Transgêneros querem inclusão nas Forças Armadas da Venezuela:up casino
"Assim como os homens e mulheres são chamados a defender nossa pátria, nós transsexuais sentimos o mesmo dever".
Debate polêmico
O ingressoup casinohomossexuais e transgêneros às Forças Armadas não está oficialmente proibido, porém, a incorporaçãoup casinojovens com este perfil não é aceita no momento da seleção.
Aquele cuja orientação sexual for diferente à heterossexual deve adotar como premissa a "discrição" para poder usar a farda verde-oliva ou o uniformeup casinomarinheiro, que tanto atrai Gabriela Castillo.
"Ser homossexual não é uma barreira social logoup casinoentrada, porque é possível esconderup casinopreferência sexual. No caso dos transsexuais, o preconceito é imediato", diz.
O debate ocorre na esteiraup casinouma nova polêmica protagonizada entre governistas e opositores no Parlamento venezuelano há alguns dias.
O deputado chavista Pedro Carreño, militar reformado, utilizou a suposta opção sexual do principal ícone da oposição, o governador Henrique Capriles, para reforçar acusaçõesup casinoenvolvimento do partido Primeiro Justiça ─ do qual Capriles é membro ─ com uma redeup casinocorrupção eup casinoexploração sexual.
"É problema deles o que fazem comup casinobunda, mas têm que ser sérios (...) homossexual, aceite o desafio maricón (de responder as acusaçõesup casinocorrupção)", disse Carreño, ao atacar a Capriles durante sessão no Parlamento.
As declarações do deputado foram repudiadas por ambos grupos políticos e reabriram o debate sobre a diversidade sexual no país das misses.
"(As declaraçõesup casinoCarreño) são reflexoup casinouma sociedade machista e homofóbica, mas vemos esse episódio como uma oportunidadeup casinoavançar no processoup casinodespatriarcalização da sociedade", afirmou à BBC Brasil Edwin Rodriguez, ativista da Aliança Sexo Gênero-Diverso Revolucionária (ASGDRE).
Rodriguez participa das discussões para definir as políticas públicas da missão Mamá Rosa, programa social criado pelo ex-presidente Hugo Chávez para promover a igualdadeup casinogênero.
Além da inclusão nas Forças Armadas, o movimento LGBT exige um programaup casinoinclusão no mercadoup casinotrabalho e, ainda, que seja desengavetado um projetoup casinoLei para que a homofobia e a transfobia sejam tipificados como crimeup casinoódio.
A comunidade "sexo-diversa" vê nesta lei uma plataforma para revelar casosup casinoassassinatosup casinoorigem homofóbica. "Muitas transsexuais são assassinadas por causaup casinosua identidadeup casinogênero, mas acabam entrando nas cifrasup casinoviolência comum", afirma Rodriguez.
Pressão evangélica
A pauta da comunidade LGBT sobre direitos trabalhistas e civis ─ matrimônio homossexual e adoçãoup casinocrianças ─ estaria parada no Congresso devido a pressões da bancada evangélica, que apesarup casinonão ser numerosa, exerce forte influência junto às lideranças do Parlamento.
O Conselho Evangélico da Venezuela indica que se a pauta da "sexo-diversidade" entrarup casinodebate no Parlamento, o grupo deverá atuar. "Eles querem notoriedade. Temos coisas muito mais importantes para discutir no país", afirmou à BBC Brasil o diretor-executivo da entidade, o pastor César Mermejo.
"Se isso acontecer, vamos exigir participar deste diálogo para mostrar as implicações éticas, os riscos morais e sociais dessa reivindicação", acrescentou.
A resistência à inclusãoup casinotranssexuais no mercado laboral e à vida social sem discriminação incentiva a prostituição, alimenta a violência e facilita o caminhoup casinoacesso às drogas, na opiniãoup casinoGabriela Castillo.
Ao assumirup casinonova identidadeup casinogênero, aos 15 anos, Gabriela foi rejeitada pela família e passou a viver nas ruasup casinoCaracas. Antesup casinoser cabeleireira, foi prostituta, períodoup casinoque foi vítimaup casinoagressões físicas. Algumasup casinosuas colegas foram mortas enquanto trabalhavam.
"A exclusão dos transgêneros determina que nossos destinos sejam nas ruas ou num salãoup casinobeleza", afirma. "Nossa luta é para ocupar qualquer outro espaçoup casinotrabalho, sem sofrer discriminação", acrescentou.
Com baseup casinoinformação da imprensa local, a Associação Civil Divas da Venezuela afirma que 20 transsexuais foram assassinadosup casino2004 até agora. O grupo credita, no entanto, que o número é ainda maior.
Gabriela conta que por pouco não se converteuup casinoestatística. Hoje, ela diz ter "educado"up casinofamília sobre a diversidade sexual, mas continua vivendo num abrigoup casinoCaracas ─ onde chegou há maisup casinodois anos ─ especializadoup casinoatenção a transgêneros que vivem nas ruas.
"Minha vida mudou porque o comandante Hugo Chávez foi o único presidente sensível, que nos aceitou e abriu as portas para mudanças. Se não fosse por ele continuaríamos jogadas nas ruas", afirma.
No abrigo, Gabriela conta ter recebido ajuda psicológica para deixar as drogas e ter sido levada a deixar a prosituição. "Tomei força para buscar um trabalho. Voltei a estudar e hoje vejo um futuro."