O vilarejo no Alasca que desaparecerá sob a água:unibetcom

Kivalina, no Alasca | Foto: AP
Legenda da foto, Vilarejo Inuit pode desaparecer sob a água dentrounibetcomdez anos
  • Author, Stephen Sackur
  • Role, BBC

unibetcom Quase ninguém nos Estados Unidos ouviu falar da vilaunibetcomKivalina, no Alasca. Ela fica presaunibetcomuma pequena faixaunibetcomareia na beira do marunibetcomBering, pequena demais para aparecer nos mapas do país.

O que talvez não seja tão ruim, porque dentrounibetcomuma década Kivalina deverá ficar embaixo d'água. Será lembrada ─ caso seja ─ como o localunibetcomonde vieram os primeiros refugiados climáticos dos Esatos Unidos.

Atualmente, 400 indígenas Inuit vivem nas cabinesunibetcomapenas um cômodounibetcomKivalina. Sua sobrevivência depende da caça e da pesca.

O mar os sustentou por incontáveis gerações, mas nas últimas duas décadas o recuo dramático do gelo do Ártico os deixou vulneráveis à erosão da costa.

A camada grossaunibetcomgelo não protege mais a costa do poder destrutivo das tempestades do outono e do inverno. A faixaunibetcomareiaunibetcomKivalina foi dramaticamente reduzida.

Engenheiros do Exército americano construíram um muro ao longo da praiaunibetcom2008 para deter o avanço da água, mas a medida acabou sendo somente um paliativo

Uma tempestade feroz há dois anos forçou os moradores locais a uma evacuaçãounibetcomemergência. Agora, os engenheiros prevêem que Kivalina será inabitável até 2025.

Estilounibetcomvida ocidental

MulherunibetcomKivalina, no Alasca | Foto: BBC
Legenda da foto, Recuo do gelo prejudica as atividadesunibetcomsubsistência dos moradores

A históriaunibetcomKivalina não é a única. Registrosunibetcomtemperatura mostram que a região do Ártico no Alasca está esquentando duas vezes mais rápido do que o resto dos Estados Unidos.

O recuo do gelo, o aumento do nível da água do mar e o aumento da erosão costeira fizeram com que três assentamentos Inuit enfrentem a destruição iminente e outros oito corram sérios riscos.

O problema também tem um custo alto. O governo americano diz que levar os habitantesunibetcomKivalina para outro local custar até US$ 400 milhões (R$ 904 mil) ─ construir uma estrada, casas e uma escola não sai baratounibetcomuma região tão inacessível. E não há sinaisunibetcomque o dinheiro viráunibetcomfundos públicos.

A líder da assembleiaunibetcomKivalina, Colleen Swan, diz que as tribos indígenas do Alasca estão pagando o preço por um problema que não criaram.

"Se ainda estivermos aquiunibetcom10 anos, ou esperamos pela enchente e morremos ou saímos e vamos para outro lugar", disse.

"O governo americano impôs esse estilounibetcomvida ocidental a nós, nos deu seus fardos para carregar e agora espera que nós recolhamos tudo e carreguemos para outro lugar. Que tipounibetcomgoverno faz isso?"

Ao norteunibetcomKivalina não há estradas, só a vasta tundra ártica do Alasca. E no ponto mais ao norte do território americano fica a cidadeunibetcomBarrow ─ mais perto do Pólo Norte do queunibetcomWashington. É a fronteira da mudança climática.

Os moradoresunibetcomBarrow são predominanetemente da tribo Inupiat ─ eles caçam baleias-da-groenlândia e focas para comer, mas tiveram uma sérieunibetcomproblemas esse ano.

Kivalina, no Alasca | Foto: BBC
Legenda da foto, Líderes locais reclamamunibetcomfaltaunibetcomplanos do governo para populações indígenas

O gelo começou a derreter e quebrarunibetcommarço. Depois ele congelou novamente, mas estava tão fino e instável que os caçadoresunibetcombaleias e focas não conseguiram colocar seus barcos nele. A estaçãounibetcomcaça foi arruinada.

Pela primeira vezunibetcomdécadas, nenhuma baleia-da-groenlândia foi capturadaunibetcomBarrow. Um dos capitais baleeiros mais experientes da cidade, Herman Ahsoak, diz que o gelo costumava ter 3 metrosunibetcomespessura no inverno e agora tem pouco maisunibetcomum metro.

"Temos que nos adaptar ao que está acontecendo, se vamos continuar comendo e sobrevivendo através do mar. Mas a faltaunibetcombaleias esse ano significa que o inverno será longo", diz.

Economia do petróleo

Ao mesmo tempounibetcomque o território ártico americano esquenta, ele continua a ser uma fonte vital dos combustíveis fósseis que são vistos pela maioria dos cientistas como um dos principais motivos da mudança climática.

A Encosta Norte do Alasca é o maior campounibetcompetróleo dos Estados Unidos e o oleoduto Trans Alasca é um dos principais projetos do planounibetcomsegurança energética do país. E na medidaunibetcomque a produção do campo atual diminui, aumenta a pressão para explorar reservas intocadas na região.

A empresa Shell fez um lance ambicioso para começar a explorar petróleo no oceano Ártico, apesarunibetcomum corounibetcomdesaprovaçãounibetcomgrupos ambientais. A preocupação aumentou quando uma perfuradoraunibetcompetróleo se soltou do barco ao qual estava presa na costa do Alasca no início do ano.

As operações estão suspensas, mas o valor do produto é muito alto para ser ignorado.

Oleoduto no Alasca | Foto: Getty
Legenda da foto, Economia do Alasca é baseada na produçãounibetcomcombustíveis fósseis

Kate Moriarty, diretora executiva da FederaçãounibetcomPetróleo e Gás do Alasca, acredita que o Estado tem cercaunibetcom50 bilhõesunibetcombarrisunibetcompetróleo ainda não explorados.

"A realidade é que o Ártico vai se desenvolver. E quem queremos que lidere isso? Eu acho que queremos que sejam os Estados Unidos, porque a realidade é que a demanda mundial por petróleo e gás não vai acabar", diz.

Quando o presidente Barack Obama prometeu redobrar seus esforços para diminuir as emissõesunibetcomcarbono nos Estados Unidos, suas palavras foram recebidas com um mero darunibetcomombros no Alasca.

O Estado deveunibetcomexistência ao petróleo e os lucros da indústriaunibetcompetróleo equivalem a maisunibetcom90% do orçamento estatal. O lucro significa que não há imposto sobre a renda e que parte do dinheiro é distribuída para cada um dos moradores locais anualmente.

E quando se trataunibetcomequilibrar duas pressões conflitantes ─ a rápida mudança climáticaunibetcomum lado e a demanda para expandir a economia movida a combustíveis do outro ─ não há dúvidas sobre qual é a prioridade.

O vice-diretor do departamentounibetcomRecursos Naturais do Alasca, Ed Fogels, não se desculpa pela estratégia do governo. "Quando todo o mundo ataca o Alasca e diz: Ah, o clima está mudando, o Ártico está mudando, as coisas estão foraunibetcomcontrole', nós dizemos: 'Espere um minuto. Nós estamos desenvolvendo nossos recursos naturais há 50 anos. As coisas estão muito bem, obrigado'."

Mas dentrounibetcomuma geração, o oceano Ártico pode não ter mais gelo no verão. O ritmo do aquecimento no norte não tem paralelounibetcomnenhum lugar do planeta.