Pesquisador se descobre psicopata ao analisar o próprio cérebro:grátis jogo grátis

James Fallon (foto: Daniel Anderson)
Legenda da foto, Neurocientista americano descobriu que tinha "cérebrográtis jogo grátispsicopata" ao estudar criminosos

"Os profissionais estão atribuindo importância excessiva para a carga genéticagrátis jogo grátisuma pessoa, como se isso, por si só, fosse capazgrátis jogo grátisdeterminar o futurográtis jogo grátisum ser humano", disse Eduardo Mutarelli, professor do Departamentográtis jogo grátisNeurologia da Faculdadegrátis jogo grátisMedicina da Universidadegrátis jogo grátisSão Paulo (USP).

Para ele, a experiênciagrátis jogo grátisFallon ajuda a reequilibrar o debate que contrapõe a influência da herança genética à do meio (nesse casográtis jogo grátisparticular, a influência civilizadora da família e da sociedade sobre o indivíduo).

Revelação Perturbadora

A descobertagrátis jogo grátisFallon aconteceugrátis jogo grátis2005, quando ele analisava tomografiasgrátis jogo grátiscérebrosgrátis jogo grátisassassinosgrátis jogo grátissérie na universidade. Ele queria ver se encontrava alguma relação entre os padrões anatômicos dos cérebros desses pacientes e seu comportamento.

Fallon explicou que, para ter uma basegrátis jogo grátiscomparação, tinha colocado na pilha tomografiasgrátis jogo grátismembrosgrátis jogo grátissua própria família – a ideia era usá-los como modelosgrátis jogo grátiscérebros "normais".

Ao chegar ao fim da pilha, onde estavam os examesgrátis jogo grátissua família, o cientista viu uma tomografia que mostrava um padrão clarográtis jogo grátispatologia. "O exame mostrava baixa atividadegrátis jogo grátiscertas áreas dos lobos frontal e temporal que estão associadas à empatia, moralidade e ao auto-controle".

Fallon contou que, no começo, pensou que fosse um engano. Mas feitas as checagens, o neurocientista, que estudava psicopatas há maisgrátis jogo grátisduas décadas, viu-se às voltas com uma realidade um tanto quanto incômoda: o cérebro representado naquele exame era seu.

"As mesmas áreas do cérebro estavam completamente apagadas, como nos piores casos que eu tinha visto", disse Fallon.

Para se certificar, Fallon fez mais algunas investigações.

Exames do seu DNA confirmaram que ele tinha genes alelos associados à ausênciagrátis jogo grátisempatia e comportamento agressivo e violento.

Fallon também se submeteu a um teste usado por muitos pesquisadores e psicólogos para avaliar tendências antisociais e psicopáticas, a Robert Hare Checklist.

"Psicopatas alcançam acimagrátis jogo grátis30 pontos no testegrátis jogo grátisRobert Hare", disse Fallon. "A pontuação máxima é 40. Eu alcanço 18, 20 ou 22. Tenho vários traçosgrátis jogo grátiscomum com psicopatas, só não sou criminoso. Nunca matei nem estuprei ninguém e prefiro vencer uma discussão com argumentos do que com força física", diz.

Charme Perigoso

Imagemgrátis jogo grátisexame do cérebrográtis jogo grátisFallongrátis jogo grátiscomparação a um examegrátis jogo grátiscontrole
Legenda da foto, Análise mostrou que cérebrográtis jogo grátisFallon tinha traçosgrátis jogo grátiscomum com psicopatas

Fallon contou que quando compartilhou suas descobertas com a família e com amigos, eles não se surpreenderam. Gradualmente, o neurologista começou a se ver do pontográtis jogo grátisvista das pessoas que o conheciam bem.

"Tive várias conversas reveladoras com minha mãe. Ela me disse que sempre percebeu um lado sombriográtis jogo grátismim e tomava cuidado especial para neutralizar essas tendências e incentivar outras, mais positivas", conta.

Nessas conversas, a mãe também contou ao filho que vários antepassados dele pelo lado paterno tinham sido criminosos temidos. Entre eles, Lizzie Borden, acusadagrátis jogo grátismatar o pai e a madrastagrátis jogo grátis1892.

Para a esposa, era como se existissem dois James Fallon convivendo num único homem.

"Sou casada com duas pessoas, uma é inteligente, engraçada e afetuosa. A outra é um sujeito perverso,grátis jogo grátisquem eu não gosto", disse a mulher do neurologistagrátis jogo grátisuma entrevista para a TV.

"Tenho muito jeito para lidar com estranhos, faço muita caridade. Mas sou uma decepção como marido. Posso ver um bebê que não conheço e ficar com os olhos cheiosgrátis jogo grátislágrimas, mas não sinto uma conexão emocional profunda com minha própria família", diz.

Fallon descreveu alguns dos traços típicosgrátis jogo grátisum psicopata: "Psicopatas possuem um narcisismo agressivo, charme, desenvoltura aliada a superficialidade, sensográtis jogo grátissuperioridade, tendência a manipular, são emocionalmente rasos, não sentem culpa, remorso ou vergonha".

"Podem ser magnânimos e generosos, mas são emocionalmente frios", afirma.

Teria Hitler, por exemplo, sido um psicopata?

"Não. Hitler era capazgrátis jogo grátissentir empatia pelas pessoas e tinha relacionamentos próximos, então eu diria que ele não era um psicopata. Já Stalin, por exemplo, tenho quase certezagrátis jogo grátisque sim. Ele não era próximo nem dos próprios filhos", observa.

"A capacidade – ou não -grátis jogo grátissentir empatia é essencial para se establecer se uma pessoa é um psicopata", diz o neurologista.

Amorgrátis jogo grátisMãe

James Fallon diz não ter dúvidasgrátis jogo grátisque foi o amor da família que impediu que ele realizasse seu "potencial" e se tornasse um criminoso violento.

"Sou uma pessoa agressiva e vingativa, gostográtis jogo grátismanipular as pessoas, sinto prazer no poder. Mas todos foram tão amorosos comigo, tenho uma mãe afetuosa e uma esposa maravilhosa", afirma.

"Além disso, não tive experiênciasgrátis jogo grátisabandono, abuso ou traumas violentos na infância. Tudo isso neutralizou minha biologia", relata.

O neurologista confessou que não teria feito essa afirmação cinco anos antes. "Eu costumava achar que a genética era tudo. Hoje, estou convencidográtis jogo grátisque a biologia é importante, mas a genética pode ser modificada pelo meio ambiente", diz.

Gene X Meio

James Fallon
Legenda da foto, Para Fallon, descoberta lhe mostrou importância do ambiente sobre o desenvolvimento pessoal

As revelaçõesgrátis jogo grátisJames Fallon, descritas no seu livro egrátis jogo grátispalestras - algumas disponíveis na internet - revivem um debate que há muito intriga especialistas: somos produto da nossa herança genética ou do meiográtis jogo grátisque vivemos?

Para o neurologista da USP e do Hospital Sírio Libanês Eduardo Mutarelli, o casográtis jogo grátisFallon reforça o papel da sociedade (ou seja, do meio) na formação do indivíduo. E ajuda a combater uma certa tendência "determinista" na forma como nosso potencial genético vem sendo interpretado por médicos hoje.

"A genética hoje trabalha muito com probabilidades, com potencial genético e fatoresgrátis jogo grátisrisco", disse Mutarelli.

O médico citou como exemplo doenças como o Malgrátis jogo grátisAlzheimer ou o Mal Parkinson.

"Com o conhecimento atual, sabemos que existe uma certa carga genética associada a essas doenças. Mas você carrega um certo fatorgrátis jogo grátisrisco e isso vai se transformargrátis jogo grátisdoença caso outras coisas contribuam para isso", explicou.

"Você não se cuida, não come direito, esses são fatoresgrátis jogo grátisrisco para que a pessoa venha a desenvolver a doença", observa.

Mas trazendo a discussãográtis jogo grátisvolta para o casográtis jogo grátisJames Fallon, Mutarelli faz uma ressalva: "No caso dele, se ele tem um examegrátis jogo grátisimagemgrátis jogo grátiscérebro que é igual aográtis jogo grátisum psicopata, ele só não é psicopata porque foi bem educado".

"O lobo frontal está desregulado, a alteração existe na experiência dele e a ressonância mostra a alteração, ou seja o gene foi ativado. Ele só não é um serial killer por causa da família", reforçou o professor.

E concluindo: "O jeitográtis jogo grátismudar o mundo é educando".