Um ano depois, menina atacada pelo Talebã reconstrói a vida:blackjack pixbet
É também uma estudanteblackjack pixbetBirmingham, na Grã-Bretanha, tentando se adaptar a uma nova escola, preocupando-se com deveresblackjack pixbetcasa e listasblackjack pixbetleituras, enquanto sente faltablackjack pixbetseus antigos amigos no Paquistão.
'Suíça do Paquistão'
A região do Vale do Swat, onde ela nasceublackjack pixbet1997, já se orgulhoublackjack pixbetser conhecida como "a Suíça do Paquistão". É uma região montanhosa, fresca no verão e com neve no inverno, com acesso fácil à capital, Islamabad. Eblackjack pixbet1997 ainda estavablackjack pixbetpaz.
Historicamente, o noroeste do país é uma das regiões menos desenvolvidas do Paquistão. Mas o Swat, curiosamente, há muito tempo é mais avançadoblackjack pixbettermosblackjack pixbeteducação.
Até 1969, a região era um principado semiautônomo, com um governo chamado Wali. O primeiroblackjack pixbetseus governantes foi Miangul Gulshahzada Sir Abdul Wadud, apontado por um conselho localblackjack pixbet1915.
Apesarblackjack pixbetnão ter tido educação formal, ele estabeleceu as bases para uma redeblackjack pixbetescolas no vale - a primeira escola primária para meninos apareceublackjack pixbet1922, seguida alguns anos depois pela primeira escola para meninas.
O padrão continuou com seu filho, Wali Miangul Abdul Haq Jahanzeb, que chegou ao poderblackjack pixbet1949 e criou escolas secundárias e faculdades, incluindo o Jahanzeb College, fundadoblackjack pixbet1952, onde o paiblackjack pixbetMalala, Ziauddin Yousafzai, estudaria muitos anos depois.
Diante desse histórico, o destino que recaiu sobre as escolas do Swat nos primeiros anos do século 21 é particularmente trágico.
Quando Malala nasceu, seu pai havia realizado o sonhoblackjack pixbetfundarblackjack pixbetprópria escola, que começou com apenas alguns alunos e se transformoublackjack pixbetum estabelecimento com maisblackjack pixbetmil meninas e meninos.
Grandes aspirações
Na escola é possível ver que a ausênciablackjack pixbetMalala é profundamente sentida. Do ladoblackjack pixbetforablackjack pixbetsua antiga classe, há um recorteblackjack pixbetjornal a respeito dela. Dentro,blackjack pixbetmelhor amiga, Moniba, escreveu o nome Malalablackjack pixbetuma cadeira da primeira fila.
Esse era o mundoblackjack pixbetMalala - nãoblackjack pixbetriqueza ou privilégios, mas uma atmosfera dominada pela educação. E ela cresceu uma jovem precoce, autoconfiante e assertiva.
Nisso, ela não estava sozinha. Emblackjack pixbetantiga classe, o foco e a atenção são absolutos, com grandes aspirações. Muitas das meninas querem ser médicas, e uma delas diz querer um dia comandar o Exército do país.
Parte da razão para essa motivação é que apenas empregos qualificados permitirão a essas meninas uma vida forablackjack pixbetseus lares. Enquanto meninos com pouca educação podem esperar encontrar trabalhos pouco qualificados, suas colegas do sexo feminino terão seu poderblackjack pixbetganhar dinheiro restrito ao que podem fazer dentro das quatro paredesblackjack pixbetsuas casas - talvez costura.
"Para meus irmãos, era fácil pensar sobre o futuro", diz Malala. "Eles podem ser o que quiserem. Mas para mim era mais difícil, e por isso queria me tornar educada e ganhar força com meu conhecimento."
Esse futuro ficou ameaçado quando os primeiros sinais da influência do Talebã apareceram,blackjack pixbetmeio a uma ondablackjack pixbetsentimentos antiocidentais no Paquistão, nos anos imediatamente depois dos ataquesblackjack pixbet11blackjack pixbetsetembroblackjack pixbet2001 e a consequente invasão do vizinho Afeganistão, liderada pelos americanos.
Comoblackjack pixbetoutras partes do noroeste do Paquistão, o Swat sempre foi uma região devota e conservadora, mas o que estava acontecendoblackjack pixbet2007 era muito diferente - anúnciosblackjack pixbetrádio ameaçando punições no estilo da Sharia (a lei islâmica) para quem não seguisse as tradições muçulmanas locais. E que,blackjack pixbetforma ameaçadora, lançavam normas contra a educação.
Educação interrompida
O pior período foi ao finalblackjack pixbet2008, quando o líder Talebã local, Mullah Fazlullah, emitiu uma advertência aterrorizante: toda a educação feminina deveria ser interrompidablackjack pixbetum prazoblackjack pixbetum mês, ou as escolas sofreriam consequências.
Malala lembra bem daquele momento: "'Como eles podem nos impedirblackjack pixbetir à escola?', eu pensava. 'É impossível, como eles podem fazer isso?'".
Mas Ziauddin Yousafzai e seu amigo Ahmad Shah, que administrava outra escola próxima, tinham que reconhecer isso como uma possibilidade real. O Talebã sempre cumpria suas ameaças.
Os dois discutiram a situação com os comandantes militares locais. "Perguntei quanta segurança eles nos garantiriam", lembra Shah. "Eles disseram: 'Nós garantiremos a segurança, não fechem suas escolas'."
Mas era mais fácil falar do que fazer.
Nessa época, Malala tinha apenas 11 anos, mas estava bem atenta a como as coisas estavam mudando.
"As pessoas não precisam saber dessas coisas com 9, 10 ou 11 anos, mas nós estávamos testemunhando terrorismo e extremismo, então precisávamos estar atentas", diz.
Ela sabia que seu modoblackjack pixbetvida estava ameaçado. Quando um jornalista do serviçoblackjack pixbeturdu da BBC perguntou ao seu pai sobre jovens que estariam dispostos a darblackjack pixbetperspectiva sobre a vida sob a ameaça do Talebã, ele sugeriu Malala.
O resultado foi o "Diárioblackjack pixbetuma Estudante Paquistanesa", um blog publicado pela BBC Urdu, no qual Malala relatavablackjack pixbetesperança continuar frequentando a escola e os temores pelo futuro do Swat.
'Defender os meus direitos'
Ela viu o blog como uma oportunidade. "Eu queria defender meus direitos", diz ela. "E também não queria que meu futuro fosse estar sentada entre quatro paredes, apenas cozinhando e dando à luz a filhos. Não queria ver minha vida daquele jeito."
O blog era anônimo, mas Malala também não tinha medoblackjack pixbetfalarblackjack pixbetpúblico sobre o direito à educação, como fezblackjack pixbetfevereiroblackjack pixbet2009 para o apresentadorblackjack pixbetTV paquistanês Hamid Mir.
"Fiquei surpresoblackjack pixbetsaber que havia uma menina no Swat que podia falar com grande confiança, que era muito corajosa e articulada", diz Mir. "Mas ao mesmo tempo estava preocupado comblackjack pixbetsegurança e com a segurançablackjack pixbetsua família."
Naquela época, o paiblackjack pixbetMalala parecia estar sob maior risco. Ativista social e educacional conhecido, ele sentia que o Talebã se moveria das áreas tribais do Paquistão para o Vale do Swat.
A própria Malala estava preocupada com ele. "Eu pensava: 'O que eu faria se um Talebã vier à minha casa? Vamos esconder meu paiblackjack pixbetum armário e chamar a polícia'", lembra.
Ninguém pensava que o Talebã alvejaria uma criança. Houve, porém, incidentes notórios nos quais eles haviam atacado mulheres como exemplo. No começoblackjack pixbet2009, uma dançarina foi acusadablackjack pixbetimoralidade e assassinada. Seu corpo foi colocadoblackjack pixbetpraça pública no centroblackjack pixbetMingora. Pouco depois, houve um escândaloblackjack pixbettodo o Paquistão após o aparecimentoblackjack pixbetum vídeoblackjack pixbetSwat que mostrava o Talebã chicoteando uma meninablackjack pixbet17 anos acusadablackjack pixbet"relações ilícitas" com um homem.
'Voz mais poderosa'
Ziauddin Yousafzai sabia que a notoriedadeblackjack pixbetMalala no vale a colocavablackjack pixbetrisco, mesmo não podendo prever o que aconteceria.
"A vozblackjack pixbetMalala era a mais poderosa no Swat porque a maior vítima do Talebã eram as meninas estudantes e a educação das garotas, e poucas pessoas falavam sobre isso", ele diz. "Quando ela falava sobre educação, todo mundo prestava atenção."
Quando Malala foi alvejada,blackjack pixbet2012, os piores dias do poder do Talebã sobre o Swat já tinham ficado para trás. Uma grande operação militar havia expulsado da região da maioria dos militantes, mas alguns permaneceram, discretamente.
"A vida era normal para as pessoas normais, mas para aqueles que levantaram suas vozes, era um período arriscado", diz Malala. Ela era uma dessas pessoas.
Na tarde do dia 9blackjack pixbetoutubro, ela deixou a escola, como sempre fazia, e subiublackjack pixbetum pequeno ônibus escolar.
Era um trajeto curto atéblackjack pixbetcasa, masblackjack pixbetmãe insistia para que ela fosseblackjack pixbetônibus oublackjack pixbetcarro por segurança.
No caminhoblackjack pixbetvolta, Malala notou algo diferente. "Perguntei a Moniba: 'Por que não há ninguém na rua?'"
Instantes mais tarde, ainda a poucos metros do colégio, dois jovens entraram no ônibus. Segundo Moniba, eles pareciam estudantes.
Um deles perguntou,blackjack pixbetvoz alta, 'Quem é Malala?'. Inicialmente, pensou-se que eram jornalistas, atrás da conhecida estudante. Mas Malala sentiu o perigo. "Ela ficou muito assustada", Moniba lembra.
As outras meninas no ônibus olharam para Malala, inocentemente identificando-a. Começaram os disparos. As meninas sentadas no lado oposto aoblackjack pixbetMalala, Shazia Ramzan e Kainat Riaz, também seriam feridas. Ao ver Malala ensanguentada na cabeça, Moniba desmaiou.
Passaram-se 10 minutos até que o socorro chegasse. As quatro foram levadas, três delas feridas.
'Orgulhoblackjack pixbetvocê'
Ao saber do atentado, o paiblackjack pixbetMalala correu para o hospital, onde encontrou a filhablackjack pixbetuma maca.
"Quando olhei para a face dela, desabei, beijei a testa dela, o nariz, as bochechas", ele conta. "E aí eu disse, 'Você é minha orgulhosa filha, e eu tenho orgulhoblackjack pixbetvocê."
Baleada na cabeça, Malala corria alto risco. Um helicóptero a levou para o hospital militarblackjack pixbetPeshawar, o melhor da região. Sem esperança, Ziauddin Yousafzai preparava-se para o pior e ligava para parentes, para que começassem a organizar o funeral. "Foi o momento mais difícil da minha vida."
"Ela estava inicialmente consciente, mas muito agitada", lembra o neurocirurgião coronel Junaid Khan, que a atendeu, já na unidade militar.
A bala havia entrado sobre a sobrancelha esquerda e se alojado no fundo do crânio.
Depoisblackjack pixbetalgumas horas, as condições da menina se deterioraram muito. Uma tomografia mostrou inchaço no cérebro e necessidadeblackjack pixbetuma cirurgia urgente. A parte do cérebro envolvida é a que responde pela fala e por movimentosblackjack pixbetpernas e braços.
O crânio foi aberto e a cirurgia entroublackjack pixbetcurso. Até aquele momento, Khan conta, ele não tinha ouvido falarblackjack pixbetMalala. Mas a chegadablackjack pixbethordasblackjack pixbetjornalistas e equipesblackjack pixbetTV deu a dimensão da revolta com o caso no Paquistão e no resto do mundo. Havia a sensaçãoblackjack pixbetque, se o Talebã fez isso com uma menina, poderia fazer com qualquer um.
Depois da operação, o progresso da menina era acompanhado no mundo todo. O chefe das forças armadas locais, general Ashfaq Kayani, seguiablackjack pixbetperto os informes sobre as condições da menina. E pediu uma opinião a mais sobre o estado dela e as chancesblackjack pixbetrecuperação.
Um grupoblackjack pixbetmédicosblackjack pixbetBirmingham, Inglaterra, que estava no Paquistão para aconselhar o Exércitoblackjack pixbetum programablackjack pixbettransplanteblackjack pixbetfígado, foi chamado a opinar.
Dada a idadeblackjack pixbetMalala, a pediatra e especialistablackjack pixbetterapia intensiva Fiona Reynolds foi a escolha óbvia.
"Achei que ela poderia sobreviver, mas era difícil saberblackjack pixbetque condições neurológicas, porque ela ficou muito mal", diz a médica.
Quando o quadroblackjack pixbetMalala se estabilizou novamente, Reynolds foi chamada a dar nova opinião. "Eu disse que se os militares e o governo paquistaneses tinham interesseblackjack pixbetotimizar a recuperação dela, tudo que era necessário estava disponívelblackjack pixbetBirmingham."
No dia 15blackjack pixbetoutubroblackjack pixbet2012, Malala chegou ao hospital Queen Elizabeth,blackjack pixbetBirmingham, onde ficaria nos meses seguintes. Ela foi mantidablackjack pixbetcoma induzido. Quando foi despertada, a última memória que tinha erablackjack pixbetestar no ônibus escolarblackjack pixbetSwat.
"Abri meus olhos e a primeira coisa que vi foi que estavablackjack pixbetum hospital, cercada por médicos", ela conta. "Agradeci a Deus - Oh, Alá, obrigada por ter me dado um a nova vida. Estou viva!"
Pai e país
Entubada, sem poder falar, Malala sinalizou que queria escrever. Mas sem condiçõesblackjack pixbetsegurar uma caneta, recebeu um quadro com o alfabeto.
A primeira palavra que a jovem escreveu foi "país". Um dos médicos respondeu que ela estava na Inglaterra. Depois, ela apontou para a sequênciablackjack pixbetletras que formavam a palavra "pai". E ficou sabendo que Ziauddin Yousafzai ainda estava no Paquistão, mas que chegariablackjack pixbetbreve.
Mais "conversas" ocorreram nas horas seguintes. A doutora Fiona Reynolds levou para a menina um caderno rosa que viraria uma espécieblackjack pixbetsímbolo da recuperaçãoblackjack pixbetMalala.
"Quem fez isso comigo?", pergunta Malalablackjack pixbetuma das páginas do caderno. O fatoblackjack pixbeta menina poder articular perguntas foi um alívio para os médicos.
"Eu esperava que as habilidades cognitivas dela ainda estivessem lá. Esperava que ela não tivesse perdido a capacidadeblackjack pixbetfalar. E lembrem que ela estava falando na terceira língua dela, o inglês (Malala fala ainda pashtu e urdu). Então aquela parte do cérebro ficou intacta", lembra a médica.
A partir daquele momento, Malala teria uma recuperação surpreendente - um tributo às condiçõesblackjack pixbettratamento a que teve acesso, mas, acimablackjack pixbettudo, dizem os médicos, à determinação da menina.
Malala ainda passaria por uma cirurgiablackjack pixbet10 horas para corrigir um nervo da face - que provocava paralisiablackjack pixbetseu rosto e a impediablackjack pixbetsorrir - e uma outra para restaurar parte do crânio com uma placablackjack pixbettitânio e reconstituir o ouvido danificado pela bala.
'Um livro e uma caneta podem mudar o mundo'
No dia 12blackjack pixbetjulho, nove meses depois do disparo, viria a maior conquista. Malala chegaria à Assembleia da ONU para discursar. Era o dia do 16º aniversário dela.
"Uma criança, um professor, um livro e uma caneta podem mudar o mundo", ela disse a 400 jovens na assembleia.
Ziauddin Yousafzai crê que o discurso da filha foi um ataque contra as percepções negativasblackjack pixbetrelação a pashtuns, paquistaneses e muçulmanos.
"Ela estava dizendo ao mundo: nós não somos terroristas, nos somos pacíficos, nós amamos educação."
Agora até especula-se se Malala deveria receber o Prêmio Nobel da Paz.
A meninablackjack pixbetSwat se tornou conhecida globalmente, mas ela ainda acredita que deve voltar ao Paquistão. Poucos recomendariam que ela o fizesse tão cedo. Ainda há temoresblackjack pixbetsegurança, já que ela atrai muita atenção.
Mas Malala não parece disposta a se esconder. "Eles (os críticos) têm o direitoblackjack pixbetexpressar o que sentem, e é meu direito dizer o que quero. Quero fazer algo pela educação, este é meu único desejo".
E quando questionada sobre o que os militantes do Talibã conseguiram no diablackjack pixbetque dispararam contra ela, Malala sorri.
"Acho que eles devem ter se arrependido. Agora, sou ouvida no mundo inteiro."