É possível trabalhar menos horas e ter sucesso profissional?:

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Legenda da foto, Grandes empresas começam a contratar executivos por meio período

No entanto, a necessidadetrabalhar muitas horas têm sido questionada por duas contratações recentesgrandes empresas.

Depoisuma queda nas vendassua linharoupas, a Marks and Spencer contratou uma nova diretoraestilo, mas Belinda Earl só trabalhará dois dias na semana.

A nova vice-presidente do Facebook, Nicola Mendelsohn, será a chefe da empresa na Europa, no Oriente Médio e na África. Ela deve trabalhar quatro dias por semana - como já faz como diretora da agênciapublicidade Karmarama.

Novas prioridades

Belinda Earl
Legenda da foto, Belinda Earl trabalhará só dois dias na semana na rede Marks and Spencer

De acordo com o professor Cary Cooper, especialistapsicologia organizacional e saúde na EscolaAdministração da UniversidadeLancaster, na Grã-Bretanha, os benefícios do trabalhomeio período são evidentes.

"As provas são clarasque quando as pessoas podem trabalhar com flexibilidade você consegue o máximo delas. Há mais satisfação no trabalho e elas são mais produtivas", diz.

Juilet Kinsman, a editora do site e livros da empresa especialistaviagens Mr & Mrs Smith, está entre as executivas que trabalham meio período.

"A questão é deixarser controladora", diz Kinsman, que desde que tevefilha, há cinco anos, trabalha dois dias no escritório e no mínimo um dia extra. Antes disso ela tinha uma semanatrabalhosete dias.

"É muito fácil na vida moderna deixar que se desenvolva uma cultura muito competitiva a respeitoquem passa mais horas na mesa", diz.

A executiva diz que, ao passar para o meio período, conseguiu "dar um passo para trás e fazer o que faço melhor, que é ser criativa".

Ela diz que a maior preocupaçãoexecutivas com filhos é "que você ou fique presa à carreira e seja uma mãe ruim ou seja uma mãe ótima ecarreira seja negligenciada", mas afirma que se tornar mãe a transformouuma funcionária melhor.

"Suas prioridades mudam e se alinhamuma maneira mais saudável", afirma.

'Velho rabugento'

Foto: Rachel Juarez-Carr
Legenda da foto, Juliet Kinsman diz que maternidade a tornou uma funcionária melhor

Chris Hobbs, sócio e diretor da divisãoacordos do escritórioadvocacia internacional Norton Rose - um dos cinco maiores do mundo - trabalha três dias no escritório e umcasa há cercaquatro anos.

Ele tomou a decisãodiminuir a carga horáriatrabalho depois quefamília se mudou para Bristol, a cerca170 quilômetrosLondres.

"Eu vinha (para Londres) na segunda-feira e voltava na sexta-feira à noite por dois ou três anos. Estava me tornando um velho rabugento", diz.

"Eu fui falar com a administração e disse: 'Preciso mudar isso'. A reação foi 'OK, vamos ver o que podemos fazer'."

Hobbs afirma que se tornou um funcionário mais produtivo e aprendeu a delegar responsabilidades.

No entanto, ainda há um estigma para os profissionais que trabalham menos horas, segundo o advogado.

"Também já disseram que é mais fácil para mim porque estou num cargo mais alto. Esse comentário faz algum sentido", diz.

Realidade

A realidade do trabalhomeio período é menos glamourosa para a maioria das pessoas, segundo o conselheiropolíticas do Sindicato NacionalTrabalhadores britânico (TUC), Paul Sellers.

"Nos últimos anos, desde a crise econômica, vimos o aumento dos trabalhosmeio período e do subemprego", afirma.

De acordo com Sellers, a maioria dos oito milhõesbritânicos que trabalham meio período querem trabalhar mais horas para aumentar seus salário, mas não conseguem.

E para os que querem continuarmeio período, a promoção no trabalho pode ser difícil.

O executivo diz que as mulheres são as mais afetadas, já que é mais comum que trabalhem menos horas.

O professor Cary Cooper diz que há um tipoadministrador - geralmente mais velho e homem - que enxerga o trabalho flexível como um sinalque a pessoa não está comprometida. Isso pode criar uma percepçãoque o funcionário não está "fazendo um bom trabalho" e afetar suas perspectivaspromoção.

No entanto, ele afirma que a pergunta a fazer deve ser: "Eles produzem?". As pessoas precisam ser julgadas não por quantas horas elas trabalham no escritório, mas o que elas fazem.

"Acho que estamos perdendo muitos talentos, especialmente mulheres, que não estaríamos se as empresas fossem mais flexíveis", afirma.