Disputa com mineradoraslot frankensteinvilarejo na Amazônia testa direitosslot frankensteingarimpeiros:slot frankenstein

Vilarejoslot frankensteinSão José (Nayana Fernandez)

Crédito, Nayana Fernandez

Legenda da foto, Ouro é usado como moedaslot frankensteinestabelecimentosslot frankensteinSão José (PA)

A aldeiaslot frankensteinSão José, que fica às margens do rio Pacu, no sul do Pará próximo ao Amazonas, está no centroslot frankensteinum conflito entre garimpeiros e a companhia Ouro Roxo Participações.

Há alguns anos, a Ouro Roxo Participações – parte do gruposlot frankensteinmineração canadense Albrook Gold Corporation – garantiu os direitosslot frankensteinexploração do subsolo na minaslot frankensteinPaxiuba, onde garimpeiros ainda extraem ouro com métodos tradicionais.

Em marçoslot frankenstein2010, a Polícia Federal e autoridades do governo chegaram a ordenar a saída dos garimpeiros.

Após uma relutância inicial, eles acataram as ordens, mas argumentaram que suas famílias haviam vivido na região por maisslot frankensteinmeio século e durante este tempo haviam adquirido direitos sobre a terra.

Bordel  (Nayana Fernandez)

Crédito, Nayana Fernandez

Legenda da foto, Cidade tem quatro bares que funcionam como bordéis nos finsslot frankensteinsemana

O líder garimpeiro José Gilmarslot frankensteinAraujo diz que desde então eles vêm tentando legalizar as atividadesslot frankensteinmineração, tendo levado seu pleito até Brasília.

"Mas não estamos chegando a lugar nenhum", disse.

Vidaslot frankensteinminerador

São José não é mais tão agitada como antigamente, mas continua sendo um local onde os garimpeiros se encontram com prostitutas ou para beber no final do dia.

As lojasslot frankensteintorno da praça central, que funciona também como camposlot frankensteinfutebol, vende produtos a preços inflacionados.

Comerciantes cobram maisslot frankensteinR$10 por um quiloslot frankensteincebolas, usando pequenas balanças para medir o pagamentoslot frankensteinouro.

Há quatro bordéis. Durante a semana, mulheres entediadas passam o temposlot frankensteintorno dos bares, servindo bebidas.

Mas no finalslot frankensteinsemana, as casas ganham vida.

Os garimpeiros chegam das minas próximas e, depoisslot frankensteinextraírem seu ouro, gastam o dinheiro ganho com suor.

No início, havia muita violênciaslot frankensteinSão José, segundo os residentes. "Quando chegueislot frankenstein1986, alguém era morto quase todo dia", relembra Ozimar Alvesslot frankensteinJesus, donoslot frankensteinum bordel.

Mas hoje o lugar é bastante tranquilo. Traficantes são convidados a deixar o local, e associaçõesslot frankensteinmoradores se reúnem com frequência para resolver qualquer problema da comunidade.

A prostituição é aceita. Há muitos casosslot frankensteinmulheres que chegam para trabalhar nos bordéis, casam com garimpeiros e abrem pequenos negócios na cidade.

Cassino

O trabalho dos garimpeiros é árduo e imprevisível. Para muitos, é esse o aspecto mais sedutor da vidaslot frankensteinum garimpeiro. "É meio como ir a um cassino", confessa um deles, ao contar como volta diversas vezes à mesma mina, na esperançaslot frankensteinencontrar algo.

O principal problema deles é o futuro incerto da mina - e o poder das grandes mineradoras.

Atividade mineradora  (Nayana Fernandez)

Crédito, Nayana Fernandez

Legenda da foto, Garimpeiros reclamam da dificuldade para conseguirem se regularizar

"Essas empresas chegam e todas as portas se abrem", diz o garimpeiro Joséslot frankensteinAlencar. "Eles conseguem regularizar a situação do dia para noite. Parece que há uma lei para as grandes mineradoras e outra para nós."

Depois da expulsãoslot frankenstein2010, os garimpeiros passaram três anos tentando obter permissão para retornar à mina Paxiuba.

Em 12slot frankensteinjunhoslot frankenstein2013, eles cansaramslot frankensteinesperar e decidiram agir, retomando o controle do lugar.

Gilmar Araújo, o líder garimpeiro, disse que a decisão foi tomada por "necessidade econômica".

"Colocamos todo o nosso dinheiro nessa mina. Seria o nosso fim se não pudéssemos produzir nenhum ouro."

E desde então eles continuam trabalhando na mina. Enquanto isso, a Ouro Roxo Participações está perdendo dinheiro - e está irritada.

"Se eles permaneceram lá, vão tornar o projeto todo inviável para nós, por conta do dano que estão causando lá", disse Dirceu Santos Frederico, um dos acionistas da empresa.

"Os garimpeiros não evoluem. Eles estão presos na cultura da pobreza, da prostituição e das drogas."

Frederico atua como representante da Ouro Roxo na região. Em documentos obtidos pela reportagem, ele assinaslot frankensteinnome da empresa.

A BBC também ligou duas vezes para o escritório que a Ouro Roxo mantém na cidadeslot frankensteinSão Paulo, sem conseguir contato com nenhum outro representante da companhia até o fechamento do reportagem, alémslot frankensteintentar contato com a Albrook no Canadá, que não quis fazer comentários.

Tensão

Atividade mineradora  (Nayana Fernandez)

Crédito, Nayana Fernandez

Legenda da foto, Acionistaslot frankensteinmineradora diz que garimpeiros estão 'presos na cultura da pobreza'

De acordo com o advogado dos garimpeiros, Antônio Joâo Brito Alves, o conflito está enfrentando uma escalada. Ele afirma ter sofrido ameaçasslot frankensteinFrederico, que teria dito que o advogado eslot frankensteinfamília "sofreriam as consequências" se ele não desistir do casoslot frankensteinPaxiuba.

Frederico nega com veemência a acusação.

As ramificações desse conflito, no entanto, têm implicações que vão muito além das margens do rio Pacu.

Se os garimpeiros ganharem, ou se receberem uma considerável indenização por teremslot frankensteindeixar a mina, muitas outras comunidades garimpeiras podem fazer a mesma demanda.

Assim, o vilarejoslot frankensteinSão José tem se tornado um improvável testeslot frankensteinuma batalha muito mais ampla sobre o direito dos garimpeiros.