Relatosexploit pokervizinhas revelam faces distintas da imigração brasileira nos EUA:exploit poker

Eloah Teixeira (Foto: Alessandra Correa)
Legenda da foto, Eloah Teixeira deicidiu voltar ao Brasil após 27 anos nos EUA
  • Author, Alessandra Corrêa
  • Role, De Nova York para a BBC Brasil

exploit poker As gaúchas Eloah Teixeira e Márcia* são amigas e vizinhas no bairroexploit pokerAstoria, no distrito do Queens, que concentra grande parte da comunidade brasileiraexploit pokerNova York. Suas histórias, no entanto, revelam faces distintas da realidade vivida pelos brasileiros nos EUA.

Eloah decidiu voltar ao Brasil depoisexploit poker27 anos vivendoexploit pokerNova York. Ela diz que seus motivos foram pessoais, mas o caminhoexploit pokervolta vem sendo seguido por muitos brasileiros desde que a crise econômica atingiu os EUA e que a economia brasileira começou a se destacar pelo bom desempenhoexploit pokerrelação aos países desenvolvidos. Segundo o Itamaraty, desde 2008, no auge da crise mundial, o númeroexploit pokerbrasileiros no exterior foi reduzidoexploit pokercercaexploit poker30%.

Márcia, que chegou a Nova Yorkexploit poker1993, nunca mais voltou ao Brasil. Ela diz sofrer com a saudade da família, mas quer continuar vivendo nos EUA e não pode deixar o país por medoexploit pokerser impedidaexploit pokerretornar, já que estáexploit pokersituação irregular.

Seu caso é semelhante aoexploit pokermilharesexploit pokerbrasileiros descritos pela antropóloga americana Maxine Margolis como "prisioneiros no paraíso": obrigados a ficar anos sem viajar ao Brasil pelo temorexploit pokerserem barrados no retorno aos EUA, especialmente após o endurecimento da fiscalizaçãoexploit pokerimigração desde os atentadosexploit poker11exploit pokersetembroexploit poker2001.

Pioneira no estudo do tema, Margolis acabaexploit pokerlançar o livro Brazil: Émigrés from the Land of Soccer and Samba (ou Goodbye, Brasil: Emigrantes Brasileiros no Mundo, título com que chegará às livrarias brasileiras no segundo semestre), que traz um retrato da diáspora brasileira.

Em buscaexploit pokerum Green Card

Assim como milharesexploit pokerbrasileiros, Márcia, 47 anos, chegou aos EUA com um vistoexploit pokerturista, que logo expirou. Desde então, ela vem tentando conseguir um Green Card, documento que permite residência permanente no país.

Todas as tentativas até agora foram frustradas e, sem a documentação, ela não pode realizar o sonho acalentado há 20 anosexploit pokerpassar férias no Brasil e visitar a mãe, os oito irmãos e 14 sobrinhos.

"É muito difícil, muito triste. Tenho muita saudade da minha família. Quando alguém fica doente, fico nervosa", disse à BBC Brasil. "A última vez que vi meu pai foiexploit poker1998, quando ele veio me visitar. Ele morreuexploit poker2005."

Márcia costuma ouvir queexploit pokertrajetóriaexploit pokerbusca do Green Card daria um livro. A primeira tentativa foiexploit poker1996, três anos após chegar aos EUA. Ela pagou US$ 5 mil para se casar com um colombiano que tinha cidadania americana. A entrevista com os oficiaisexploit pokerimigração foi marcada para marçoexploit poker1998.

"Um mês antes da entrevista, ele morreu", relata. "Ainda tentei obter o Green Card como viúva, mas foi negado."

Algum tempo depois, Márcia começou a namorar um americano. Em poucos meses, foi pedidaexploit pokercasamento. "Eu queria fazer uma festa, trazer minha mãe, pedi para esperarmos um pouco", diz.

Em setembroexploit poker1999, com a presença da mãe eexploit pokertestemunhas, Márcia viu o namorado americano entrar e sair do recinto onde seria oficializado o casamento. "Ele simplesmente disse: 'não posso fazer isso, não te amo'. E foi embora."

'Sistema arcaico'

Ela conta que entrouexploit pokerdepressão e ficou anos sem namorar. Dois anos atrás, uma amiga disse que conhecia um brasileiro com cidadania americana disposto a casar com Márcia por US$ 20 mil. Ela pagou a quantia e embarcouexploit pokerum novo casamento. "Mas ele não veio para a entrevista. Fugiu para o Brasil com o dinheiro", conta.

Márcia afirma que buscou outras opções para conseguir o Green Card, mas ouviuexploit pokerseus advogados que o casamento é atualmente a única alternativa. "O sistemaexploit pokerimigração dos EUA é arcaico, não é eficiente", diz.

Dianteexploit pokertantas frustrações, Márcia - que hoje diz estar feliz namorando um brasileiro com cidadania americana - chegou a se perguntar por que quer tanto continuar nos EUA. "Me sinto bem aqui, é a minha casa", diz.

No Rio Grande do Sul, Márcia trabalhavaexploit pokeruma empresaexploit pokerexportação e importação. Nos EUA, com o dinheiro que ganha trabalhando como babá e faxineira ajudou a mãe a construir uma casa no Brasil.

"Aprendi tanta coisa aqui. Estudei inglês, fotografia, budismo. Não tenho vontadeexploit pokervoltar a viver no Brasil, mas simexploit pokervisitar."

Caminhoexploit pokervolta

Ao contrário da amiga, Eloah, 68 anos, costuma passar férias todos os anos no Brasil, onde tem duas irmãs e muitos sobrinhosexploit pokerCachoeirinha, na região metropolitanaexploit pokerPorto Alegre.

Ela chegou a Nova Yorkexploit poker1985 e logo conseguiu o Green Card. "Fui beneficiada com a anistia durante o governo do (presidente Ronald) Reagan (1981-1989)", disse à BBC Brasil.

No Brasil, trabalhava como gerenteexploit pokeruma lojaexploit pokerlustres. "Eu ganhava bem, mas queria viajar, conhecer outras culturas", conta. Em Nova York, com o dinheiro que ganha limpando casas leva uma vida confortável, com viagens, passeios e idas ao teatro - umaexploit pokersuas paixões.

No entanto, nos últimos anos, uma doença no coração a fez começar a pensarexploit pokerdeixar os EUA. "Começo a me sentir mais cansada quando trabalho. Vou voltar ao Brasil para descansar", conta Eloah, que planeja passar temporadas no litoral no verão e na serra gaúcha durante o inverno.

A data da viagem ainda é surpresa. Depoisexploit pokerquase 30 anos nos EUA, Eloah diz que ainda nem pensa sobre o que esperar no Brasil, mas sabe do que vai sentir falta nos EUA. "Vou sentir muita falta daqui. Das caminhadas, principalmente à noite", diz.

"Vou sair com o coração apertado. Foi o país que escolhi para viver", afirma. "Mas pretendo voltar para visitar já no ano que vem."

*Sobrenome omitido a pedido da brasileira.