Venezuela 'acorda' para violência epidêmica após assassinatoslot luckyex-miss:slot lucky

Mónica Spear (Arquivo/AFP)
Legenda da foto, Mónica Spear foi morta junto com o maridoslot luckyuma estrada no centro da Venezuela

Tantos casos na imprensa acabaram banalizando a violência. Ainda que sejam grandes tragédias pessoais ou familiares, para o conjunto da sociedade o fenômeno se transformouslot luckyalgo repetitivo.

No entanto, o que casosslot luckymaior repercussão como o da ex-miss e seu marido e até os casos considerados mais comuns deixam claro é a insensatez da violência no país, onde muitas vezes uma pessoa é morta pelos motivos mais fúteis.

Obstáculo na pista

As primeiras investigações indicam que Mónica Spear e seu marido foram vítimasslot luckyum golpe comum na Venezuela e também muito conhecido no Brasil. Os assaltantes colocaram um obstáculo na estradaslot luckyque o casal viajava, entre Puerto Cabello e Valência, no centro do país, atingindo o veículo.

A versão oficial afirma que os dois foram obrigados a parar e, enquanto eram atendidos pelo guincho, o gruposlot luckyassaltantes apareceu e, por razões que ainda não foram esclarecidas, dispararam contra a família, que buscou refugio dentro do carro.

Este tiposlot luckyexplosão violenta aparentemente injustificada é comum na Venezuela.

A insegurança é um problema que não se restringe a uma classe social no país. Do empresário ao trabalhador, ou até a ex-miss Venezuela que passeava durante as férias, todos podem acabar integrando as estatísticas que,slot lucky2013, contaram maisslot lucky24 mil mortes no país, segundo o relatório do Observatório Venezuelano da Violência (OVV), um órgão não-governamental.

Segundo o OVV,slot lucky2003 foram 11.342 homicídios e,slot lucky2013, foram 24.763.

Os números oficiais, apresentados pela primeira vezslot luckydez anos pelo governo, falamslot luckyum número menor mas ainda alarmante: 16 mil mortosslot lucky2012. Em média 43 por dia.

Com estes números, não éslot luckyse estranhar que na Venezuela qualquer pessoa consiga relatar algum casoslot luckyviolência envolvendo amigos e familiares.

Mas, a repetição destas histórias transformaram a violênciaslot luckyalgo comum. Até que alguém como Mónica, atriz popular, jovem mãe, é morta. Aí a indignação se espalha.

O debate sobre o caso não destaca apenas a preocupação e tristeza dos cidadãos mas também a onipresente polarização política na sociedade venezuelana.

Mónica Spear (AFP/Arquivo)
Legenda da foto, A ex-miss se transformouslot luckyuma atriz popular na Venezuela

O governo,slot lucky14 anosslot luckyhegemonia dos chavistas, tentou implantar cercaslot lucky20 programasslot luckycombate à violência, alguns com muita propaganda, mas sem muito sucesso, a julgar pelo contínuo crescimento dos númerosslot luckymortes violentas.

Bandeira política

Com a notícia da morte da ex-miss e atriz, o governador Henrique Capriles, líder da oposição, usouslot luckyconta no Twitter para convocar o presidente, Nicolás Maduro, para trabalharslot luckyconjunto e criar uma política integralslot luckysegurança.

Pouco depois, sem fazer referência ao convite do líder da oposição, o governo anunciou uma reuniãoslot luckygovernadores e prefeitos para reforçar os planosslot luckypoliciamento e prevenção do crime.

Os porta-vozes oficiais lamentaram a morteslot luckyMónica e seu marido mas também pediram que o caso não seja usado como bandeira política, porque sabem que a segurança é o setor mais frágil da administração.

Por isso, é a área que melhor pode ser aproveitada pela oposição para minar as basesslot luckyapoio popular do governo, principalmente se for levadoslot luckyconta que os mais afetados pela violência são os mais pobres, justamente a camada que concentra a baseslot luckyapoio para o chavismo.

Quando Hugo Chávez chegou ao poder,slot lucky1999, eram registradas 5 mil mortes violentas na Venezuela por ano. Naquela época, a faltaslot luckysegurança era um tema que preocupava o país e todos reconheciam que viviamslot luckyuma sociedade violenta.

Durante muito tempo a estratégia oficial foi afirmar que o problema era uma criação das "matrizesslot luckyopinião" cujo fim era desprestigiar e finalmente acabar com a chamada revolução bolivariana.

O governo chegou até a acabar com a práticaslot luckyinformar oficialmente os índicesslot luckyviolência com regularidade e chegou a fechar as salasslot luckyimprensa nas delegacias e outros prédios da polícia.

Mudançaslot luckyestratégia

Nicolás Maduro (Reuters)
Legenda da foto, Maduro mandou o Exército para as ruas para tentar diminuir a violência

Depois da morteslot luckyHugo Chávezslot luckymarçoslot lucky2013, o presidente Maduro mudouslot luckyestratégia e reconheceu pela primeira vez que a insegurança não é uma "percepção" mas sim um problema real que aflige os venezuelanos, como indicam todas as pesquisasslot luckyopinião.

Maduro também adotou a medida polêmicaslot luckymandar o Exército para as ruasslot luckyum novo planoslot luckysegurança.

Para um visitante estrangeiro pouco acostumado a ver soldados uniformizados e armados com fuzis nas esquinas, a imagem não tranquiliza e passa a impressãoslot luckyum paísslot luckyguerra. Apesarslot luckyestar claro que não é este o caso.

Mas, o númeroslot luckymortos pelas armasslot luckyfogo, o grande númeroslot luckygrupos armados e o estadoslot luckysítioslot luckyque muitos venezuelanos são obrigados a viver, principalmente nos bairros pobres onde caminhar à noite pode se transformarslot luckyuma sentençaslot luckymorte, reforçam a percepçãoslot luckymuitosslot luckyque o país viveslot luckyuma situação pior do que a Colômbia comslot luckyguerrilha ou os países do Oriente Médio.

O fenômeno da violência parece não ter solução no curto prazo. A experiência indica que o escândalo gerado pelo assassinatoslot luckyMónica Spear, com o tempo, perderá o impacto devido a outros eventos, até que outro crime notável volte a gerar indignação coletiva.