Imigrantes e gays 'trocam lições' nos EUA:bet3 5
Nos últimos anos, as estratégias dos dois movimentos têm seguido estritamente essa cartilha.
Curiosamente, um dos "rostos" dos imigrantes foi também o rosto da causa LGBT: o prêmio Pulitzerbet3 5jornalismo José Antonio Vargas, imigrante e gay assumido, quebet3 52011 revelou estar no país indocumentado.
Vargas ajudou a dar visibilidade aos chamados "sonhadores" – os "dreamers",bet3 5referência ao Dream Act, a legislação que abria a possibilidadebet3 5cidadania aos filhosbet3 5imigrantes trazidos ilegalmente para os EUA quando crianças.
Como Vargas, os sonhadores representavam a ponta do iceberg do potencial desperdiçado no universobet3 511 milhõesbet3 5imigrantes indocumentados que cresceram, estudam e trabalham nos EUA e contribuem com a sociedade americana.
Superando o medo, os sonhadores "saíram das sombras" e fortaleceram o movimento pró-imigração, da mesma forma que "sair do armário" fortalece o orgulho LGBT.
<link type="page"><caption> Leia mais: Gays e imigrantes 'saem do armário' e lutam por reforma nos EUA</caption><url href="http://www.bbc.co.ukhttp://vesser.net/noticias/2013/05/130516_imigracao_eua_gay_pu_lgb.shtml" platform="highweb"/></link>
Antes da reforma migratória, a maior vitória dos jovens imigrantes foi forçar o presidente Barack Obama a conceder,bet3 5junho do ano passado, uma legalização temporária para os que cumprissem os critérios do Dream Act.
Avanço lento
Mas foi uma vitória construída aos poucos. Por anos, a aposta dos grupos pró-imigração foi aprovar, gradualmente, que alguns Estados concedessem carteirasbet3 5motorista ou acesso a fundos públicos educacionais a imigrantes indocumentados.
Construção semelhante também ocorreu no caso do movimento LGBT, que pouco a pouco conseguiu legalizar o casamentobet3 512 Estados e o Distritobet3 5Colúmbia.
Mas apesar dos avanços, os defensores do casamento gay reconhecem que a maioria dos Estados americanos – 30 – ainda proíbe essa instituição expressamentebet3 5suas Constituições.
E este é apenas um dos inúmeros exemplos da inconsistência dos ganhos obtidos pelo movimento.
"Hoje, 21 Estados e mais o Distritobet3 5Colúmbia dizem que é ilegal despedir uma pessoa por ser gay. Mas isso significa também quebet3 529 isso é perfeitamente legal", exemplifica Crosby Burns, ativista LGBT do Center for American Progress.
"Por isso ainda precisamosbet3 5uma lei abrangente,bet3 5nível federal, que diga que não importabet3 5que Estado você resida, despedir alguém por ser gay é ilegal."
Pressão no topo
Frank Sharry diz que na busca porbet3 5bandeira, o movimento gay proveu um exemplobet3 5como não se deixar "encantar" pela eleiçãobet3 5um presidente democrata e nunca abandonar a estratégiabet3 5"questionar claramente a Casa Branca".
Confrontativo, o movimento LGBT conseguiu pressionar o presidente a extinguir a lei "Não Pergunte, Não Conte", que obrigava os gays nas Forças Armadas americanas a permanecer no armário.
Depois, a Casa Branca também anunciou que não defenderia, no caso que estábet3 5exame no Supremo americano, a Leibet3 5Defesa do Casamento, legislação federal que proíbe o reconhecimento dos casamentos entre pessoas do mesmo sexo por parte da União.
E foibet3 5plena campanha eleitoral que, no ano passado, Obama se tornou o primeiro presidente americano a apoiar abertamente o casamento entre pessoas do mesmo sexo.
O movimento imigrante foi mais lentobet3 5questionar Obama. Mas uma indicação desta mudançabet3 5atitude veiobet3 5julhobet3 52011, quando o presidente discursou na conferência anual do Conselho Nacional La Raza, um das principais organizaçõesbet3 5imigrantes do país.
Quando tentava explicar aos ativistas que não podia, unilateralmente, mudar as leisbet3 5imigração porque essa era uma atribuição do Congresso, um corobet3 5ativistas lhe interrompeu gritando slogansbet3 5"Sim, você pode",bet3 5alusão à famosa frasebet3 5campanha do presidente americano ("Yes, we can").
Moedas políticas
A partir das eleições presidenciaisbet3 52012, os dois movimentos conseguiram mostrar toda a forçabet3 5suas moedas políticas – votos,bet3 5um caso, e doações, no outro.
O músculo do voto latino – que superou o percentualbet3 510% do eleitorado pela primeira vez na história e desequilibrou a votação a favorbet3 5Obama – pôs a reforma migratória para 11 milhõesbet3 5indocumentados na pauta legislativa do país.
Já o movimento LGBT soube tirar vantagem das generosas contribuições provenientesbet3 5grupos como o Human Rights Campaign, cinicamente apelidados por seus detratoresbet3 5"caixas eletrônicos gays".
Sóbet3 52012, segundo a ONG Center for Responsive Politics, as contribuições desses grupos para candidatos, partidos e fundosbet3 5campanha chegaram a US$ 6 milhões (R$ 12 milhões). De cada 100 dólares, 93 foram para os caixas democratas.
Nos últimos anos, imigrantes e grupos LGBT trocaram lições e exploraram suas respectivas fortalezas políticas; criaram para si facetas públicas, conquistaram vitóriasbet3 5nível estadual e exerceram pressão sobre a Casa Branca obter para o máximobet3 5concessõesbet3 5um Executivo com poderes limitados.
Com a reforma migratóriabet3 5marcha e duas decisões do Supremo sobre os direitos LGBT no horizonte, ambos os movimentos apostam agora nas suas conquistasbet3 5nível nacional mais expressivasbet3 5uma geração.