Corrida por mineração no fundo do mar gera polêmica :apostapix

Especialistasapostapixproteção ambiental vêm advertindo há tempos que a mineração no leito oceânico pode ser altamente destrutiva e poderia ter consequênciasapostapixlongo prazo desastrosas para a vida marinha.

O próprio estudo da ONU reconhece que a mineração provocará "danos ambientais inevitáveis".

Mas o relatório foi divulgadoapostapixmeio ao que um porta-voz do órgão descreve como "um aumento sem precedentes" no interesse das companhias estatais e privadas.

Divisãoapostapixreceitas

O númeroapostapixlicenças emitidas para a buscaapostapixminerais já chega a 17, com outras sete prestes a serem emitidas e muitas maisapostapixanálise. Elas cobrem vastas áreas dos Oceanos Pacífico, Atlântico e Índico.

De acordo com a Convenção da ONU sobre o Direito do Mar, a ISA foi estabelecida para estimular e administrar a mineração do fundo do mar para o benefício mais amplo da humanidade - com uma parcela dos lucros dirigida para os paísesapostapixdesenvolvimento.

Agora o órgão está dando o passo significativoapostapixnão só mais simplesmente manejar pedidos para exploração mineral, mas também considerar como licenciar as primeiras operações reaisapostapixmineração e como dividir as receitas.

"Estamos à beiraapostapixuma nova eraapostapixmineração do leito marinho profundo", disse à BBC o conselheiro legal do ISA, Michael Lodge.

A atração é óbvia. Uma análise do leste do Pacífico - uma áreaapostapix5 milhõesapostapixquilômetros quadrados conhecida como zona Clarion-Clipperton - concluiu que maisapostapix27 bilhõesapostapixtoneladasapostapixnódulos poderiam estar misturadas à areia.

Essas pedras poderiam conter 7 bilhõesapostapixtoneladasapostapixmanganês, 340 milhõesapostapixtoneladasapostapixníquel, 290 milhõesapostapixtoneladasapostapixcobre e 78 milhõesapostapixtoneladasapostapixcobalto - apesarapostapixainda não se saber o quanto disso é acessível.

Operações viáveis

ONU tenta avaliar quais empresas têm a capacidade técnica para atividade
Legenda da foto, ONU tenta avaliar quais empresas têm a capacidade técnica para atividade

De acordo com o estudoapostapixplanejamento, a ISA enfrenta o desafioapostapixtentar garantir que os benefícios da mineraçãoapostapixnódulos cheguem além das próprias companhias e ao mesmo tempo fomentar operações comercialmente viáveis.

O plano se baseiaapostapixprover operadores com incentivos para assumir riscos no que poderiam ser investimentos caros sem perder a chanceapostapixos paísesapostapixdesenvolvimento receberem uma fatia das receitas.

A ISA tenta agora avaliar que companhias têm capacidade suficiente para desenvolver o trabalho, ainda que nenhuma empresa tenha experiência específica nessa nova modalidadeapostapixmineração.

Um fator chave na avaliação da ISA é a necessidadeapostapixsalvaguardas ambientais, então o documento pede o monitoramento do leito marinho durante qualquer operaçãoapostapixmineração - apesarapostapixos críticos questionarem se a atividade na profundeza dos oceanos pode ser policiada.

Debate

As perspectivas da mineração no fundo do mar já geraram um forte debate entre cientistas marinhos.

"Não creio que nós tenhamos a propriedade sobre o oceano profundo, no sentidoapostapixque possamos fazer o que quisermos com ele", afirma Jon Copley, biólogo da UniversidadeapostapixSouthampton e chefeapostapixmissão do navioapostapixpesquisas britânico James Cook.

"Em vez disso, nós dividimos a responsabilidade porapostapixcondução", diz. "Nós não temos um histórico bomapostapixalcançar um balançoapostapixnenhum outro lugar - pense nas florestas tropicais -, então a questão é: 'Será que conseguiríamos acertar?", questiona.

O também biólogo Paul Tyler, do Centro Nacional Oceanográfico, da Grã-Bretanha, adverteapostapixque espécies únicas podem ser colocadasapostapixrisco.

"Se você limpa aquela área pela mineração, aqueles animais terão que fazer uma dessas duas coisas: ou se dispersam e colonizam outra fissura hidrotermalapostapixoutro lugar ou eles morrem", comenta.

"E o que acontece quando elas morrem é que a fissura se torna biologicamente extinta", diz.

A química marinha Rachel Mills, da UniversidadeapostapixSouthampton, sugere um debate mais amplo sobre a mineraçãoapostapixgeral, com o argumentoapostapixque todos nós usamos minerais e que as minasapostapixterra são muito maiores do que seria qualquer uma no leito do mar.

Ela fez pesquisas para a Nautilus Minerals, uma empresa canadense que planeja explorar minas nas fissuras hidrotermais na costa da Papua Nova Guiné.

"Tudo o que nos cerca, e a maneira como vivemos, dependeapostapixfontes minerais, mas não nos perguntamos com frequênciaapostapixonde eles veem", afirma.

"Precisamos nos perguntar se há mineração sustentávelapostapixterra e se há mineração sustentável no mar. Acho que são as mesmas questões morais que devemos colocar se é nos Andes ou no MarapostapixBismarck", diz.

Esse debate deve crescer mais com a proximidade cada vez maior do início das operaçõesapostapixmineração.