O homem que viveu 12 anos com lobos:novibet gr

Marcos Rodríguez Pantoja (Foto: Laura Plitt/BBC)
Legenda da foto, Pantoja não tem animais emnovibet grcasa pequena, mas cultiva plantas e um jardim

Em 1965, ele foi encontrado por um membro da Guarda Civil que o levou à forçanovibet grvolta à pequena cidadenovibet grFuentecaliente, aos pés da Sierra Morena.

E, mesmo depoisnovibet gr50 anos, Pantoja ainda se lembra dos 12 anosnovibet grisolamento na serra e do impacto que sofreu ao voltar a ter contato com outras pessoas.

"No começo fiquei muito mal. Não sabia o que comer, tinha medo dos animais e do velho (pastor). Mas, depois ficamos amigos e (fiquei amigo) dos bichos também. E assim comecei a me sentir muito bem", disse Pantoja à BBC Mundo.

Caçadas

Antesnovibet grmorrer, o pastor ensinou a Pantoja meiosnovibet grse alimentar. Ele aprendeu a caçar coelhos com armadilhas e a tirar o couro dos animais, para aproveitar a carne e a pele.

"Para comer, me guiava pelos bichos. O que eles comiam, eu também comia. Os javalis comiam umas batatas que estavam enterradas. Eles as encontram farejando. Quando iam desenterrá-las, eu atirava uma pedra e roubava as batatas", contou.

Pantoja afirma que desenvolveu uma relação especial com os animais.

"Um dia cheguei a um lugar onde havia lobos para brincar com os filhotes que viviam ali e acabei dormindo. Quando acordei, a loba estava cortando carnenovibet grcervo para os filhotes. Logo tentei pegar um pedaço, pois também tinha fome."

A entrada da casanovibet grMarcos Rodríguez Pantoja (Foto: Laura Plitt/BBC)
Legenda da foto, Na entrada da casa, o espanhol se denomina 'o meninonovibet grSierra Morena'

"Quando (a loba) acabounovibet gralimentar seus filhotes, me olhou e me jogou um pedaçonovibet grcarne. Eu não queria tocá-lo, pois pensei que ela iria me atacar, mas ela foi empurrando (o pedaçonovibet grcarne) com o focinho. Peguei (o pedaço), comi e ela se aproximou. Pensei que iria me morder, mas ela começou a me lamber. Depois disso, eu já era mais um na família, íamos para todos os lados juntos", disse.

Pantoja também contou que tinha uma serpente como amiga.

"Vivia comigonovibet gruma cavernanovibet gruma mina abandonada. A criei desde pequena. Juntei uns galhos para fazer um ninho e dava a ela leite das cabras. Me seguia para todo canto, me protegia."

Sem palavras

Depoisnovibet grum tempo na floresta, Pantoja parounovibet grfalar. Atualmente, ele fala muito e se destaca como um grande contadornovibet grhistórias.

Mas, para especialistas, a história do espanhol, com lobos "amigos" e cobras "protetoras", pode ser apenas uma versão fantasiosa dos fatos.

"O que acontece é que Marcos (Pantoja) não conta o que aconteceu, mas o que ele acredita ter acontecido", afirmou Gabriel Janer Manila, escritor e antropólogo da Universidade das Ilhas Baleares, na Espanha, que feznovibet grtese sobre o casonovibet grPantoja e escreveu um livro sobre a vida dele.

"Isso é o que todos nós fazemos: apresentamos nossa visão dos fatos", acrescentou.

"Quando Marcos vê uma serpente e dá leite a ela (...), ele diz que ela énovibet gramiga. A cobra não é amiga. Vai porque ele deu leite. Ele diz que ela o protege porque está contando o que acredita que aconteceu."

Para o antropólogo, foi graças a esta formanovibet grinterpretar os fatos, à imaginação e à inteligência, que Pantoja sobreviveu aos 12 anosnovibet grisolamento.

E também o fatonovibet grque ele conhecia muito bem a região e seus recursos.

Ingenuidade

Janer Manila ficou sabendo da histórianovibet grPantoja por acaso, e o entrevistou dez anos depoisnovibet grele ter voltado para a civilização. O que se vê nos filmes gravados pelo antropólogo é um homem jovem descrevendo suas aventuras com ingenuidade.

"Minha primeira impressão foinovibet grassombro. Era um jovem agradável que queria se comunicar, apesarnovibet grsuas limitações. Tinha começado a se decepcionar com as pessoas e a descobrir que muitas não eram inocentes", lembra.

"Mas, inicialmente, eu não acreditava. Pensava: 'não pode ser'. Mas o relato era tão coerente e bem contado, e, além disso, cada vez que voltava a contar, usava as mesmas palavras."

A casanovibet grMarcos Rodríguez Pantoja (Foto: Laura Plitt/BBC)
Legenda da foto, Emnovibet grcasa, Pantoja guarda uma grande coleçãonovibet grrecortesnovibet grjornais e revistas

Depoisnovibet grfinalizar as gravações com Pantoja, o antropólogo foi aos lugares descritos pelo espanhol e conversou com pessoas que o conheciam.

Nem todos queriam falar, muitos temendo ser ligados às históriasnovibet grmaus tratos sofridos por Pantoja. Outros ofereceram depoimentos importantes que corroboraram a história.

"Falei com pessoas que trataram dele quando ele foi encontrado, pessoas que o acolheramnovibet grcasa, com a empregada que deu o primeiro banho, com o seminarista que cuidou dele. Todas estas pessoas me descreveram seu jeitonovibet grser, destacaram seu caráter selvagem,novibet grignorância do mundo social (...). Os relatos coincidiam com osnovibet grMarcos", disse.

"E quando o vi contandonovibet grhistória depois, ele não mudou o relato", afirma o antropólogo fazendo referência ao documentário Entrelobos, dirigidonovibet gr2010 por Gerardo Olivares, inspirado emnovibet grhistória.

Medo e adaptação

Pantoja descreve o momentonovibet grsua volta à sociedade como o mais assustadornovibet grsua vida.

"Não sabia para onde ir, só queria voltar para a montanha."

Na primeira vez que foi ao barbeiro, ele pensou que seria degolado. No convento onde foi acolhido, não conseguia dormirnovibet gruma cama e,novibet grseu apartamento, não tinha móveis, apenas mantas e folhasnovibet grjornal e revista espalhadas pelo chão. O barulho da cidade também o assustava.

"Não aguentava tanto barulho. Pessoas para cá, pessoas para lá, como formigas!"

O reencontro com o pai, encontrado pela Guarda Civil quase cego, foi marcado pela indiferença.

Marcos Rodríguez Pantoja (Foto: Laura Plitt/BBC)
Legenda da foto, Pantoja sempre comparece ao bar do povoadonovibet grRante

"Quando o vi, não senti nada."

Ele conta que as freirasnovibet grum conventonovibet grMadri o ensinaram a comer, a se comportarnovibet gruma mesa, a andar com a postura correta. Ele teve que andarnovibet grcadeiranovibet grrodas por um tempo, depois da retiradanovibet grgrandes calosnovibet grseus pés.

Sua voz denota um sentimentonovibet grraiva quando conta que foi obrigado a fazer a primeira comunhão e o serviço militar.

"Por que me obrigaram a fazer a primeira comunhão e o serviço militar? Para que disparar tiros e matar pessoas?"

Ele passou por várias cidades e empregos e, por causanovibet grsua ingenuidade, acabou vivendonovibet grcondiçõesnovibet grmisérianovibet grMálaga, até que um policial aposentado o levou para Rante, uma pequena cidade na Galícia, onde vive há 15 anos.

Sua casa tem o pé direito baixo e um piano na sala, que Pantoja aprendeu a tocarnovibet grouvido.

O espanhol conta que já teve namoradas, mas hoje está sozinho. No entanto, tem muitos amigos que o ajudam.

Ele se aposentou depoisnovibet grum acidentenovibet grtrabalho na construção civil, mas sempre ajuda no bar da cidade.

"Marcos é uma pessoa muito boa, um pouco infantil, mas um menino muito bom", disse Maite, dona do bar.

O espanhol conta que já pensounovibet grvoltar para a floresta.

"Pensei várias vezes, mas já estava nesta vida e vi que muitas coisas não existiam lá, como a música e as mulheres. (...) Agora estou acostumado a isto e fico aqui", afirmou.