Rolésemifinal copa do mundo 2024protesto se espalha, mas não atrai participantessemifinal copa do mundo 2024eventos originais:semifinal copa do mundo 2024

Eventossemifinal copa do mundo 2024protestosemifinal copa do mundo 2024capitais brasileiras | Foto: Facebook

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Legenda da foto, Rolézinhossemifinal copa do mundo 2024protesto defendem adolescentes paulistas, mas estão fora da periferia

Caique Ramos,semifinal copa do mundo 202415 anos, morasemifinal copa do mundo 2024Limoeiro e convocou um rolezinho para jovens no shopping center Penha no finalsemifinal copa do mundo 2024dezembro. O evento dele está marcado para o dia 8semifinal copa do mundo 2024fevereiro e tem pouco maissemifinal copa do mundo 202470 confirmados. Mas ele diz estar "com medosemifinal copa do mundo 2024confusão".

Desconfiado, ele diz que marcou o encontro para "conhecer pessoas novas" e adicionou o pedido "sem roubo" depoissemifinal copa do mundo 2024ficar sabendo dos acontecimentos no shopping Itaquera, onde alguns lojistas se queixaramsemifinal copa do mundo 2024furtos durante um evento.

"Pensei (em cancelar o rolezinho), mas vou continuar. Se ficar muito arriscado, eu paro", disse à BBC Brasil.

Para 'zoar'

Rolezinhos acontecem, com outros nomes e formatos, há cercasemifinal copa do mundo 2024dez anossemifinal copa do mundo 2024todo o Brasil, segundo especialistas. Organizados pelas redes sociais - Orkut esemifinal copa do mundo 2024seguida Facebook - eles reúnem adolescentes para paquerar, cantar, consumir roupas e acessóriossemifinal copa do mundo 2024marca.

Em dezembrosemifinal copa do mundo 20242013, no entanto, um rolezinho marcado no shopping Itaquera, na zona lestesemifinal copa do mundo 2024São Paulo, reuniu cercasemifinal copa do mundo 20246 mil pessoas e causou pânico entre lojistas e consumidores. Pelo menos três furtos foram registrados.

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Legenda da foto, Ação policial contra jovens causou indignaçãosemifinal copa do mundo 2024ativistassemifinal copa do mundo 2024classe média e movimentos sociais

A partir daí, outros eventos semelhantes foram reprimidos por administraçõessemifinal copa do mundo 2024centros comerciais com ação policial e shoppings conseguiram liminares proibindo a entradasemifinal copa do mundo 2024menores para encontros.

A reação gerou debate nas redes sociais esemifinal copa do mundo 2024diversos setores da sociedade. Alguns classificam os jovenssemifinal copa do mundo 2024"baderneiros" e defendem o controle dos eventos. Outros afirmam que a situação reflete e exemplifica a segregação racial e social dentro da sociedade brasileira.

Em meio à "febre"semifinal copa do mundo 2024rolezinhossemifinal copa do mundo 2024protesto pelo país, adolescentessemifinal copa do mundo 2024bairros periféricossemifinal copa do mundo 2024São Paulo continuam marcando seus eventos sem apelosemifinal copa do mundo 2024manifestação - com a promessasemifinal copa do mundo 2024paqueras e muito funk. Mas nos comentários, adolescentes já se referem ao medo da ação policial e pedem encontros "na disciplina" e "sem roubo".

'Solidariedade'

A reação aos rolezinhos tem sido comparada a uma nova ondasemifinal copa do mundo 2024protestos, ecoando as manifestaçõessemifinal copa do mundo 2024junho no país. Desde o último evento no shopping Itaquera, no dia 11semifinal copa do mundo 2024janeiro, - que teve intervenção policial com balassemifinal copa do mundo 2024borracha e gás lacrimogêneo - outros rolés foram marcados para os próximos diassemifinal copa do mundo 2024pelo menos nove capitais.

O Movimento dos Trabalhadores Sem Tetosemifinal copa do mundo 2024São Paulo também organizou, juntamente com outros grupos, dois rolés simultâneossemifinal copa do mundo 2024shoppings da Zona Sul paulista, que não aconteceram porque os estabelecimentos fecharam as portas mais cedo. O Uneafro, movimento que reúne cursos comunitários, também fará um "rolé contra o racismo" no sábado,semifinal copa do mundo 2024um shoppingsemifinal copa do mundo 2024elite da capital.

Grupos black blocs e outros ligados a partidos políticos também manifestaram apoio - e prometeram presença - aos eventossemifinal copa do mundo 2024São Paulo e outras cidades.

Em comum, eles têm discursossemifinal copa do mundo 2024protesto contra "toda formasemifinal copa do mundo 2024opressão aos pobres e negros" e contra a "ação diária da polícia militar no Brasil, seja nos shoppings, nas praias ou nas periferias". Muitos são organizados por pessoas que participaram das manifestaçõessemifinal copa do mundo 2024junho.

A antropóloga Rosana Pinheiro-Machado, professora na Universidadesemifinal copa do mundo 2024Oxford, acredita que o clima deixado pelos protestossemifinal copa do mundo 2024todo o país facilita a politização do evento inicial por alguns grupos. No entanto, ela diz que é necessário separar a motivação dos adolescentes das ideias dos ativistas.

"O grande significado do rolezinho é querer pertencer a essa sociedadesemifinal copa do mundo 2024consumo. Os jovens (da periferia) não querem questioná-la", disse à BBC Brasil.

Pinheiro-Machado estudou a relaçãosemifinal copa do mundo 2024jovenssemifinal copa do mundo 2024periferia com produtossemifinal copa do mundo 2024marca e afirma que o fenômeno tem maissemifinal copa do mundo 2024uma década. E que eles sempre se reuniramsemifinal copa do mundo 2024shoppingssemifinal copa do mundo 2024grupos, conscientessemifinal copa do mundo 2024quesemifinal copa do mundo 2024presença poderia não ser bem-vinda.

"Eles sempre falam que estão indo lá contra o preconceito e para ser vistos, mas querem fazer disso um prazer e um estilosemifinal copa do mundo 2024vida vinculado às marcas. Não são como outros grupos que estão discutindo conscientemente o racismo."

Algo maior

O professorsemifinal copa do mundo 2024música Daltson Takeuti,semifinal copa do mundo 202455 anos, é o organizador do rolezinho no shopping Iguatemi JK, marcado para este sábado. O shopping foi o primeiro a conseguir uma liminar impedindo o encontrosemifinal copa do mundo 2024adolescentes dentro do espaço e realizou até mesmo uma triagemsemifinal copa do mundo 2024jovens emsemifinal copa do mundo 2024entrada principal, feita por seguranças.

Takeuti, no entanto, é morador da Mooca e nunca havia participadosemifinal copa do mundo 2024um rolezinho - nem mesmo quando adolescente. Também diz não conhecer bem o fenômeno do funk ostentação - estilosemifinal copa do mundo 2024música esemifinal copa do mundo 2024vida que parece servirsemifinal copa do mundo 2024insipiração aos jovens da periferia paulista.

"A minha participação é mais política mesmo. Isso tem muito a ver com o governo não dar opçõessemifinal copa do mundo 2024lazer,semifinal copa do mundo 2024cultura,semifinal copa do mundo 2024educação esemifinal copa do mundo 2024assistência social para a juventude. Isso é o que faz com que alguémsemifinal copa do mundo 2024tão longe venha até um bairro nobre", disse à BBC Brasil.

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Legenda da foto, Após proibições, novos rolezinhos na periferia pedem encontro "na disciplina"

"Como eles conseguiram uma liminar na justiça, eu me sensibilizei socialmente e quis desafiar esse tiposemifinal copa do mundo 2024coisa. Por isso convoquei o evento."

Takeuti afirma que, por causa do evento - que já tem 800 presenças confirmadas - estásemifinal copa do mundo 2024contato com jovenssemifinal copa do mundo 2024bairros periféricos como Itaquera, São Mateus, Cidade Tiradentes, Guaianazes e Itaim Paulista. Segundo ele, os adolescentes "estão aprovando a ideia e acham que é uma oportunidadesemifinal copa do mundo 2024marcar um território".

Apesar dar críticas à "apropriação" dos eventos por movimentos políticos, o antropólogo Alexandre Barbosa Pereira defende o debate sobre os rolezinhos, mas faz ressalvas sobre a transformaçãosemifinal copa do mundo 2024um encontro socialsemifinal copa do mundo 2024adolescentessemifinal copa do mundo 2024bandeira política.

"Não podemos pensar nisso (nos primeiros rolezinhos) como uma política tradicional como foram as manifestaçõessemifinal copa do mundo 2024junho, não há relação nenhuma. Mas eles dizem algo sobre pertencer a essa sociedadesemifinal copa do mundo 2024consumo. É um evento paradoxal, não cabem binarismos fáceis: se é contestador, se não é, se é político ou apolítico", disse à BBC Brasil.

"Isso já se transformousemifinal copa do mundo 2024algo muito maior do que era, já que era só um encontrosemifinal copa do mundo 2024jovens para curtir, para beijar. Mas eu não acho essa 'apropriação' pela classe média ruim. Essas coisas tem que ser discutidas por outras classes sociais".

Ação policial

Segundo Pereira, a reação das administraçõessemifinal copa do mundo 2024shoppings que convocaram a polícia militar foi decisivo para a repercussão e a amplificação dos rolezinhos.

"Um evento simples e ingênuo foi amplificado pela criminalização. Não há explicação mais complicada do que isso", disse o antropólogo.

"Eu fui observar outros dois rolezinhos que aconteceram, inclusive o último no Itaquera. Nesse eu vi claramente que o conflito começou quando os jovens fizeram uma fila e começaram a cantar e a circular pelo shopping. Aí a polícia chegou", relata.

Na quinta-feira,semifinal copa do mundo 2024um encontrosemifinal copa do mundo 2024Fortaleza, o ministro Gilberto Carvalho da Secretaria Geral da Presidência também afirmou que "mais uma vez a ação inadequada da polícia acaba colocando gasolina no fogo" e "propiciando o crescimento do movimento".

Pereira acredita que a melhor saída para os shoppings teria sido negociar a realização dos eventos sociais - que já aconteciam frequentemente, mas com menor númerosemifinal copa do mundo 2024pessoas - com os adolescentes.

"Acho que isso é um problema para o shopping mesmo. Como lidar com esse público que está lá e é indesejado pelos outros? Mas conseguir liminares e revistar funcionários deixou a imagem dos próprios shoppings arranhada", diz.

"O shopping Itaquera é o mais interessante para pensar tudo isso. O shopping vai fecharsemifinal copa do mundo 2024dia do jogo do Corinthians? Se vierem mil torcedores juntos para o shopping, eles não poderão entrar?"

O presidente da Associação Brasileirasemifinal copa do mundo 2024Lojistassemifinal copa do mundo 2024Shopping, Nabil Sahyoun, disse à BBC Brasil que os estabelecimentos "têm se preocupado com um policiamento mais ostensivo".

"Temos alguns carros blindados na porta, o que dá uma segurança para a população e procura afugentar aqueles que estão mal intencionados. Não é no sentidosemifinal copa do mundo 2024armamento, mas é no sentidosemifinal copa do mundo 2024ter carros blindados, policiais fardados do ladosemifinal copa do mundo 2024fora."

Sahyoun afirmou ainda que espera um posicionamento do governadorsemifinal copa do mundo 2024São Paulo, Geraldo Alckmin, sobre a possibilidadesemifinal copa do mundo 2024contratar policiais militares forasemifinal copa do mundo 2024seu horáriosemifinal copa do mundo 2024trabalho para a segurança nos shoppings.

"Queremos incentivar a disciplina e o respeitosemifinal copa do mundo 2024um espaço privado e não incentivar a violência. As periferias frequentam o shopping center sempre com muito respeito e tranquilidade. O que não pode é um gruposemifinal copa do mundo 2024adolescentes incitar pelas mídias sociais duas ou três mil pessoas a fazer um evento dentrosemifinal copa do mundo 2024um shopping particular", afirmou.