'Romeu e Julieta' sauditas viram temacampanha no Facebook:
Um relacionamento "proibido" entre dois jovens, envolvendo Arábia Saudita e Iêmen, virou temauma campanha no Facebook.
O amor entre Huda (uma moça hoje com 22 anos e vindauma família proeminente) e Arafat (um imigrante iemenita pobre25 anos) floresceu quando ela entrouuma lojacelulares emcidade natal, na Arábia Saudita. Ele trabalhava lá. Ambos se apaixonaram.
Huda visitou a loja ao longoanos para encontrar-se com Arafat, que pediu a mão da jovemcasamento ao pai dela. Mas o pai recusou, diz o advogado do casal.
"Minha família queria que eu me casasse com um outro homem", diz Hudaum vídeo postado no YouTube, que, segundo relatos, é parteuma entrevista que ela deu a jornalistas sauditas. "Mas eu me recusei. Disse que ninguém me tocaria senão Arafat. Foi aí que pensei que eu deveria fugir."
Sua decisão foi considerada ousada,uma sociedade tão tradicional e patriarcal como a saudita. Huda saiucasa e cruzou a fronteira entre Arábia Saudita e Iêmen, disfarçadatrabalhadora iemenita.
Segundo comunicado da ONG Human Rights Watch, que conversou com o advogado do casal, Arafat estava com ela na fuga; eles planejavam se casar no Iêmen.
Mas ambos foram detidos na fronteira. Hura foi acusadaimigração ilegal, e Arafatser seu cúmplice.
Repercussão online
A história do casal teve grande repercussão no Facebook no Iêmen, e diversas páginas foram criadas para comentar a história do casal (uma delas tem mais9 mil "likes").
Nem todos os comentários nas páginas são favoráveis a Huda e Arafat. Alguns internautas alegam que ela "envergonhou seu país efamília"; outros evocam rixas entre iemenitas e sauditas.
Mas muitos defendem o casal e citam os levantes iemenitas durante a Primavera Árabe para pedir mais direitos civis.
"A empatia com Huda é porque ela se rebelou contracultura", diz Fahad, funcionário público33 anos que está organizando um protesto, neste domingo, diante do tribunal onde o casal se apresentará para uma audiência.
"Ela enfrentou uma sociedade patriarcal que ordenava que ela se casasse. Isso mostra a necessidadetermos Estados modernos, com liberdades e direitos e onde as pessoas possam, por exemplo, escolher com quem querem se casar."
A Human Rights Watch também defendeu Huda, pedindo que ela não seja deportada à Arábia Saudita.
"As autoridades iemenitas não devem devolvê-la a seu país sem levarcontaalegaçãoque o governo saudita não será capazprotegê-la da violência (que deverá sofrer)sua família", diz o comunicado da ONG.
"O Iêmen deve suspender qualquer ordemdeportação e permitir que o Comissariado da ONU para Refugiados a entreviste na prisão para verificar seu pedido por asilo."
A ONG diz que "diversas fontes" confirmam que a Arábia Saudita está pressionando o país vizinho para que deporte Huda.