em e sportse sportscomunicação e a oposição estão promovendo", afirma. "A escassez não me afeta, eu não estou morrendoapostarapostar em e sportse sportsfome. Em muitos lugares encontramos o que necessitamos e continuamos vivendo bem."

A jovem considera que o que estáapostar em e sportsjogo na Venezuela hoje é a disputaapostarapostar em e sportse sportsdois modelosapostarapostar em e sportse sportspaís, um socialista e o outro neoliberal. Ela exige, no entanto, que os opositores que estão nas ruas respeitem as regras do jogo democrático e o voto da maioria que optou pelo primeiro modelo, nas eleições presidenciaisapostarapostar em e sportse sportsabril.

"A atitude deles é pouco inteligente, não ajudaapostar em e sportsnada. Estamos numa democracia e somos maioria. Eles (opositores) precisam ir, votar e ganhar. Se eles não conseguem ser maioria, o que podemos fazer?", questiona.

"Estamos num momento delicado, sem dúvida, mas não há uma ruptura, continuamos caminhando".